A primeira vez que o vi foi no Thelma and Louise. Era um rapaz com uma sensualidade transbordante, uma malícia implícita cativante, um físico absolutamente convincente.
Se até aí eu me enlevava com Richard Gere, que tinha conhecido -- eu, se bem me lembro, quase menina e moça, -- ele capaz de seduzir de uma assentada toda a população de um convento de freiras tal a sedução que dele emanava em American Gigolo, a partir daí mantive o J.D. debaixo de olho.
Não que seja dada a lourinhos, não sou, mas aquele moço tinha, à vista desarmada, uma boa 'pegada', coisa que mulher que se preze fareja à distância.
Não que seja dada a lourinhos, não sou, mas aquele moço tinha, à vista desarmada, uma boa 'pegada', coisa que mulher que se preze fareja à distância.
Por essa altura eu ia ao cinema muito amiúde. Adorava ir. Aquele escurinho, aquele cheiro, aquele ambiente fascinava-me. Ia muito ao Quarteto apesar de às vezes cheirar a esgoto e apesar do meu namorado da altura (em especial o que viria a ser meu marido) embirrar com o desconforto das cadeiras e com a falta de espaço já que as pernas não lhe cabiam e tinha que as dobrar à frente dele, quase até ao pescoço. E ia ao Satélite, ao Estúdio. E, claro, aos maiores: Império, Monumental, S.Jorge.
Os grandes filmes de Bergman, na época, conviviam, para mim, com o Oficial e Cavalheiro ou o Breathless (que era uma reprise do A bout de souffle) -- filmes que não podia perder para ver o Richard Gere, com aquele seu corpo gingão, aquela capacidade de bem beijar que não está ao alcance de qualquer um.
Acontece que a minha fidelidade é restrita a casos muito particulares e, portanto, depois de ter visto a arte de Brad Pitt, mantive o Richard em banho-maria e, muito santamente, passei a incluir-me entre as devotas do Brad.
O seu desempenho em Lendas de Paixão foi outro momento alto, tornando, só por isso, aquele filme um objecto de culto.
[Aos destituídos de faro para a ironia, apresento mais um disclaimer: uso aqui a terminologia 'objecto de culto' a propósito deste filme tal como, há dias, usei 'mares do sul' para designar o mar que banha Cádiz. Sou dada a metáforas, se é que ainda não deu para perceber. E tenho dito. Adiante que o momento é de cinefilia e não de semióticas]
Entretanto Richard Gere foi ganhando patine (não perdendo o charme, mas...) e o Brad entrou naquela deriva mediática designada por Brangelina e eu, mais uma vez, fiz swing (and sorry for my french): passei a achar uma certa graça ao Clive Owen.
Enquanto isso, e num registo diferente, encantada pela voz deles, pulava a cerca* com o Jeremy Irons (como não, com aquela voz...?), com o John Malkovitch (aquela irreverência carregada de perversidade é um convite irrecusável) e, até, com o Ralph Fiennes que, parecendo que não, tem uma densidade enleante.
[Outro disclaimer: A cerca das devoções (como dizer?) cinéfilas, of course]
Mas, lá está, aqueles a quem um dia deitei o olho, debaixo de olho ficarão forever e, por isso, o Brad será sempre olhado com o carinho que se dedica aos antigos lover boys.
E, talvez por isso, foi com tristeza que li a entrevista que concedeu agora, confessando o problema de longa data que tinha com álcool, admitindo a sua responsabilidade pelo que aconteceu e que levou ao seu divórcio.
Parece que vive isolado, solitário, dedicando-se à escultura. Reapareceu na capa de uma revista com um ar que faz enternecer qualquer um, em especial aquelas que guardam um cantinho para ele no seu coração.
Magro como um cão sem dono, ar triste, diz até: 'se ao menos pudesse mudar de nome...'
E eu aí tenho que me pôr ao alto. Que é lá isso...? Nem pensar. Qual mudar de nome? No way.
Tanto mais que Brad é, afinal, William e um William não deve nunca renegar o seu nome.
Parece que vive isolado, solitário, dedicando-se à escultura. Reapareceu na capa de uma revista com um ar que faz enternecer qualquer um, em especial aquelas que guardam um cantinho para ele no seu coração.
[Novo disclaimer: cantinho virtual, leia-se]
Magro como um cão sem dono, ar triste, diz até: 'se ao menos pudesse mudar de nome...'
E eu aí tenho que me pôr ao alto. Que é lá isso...? Nem pensar. Qual mudar de nome? No way.
Tanto mais que Brad é, afinal, William e um William não deve nunca renegar o seu nome.
E, afinal de contas, what's in a name?
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E um dia muito feliz a todos quantos por aqui passam.
Be happy.
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E um dia muito feliz a todos quantos por aqui passam.
Be happy.
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Também gosto deles todos. E tenho pena do Brad e da família. O álcool é um companheiro destrutivo.
ResponderEliminarFaria aqui um apontamento tão grande quanto o seu, mas não é essa a finalidade. Aqui vai resumindo:
ResponderEliminarO Brad Pitt da primeira imagem já pouco tem a ver com a imagem inicial, em todos os aspectos. Se tudo muda, não me choca o seu desejo de mudar de nome.
O que me choca, é o que ele deve ter passado para chegar ao alcoolismo.
O meio artístico, como outros, são extremamente manipuladores e violentos, física e psicologicamente.
Ainda ontem vi um vídeo da Véronique Sanson "Ma révérence",onde toca no cerne da questão, e emocionei-me.
Também tem (ou teve) um problema com alcool, e talvez com drogas.
A mudança de nome, pensando bem, é quase banal: mulheres que "matam" os seus apelidos para adotarem os dos maridos (e é bem aceite), escritores com os seus pseudónimos e heterónimos, autores, a própria UJM, etc...
Agora a violência e a manipulação, reais ou virtuais,fora com elas. Já Sartre dizia "O inferno são os outros".
Pois também concordo com os seus 'gostos'. Os meus são muito idênticos :-)
ResponderEliminarQuanto ao álcool, não percebo como se fala tanto de drogas, e dá-se tão pouca importância aos efeitos desta terrível droga que é o 'álcool'. A maior parte dos casos de violência doméstica estão associados ao seu consumo excessivo.
L.