domingo, janeiro 15, 2017

Passos Coelho e a malapata da TSU
- ou "quem com a TSU mata, com a TSU morre"?



Há em Passos Coelho qualquer coisa que poderia ser trágico -- se ele tivesse dimensão para isso. Como não tem, a coisa nem é tragédia. É ópera bufa. Ou nem isso: é representação de aluno de fim de ano, teatrinho pindérico no ginásio da escola. E o láparo não passa do aluno com bom porte, boa figura, com voz bem posicionada mas que, coitado, não acerta uma deixa e, querendo improvisar, nem consegue ter graça nem desarrinca uma tirada inteligente.

Na verdade, o tempo tem provado aquilo que era mais do que evidente: Passos Coelho é a indigência intelectual (e moral) em forma de gente.

Tempos houve em que em volta dele cirandavam macacos de rabo pelado como Ângelo Correia ou ratas sábias como o ex-doutor Relvas. Davam-lhe as tácticas, cutucavam o animal para que não se atirasse para o mato sem cachorro. Enfim, tentavam que, pelo menos perante os distraídos, ele aparentasse ter perfil para a função.

Agora que esses, desde há muito, perceberam que o aluno nem à lei da bala lá ia, Passos Coelho está entregue à sua sorte. 

Como corte tem apenas aquela tropa fandanga que vemos quando as televisões o focam na Assembleia da República (geralmente rindo-se não à coelho mas à porco) ou que ainda dão a cara por ele nos televisivos balcões comentadeiros: um tal Hugo Soares, o Leitão Amaro, o Duarte Marques, o Miguel Morgado. Portanto, com a qualidade desta corte, imagine-se os conselhos que dali saem.


Tirando estes pobres coitados que para aí andam a nadar em seco, há ainda a Marilú, nefasta criatura cuja índole é sobejamente conhecida. Desde os tempos de toupeira, passando pelos tempos em que negociou ruinosos swaps, até aos mais recentes tempos em que a vimos, descarada, a dizer inverdades como quem se confessa ao padre, e a falhar uma por uma todas as metas, a meter os pés pelas mãos, a engraxar o ministro alemão como uma vulgar sabuja, e a seguir em frente de nariz arrebitado e sorrinho faceiro -- conhecemo-la bem, oh se a conhecemos. 

E, para que não restassem dúvidas, mal saíu do governo não perdeu tempo: foi, a correr, ganhar uns trocos para a Arrows -- uma empresa que faz favor... e que a foi buscar teoricamente não pelos seus inside conhecimentos mas pelo seu gabarito -- enquanto, para arredondar o cachet, se mantém na Assembleia a fingir que liga alguma coisa ao povo que a elegeu. E é esta madame, que qualquer líder partidário com dois dedos de testa manteria caladinha a ver se a gente se esquece dela, que volta e meia, para fazer prova de vida, se põe à frente dos microfones para continuar a fingir que percebe algum coisa de alguma coisa. Uma putativa figura de comédia, uma espécie de Ana Bola rabaluda e peixeirosa a armar-se em menina fina.

Portanto, sendo ele, Passos Coelho, tão limitado e estando rodeado por uma pandilha de fraco calibre, não é de estranhar que só cometa argoladas. Uma atrás de outra.

Quando em 2011 anunciou a ideia peregrina de aumentar a TSU dos empregados para a dar aos patrões, indo de seguida, lampeiro, cantar a gorge deployees para o teatro do Avillez, levando meio mundo para a rua, protestando perante tamanha animalidade, Passos Coelho não percebeu o que se passou. Percebeu só que tinha a ver com baixar a TSU dos empresários.

Agora, marimbando-se para a sua base de apoio (que terá muitos empresários, grandes e, sobretudo, pequenos e mal informados), ao ouvir falar em baixar a TSU nem deve ter pensado duas vezes. Não viu que era a moeda de troca da subida do salário mínimo nem quis saber do acordo obtido na Concertação Social. Nada. Armado em leão, diz que é contra. É como aquele de que ouvi falar no outro dia: diz que não sabe do que se está a falar mas que é contra. 


Com mais esta, a malta do PSD gelou. E imagino o Marcelo... deve estar com uma coceira dos diabos a congeminar como achincalhá-lo em público de uma maneira que possa depois dizer que até estava a alogiá-lo. Compreendo-o. Este láparo tira qualquer um do sério. 


A verdade é que, com mais esta calinada, se prepara para arranjar um caldinho com que nem ele sonha. Ou alguém arranja maneira de lhe tirar o tapete ou a coisa pode feder.

Passos Coelho não morreu politicamente na primeira vez que se meteu com a TSU. A ver vamos o que acontece desta vez.

Agora uma coisa é certa: como acima referi, as hostes laranjas andam nervosas. Não basta não haver estratégia autárquica ou candidatos decentes para as grandes cidades, como não há dia que passe que  criatura não cave mais o buraco onde o PSD se está a enterrar.

E vai continuar a cavar porque não percebe nada: nem percebe que há uma altura em que uma pessoa deve perceber que chegou a hora de se retirar, como não percebe que está a esfacelar o PSD. Não percebe. Nem percebe que não percebe. O cúmulo do inconseguimento percepcional. Uma desgraça. Passos Coelho só sairá do PSD à força.



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[As imagens provêm, como é bom de ver, do saudoso We Have Kaos in the Garden.]

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