terça-feira, janeiro 10, 2017

Notícias de outros lados, de outras artes




Pode ser que volte para dentro de portas, para mostrar arte classificada. Mas agora quero mostrar outro tipo de arte. Talvez nem arte, segundo os puristas. Mas eu sou tudo menos purista. Apenas pura. Ou talvez impura. E profana. Iconoclasta.

Ao jantar, num canto, dois homens falam português. Falam de arte, de escultura, de museus. O mais velho contava a história do Moisés de Michelangelo.
Moisés é uma das principais obras do artista renascentista Michelangelo. Conta-se que após terminar de esculpir a estátua de Moisés, Michelangelo passou por um momento de alucinação diante da beleza da escultura. Bateu com um martelo na estátua e começou a gritar: Por que não falas? (em italiano: Per ché non par li?).
Claro que aqui está a falar-se da grande arte, da que ninguém ousa sequer questionar.


Ao contar a história, o homem do restaurante, entusiamado, gesticulava como se querendo, ele mesmo, dar vida a uma peça imaginária ali à sua frente.

Na nossa mesa, nós íamos conversando e, a espaços, eu ia ouvindo falar de Maria João Seixas, dos coloridos e vidrados de Rosa Ramalho, da forma como a descendência prossegue a sua obra. Depois ouvi falar em Renascimento e, pouco depois, 'uma verdadeira figura do renascimento'. Tentei perceber de quem falavam mas não consegui ouvir.

O jantar soube melhor com uma onversa assim, vinda do canto, em português, falando de arte. 

Não sei, se eles vissem este post, o que diriam. Que gente maluca deveria ser proibida de escrever em blogues? Não sei. O que sei é que me dá prazer andar pela rua a captar o insólito, o belo, o intemporal porque aparentemente deslocado.

Mostro-vos e digo-vos que um manequim à varanda de uma casa pode não ser arte mas é artístico o acto de ali pôr. aquela mulher (ou apenas subversivo? Ou apenas divertido?). Ou as outras figuras.

O atleta a prepara-se para fazer o pino na beira do telhado de um prédio, nomeadamente. 


Ou as árvores rendilhadas em contra-luz, por exemplo.


As pernas de mulher, meia de rede, salto alto, a saírem da janela do teatro?


Ou a beleza quase angélica do jovem empoleirado num corrimão? Não é ele mesmo, assim elevado sobre os outros, olhando a distância, uma fantástica peça de arte?

[Aos mais empedernidos, que olham e não conseguem ver ali arte, faço uma sugestão: imaginen-no nu, pintado ou esculpido por Michelangelo. Seria ou não arte? E até não parece mesmo que o jovem de encarnado está a rezar perante tal divindade...?] 



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E, por favor, continuem a descer que, por aí abaixo, há mais.

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