Noite tranquila, noite de vídeo novo do Cine Povero. “Faz uma chave” de Eugénio de Andrade, na sua própria voz.
Gosto de estar aqui assim, no sossego da minha casa, a ler palavras boas, ouvindo música. Harmonia, beleza. Partilho convosco.
Salve Cine Povero
Faz uma chave, mesmo pequena,
entra na casa.
Consente na doçura, tem dó
da matéria dos sonhos e das aves.
Invoca o fogo, a claridade, a música
dos flancos.
Não digas pedra, diz janela.
Não sejas como a sombra.
Diz homem, diz criança, diz estrela.
Repete as sílabas
onde a luz é feliz e se demora.
Volta a dizer: homem, mulher, criança.
Onde a beleza é mais nova.
......
Nunca gostei de ouvir Torga a dizer a sua poesia. Não gosto de ouvir Eugénio na mesma função. É como se eles prendam à terra a poesia que escrevem. Como se lhe cerceiem as asas. Ela é sempre mais se cada um a ler como sendo sua e estiver nela inteiro não estando, por na realidade não lhe pertencer. E isto é que é.
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