Manhã hesitante e eu com vontade de ir para a beira do rio. Inaugurei o tempo outonal com uma blusinha de malhinha fina. Por cima, casaquinho leve. Antes de sair valido a opção, vou à janela. O céu mostra-se pouco fiável. Pelo sim, pelo não uma écharpe. As écharpes são as minhas aliadas. Mas o tempo não se destapou: manteve-se quase austero mas afável. Nuvens, sol, rio escuro, brisa fresca. Bom para passear.
Os gatos pensaram o mesmo. Andava eu e eles. Vários. Chego-me, fotografo-os, falo com eles. Tão bonitos. O olhar, a atitude: tão inteligentes. Lembro-me do que me disseram: são deuses. Mas não vou tão longe. Talvez apenas gente muito antiga. Talvez nos conheçam de outros tempos. Pela forma como me olham penso que me reconhecem, que sabem o que penso.
Deixam que os fotografe.
Deixam que os fotografe.
Há um de que gosto em particular. É este aqui abaixo, lindo, com umas manchas arruivadas no meio do pêlo branco e prateado. Contempla o rio, Lisboa, o casario do Ginjal. Fotografo-o enquanto o vejo olhar em redor.
De vez em quando olha para mim. Depois fica absorto, indiferente à minha curiosidade. Consente que eu o admire.
Depois levanta-se. Vem na minha direcção. Olha-me atentamente. Aproxima-se, sempre a fixar-me. Fico perturbada com a petulância deste olhar. Não sei o que pensa. Não sei o que se sabe de mim.
Peço ao meu marido que me fotografe com ele. Várias fotografias. Olho-as e gosto de me ver com ele junto a mim, o rio, a cidade branca em fundo. Não lhe toco, não consigo, mas baixo-me, estendo o braço -- quero que perceba que tenho vontade disso.
Depois afasta-se devagar. Vai para a beira da água. Desaparece por entre as pedras.
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E, de tarde, praia. Logo vos conto.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela, belíssima, semana a começar já por esta segunda-feira.
Saúde, sorte e amor para todos.
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Saúde, sorte e amor para todos.
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Olha, gostei mais destes gatos:).
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