sábado, outubro 15, 2016

O último apaga a luz
Mas qual luz?
Daquele bando de chatos sai alguma luz, senhores...?


O que se passa, meus Caros, é que depois de ter chegado da praia (que estava calma, perfumada, fresca, o mar tranquilo e belíssimo -- uma noite maravilhosa) não faço outra coisa senão adormecer. 

Quando ainda acordada, divulguei o magnético e poderoso discurso de Michelle Obama e outros vídeos interessantes a propósito das eleições americanas. Mas, logo depois, caí para o lado. 

Quem aqui me lê deve imaginar que eu sou uma maria-adormecida mas, acreditem, de dia ando de olhos bem abertos. O que se passa é que, como apenas me sento aqui ao computador quando já não tenho mais que fazer, tarde e más horas, o corpo já dá mostras de querer descanso. Agora acordei e ainda fui tentar ver a quantas andamos. Orçamento, orçamento, orçamento. Este país é um caniche. A cada osso que salta para a rua e aí vai ele, o nosso pequeno Portugal, a correr e a ladrar atrás, sem ver mais nada. Artigos, infografias, crónicas, comentários. Se o que está a dar é incêndios, béu, béu, béu, se é o Guterres, béu. béu, béu. Portanto, agora orçamento. Béu, béu, béu. Como se o país inteiro parasse, especado, de boca aberta, à espera de ver o que vai sair do orçamento. Em todos os canais e jornais. sapateiros e cabeleireiras atropelam-se para darem aulas de contas públicas. Quase hilariante não fora a pose irritante dos falsos professores e a excessiva dosagem em que as aulas nos são servidas.

Ou seja, não há pachorra. Desisto. Acorda uma pessoa e só vê e ouve disto.

Faço zapping. Dei agora com um grupinho de maduros que é de susto: o Joaquim Vieira, a Raquel Varela, o Rodrigo Moita de Deus. Não sei o que está a Inês Pedrosa ali a fazer. Será que também já está marada? E a cena é moderada por um que parece um nerdezinho, um daqueles que tem ar de apanhadinho alternativo, um tal Pedro Vieira que não sei bem qual é a dele. O programa parece que se chama O último apaga a Luz pois vejo ali um quadradinho com estas palavras. É na RTP 3. 


Esta gente que fala assim -- todos muito afirmativos, muito convencidos, que falam do que não sabem com a leviandade dos fúteis ou dos atrasados mentais -- cansa-me. Mas cansa-me tanto, tanto. Posso passar horas a fio a resolver problemas de toda a espécie e feitio que não me canso. Posso chegar a casa já de noite e ir fazer uma caminhada que não me canso. Mas ponham-me um bando destes à frente que fico cansada na hora.

Hora? Qual hora? Aquela Raquel Varela, então, deve ser intratável. Acho que não me aguentava ao pé dela, ao vivo, nem durante um minuto. Criatura irritante, palavrosa, maçadora. O outro, o Rodrigo Moita de Deus está bem para ela. Moçoilo mais pretensioso, senhores! Tenta ironizar mas, coitado, parece um adolescente metido a besta. Eu à frente dele devia ser lindo: ele com aquelas graçolas, a rir, todo contente com as piadinhas, e eu a olhar para ele completamente séria. Depois o outro. Aquele Joaquim Vieira, sempre com um sorriso parado na cara e sem dar uma para a caixa. Que seca senhores.


Um extra-terrestre que tentasse perceber como são os portugueses a partir dos que vão à televisão devia começar por sorrir com alguma compaixão e depois, fatigado do chinfrim de tanto papagaio e catatua, devia dar meia volta e, cá para mim, nunca mais cá punha os pés.

Ter gente a conversar nas televisões é boa ideia mas tem que ser gente com alguma coisa na cabeça, não estas caixas vazias. O que uns dizem parece o eco da conversa da treta dos outros. Uma pseudo-ramboiada verbal mas sem jeito nem trambelho -- nem, ao menos, graça.
Ainda se ao menos nos aparecessem vestidos a preceito... De estarolas, por exemplo.
Portanto, meus Caros, desculpar-me-ão mas se cansada e ensonada já estava, agora ainda mais estou. Vou pregar para outra freguesia que amanhã (ou melhor: hoje) tenho muito que fazer.

Mas, para não darem a visita por perdida, deixo-vos com um truque de 'magia' de um diseur cuja voz me encanta. Além disso:

Water can be cool, but Benedict Cumberbatch makes it cooler.


Benedict Cumberbatch Does a Magic Trick | Vanity Fair



 

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E agora, peço-vos, desçam até ao post já a seguir e não deixem de ver o brilhante discurso de Michelle. 

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