A folhagem aloura de dia para dia. E dança com a aragem.
Parecem querer seduzir o rio, e o rio passa, amável, contemplando-as, árvores elegantes, bailarinas douradas.
E as cores combinam-se sob a luz suave desta tarde de outono. Lá muito em cima, as gaivotas voam em círculo e gritam como meninas brincando em roda.
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Está fazendo um dia lindo de outono. A praia estava cheia de um vento bom, de uma liberdade. E eu estava só. E naqueles momentos não precisava de ninguém. Preciso aprender a não precisar de ninguém. É difícil, porque preciso repartir com alguém o que sinto. O mar estava calmo. Eu também. Mas à espreita, em suspeita. Como se essa calma não pudesse durar. Algo está sempre por acontecer. O imprevisto me fascina.
[Clarice Lispector]
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Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
[Ricardo Reis, in "Odes"]
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Uma voz expressiva a cantar uma canção de amor e Outono. Soa um bocadinho triste mas é linda de morrer.
ResponderEliminarOlá bea,
ResponderEliminarApenas recentemente conheci esta canção e é linda mesmo. E melancólica.
Um abraço, bea.