Vou já dizendo a quem não o saiba. É relativamente normal as empresas pagarem viagens e estadias a alguns clientes especiais. Ou convidarem-nos para o camarote que têm reservado nos grandes estádios ou oferecerem-lhes bilhetes para espectáculos que patrocinam.
Existe mesmo no plano de contas oficial rubricas para enquadrarem este tipo de despesas: ofertas a clientes, despesas de representação, propaganda e publicidade, etc.
Costumo dizer que, se eu estivesse para aí virada, almoçava todos os dias em grandes restaurantes sem gastar um euro. Ou tomava o pequeno almoço nos melhores hotéis ou ia a cocktails de fim de tarde em lugares maravilhosos. Só que não estou para aí virada. Assuntos de trabalho trato-os no meu local de trabalho e momentos de lazer passo-os com amigos.
No entanto, é frequente, de vez em quando, conhecidos meus irem a acções de formação ou a seminários noutros países a convite de empresas. Convites desses fazem-me já algumas empresas a medo pois sabem que se arriscam a ouvirem respostas minhas que os deixam 'sem jeito'. Por exemplo, costumo dizer que agradeço a gentileza mas que prefiro que canalizem o esforço de marketing para coisas que beneficiem a empresa e não a mim em particular.
De todas as vezes que me tenho deslocado ao estrangeiro em serviço, vou a expensas da empresa para a qual trabalho e porque há uma razão objectiva para isso. Nunca viajei a expensas de outra empresa.
Hoje, uma atitude como a minha começa a não ser nada de extravagante e nos manuais de ética das empresas já se encontram recomendações a propósito disso. Contudo, durante muito tempo eu era vista quase como fundamentalista nestas matérias. Um colega meu dizia-me que um honesto em excesso se torna quadrado. Pode ser, mas sempre preferi ser quadrada a sentir-me, de alguma forma, em dívida perante uma empresa que seja ou queira ser fornecedora da empresa para a qual trabalho.
Por exemplo, os bancos costumavam oferecer viagem e bilhete para jogos no estrangeiro aos directores financeiros. Era normal. Mas eu não achava lá muito normal. E quando uma grande empresa patrocina grandes eventos tem direito a um determinado número de ingressos que depois distribui por clientes ou 'influentes'. É normal. Mas eu não me apetece aturar gente de trabalho nas minhas horas livres. Se quero ir ver um espactáculo prefiro pagar o bilhete e sentir-me livre (livre de aturar chatos, de constrangimentos, de 'dívidas', 'favores' ou 'simpatias').
A Galp, como patrocinadora do Campeonato Eurupeu de Futebol, inscreveu uma certa verba nas suas rubricas de marketing, comunicação, etc. Terá convidado grandes clientes e outras figuras com quem quer estar de bem.
Uma dessas pessoas foi o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, aquele que quer aumentar significativamente o IMI a quem tem casas com boa vista e viradas a sul. Se até há uns anos, quando era quase normal que as grandes empresas apaparicassem as gentes do governo ou os 'contactos úteis', dando-lhs a comer coisas que de outra forma nunca poderiam pagar, agora a consciência está mais desperta.
Por isso, acho que foi despreocupado em excesso o Secretário de Estado Rocha Andrade ao ter aceitado que a Galp o levasse a ver a bola a França. Face à denúncia pública na Sábado online, faz bem em querer agora pagar à GALP as despesas -- e talvez lhe sirva de lição para o futuro.
Não simpatizo por aí além com a figura que, volta e meia, me parece ter alguns dos tiques que não aprecio nos socialistas. E ainda há um dia lhe dei uma tareia e lhe mostrei cartão encarnado. Contudo, só por isto da viagem não me parece que seja motivo suficiente para ir para o olho da rua. Mas é motivo para ele perceber que não deve sentir-se deslumbrado com as generosas portas que se lhe abrem pois, quanto mais ele passe por elas, mais sentirá que vai ficando com o rabo preso. É que se não há almoços grátis, muito menos há viagens e outras mordomias.
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Half The World Away interpretado por Aurora não tem a ver com o texto mas apeteceu-me estar a ouvi-la enquanto escrevia.
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Half The World Away interpretado por Aurora não tem a ver com o texto mas apeteceu-me estar a ouvi-la enquanto escrevia.
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E agora aceitem o meu convite e desçam até ao post seguinte no qual falo do destaque que a Harper's Bazzar também dá a Portugal. A seguir há ainda um momento implacável de Colbert vs Trump.
Querida Avó, a sua justificação é em tudo idêntica à do Ascenso Simōes. Só há uma saída: a saída do governo.
ResponderEliminarHá-de sair como saiu o irrevogavel, eterno 2º ministro, o anterior secretário de estado das finanças que tinha clientes vip, a marilú swap, esta nem o diabo a quer, o furão burroso, o pior moço do carrinho de chá alguma vez visto, o cabecilha do bando que tinha como curriculo para 1º ministro o roubo à segurança social, etc.. etc... porque se este caso é suficientemente grave ao ponto de poder configurar crime como diz o porco negrão (que se fosse perante a justiça os dias de vida que tem não lhe chegavam para pagar o que tem feito) então que configuram os que mencionei acima. essa canalha que tem como porta voz um porquinho malamado são mesmo luisinhos e configuram ter sido abusados em crianças, tem que os mandar ao quintino aires.
ResponderEliminaralém do Rocha Andrade havia + bué de milhares de gajos e gajas no estádio, quem eram? pagaram bilhete ou entraram pela porta do cavalo? ou foram a convite de alguém? de quem? a maior parte não desempenham altas funções de estado, mas provavelmente já desempenharam há que apurar?????????????????
ResponderEliminarO problema é sobretudo de princípio, dado o conflito que envolve o Estado/governo e a Galp. É uma questão moral, politicamente falando. Foi uma atitude pouco responsável e até ingénua por parte daquele S.E. Somado à impopularidade da tal história do IMI, Rocha Andrade está hoje bastante fragilizado, politicamente falando. E como não é um S.E qualquer, tem responsabilidades muito acrescidas no governo, acaba por contaminar o próprio governo e o PM, embora não seja caso para um dramalhão. No caso dele, saia de fininho lá para Setembro. Aproveitava a altura para ir preparar as vindimas e dava o lugar a outro. É certo que o governo dos trastes de Passos/Portas teve actos políticos muito piores e mais graves. O Portas sonso a fingir que queria ir embora, um cabotino do pior, a engendrar o lugar de Vice-PM, a Albuquerque mais os Swaps, o da Educação a arrasar a escola pública, a da Justiça a tornar o acesso à Justiça ainda mais difícil ao comum cidadão, o Passos a vender as jóias da coroa (EDP, REN, etc, além da ANA, Correios, etc) ao estrangeiro, o martelar das contas para enganar eleitor, como foi o Banif, o elevar a dívida pública de 90% para mais de 120%, etc.
ResponderEliminarMas, este governo é suposto ser mais ético do que a escória anterior. Se assim for, então o Rocha Andrade bem podia voltar à A.R e coisa sanava-se, politicamente.
Mas, enfim, há coisas piores, como a de um patife de um governador de um Banco Central de um país estrangeiro, o Bundesbank, a criticar decisões da Comissão Europeia sobre países soberanos, como por exemplo o nosso (e Espanha), sobre a não aplicação das sanções. E sem que o PM e o MNE reajam a este tipo de provocações e intromissões politicamente graves - porque se trata de alguém que falou com o consentimento do seu governo - o da Alemanha, de Merckel e de Schaubel.
Enfim...
Boas férias!
P.Rufino
Cara UJM,
ResponderEliminarCostumo concordar com os seus comentários, e muitos deles fazem-me rir - há coisas muito sérias com as quais se pode e deve rir, porque "o ridículo mata".
Não posso, porém, estar mais em desacordo com a sua desculpabilização do secretário de Estado Rocha Andrade (e os outros???) pelo mero facto de este se propor reembolsar a Galp das despesas em que esta incorreu com o convite.
É que o problema reside no simples facto de ter passado pela(s) cabecinha(s) do(s) senhor(es) que não haveria qualquer irregularidade (jurídica, moral, ética) na aceitação dos convites, reiterando Rocha Andrade essa posição já depois de noticiada a "coisa". Pretender agora reembolsar a Galp é uma atitude tomada apenas porque a "coisa" foi descoberta - e se não tivesse sido? e as coisas que não são descobertas e que no douto critério destes sujeitos também não põem em causa a independência do governo? convites, prendas, etc?
Se isto se tivesse passado em Inglaterra os sujeitos demitir-se-iam, e se não tivessem a dignidade suficiente para o fazerem seguramente o "prime minister" os demitiria. Por cá a desfaçatez dos próprios não tem medida, e o primeiro-ministro neles não tem mão. António Costa ainda tem de aprender que nem tudo é negociável - às vezes é necessário mostrar autoridade e dar um murro na mesa. Seguramente que uma dessas vezes é quando está em causa a dignidade do Estado (através de quem exerce no momento funções governativas), a qual não pode ser comprada com bilhetes de avião, ingressos para o estádio, almoços e jantares, quiçá uma noite num hotel.
Nunca é demais lembrar que à mulher de César não basta ser séria, também tem de o parecer.
Tivesse António Costa a frontalidade de demitir estes rapazinhos e mataria logo o incidente que a oposição está delirantemente a comentar. Do mesmo passo daria um sinal, para os restantes membros do governo e funcionários em altos cargos com poder de decisão, de que estes comportamentos não são toleráveis.
MPDAguiar
Como pode um país de Catões tão rigorosos e abstinentes,ter a prática que tem,ao que dizem os detentores da prova cada vez mais consolidada? Se somos tão sérios que nem uma viagem de 50 Euros podemos usufruir,seremos sérios a ponto de nem uma viagem de eléctrico aceitarmos? E uma boleia de tuc-tuc? Temos que densificar a regra,densificá-la tanto que todos os jesuítas que nos cercam partam o frontal e seus adornos nela,ao tratar de subornos que tais...
ResponderEliminarOlá a Todos,
ResponderEliminarComecei por pensar a responder a cada um mas cada um tinha pano para mangas e não ia conseguir tempo para fazer um post. Como sou adicted em fazer posts, resolvi fazer um post para, de certa forma, dizer de minha justiça e, dessa forma, responder a cada um.
Independentemente disso quero dizer que alguns me fizeram rir de gosto. Obrigada só por isso. O sentido de humor é uma coisa deliciosa. Até me esqueço que discordam de mim, tão agradada fico com o sentido de humor.
E uma boa noite a Todos!
PS: E discordem à vontade, desiludam-se à vontade, o que quiserem, mas, se conseguirem, façam-me rir, ok? Já sabem que aqui a querida avozinha é danada para a paródia!
Três dias sem net logo muito atraso nos bitates! Três putos patetas. Na minha opinião é mais uma prova de que para ser ministro ou secretario de estado não basta ser simplesmente do ponto de vista técnico jeitoso. Entre outros atributos, é preciso ter decoro social e maturidade política. Vem nos manuais!
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