sábado, maio 21, 2016

Levar livros com capas maliciosas (e inventadas) para o Metro


Já contei que sou dada a primeiras impressões. Por exemplo, pelo que veio a ser meu marido apaixonei-me violentamente só de o ver, não fazendo a mínima ideia de quem ele era.

Mais tarde, ainda no maior desconhecimento, desconfiei que namorava com uma amiga minha. Não me importei nem um bocadinho. Era como se soubesse que guardado estava o bocado para quem o havia de comer. Mais tarde, quando começámos a falar e, de imediato, a andar um com o outro, ainda eu namorava firme com outro mas isso não me atrapalhou. E nunca me lembrei de indagar sobre se ele ainda andava com a outra. Tudo isso, para mim, era acessório face à violenta paixão que tinha tomado conta de mim.

Ora se com pessoas sou assim, imagine-se com coisas. Em tudo, sou de pegar ou largar. Vejo um livro com capinha cheia de pardalinhos esvoaçantes, senhoras de ar sonhador, ou facas a escorrerem sangue e bye bye, nem lhes toco. Lá dentro até pode estar o Adeus às Armas ou o Salammbô que eu, implacável, nem me deterei.

Mas, claro está, estou a exagerar um bocado. É que, por vezes, no meio da parvoíce da capa, farejo suculento naco. Aconteceu com A  Arte de Caminhar de Henry David Thoreau. Estava eu passando os olhos pela estante e vejo aquele despautério, a miss bumbum da coxa grossa caminhando para tornear os redondos glúteos. Pensei que a capa fosse verdadeira, o conteúdo é que fosse falso. Folheei: não, parecia ser mesmo a obra verdadeira do Thoreau. Trouxe.

Cá em casa, tenho que o esconder. Tenho ideia que foi o meu filho, a quem nada passa despercebido, que um dia exclamou, estarrecido: 'Mãe! Que é isto?'. Lá lhe expliquei que algum editor mentecapto confundiu o género humano com o manuel germano e saíu aquilo.

Tirando esse, assim de repente que me lembre, não tenho cá em casa nenhuma aberração que tivesse escapado ao crivo do primeiro olhar.

E a que vem tudo isto a propósito?

Bem. É que há novo vídeo daquele bacano, o humorista Scott Rogowsky, que resolve ir para o metro, desta feita com uma partenaire, com livros com capas maradas (por exemplo: 'Como esconder a sua erecção de deus' ou '10.000 imagens de pilas'. A piada das capas e a reacção dos outros passageiros é do mais apropriado para uma noite de sexta-feira. Ora vejam.


Fake Book Covers on the Subway




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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado.

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