Não me sinto uma feminista no sentido em que pense que devem ser desencadeadas medidas de força para a a sociedade começar a encarar as mulheres como iguais, nem acho que a responsabilidade pela subalternização feminina (que ainda existe em muitos meios) seja da exclusiva responsabilidade dos homens. Trabalhando num meio empresarial em que os homens imperam a nível dos cargos de poder, assisto com alguma frequência a que as mulheres gostem de se colocar numa posição que, em meu entender, não as dignifica.
Bella Hadid e o vestido sensação em Cannes (Tinha ou não cuecas?) |
As mulheres não têm que provar que são tão boas profissionais como os homens: têm apenas que ser boas profissionais. Tal como não devem, para agradar, mostrar-se disponíveis para assumir o papel de dona de casa em sessões de trabalho em que alguém deve tratar de alguns aspectos acessórios. Nem, as que ainda não estão em lugares de topo (digamos assim, por simplificação), deverão fazer uso dos seus atributos físicos para tentarem impressionar os homens que já lá estão.
Não sei se há uma escrita feminina, uma gestão feminina ou uma realização feminina. Não sei nem ligo a isso. Interessa-me a qualidade e não o sexo de quem faz o que quer que seja. No momento em que uma mulher centra o seu combate, seja que combate for, no seu sexo, está a aceitar que o seu sexo a diminui.
Nunca fiz nada disso: não me considero inferior em nada (excepto a estacionar e a perceber as regras de futebol; também nunca consegui fazer aquele assobio potente em que se põe na boca o dedo médio unido ao polegar; ou seja, há aspectos em que aceito que, por ser mulher, tenho alguns handicaps mas tudo coisas deste género; e, num ápice, seria capaz de elencar dez vezes mais assuntos em que, por ser mulher, tenho melhores aptidões que os homens - mas não vou por aí porque tenho mais que fazer, nomeadamente ir dormir) e, portanto, também nunca me queixei ou me envolvi em movimentos reivindicativos relacionados com descriminações de género.
Vem isto a propósito de um debate em que, e passo a transcrever:
Brute de décoffrage, Houda Benyamina se lance alors dans une mini-tirade engagée où elle appelle les femmes à « revendiquer [leur] féminité » : « Il faut arrêter d'être polies, il faut ouvrir nos gueules et il faut poser nos clitoris sur la table ! », s'exclame-t-elle devant un public approbateur.
Quem se entenda bem com a língua francesa talvez ache piada ao animado debate em que Alice Winocur e Houde Benyamina defendem calorosamente os seus argumentos. No entanto, não sei se o seu desafio (pôr o clitóris em cima da mesa) será facilmente exequível e, caso se descubra a forma de o fazer, se produzirá o efeito pretendido.
Women in Motion : le talk d'Alice Winocour et Houda Benyamina
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Outra luta que atravessa fronteiras, que passa de ano para ano e que igualmente não sei se merece tanta luta ou se produz reais efeitos é o #Free the Nipple, que é como quem diz, Libertem o mamilo. Trata-se de um movimento contra a proibição de mulheres com os mamilos à mostra estarem em lugares públicos, sejam reais ou virtuais. Nestas coisas, acho que não é preciso pedir autorização, -- quer arejar a poitrine, pois areje - mas aí entra a componente exibicionismo e, como isso é coisa que me desagrada, eu diria que não me parece que seja preciso provocar ou exibir os mamilos na rua. Nas praias, que eu saiba, o topless é permitido em todo o lado e mal fora que o não fosse. Agora não faço mas já fiz, embora não seja coisa que gostasse de fazer em lugares muito frequentados. Mas, nas praias quase desertas do Algarve, por exemplo, aí claro que me punha completamente à vontade.
Ou seja, se, por me desagradar o exibicionismo, não me choque que as mulheres não andem de tronco nu na rua, já me parece razoável a utilização de vestuário que deixe entrever os seios, coisa subtil, elegante.
Mas, claro, estou a reportar-me a situações normais. No entanto, não nos podemos esquecer que há as sociedades ou as culturas anquilosadas em que tudo o que se relacione com o corpo da mulher é visto como um pedaço de mau caminho e, por tal, devendo ser coberto. Mas aí as causas são tão profundas que não é com manifestações bobinhas que se vai conseguir o que quer que seja.
O vídeo abaixo mostra o que é o movimento.
O vídeo abaixo mostra o que é o movimento.
Free the nipple?
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E agora, se vos apetecer ver uma cena divertida, um fulano e uma fulana que vão para o metro ler livros com uma capa delirante, é só descer.
Somos diferentes? Sim e ainda bem.
ResponderEliminarHoje visitei a Culturgest (bastidores). As entradas eram em pequeno grupo - entrei com um casal inglês residentes em Portugal vai para 30 anos. Simpáticos, educados, diferentes. Ela "bebe" cultura, cinema, teatro, exposições, espectáculos...ele nem por isso, acompanha e fica nos bastidores, vai falando e conhece todo o pessoal de apoio. Diferentes? Sim mas nenhum acima do outro. Lindos os dois.
Que falta de vergonha !!!!! Estou impressionado com tanta nudez.
ResponderEliminarJorge O (UMSJ)