segunda-feira, março 21, 2016

A beleza do jardim da Casa da Cerca




Como já contei no post abaixo, não consigo ficar fechada em casa durante muito tempo. Pior: não consigo suportar que o dia não contenha um espaço ou um momento que eu ache que, só por isso, já valeu a pena. Eu sei que tenho companhia e suporte e meios para poder ir atrás do que me apetece e que muita gente também gostava de poder mas não pode. Mas, mesmo sem companhia e mesmo a pé, o que não falta são lugares onde se pode ir à procura de alguma beleza.

No entanto, ao escrever isto penso nas mulheres que vivem fora das grandes cidades. Quando no outro dia estive em Moura, uma coisa me surpreendeu: nos cafés só vi homens e à porta de alguns, nos passeios ou no largo, vi grupos também só de homens. Agora em Arouca, em alguns cafés e também à porta, o que vi foram sobretudo homens. Habituada que estou às grandes cidades, não me ocorre que ainda há terras onde pode haver alguma segregação ou que as mulheres que se afoitem, sozinhas, a passear ou a sentarem-se sozinhas num café se sintam olhadas.
Mas o que digo é que se sentirem olhadas pois azarinho, que olhem. Daí não deve passar e, com o tempo, os que olham acabarão por se habituar. Não vão vocês, Caras Leitoras nestas condições, sacrificar o que vos apetece fazer em nome de nada que valha a pena. Mas, enfim, isto sou eu a dizer. Sei que, como disse no outro dia o Fernando Lopes, nas terras pequenas é toda uma outra vida.  Eu, por exemplo, se vou ao restaurante ao fim de semana ou em férias, vou completamente à vontade, vestida na maior informalidade, jeans, ténis, cabelo apanhado. Pois, e agora só para falar dos dois casos mais recentes, se vou ao restaurante ao fim de semana numa terra como Moura ou Arouca, surpreendo-me por ver como as pessoas vão vestidas e penteadas quase como se fossem para um casamento. São vivências, hábitos, rituais que só quem lá vive os percebe e compreendo que eu, que tenho uma outra experiência de vida, possa aqui falar sem saber que nada disto é válido noutras circunstâncias. Que me perdoem, nesse caso. Mas que não se resignem a viver como nos primórdios do século passado.
Bem, teorias à parte, estava carente de sair para o ar livre, fotografar, espairecer.


E, portanto, com o meu compagnon de route sempre a tentar que eu me torne ajuizada e prudente mas sem ter sorte nenhuma, lá fomos, eu sem as guletas, meia coxa mas já bem melhor e a sentir-me como se fosse de férias, apesar de ser para um passeio de pouco mais de uma hora. Fomos de carro, bem entendido, e só lá andei a pé.

Dizia eu, em minha defesa, que, tendo entrado na Primavera, nem me sentia bem por não ir ver em que param as modas nos jardins. E se estão bonitas as flores e as paisagens cobertas por esta luz tímida que começa a aventurar-se agora que março já vai subido.

A Casa da Cerca foi o nosso destino. É um lugar muito belo, com uma vista majestosa, e em cujo edifício há, geralmente, exposições. Tem também um café com esplanada, um lugar muito agradável e onde há bolinhos mesmo muito bons. Hoje comemos umas miniaturas, uma de bolo de agrião com cobertura de chocolate e uma de laranja, mesmo boas, pouco doces, saborosíssimas.

E, por lá andei, a ver as vistas, a fotografar, encantada, tudo tão bonito, tudo tão tranquilo. Um país tão lindo, este nosso.


Depois o céu toldou-se ao de leve, começou a chover ao de leve. Uma chuva ligeira, boa, fresca.
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A seguir venho mostrar-vos a exposição sobre as Inspirações. É que isto das inspirações tem que se lhe diga.

E permitam que vos informe que, caso vos apeteça ver o rio que vejo da minha janela e saber as receitas do que fiz para o jantar, poderão deslizar até ao post já a seguir.

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