Cheguei a casa há pouco, mudei de roupa, arrumei umas coisas, vim até aqui e liguei a televisão. Eis senão quando vejo o comentador Marcelo entre cartazes do Nóvoa. O jornalista fez a gentileza de esclarecer: para cúmulo da palermice, o comentador estava a começar a campanha visitando a sede da campanha de Nóvoa em Santarém. Com o ar superior e blasé de quem visita a casa de um parente remediado, fez um vago elogio de circunstância ou até como que sugeriu que estavam a viver acima das possibilidades, 'Mas está muito bem, isto é bom. Isto antes era o quê?' mas, sempre andando, hiperactivo, sem interesse pela resposta. A seguir rapinou uma miniatura de palmier e, mostrando que é mesmo o discípulo de Cavaco, com a boca cheia, pôs-se a falar. Pretende ele criar a sensação que está em casa, que para ele é tudo familiaridade -- mas, pelo menos aos meus olhos, o que consegue é cobrir-se de ridículo.
Chegou à rua, de boné, a gabar-se que já tinha comido um palmier. As televisões atrás (digo televisões mas não sei; pelo menos a SIC era), as senhoras na rua todas contentes por cumprimentarem uma celebridade, e ele todo babado. Uma, mais afoita, disse-lhe que não tinha gostado de o ver com Maria de Belém. Com ar de kalimero respondeu : 'Mas ela estava a dizer mal de mim... queria que eu fizesse o quê...?'. Ela insistiu: 'Pois, mas eu estava habituada a si de outra maneira' e, aí, ele raspou-se a grande velocidade para não lhe dar hipótese a ela dizer mais alguma coisa que as televisões pudessem captar.
A seguir vi-o num lar, todo derretido em cima dos velhinhos, e a SIC com ele ao colo, e ele a fazer-se engraçadinho, uma autêntica celebridade a fazer presenças. Vi-o depois a fazer-se fotografar ao pé de crianças acabadas de sair da piscina.
Pelos vistos a campanha não vai passar desta paródia (ou melhor, desta tristeza).
Numa de Zelig em registo acelerado, agora está a fazer-se passar por Lady Di e diz que vai fazer a Campanha do Coração.
Pelos vistos a campanha não vai passar desta paródia (ou melhor, desta tristeza).
Instado pelos jornalistas a pronunciar-se sobre o que António Costa disse, como é usual nele, fingiu que gostou, virou as palavras do avesso e acabou a agradecer. Um artista na arte do malabarismo.
A propósito, li o artigo que leitor, a quem agradeço, me enviou por mail:
Perante um conflito de interesses, há que ajustar a interpretação. Mais para a esquerda ou mais para a direita, há várias argumentações possíveis e algumas podem dar mais jeito do que outras. Escolhamos as que mais nos convêm. Depois de o ouvir naquele anfiteatro durante dois anos, pouco me espantou nos seguintes. Elogiar não é o mesmo que apoiar? Fumar não é o mesmo que inalar? Na cabeça de Marcelo, claro que não. É possível, de facto, dizer tudo e o seu contrário, sempre com um enorme sorriso na cara. (...)
Na verdade, nunca se lhe viram obras marcantes nem pensamento próprio – era brilhante, isso sim, na comunicação do pensamento alheio.
(...)
Ná... Cá para mim o candidato-comentador está a mostrar ser pouco mais do que um daqueles participantes de programas de televisão que, quando vão à rua, têm as pessoas a quererem autógrafos e uma selfie. De resto, o que se tem visto é um saco cheio de restos.
......
Volto para dizer que, para mim, entre Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa: Sampaio da Nóvoa. E não foi pelo debate na TVI, com a Judite Sousa de permeio, já que o debate mostrou que Nóvoa é mais afável do que a sonsinha Belém, mais ponderado, terá talvez um carácter mais nobre (a Belém tem-me parecido mesquinhazinha) mas não consigo concluir muito mais que isso já que, em traços largos, as opiniões de ambos parecem não distar muito umas das outras.
Portanto, continuo com a mesma dúvida: Nóvoa ou Marisa? E a minha dúvida reside em que ainda não percebi se a Marisa já tem a maturidade necessária para decisões complexas que, porventura, venham a ser necessárias ou se tem a capacidade de se pôr acima de questões partidárias pois, quando a vejo, parece que ainda está muito no seu papel de deputada.
Portanto, quanto à minha decisão de voto, ainda não posso dizer mais do que isto.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo dia de domingo.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo dia de domingo.
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Essa do Professor Catavento ir visitar uma sede de campanha distrital de Sampaio da Nóvoa não passaria na cabeça de ninguém. Só na dele. A criatura é de uma bizarria que chego a suspeitar que ali há um parafuso a menos na cabeça. É certo que traduz, de algum modo, uma certa inquietude perante aquele opositor, elegendo-o como o principal adversário. Toda aquela encenação, desde o boné, à visita aos velhinhos começa a ser caricato ("Arrght, então, umf, ssrre, a Srª tem quantos anos? 103! Refrr, unfm, fmm, tanto ano? Aaahhh, 104 daqui a 3 meses!!!! Frr, arrght, umffg, que bela idade! Podia ser minha mãe! Umf, ugfd, então até breve. Vote bem, sim? - que é como quem diz, vote em mim") E assim se vai entretendo o pagode. Resta saber se o Professor Francelo leva a sua avante. Não será com o meu voto, pois detesto pantomineiros. A Marisa é uma candidata que também aprecio. Agora, como diz, terá a maturidade para grandes, difíceis e delicadas decisões? Estou, tal como a UJM, indeciso (no meu caso também entre ela e o Nóvoa). Haverá tempo para reflectir. Quanto a Maria de Belém, ouvi ontem, creio, na Antena 1, um tal programa Portugalex, que tinha um imitador do Professor “Francelo Catavento” e de Maria de Belém, em que esta se “queixava” de ter “dificuldade em comprar roupa pois quer na Cenoura e outras lojas de crianças, até na Toysrus, não havia o que ela queria. E lá se vai gozando com a coisa. Mas, dava-me um certo prazer ver o Marcelo de cara no chão se a 24 deste mês ficasse aquém dos tais 50 e tais % e não vencesse.
ResponderEliminarP.Rufino
Permita-me só mais um curto comentário:
ResponderEliminarsegundo o Borda D'Água (jornalinho que minha santa sogra não dispensa, no início de cada Ano), este ano de 2016 é o Ano Internacional da PULSA, ou seja, dos vegetais secos.
Ocorreu-me isto, porque não sabia como designar o facius do Professor Marcelo. Pois de facto agora que me ocorreu aquilo, acho-o parecido com um vegetal seco. Só espero é que não seja o ano dele! Livra!
P.Rufino