quinta-feira, dezembro 10, 2015

# INSTAGRAM HUSBAND - para os que precisam de ajuda


Antes comíamos comida, agora fotografamo-la -- diz um dos maridos Instagram. 

Sou basicamente um 'pau de selfie' humano -- diz outro.

Atrás de cada miúda gira, no Instagram, está um tipo como eu e uma parede de tijolo -- lamenta-se outro.


E quem diz Instagram, diz Facebook. Um vício.

Acho que já o contei: no outro dia estava eu numa mesa a comer uns petiscos gregos e, na mesa ao nosso lado, estava um casal, ambos avantajados, grandes, bem anafados, ela toda armada fashion adicted, um cabelo que não lembrava ao diabo, nails produzidas, bota alta, mini-saia justa, um destempero. Quando chegou a comida, constatei que era à semelhança de quem a ia comer: travessas transbordantes. E, daí para a frente, durante quase todo o tempo, ela e ele tiravam fotografias à comida, a eles próprios, a eles próprios com a cara quase encostada à comida, com grandes pitas na mão, de boca aberta simulando que iam atirar-se a elas -- uma coisa do além que, para além do mais, se prestava a toda a espécie de piadolas. E depois escreviam coisas no telemóvel e, de seguida, viam os dois todos derretidos os ditos telemóveis, presumo que a verem as imagens no Face ou no Insta. Passado segundos voltavam a ver, riam, mostravam um ao outro, escreviam freneticamente, deduzo que a responderem a comentários. Eu e o meu marido, sossegadinhos, a comermos a nossa saladinha manuri de queijo, frutos e vinho doce ou a tiropita de massa folhada com queijo, e aqueles dois, com a mesa a transbordar de comida, num frenesim com as selfies ou com poses estapafúrdias.

Claro que admito que tudo isto possa ser normal e que eu é que, se calhar, fui ultrapassada pelos acontecimentos. Mas a mim aquilo parece-me tão artificial, tão desprovido de sentido que intuo que, num futuro próximo, uma de duas coisas acontecerá:

1 - Ou as pessoas se cansam de tanta parvoíce

2 - Ou o mundo fica perdido de vez, quiçá o planeta a rodar em sentido contrário.


Claro que poderá acontecer uma terceira coisa: as pessoas não se cansarem e isto passar a ser um comportamento normal. Aí, claro, terei que me refugiar numa ermida qualquer, bem longe da civilização.


Vem tudo isto a propósito de um vídeo satírico que foi divulgado neste dia 8 de Dezembro e que, à hora a que escrevo já vai com mais de um milhão de visualizações. Convido-vos a verem.


INSTAGRAM HUSBAND



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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma feliz quinta-feira.

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