domingo, novembro 08, 2015

Outono in heaven


No post abaixo já falei da minha sexualidade (gay? bi?) e, para que as minhas Leitores ponham à prova a sua orientação sexual, mostrei um vídeo sexy com uma mulher especialmente bonita. Agora, enquanto ouço o Eixo do Mal, escolho fotografias feitas de tarde para aqui vos mostrar.





A tarde deste sábado esteve de uma tal doçura, um calorzinho mesmo bom, uma luz muito dourada. Uma maravilha para o espírito e para o corpo, o bálsamo de que tão precisada ando.

Continua a haver imensos cogumelos, agora há uns brancos, lindos, enormes.


Nascem junto ao tronco dos pinheiros, debaixo dos arbustos do alecrim e, até, no meio da gravilha que se mantém sobre o seu corpo rendilhado mas forte.


E o medronheiro está uma beleza, as flores em cachos virginais coexistindo com os frutos que amadurecem. Fotografo, capto a luz que os atravessa, como os pequenos frutos gulosos, fotografo, sinto-me feliz.


E o plátano está elegante, os ramos nus ou com folhas alaranjadas. Tão bonito, tão cheio de paz. Uma quietude no ar, uma beleza tão tranquila. Quais as palavras certas para descrever estas cores que me envolvem, me embalam?


Como choveu bastante, a terra está coberta de musgo e o seu verde mistura-se com o castanho quente das folhas secas e da caruma, com vestígios de orvalho.


E o calor do ar faz com que o cheiro da terra se eleve, morno, secreto. Quando passo nos lugares em que a vegetação é mais densa e a terra mais atapetada, há uma mistura de perfumes florais com matéria vegetal em decomposição e o cheiro é doce, tépido, quase humano, quente como as cores outonais.


Tudo tão bom, tão bom. O céu muito azul, muito limpo. Lá muito em cima vêem-se pequenos riscos brancos. Quando eu era pequena dizíamos que eram os aviões a jacto. Quando vejo estes risquinhos brancos deslizando no céu ainda penso isso, lá vai um avião a jacto.

Estava deitada num banco de pedra a olhar o céu, a fotografar os ramos das árvores, a sentir a luz de outono a acariciar a minha pele e, então, reparei em inúmeros pequenos insectos, ínfimos, quase invisíveis. Afastei-os mas pensei que apenas estava a vê-los porque estava atenta às invisibilidades que me cercavam. E dei por mim também a ouvir os inaudíveis sons: as folhas secas a tombarem, a aragem ligeira, um ou outro canto de pássaro, um cão ao longe, uma bolota seca a cair, um ramo partido a deslizar sobre os outros, os insectos transparentes. Um mundo repleto de vida invisível.


Estive a ler o Butcher's Crossing. Durante a semana só consigo ler poemas, excertos de livros ao acaso. Ler obras de fôlego que requerem sossego e uma leitura sequencial só mesmo ao fim de semana e é quando o consigo. Este sábado consegui. Literatura de verdade, esta, sóbria, envolvente. Ler um livro assim numa tarde de outono in heaven traz-me uma felicidade inexplicável, faz-me sentir agradecida.
Penso para comigo: gracias a la vida que estou viva, que estou aqui, que me sinto tão bem. Talvez eu seja mesmo uma simples de espírito mas, se sou, ainda bem que sou. E, ao escrever isto, o que desejo é que esta serenidade transborde das minhas palavras e chegue até vós, meus Caros Leitores.
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A música lá em cima, uma delicadeza, é Senhorinha, de Guinga e Paulo César Pinheiro, com a voz de Mônica Salmaso.

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