terça-feira, outubro 06, 2015

Isto dos homens pequeninos


No post abaixo, já dissertei sobre a derrota do PCP. Leitor, a quem agradeço, chamou-me a atenção para que, nestas eleições, não tinha havido desastre nenhum para a CDU, ora essa. E eu, que não sou moça de me ficar, não descansei enquanto não vim aqui explanar as minhas razões. Agora sempre quero ver se ainda me vêm cá dizer que tiveram uma grande vitória. É o vêm, estou mesmo a ver...! 

Bem, adiante.

Venho agora aqui só para dizer mais uma coisinha.

No outro dia o meu filho chamou-me a atenção para o facto de que aqui, volta e meia, sou mesmo mazinha. Espantei-me: "Eu? Pourquoi?" E ele, encolhendo os ombros perante a minha insensibilidade, disse: "Olha... com os pequeninos". Não percebi, espantei-me ainda mais: "Os pequeninos? What...?". "Gozas", disse ele. 

Fiquei a pensar: 'Não gozo nada, que ideia, acho-os uma gracinha, só não lhes pego ao colo como o Soares fez ao anão porque não tenho corpo para tal, senão a ver se não ia à SIC só para pegar o Marques Mendes ao colo. Ou ao Vitorino. Ou ao Rangelito que agora, com tanta dieta, até está uma peninha. Uns fofinhos'.

Não sou alta. Mas, talvez porque o meu marido é alto ou porque do lado da minha mãe é tudo gente muito alta, de mim saíu uma filha que tem pelo menos um palmo bem aviado a mais que eu e um filho que faz dois de mim. 

Mas não tenho nada contra homens baixos, que ideia. Porque é que haveria de ter? 

Volta e meia vejo na rua gente que conheço da televisão e fico parva com a altura deles: na televisão parecem de bom tamanho e, afinal, ao vivo, são tão pequeninos que nem dá para acreditar. No outro dia, uma colega minha mostrou, já nem me lembro a que propósito, a fotografia de um moçoilo que entra em telenovelas e que acho que até já foi modelo. E eu disse-lhe 'Ontem vi-o: é pequenino, pouco mais alto que eu'. Ela recuou e olhou-me sem acreditar: 'Não...!'. Que sim, jurei. Ela não queria acreditar, imaginava-o um Apolo, bem encorpado, atlético, um físico de estalo. Disse-lhe: 'Sim, musculado, bonitinho, mas para mim tinha que ter crescido mais'. Ela ficou triste, não podia ser.

Lembro-me de uma vez, quando havia uma qualquer crise de liderança no PSD, um seu distinto membro, que já tinha sido Secretário de Estado e que, depois, viria a ser Ministro, ia comigo de carro, íamos os dois na cavaqueira, Quem será que se vai chegar à frente? De que nomes se fala?, etc, e diz ele 'Há um que até queria mas tem um problema, não dá'. Interroguei-me, quem poderia ser? Pensei, um que não pagou impostos...? Tive que lhe perguntar, 'Que problema?'. Com ar circunspecto, revelou: 'É a altura. Ninguém o levaria a sério'. Falava, claro, de Marques Mendes. 

Preconceitos. Como se um homem pequenino fosse menos que um de bom tamanho. 

Uma vez trabalhei com um pequenino, pequenino, um querido, por sinal espanhol. Uma outra colega, mais velha que ele, estava sempre na brincadeira: para o chatear, tratava-o como se ele fosse um puto pequeno. Um dia, na brincadeira, disse-lhe ele, com aquele seu divertido sotaque catalão: 'Sabes o que se diz dos pequeninos, Helena?' e recolheu todos os dedos menos o indicador e o polegar e vez um twist com a mão. Queria ele dizer, em mímica, que homem grande, pilinha pequenina; homem pequenino, pilinha grande. Ela desatou-se a rir e eu também. Ele deu meia volta e foi-se embora. Acho que nunca mais ela se meteu com ele. Pelo menos à minha frente (mas nunca se sabe: pode ter querido conferir). 

Bem, não me lembrei disto por ter estado a ver um ou outro pequenino armado em bom na televisão a dar palpites sobre o que fazer daqui para a frente face ao ensarilhanço que está armado com o novo parlamento, todo fatiado. O Cavaco, que é tão esperto e que tirou o feriado para ensaiar o que dizer ao Láparo, lá saberá. E mesmo que arranje algum caldinho, lá virá, daqui a pouco tempo, o Professor Marcelo arranjar cenários e vichyssoises para deslindar a forma de governar aqui a piolheira. Uma animação, é o que isto vai ser. Mal posso esperar.

Mas não, não foi por isso que me lembrei. Vim aqui maçar-vos com esta conversa mole porque vi uma notícia fantástica que não resisto a partilhar convosco:
Uma mulher da Arábia Saudita divorciou-se do marido por ser “demasiado baixo”. Segundo a própria, o casamento terminou porque não conseguia aguentar mais a vergonha que sentia ao ser vista com o cônjuge.  
O casal tinha contraído matrimónio há apenas sete meses, quando a mulher decidiu separar-se. De acordo com o Golf News, a mulher disse ser gozada por ser mais alta que o marido e que a situação se tinha tornado insustentável.  
A jovem, que está na casa dos 20 anos, confessou que a situação lhe causava desconforto e que não se sentia confortável a passear com o marido à frente de estranhos. 

Coitado. Imagino o desgosto do maridinho. O que vai ele dizer aos amigos? Que a mulher descurtiu por ele estar abaixo dos mínimos? Não se faz. Essa mulher é que é má, não eu, que me desfaço em ternura pelos nossos queridos pequenotes, tão lindos, todos eles vistinhos gold, todos eles esqueminhas, arranjinhos, todos frescos e fofinhos, meus ricos meninos.

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Relembro que, sobre a derrota/vitória da CDU , falo já a seguir. Conversa séria. A sério.
(Passe a redundância)
...

E agora só para os pequeninos: desculpem lá qualquer coisinha, está bem?

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4 comentários:

  1. É curioso, mas, normalmente critica-se o tipo baixo se a criatura, por qualquer razão, nos desagrada. Na Política, já que falou nela, irritam-me o Rangel, o Mendes, etc e aí vem-me ao de cima a sua pequenez. Já não tenho essa atitude perante António Vitorino. Embora o critique, por o achar conservador para o meu gosto e de nadar nas tais águas das “influências” (como aliás é mencionado no livro de Gustava Sampaio, “Os Facilitadores”, onde se desmascara brilhantemente os jogos e traficâncias de influências dos mais destacados Escritórios de Advogados), esqueço-me de que é igualmente um homem baixo, talvez porque privilegio a sua inteligência.
    Mas, por falar em alturas, olhando para trás e comparando com hoje, vejo, com graça, como os tempos também mudaram aí. Na minha juventude, um tipo que tivesse entre 1,77m e 1,80m era considerado alto. Hoje e olhando para o conjunto da família, dos filhos aos sobrinhos e muitos dos amigos deles, em que o mais “baixo” tem 1,82 e o mais alto 1,92, vejo que eles sim é que são altos, enquanto que os progenitores são considerados por eles de “estatura mediada”. Minha mulher, que tem mais de 1,70 era considerada alta, antes, hoje, é tão só de “estatura média”.
    Enfim, o que importa é que, altas ou baixas, as pessoas e sobretudo os políticos, já que foram referidos aqui, tenham a elevação necessária para não espezinharam os mais desfavorecidos e os saibam proteger com legislação adequada. António Costa é baixo, mas prefiro-o, de longe, ao metro e oitenta de Passos. Assim como Catarina Martins, a pequena Catarina, como lhe chegaram a chamar com simpatia na campanha, que é uma grande mulher. Olá se é!
    Não sei se ainda se diz aquele ditado popular: “homem pequenino, ou é velhaco ou dançarino!” Tinha piada, mas, convenhamos, é injusto (embora se possa aplicar, a título de excepção, ao duo Rangel-Mendes).
    P.Rufino

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  2. E entretanto...
    O País descobriu a razão que levou o Presidente da República a fingir que dia 5 não é o dia da República que preside: é que a República é uma gaja demasiado jeitosa, o tipo de mulher que atrai um certo tipo de homem com o qual o Presidente não pode, naturalmente, ser confundido. Portanto, quando ela passa na rua, o PR finge que não a vê, para não acharem que é como os piropeiros e assobiadores da RTP.

    Veja-se aqui o vídeo (promo relativo às comemorações do 5 de outubro, entretanto removido pela RTP): http://mariacapaz.pt/cronicas/estupidez/

    Nem sei o que é pior: se a indecência de menorizar a instituição República, através da menorização do seu símbolo, ou seja, da menorização das mulheres (uma espécie de dois em um de mau gosto), se a estupidez que é preciso ter para o fazer, quando ainda há pouco tempo se discutia a criminalização dos piropos (com a qual não concordo minimamente, mas isso não vem agora ao caso, pois é mais que sabido que a maioria dos piropos não são de bom gosto e são quase sempre um incómodo para as mulheres que têm de se sujeitar a eles, sem ter como os evitar).

    Até tenho dúvidas sobre se esta graça não será crime: ultraje à República e falta ao respeito que lhe é devido (art.º 332.º Código Penal).

    Boa semana,
    JV

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  3. Andamos nós contribuintes a pagar para a televisão pública nos insultar, a nós República, a nós mulheres...
    JV

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  4. Quanto à 'vitória' do PCP/CDU e relevando Ferreira Fernandes hoje no DN.
    O PCP ganhou, aumentou um deputado ao grupo parlamentar.
    Ano a ano e deputado a deputado, com estas vitórias, o bravo PCP vai um dia ter a maioria no Parlamento.
    É só fazer as contas, até chegar a (230:2)+1.
    A bem do Regime.

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