quinta-feira, agosto 06, 2015

A minha profissão é disparar para o ar. Ainda não terei descido a primeira nuvem. Mas a delícia está em curvar o arco e em supor a seta aonde a crava o olho.





Eu, senhor, sou frecheiro.
A minha profissão é disparar para o ar.
Ainda não terei descido a primeira nuvem.
Mas a delícia está em curvar o arco
e em supor a seta aonde a crava o olho.

Eu, senhor, sou frecheiro.

Açores e nebris, gerifaltes, tagarotes, sacres, ógeas, falcões,
acudi à voz do frecheiro!

E dirijamos nossas garras à conquista
das nuvens, volúveis como os corações...
e -- tal como os corações -- imutáveis.

Eu, senhor, sou frecheiro.
(...)
Yo, señor, soy acontista. 
Mi profesión es hacer disparos al aire. 
Todavía no habré descendido la primera nube. 
Mas, la delicia está en curvar el arco 
y en suponer la flecha donde la clava el ojo. 
  
                    Yo, señor, soy acontista. 
  
¡Azores y neblíes, gerifaltes, tagres, sacres, alcotanes, halcones 
acudid a la voz del acontista! 
  
y enderecemos nuestras garras a la conquista 
de las nubes, volubles como los corazones... 
y —cual los corazones— inmutables. 
  
                     Yo, señor, soy acontista. 
(...)





Eu, senhor, sou frecheiro.

Nada mais. Nada menos.

E tenho sono e tenho sede, senhor. Saúde! E adeus! Senhor, adeus! E até à vista.


Netupiroma, 20 de Setembro
Outubro 1931
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De León de Greiff - Relato de Guillaume de Lorges

O poema em português pertence a Troco a minha vida por candeeiros velhos, de León de Grieff numa tradução de Gastão Cruz

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