sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Zeinal Bava e o tableau de bord para o qual não olhava nem tinha que olhar. De resto, parece que não sabia nada mas também não tinha que saber. "É um bocadinho de amadorismo para quem ganhou tantos prémios de melhor CEO da Europa, não é?", atirou-lhe (e bem) Mariana Mortágua, uma deputada valente que anda a mostrar à Assembleia da República o que é profissionalismo. Zeinal sorriu, confiante, e aos costumes disse nada.


No post abaixo, dou um tautauzinho ao António Costa. Ainda não é caso para dramas mas é bom que ele perceba que o País espera uma forma clean de fazer política: nada de servilismos, nada de fretes. Disso estamos nós fartos que, nestes anos de PSD/CDS, não temos assistido a outra coisa. Limpinho e direitinho é assim que a gente espera que ele se apresente ao país, sem calculismos ultrapassados, sem deambulações à toa, sem passos em falso. Para a frente é que é caminho e tem que se perceber para onde é que se vai. 

Mais abaixo ainda há anedotas e piadiolas que metem velhinhos. 

A seguir, portanto. Aqui, agora, a conversa é outra: o jetset na gestão à portuguesa.

Sobre o acompanhamento musical proposto, agradeço primeiro a leitura do que se segue.


Atenção!

Disclaimer: Este vídeo não tem nada a ver com a nata da gestão de que abaixo vou falar nem é nenhuma indirecta para nenhuma das individualidades que vou referir. Este vídeo não é adequado a um blogue de família nem deve ser visionado por menores, virgens ou beatas. Este vídeo refere-se a uma canção cuja letra pode ferir os ouvidos dos leitores mais sensíveis. Este vídeo deve ser daqueles que o blogger não gosta nem um bocadinho. Só deve fazer play quem for duro de ouvido, duro de alma e gostar de pisar o risco. 

Avisei.




Ora bem. Vamos lá, então.

Tantas vezes aqui o tenho dito. Portugal tem um tremendo défice de empresários e gestores profissionais. Ou são de tipo pato-bravo, daqueles que confundem o género humano com o Manuel Germano, ou são aprendizes de qualquer coisa. Para poderem sentir-se ungidos pela sorte divina, intitulam-se CEO, CFO, etc. Vivem de power-points, de reuniões com consultores, circulam apressadamente entre sessões de apresentação de qualquer coisa, a lançar projectos de sustentabilidade, ética, etc, ou a receber prémios, ou a dar entrevistas, ou em almoços ou no que quer que seja - actividades que, de facto, em termos objectivos, pouco têm a ver com gestão a sério.

Zeinal Bava assegura que não tinha conhecimento de quem eram os responsáveis pela decisão das aplicações financeiras da PT no BES e no GES, nomeadamente os 500 milhões de euros que foram colocados na ESI em maio de 2013, quando ainda era presidente da PT SGPS. No entanto, o gestor não esconde que sabia da enorme exposição da PT ao GES e ao BES, até porque havia um "tableau de bord" que circulava de três em meses onde estava toda a informação.

E Zeinal diz que não sabe e que nem tinha de saber. Os deputados insistem e ele sorri, habituou-se a usar o sorriso como um precioso asset, ele é a chave do seu goodwill. Pelo menos, era. E volta a dizer que tinha confiança, que era tudo sólido, que ele nem precisava de ver, confiava que alguém via por ele. E sorri. Não desarma. Mas a conclusão que se retira é que, de facto, não sabia de nada do que lá se passava.


E todos os outros também não sabiam e também achavam que não tinham de saber. E os do BES também. Recebiam milhões em variáveis e em fixos porque atingiam os goals e estava tudo regulamentado porque há comissões de vencimentos e há modelos de governance e há auditorias para todos os gostos e há tudo o que é suposto haver.
Só não há gestão profissional. E, por isso, de facto, ninguém sabe bem o que se passa nas empresas onde são ou executive ou chairman.
Habituaram-se à vida de ricos, desabituaram-se de trabalhar - confundem estar nas reuniões a olhar para os ipads ou a mandar mails irrelevantes, confundem estar sempre a olhar para o telemóvel ou a receber ou a fazer chamadas ou a enviar sms, geralmente a marcar reuniões ou almoços ou pequenos almoços, ou a marcar viagens ou a alterar planos de voo, ou a aprovar os hotéis, com trabalhar.

E participam em torneios de golf ou de ténis ou em caçadas com colegas, stakeholders ou amigos, e, pelo meio, participam em reuniões de quadros, ou em acções de team building, ou fazem a introdução em sessões de brainstorming e fomentam o voluntariado e estão em cima de tudo o que for preciso.

Só da gestão é que não.

Claro que depois há uma máquina a funcionar, direcções, coordenações, supervisões, chefias intermédias, toda a espécie de serviços, e há outsourcings para tudo e mais alguma coisa, e há informação em barda, relatórios, data mining e tableau de bord e dash board, e há KPI's para todos os gostos e há cockpits e monitorizações e há depois avaliações porque toda a gestão se faz por objectivos e toda a gente recebe prémios e, se a avaliação não é boa, há planos de acção... e há tudo o que se possa imaginar.


E, por estarem à frente de companhias certificadas a todos os níveis (voltou a estar na moda dizer 'a companhia' e não 'a empresa'), recebem prémios de excellence e doutoramentos honoris causa (concedidos pelas universidades que essas empresas sponsorizam) e as revistas de negócios e gestão (que vivem em parte dos seus anúncios) fazem artigos com eles e eles convidam jornalistas e os jornalistas entrevistam-nos e eles aparecem a falar da fraca qualidade da gestão pública e do ajustamento de que o país ainda necessita e é um círculo virtuoso em que abundam os sorrisos, a complacência, a qualidade de vida, a perfeição.

E isso tudo.

Só gestão é que não.

Cavaco Silva, com o seu olho de lince, viu logo que tão ilustre figura deveria ser condecorada, É que ele, Cavaco, ilustre economista, sabe distingui-los a olho nu.

De qualquer forma, a lista impressiona. Aos 49 anos Zeinal Bava já conta com as seguintes distinções:
  • 2009: Melhor CEO na área de Investor Relations no âmbito do “Investor Relations & Governance Awards (IRGA)”, uma iniciativa da Deloitte.
  • 2010: Melhor CEO no setor de Telecomunicações da Europa, pela Institutional Investor. Melhor CEO em Portugal pela Extel.
  • 2011: Segundo melhor CEO europeu no setor das Telecomunicações e melhor CEO em Portugal, pela Institutional Investor.
  • 2011: Melhor líder português em empresa privada, pelo Best Leader Awards, promovido pela Leadership Business Consulting
  • 2012: Melhor CEO em Portugal e melhor CEO do setor de telecomunicações da Europa, pela Institutional Investor.
  • 2014: Enquanto CFO do Grupo PT, foi eleito por três vezes consecutivas em 2003, 2004 e 2005 como o melhor chief financial officer (CFO) da Europa no setor das telecomunicações, pela Institutional Investor.

A 9 de Junho de 2014 Zeinal Bava foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial Classe Comercial.




Repito: só gestão é que não.
Sabem tudo, controlam tudo, ao pormenor. Só os milhões, dezenas de milhões, centenas de milhões é que não. Desses ninguém sabe muito bem por onde andam.
E com gente deste gabarito se afundou o Grupo GES e se deu cabo do BES, e se afundou a PT e milhares de pessoas perderam economias e andam agora com cartazes à porta das agências. Choram, dizem que era o dinheiro de uma vida.

Com a PT a mesma desgraça. Uma desvalorização bolsista sem igual. Empresas a quem foram suspensos contratos, muita gente a ver-se sem emprego de um dia para o outro.

Mas Zeinal Bava continua a sorrir. Certamente pensa nos milhões que ainda tem a haver. Afinal atingiu sempre todos os seus objectivos.

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E sobre estes artistas é isto - e mais não digo para não me indispor.

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A canção que espero que não tenham ouvido e que, reconheço, está aqui completamente deslocada é, com vossa licença, o Hino das Putas numa interpretação dos Irmãos Catita onde pontua o grande Manuel João Vieira. O videoclip foi apresentado durante o espectáculo "O artista Português é tão bom como os melhores"

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Sobre António Costa e o seu deslize chinês falo já a seguir.

E, mais abaixo, há anedotas e chalaças.

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Ainda não foi hoje que acabei a história pornográfica que mete uma sessão de sexo a transbordar de adrenalina num lugar público, a saber, num centro comercial. Era mesmo para ser hoje, já estava quase pronta. Mas, entretanto, passou na televisão a reportagem das pessoas aflitas por terem perdido o dinheiro que investiram em papel comercial do GES e, logo a seguir, vi o Bava com  o seu sorriso inabalável e vi-me forçada a largar o conto inocente que tinha em mãos para me atirar ao desagradável assunto acima vertido. Enfim. A ver se algum dia a dita história sai à cena.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira.

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3 comentários:

  1. Relembrando,aos da minha idade+ ou- ,aquele anúncio da pasta medicinal couto,fazendo altas habilidades,com os dentes "fincados" numa cadeira...Este é o verdadeiro artista Português de gema ! Porém este tinha o dote de fazer "habilidades" ,com muitos milhões,que por NORMA não lhe pertenciam !Quanto ao cavaco...sabe da "PODA".Bom dia para todos!

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  2. Inteiramente de acordo com o que aqui escreveu. Quanto ao Bava, é um pulha do pior, um gestor escroque que devia era estar a contas com a justiça. Um apoiante desta maioria que convive bem com geste deste teor e mal com os fragilizados socialmente. Obteve prémios de mérito (!) e em dinheiro e assim vai continuando. E esta maioria mais o PR apertar-lhe-ão a mão.
    P.Rufino

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  3. o bava nao passa dum monte que cobria os politicos que queria. ate o garotalho do b portugal foi cag*ado em cima por diarreia do bava............. pais de crianças com salario de adulto

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