Todos os anos há uma época de frio. Todos os anos há um surto de gripe. E, no entanto, este ano os hospitais estão a reagir como se fosse a primeira vez desde o início dos tempos em que há frio e gripe.
Os próprios médicos o dizem: não há médicos que cheguem nas urgências. Para tentar colmatar o défice, estão a contratar médicos a peso, médicos esses que ganham à hora, que não conhecem a estrutura e a mecânica dos hospitais, de quem provavelmente nem se conhece bem o curriculum.
Ouço também que os hospitais estão a adiar cirurgias porque já não há camas nos internamentos. Ora a população não cresceu. No outro dia ouvi também que, como não há macas livres, retêm as dos bombeiros.
Um caos.
Hoje outra: uma senhora deu entrada ontem, pelas 11.00 horas, vindo a ser vista por um médico «apenas cerca das 20.15», refere o Diário de Notícias. O filho, João Carlos Silveira, afirma estar «indignado» com a forma como a mãe «foi deixada ao abandono numa maca de um corredor sem comer».
Foi a segunda morte neste hospital e a sétima nestas circunstâncias desde que começou o surto de gripe. Uma vergonha.
Alguma coisa está a falhar nos hospitais públicos - mas a falhar à força toda, e a falha tem a ver com organização e com opções políticas.
Não é feito planeamento, não é feita uma correcta afectação de recursos. Tanto raparam nos custos, tanto reduziram no quadro, que está a dar nisto. Gerir com os pés tem sempre como inevitável resultado o desastre.
O que eu desejo é que nenhum de nós vá parar às urgências dos hospitais numa altura destas porque, francamente, face ao que é noticiado, vejo que é um sítio muito perigoso para se estar.
Paulo Macedo by We Have Kaos in the Garden |
E o que me pergunto é como é que um ministro que gere um ministério destes como se fosse uma repartição pública na qual o que interesse seja reduzir custos pode ser considerado um dos melhores ministros do inqualificável governo de Passos Coelho?
É certo que são todos maus, mas, caraças!, neste ministério é a vida humana que está em causa. Ou isso é um pormenor que não interessa para nada?
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ResponderEliminarA política como criação do homem, é tão inócua como a água que nos corre por entre os dedos.
Sabemos que é escorregadia, mas deixamos as mãos em concha, o mais apertadas possível, na esperança de que a água se canse primeiro do que as nossas forças.
Sabemos sempre qual é o resultado, mas continuamos a fingir que temos as mãos fechadas.
A política é uma água que não se bebe, porque a ilusão não mata a sede.
Uma noite tranquila.
TITO COLAÇO
18.01.2015
desestruturar o SNS...para que outros negócios proliferem...
ResponderEliminarhttp://www.publico.pt/sociedade/noticia/hospital-privado-de-gaia-abre-hoje-apos-investimento-de-50-milhoes-de-euros-1681861
A questão da saúde e sobretudo do estado calamitoso da maioria dos hospitais públicos e alguns centros de saúde em Portugal é preocupante e grave. O Estado liberal que esta malta inqualificável defende prefere fazer acordos com os hospitais privados do que elevar a qualidade dos públicos, apetrechá-los com bom equipamento, com número suficiente de médicos e enfermeiros. O que se pretende é criar justificações para fechar dezenas de unidades de saúde públicas e possibilitar que hospitais privados nasçam como cogumelos. Este governo, atrever-me-ia a dizer, é criminoso, com esta prática. Na província, as unidades de saúde públicas, comparativamente àquelas que funcionam nos principais ou grandes centros urbanos funcionam ainda em piores condições, pelo menos daquelas que conheço de perto, entre o Centro e o Norte do país. Este irresponsável governo, católico (sublinho), anti-social, despovoou aos poucos a Província de escolas, de hospitais, de tribunais (embora enterre milhões dos contribuintes no ensino privado e até nas unidades privadas de saúde). O governo, com o apoio infame do PR, descaracterizou o país de tal modo, que duvido tenha recuperação possível. Tenho um desprezo profundo por estes biltres que nos desgovernam! E por quem assim o permite, podendo evitá-lo.
ResponderEliminarP.Rufino