domingo, julho 13, 2014

Diário de um dia de anos


A ver se dá para contar como foi. 





Depois de uma sexta feira esgotante, tinha pedido ao meu marido para me deixar dormir. Assim fez. Foi caminhar sozinho e nem dei por ele sair de casa. Galo. Às nove e picos toca o telemóvel. Pensei: caraças, será hora para se telefonar para alguém a um sábado de manhã...? A minha sogra. Ok. 

Voltei para a cama mas claro que já não dormi. Às 10 em ponto outra vez o telemóvel: a minha mãe e o meu pai.

Levantei-me, fui para a cozinha preparar o resto dos mantimentos para o piquenique. Mal estava a começar outra vez o telemóvel: um colega.

Adiante. 

Finalmente tudo pronto. Alcofas, geleiras, tudo. Meio-dia.

Lá fomos, carregados como sempre. Não sei que sina é esta que parece que andamos sempre a carregar coisas de um lado para o outro.

Irrelevante isso dos carregos. Relevante é o lado leve e bom da vida. O pessoal todo, a alegria do costume, uma risota. Há bocado mandei umas fotografias e a minha filha respondeu: um acampamento cigano. Como, entre nós, nunca é apenas uma mensagem, a coisa derrapa sempre para a dúzia, numa outra escreveu que adoraram que foi do best, que é como quem diz, do melhor. Toalhas e mantas no chão, comida, brinquedos, uns deitados, outros sentados, outros em cima de árvores, outros a jogarem à bola. Até as velas foram lá apagadas, no meio de cantoria.

Depois, ao princípio da tarde, porque o calor apertava e as crianças tinham que estar frescas para o que ainda se ia seguir, todos para casa. Sesta.

Às seis, o grande momento da tarde. Dois dos pimentinhos iam ter a sua primeira grande intervenção pública: grande sarau, na qual participaram na classe dos mais pequeninos. Lá em baixo, os pais a acompanhá-los e, nas bancadas, a família em peso a aplaudir.

Uma festa, uma alegria, palmas. Eles, ao contrário do que é costume nas aulas de ginástica em que vai cada um para seu lado (afinal um ainda não tem 2 e ela ainda não tem 4) e o professor se vê aflito para que todos sigam as suas instruções, aqui foi uma graça. Todos certinhos, a fazerem o que era suposto, ele (com o olhinho uma maravilha, completamente recuperado da operação) todo compenetrado, muito bem, ela, minha linda menina, uma vedete, toda graciosa, e, no fim, a levantar os braços para agradecer, uma star, uma pinta que só visto. Os primos, na bancada, seguiam com atenção e orgulho.

Tinhamos pensado que a seguir íamos os dois ao cinema e jantar, numa calma. Depois, quando se começou a desenhar um novo programa para domingo, pensei que o melhor era fazer a visita aos meus pais a seguir ao sarau, não fosse no domingo não poder ir. Avisei-os. Sacrificava o cinema. Levava um bocado do bolo dos anos, festejava lá com eles. E a seguir logo, então, íamos jantar sossegados.

Mas claro que nunca nada segue o roteiro que é suposto.

Quando estávamos para sair do pavilhão, o que lhes estava mesmo a apetecer era uns caracóis. Aí os meus ouvidos começaram a ouvir música celestial: caracóis... Este ano ainda só tinha comido uma vez. Irresistível.

Lá liguei aos meus pais a desmarcar, sempre lá iria no domingo. De resto, também já era tarde demais, isto dos saraus nunca é como se prevê e mesmo assim só lá estivemos para aí uma hora (e bem giro que estava a ser, boa música, os atletas com fatos giríssimos, umas coreografias divertidas, nada das secas que era no tempo dos meus filhos em que aquilo não tinha ritmo nenhum e parecia nunca mais acabar).

E, assim, lá fomos todos para uma esplanada comer caracóis com pão torrado. Depois, para alguns, também bitoques. E depois gelados. 

Como a esplanada é ampla mas, felizmente, vedada com arbustos e, portanto, dali não saem, e como, felizmente também, não estava muita gente, mal se apanharam de barriga cheia, os pimentinhas partiram para uma das suas actividades preferidas: correr uns atrás dos outros. Depois para outra: apanhar folhas e fazer montinhos. Depois para outra e depois outra e depois outra e depois outra. Por fim, a brincadeira já era pegar nas cadeiras vazias e dispô-las em plateia.

Com isto, o meu marido já estava em transe. Com estas alterações já tinha interiorizado que ia ganhar de presente poder ver o jogo Holanda-Brasil sossegado, estendido no sofá. Mas o jogo aproximava-se a passos largos e nós ainda ali.

No final, os meninos pediram para nos sentarmos nas cadeiras que eles iam actuar. Nestas coisas ela é a grande organizadora e os primos seguem o que ela diz. Nenhum de nós podia abrir o bico que ela avançava logo de dedo em riste, que não podíamos fazer barulho para podermos ouvir bem o que se ia passar. O bebé não lhe deu para alinhar. De resto, já estava cheio de sono e, por isso, sentou-se na plateia com a chucha na boca.

Então, puseram-se os três pinguços (como a minha filha lhes chama) de pé, virados para nós, prontos para actuar - e ela: um dois, três... E aí olharam uns para os outros em silêncio e desataram a rir. E nós também. O meu filho disse: vocês não se organizaram. E eles riam-se  e nós também. As pessoas que estavam nas mesas observavam e riam.

Depois nós dizíamos, escolham uma cantiga que saibam todos. Então o mais crescido disse, já sei: o hino de Portugal. Os outros acharam bem.

E lá repetiram: um, dois, três... Desta vez resultou: Heróis do Mar, Nobre Povo, Nação Valente e Imortal





E então desataram os três, a plenos pulmões, a cantar o hino de Portugal. O mais crescido a dizer a letra correctamente, os outros a pularem uma ou outra palavra, nomeadamente o ex-bebé que trampolinou a letra toda mas tudo em tom convicto, beligerante, heróico. 

Numa mesa mais perto de nós, um senhor que estava a comer caracóis, olhava de boca aberta, estupefacto com aquilo. 

Quando o hino acabou, batemos todos palmas e, quase empurrados pelo meu marido, já mais possesso do que outra coisa, lá nos viemos embora.

Quando chegámos a casa, estava o jogo já a decorrer. Ele deitou-se a ver o Brasil levar mais três e eu deitei-me a ler o Expresso.

E assim foi o meu dia.

Mostro-vos alguns dos presentes que recebi: dois belos chapéus, duas écharpes, uma blusinha fresquinha que vesti  à tarde, dois colares, três anéis, uma caixinha linda, um creme corporal que se chama Touch of Happiness (feito de sweet orange and cedar wood)

[Isabel: não houve livros porque já ninguém se arrisca, têm medo que eu já os tenha]


Amanhã há mais.

Não tenho fotografias para vos mostrar porque a máquina não anda grande coisa, descarregou-se-me a bateria (que tinha ficado a carregar durante a noite). Tirei fotografias com o telemóvel mas, sinceramente, não consigo agora estar a passá-las, a escolhê-las, a reduzi-las, etc.


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Agradeço a todos quantos me enviaram os parabéns.


Chapéu virtual lindo, lindo, lindo, que ganhei de presente, juntamente com flores e outros mimos
Gracias!!!!!!!!!!!


Muito vos agradeço a lembrança e a simpatia. Um abraço com todo o meu carinho.

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Hoje fico-me por aqui.


Não deu para falar dessa grande barraquinha que está aí armada, o BES, que tomara que não descambe num circo dos antigos. Esta gente (BdP incluído) não está a ser capaz de controlar a situação e a coisa começa a ser deveras inquietante. Creio que não haverá problema para os depositantes (especialmente para os que tenham contas inferiores a 100.000 por conta/depositante) mas começa a afigurar-se preocupante para as pessoas que trabalham em empresas do Grupo e para quem tem acções daquelas empresas. E temo que isto venha a ter efeitos complicados para muitas empresas e, logo, para a economia. Se o Vítor Bento pegar no BES com vontade de o gerir a sério, irá olhar para as dívidas das empresas, irá querer que as comecem a pagar ou que entreguem garantias a sério. Ora o tecido económico assenta em cima de dívida. Os empresários não têm dinheiro: têm é dívidas. Se alguém se lembra de começar a executar dívida, as falências vão suceder-se. Passos Coelho está armado em carapau de corrida uma vez mais. Pode soar bem dizer que não se vai meter nisto mas a verdade é que tem que se meter. Não falo no resto das empresas do GES mas no BES. Tem que obrigá-los a aceitarem a verba que está cativa para apoio à banca. Ricardo Salgado não quis pois sabia que isso iria implicar que lhe fossem ver as cuecas e ele sabia que as tinha sujas (eu disse cuecas...? Desculpem: queria dizer contas). Mas agora o banco tem que ser recapitalizado a sério para que não tenha, de aflitos, que andar a cobrar dívidas (grande parte delas incobráveis) pois isso significaria matar de vez uma série de grandes empresas. Não que eu defenda que as empresas se devam manter de favor mas o que digo é que a economia portuguesa, débil como é, se apanha com uma série de falências em cascata em cima, não sei como seria. Ficaria o País quase todo no desemprego.


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Os Parabéns a Você que coloquei lá em cima estão cantados em brasileiro porque não os encontrei, cantados por crianças, em português.

O Hino de Portugal é interpretado pelo Coro Infantil da EB1/PE Marinheira (que nem sei onde fica, que vergonha)

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo domingo!


19 comentários:

  1. Parabéns atrasados!
    Foi de certeza um dia em cheio!

    Estranhei, nos presentes, não haver livrinhos...

    Continuação de bom fim-de-semana, no rescaldo de um dia cheio e atarefado :)

    Um beijinho :)

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  2. Vitor Gomes Freirejulho 13, 2014

    Atrasado mas com toda a sinceridade:
    PARABENS, estimada UJM .
    Muitas Felicidades , Muita Saúde e Paz, na companhia de sua Familia.
    Com reiterados Agradecimentos pela sua importante companhia , quotidiana.
    Melhores Cumprimentos
    Vitor

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  3. O Touch of Happiness é o meu creme de corpo no verão.
    Um conselho: espalhe-o pelo corpo , após o banho, mas quando aquele tem ainda uma certa humidade.

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  4. Olá Isabel,

    Foi um dia em cheio, é isso mesmo. Mas bom, muito alegre. As crianças transportam em si uma alegria contagiante (como deve saber, vivendo rodeada delas).

    Quanto aos livros, respondi-lhe na legenda da fotografia dos presentes.

    Sabe que já estou a preparar mais outro piquenique? Daqui a nada lá vamos outra vez, carregados, para nos encontrarmos debaixo de umas belas sombras, onde possamos estar à larga e à fresca.

    Beijinhos e obrigada uma vez mais.

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  5. Olá Vítor,

    Muito lhe agradeço as suas palavras sempre tão generosas. Fico contente por saber que as minhas palavras são uma forma de companhia (e que não é daquelas companhias que chateiam...).

    Obrigada!

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  6. Olá Helena,

    Pois não sabia desse truque. Vai ser já usado hoje. Se mesmo assim, em cima de pele seca, ele faz uma pele cheirosa e macia, assim ainda deve ficar mais.

    Acho graça que também o use mas lá está: um toque de felicidade é coisa que lhe cai mesmo bem e quem sabe também não é por isso que parece ser a mais divertida jovem da sua Grupa.

    Um bom domingo, Helena!

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  7. Parabéns, UJM!

    Desejo-lhe um ano em cheio, tal como esse dia que descreveu. Felicidades.

    Gostei muito do post sobre as árvores que têm música dentro de si.

    Um abraço. :) E bom domingo.

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  8. Ó UJM
    Sou mesmo taralhouca. Ficou por dar o essencial- esse abraço caloroso pelo aniversário!
    Vai agora, mais apertadinho, com ambas cheirando a Happiness!
    :-))

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  9. Bom, tardiamente, não tinha percebido que era o seu aniversário, mas aqui deixo um abraço virtual de parabéns. Ao que vejo, foi um dia bem passado, na companhia de quem mais importa, os seus mais próximos.
    P.Rufino

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  10. Ah!Ah!Ah!
    Já percebi e compreendo o risco!

    Resto de domingo bom:)

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  11. Muitos parabéns, Cara UJM.

    E tenha dias muito FELIZES.

    Abraço amigo da Leanor.

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  12. Olá Alice no meio do Alfazema,

    Daqui a nada vou falar de alfazema, a propósito de uns saquinhos que a minha mãe fez.

    Sou muito da natureza, das árvores, das flores, dos pássaros, da água. Que das árvores nasça música é uma daquelas maravilhas que me emocionam.

    Muito obrigada pelas suas palavras, Alice!



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  13. Helena, de novo,

    Ora essa, o seu conselho valeu por muitos parabéns. O que eu vou andar mais cheirosa devido a essa sua dica.

    Mas aceito o seu abraço, então não...? Aceito e retribuo, com afecto.

    Muito obrigada, Helena.

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  14. Olá, P. Rufino,

    Muito obrigada e que por aqui nos vamos encontrando a desancar nos que não merecem a nossa estima.

    E, sim, foi um belo dia como sempre são os dias passados no meio daqueles a quem quero do mais fundo do meu coração.

    Uma boa semana para si, P. Rufino!

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  15. Leanor, dos dias felizes,

    Que bom receber as suas palavras que trazem sempre a luz dos dias felizes.

    Muito obrigada, Leanor, e espero que esteja tudo bem consigo e com os seus!

    Um abraço!

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  16. Olá Redonda,

    Muito obrigada pelas palavras e pela companhia.

    Um abraço!

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  17. Tenho andado ausente destas lides, pelo que só hoje me apercebi do seu aniversário:

    MUITOS PARABÉNS!

    Que comemore esta data por muitos e excelentes anos.
    Um abraço.

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  18. Olá Carlos,

    Muito bem me soube o seu abraço. Também eu desejo viver bem e feliz por muitos mais anos mas esse é daqueles enigmas que a gente não quer decifrar não vá ter um dissabor. Pelo sim, pelo não, vou apreciando com vagar e prazer cada pequeno momento e, um após outro, todos os pequenos instantes vividos assim, a coisa vai-se levando com leveza e alegria.

    Espero que as coisas estejam a correr bem consigo e que vá encontrando os espaço e o tempo para descobrir todas as alegrias da vida.

    Um abraço, Carlos!

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