Anda a Lovely Lídia a desafiar publicamente um Leitor de que aqui nem digo o nome (não vá a mulher dele ler isto e eu cá não sou de intrigas *) para uma dança apache num caveau parisiense. Convite para ser levado a sério, admite ele.
* Tenho ideia de que já aqui o contei mas vou repetir-me porque acho uma história deliciosa. Lembrei-me dela agora embora nem venha muito a propósito.
Em tempos tive que coordenar uma iniciativa que envolvia mudança e alteração de instalações. Contratámos uma arquitecta (mulher, na altura, perto dos 40), e eu, não apenas por querer acompanhar o progresso da coisa mas também por gostar de obras e decorações, pelo menos uma vez por semana ia ao local e tinha reunião com ela. Às tantas, fomos criando uma certa amizade. Era divertidíssima, fazia coisas do além (a ver se um dia as conto). Era divorciada e olhava com certo espanto o meu casamento de longa data, achando que fenómeno assim era agulha em palheiro. E eu ficava espantada com a forma livre como ela vivia a sua vida, criando sozinha um filho. Com vidas tão diferentes, respeitávamo-nos e admirávamo-nos mutuamente. Em tempos eu tinha conhecido o pai dela, homem bem mais velho que eu, um sedutor de mil amores e libertinagens de bradar aos céus (talvez também um dia vos conte algumas peripécias dele pois são dignas de um Hugh Hefner).
Uma vez, contava-me ela do namorado fantástico que tinha arranjado, um italiano giro de morrer, simpático, que estava a colaborar com ela na instalação de uma exposição na Gulbenkian, e com quem estava a passar uns tempos maravilhosos. Que o tinha ido buscar ao aeroporto e que tinha sido paixão à primeira vista, tinha-o logo convidado a ficar instalado em casa dela, e que ele era um querido para o filho dela, que o puto adorava o italiano e faziam programas fantásticos e tal e coisa. E eu ouvia o encantamento dela com satisfação, é sempre bom testemunhar um amor assim. Um dia, estava ela nisto e já era tarde, eu disse que tinha que ir para casa, para ir ter com o meu namorado. E, ao despedir-me, disse-lhe que aproveitasse bem estes dias felizes. Responde-me ela, com a maior das naturalidades: 'Ah sim, tenho mesmo que aproveitar, e tenho aproveitado, porque a mulher dele chega amanhã'. Fiquei de queixo caído. Nesse dia acho que não consegui articular muito mais, talvez 'ah, então é mesmo melhor aproveitar...', mas não estou certa, talvez tenha balbuciado 'ah... ele é casado...?', não sei. Estava mesmo perplexa, sobretudo com a naturalidade dela. Saía ao pai, não havia dúvida.
Depois acompanhei o delírio que foram os tempos seguintes, com ela, por fim, já numa pilha de nervos, 'A cabra nunca mais se vai embora, gosta de Lisboa, e nós que já tínhamos tudo combinado para irmos passar duas semanas ao Chile e agora não podemos dizer nada, temos que esperar sem nos denunciarmos, gaita, e com tudo marcado, raios a partam. Aquela cabra!'. A cabra, claro, era a italiana, a legítima. Eu ria-me enquanto ela quase arrepelava os cabelos, de raiva. A italiana instalada em casa dela, e ela em pulgas, doida da vida, chamava palavrão de meia noite à mulher do outro.
Um dia conto com mais pormenor. Agora que me lembro disto, penso que nunca mais soube dela. Tomara que esteja bem.
Voltando ao ponto em que estava.
Não perdendo tempo, eis que a Lovely Lidia me enche a caixa de correio com milongas, tangos, danças apaches - e tudo para que eu as mostre ao dito Leitor. Quer convencê-lo, é o que é. Que ele vá treinando para, quando chegar a hora, estar à altura. [No entanto, se não me engano, por estes dias ele está fora e, portanto, receio bem que hoje não veja a prescrição.]
E junta literatura, a Lídia, qual manual de instruções.
Compreendo.
Compreendo.
A coisa é mesmo para ser aplicada com alguma precaução.
Não deverão os meus Leitores pôr-se a tentar reproduzir o que aqui se mostra com o primeiro ou primeira que vos passe ao lado.
A cena faz subir a temperatura e a tensão arterial, pelo menos junto das almas mais sensíveis.
E adiante que se faz tarde.
Passo, então, à versão mulher com mulher, um tango caliente que talvez estimule as mentes masculinas que se animam todas ante a perspectiva de presenciar uma cena assim.
Passo, então, à versão mulher com mulher, um tango caliente que talvez estimule as mentes masculinas que se animam todas ante a perspectiva de presenciar uma cena assim.
Hora de apertar os cintos que vamos levantar voo.
A companhia de dança profissional Cabaret Rouge interpreta um Tango Apache criado exclusivamente para actuar no The Black Cat Cabaret
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Mas, para que não se fiquem a rir os cavalheiros, segue-se agora a versão simétrica.
Claro que não tem a graça da versão feminina mas, enfim, é o que é.
Homem com homem: uma milonga no masculino.
Aliás, como devem saber, o Tango nasceu no século XIX, sendo apenas permitido que fosse dançado em público por homens dado ser considerado uma dança muito obscena.
Apenas era dançado por casais, homem e mulher, nos cabarets argentinos, onde nasceu.
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E agora, para finalizar a sequência, mostro-vos a recriação do tango apache feita em Portugal , num vídeo que também me foi enviado pela sedutora Lídia que não brinca em serviço. O vídeo abaixo, intitulado Damas ao Bufete é um episódio da série documental TEMOS FESTA de Eduardo Geada 1978. O episódio retrata um baile de fim de semana no Independente Futebol Clube Torrense do Seixal.
The dance is sometimes said to reenact a violent "discussion" between a pimp and a prostitute. It includes mock slaps and punches, the man picking up and throwing the woman to the ground, or lifting and carrying her while she struggles or feigns unconsciousness.
Thus, the dance shares many features with the theatrical discipline of stage combat. In some examples, the woman may fight back.
Ou seja, coisa de pouco amigos. Bem vos avisei que a dose recomendada não deve ser ultrapassada e há que ter em atenção os efeitos secundários.
Muito bom. Ainda se dançará assim no Independente Futebol Clube Torrense do Seixal?
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Sei que este não seria o texto mais oportuno para escrever no rescaldo de um 1º de Maio mas, como vos disse, este meu feriado não foi de luta, foi de (tudo menos) descanso. Caminhada matinal, depois preparação do almoço, a casa cheia, uma animação, a seguir mini-descanso - nessa altura, o meu marido desapareceu, deve ter ido deitar-se num qualquer esconderijo, e eu deitei-me no sofá com a confusão do costume à minha volta, coisa de uma meia-hora, talvez quase uma hora, nem sei - depois praia (a praia a rebentar pelas costuras mas boa, tempo de verão, as crianças felizes, felizes da vida, brincam, brincam, brincam) e, no regresso, de novo parte da tripulação cá em casa com banhos, jantar, leitura de livros, miminhos, doçuras, colinhos. Resumindo: só cheguei ao computador às tantas. Mas, hélas, estava a dar o Mad Men e não resisti. Ou seja, já andaria pela meia noite quando aqui voltei de novo, não faço ideia.
Portanto: depois de uma jornada como a minha e a estas lindas horas, como poderia eu ser capaz de ainda me pôr a gastar estes meus últimos pingos de energia para falar de gente mentirosa, incompetente, ignorante, mal educada, desrespeitadora? Não podia, não é? Láparo, Vice-não-sei-de-quê, Pinókia, Porta-Moedas, e outros de que agora nem me lembro do nome, são para mim hologramas que, não tarda, vou arrumar no canto mais sombrio da minha memória. Por isso, hoje não tenho o mínimo de pachorra para falar deles nem das trampolinices que por aí andam a fazer à custa do zé pagode.
Também, como não vi notícias, não faço ideia de se esteve muita ou pouca gente nas manifestaçõesda CGTP ou da UGT, mas essas manifestações, então, parecem-me mesmo coisa datada, fora de moda, déjà-vu, coisa que não acrescenta nem arrefenta.
Acho que o futuro não passa pelo passado.
Acho que o futuro não passa pelo passado.
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E, portanto, com vossa licença, vou retirar-me para os meus aposentos que amanhã é dia de trabalho e o despertador não tarda a tocar.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta feira.
A propósito de infidelidades, ou adultérios, não sei se já contei aqui neste seu Blogue uma história patusca com que me defrontei, em tempos. Histórias puxam histórias e aqui vai esta: num determinado país onde à época nos encontrávamos temporáriamente, um conhecido nosso estrangeiro, igualmente a viver naquele país, um dia convidou-nos para jantar, juntamente com outros convivas. À chegada, lá estava o nosso anfritião, bem disposto, sorridente, a receber-nos. Com ele, durante todo esse tempo, a receber-nos e depois a conviver e a jantar connosco, estava uma bonita mulher (loira), sempre a seu lado, arranjada com gosto, um pouco mais nova, originária daquele país. Quando, entretanto, por qualquer razão, alguém mencionou a palavra “your wife”, o tipo, sem qualquer constrangimentos, saltou logo a explicar que “não senhor, aquela não era a mulher dele, mas a senhoria dele!” Segundo nos “esclareceu”, sempre que a mulher dele se ausentava para o país de origem deles, o que sucedia com relativa frequência, a dita bela senhoria assumia, digamos, o lugar da mulher, junto dele - em casa e na cama. A mulher partia, a senhoria entrava; a mulher chegava, a senhoria saía. E a mulher (morena), ao que vim a perceber depois, igualmente encantadora e também mais nova, não só teria (!) conhecimento deste “trato” (como dizem os brasileiros), como não se importaria. Um outro amigo nosso, estrangeiro, perplexo (coitado!), mais tarde, ainda tentou uma explicação, com o apoio da mulher (meio atordoada com aquilo), de que, ao que lhe constaria (não sei como?), a mulher (a nº 1) deste modo evitaria mais estragos, pois assim estava “acorrentado” a apenas uma variante, em vez de várias (o indivíduo, pelos vistos era levado da breca). É caso para se dizer (pensei eu com os meus botões) que a imaginação das pessoas não tem limites. Seja como for, posteriormente, lá viemos a conhecer a mulher, num registo semelhante, novo jantar, novo convívio, tudo muito divertido, com apenas a “nuance” de já não ser a senhoria a acompanhá-lo e a receber-nos, nessa ocasião, mas a mulher, que, entretanto, tinha regressado, para uma estadia...temporária, período a que se seguiria, então, a senhoria, uma vez a mulher tivesse partido, a voltar aquecer-lhe os pés na cama, entre outras coisas. Patusquices da vida! Como explicar isto? Não sei e, sinceramente, não me interessa. Que tenham sido felizes os 3. Foi na altura e ainda é o meu desejo.
ResponderEliminarP.Rufino
Uma vez, aqui há uns anos, num jantar, daqueles tipo “party”, com muita gente à mistura, daquelas cenas que nos convidam e só conhecemos uma parte de quem lá está, quando “botou” para a dança – neste tipo de jantares, a dança, não sei porquê, faz parte, um tempo depois do repasto, não sei se com vista a ajudar à digestão, se para distrair os convivas –, a certa altura, reparei que entre os pares estavam duas raparigas (vinte e muitos e trinta e poucos), engraçadas, ambas “dentro” de uns vestidos justos e curtos, vistosos, que dançavam uma com a outra. E assim estiveram toda a noite, pelo menos enquanto lá estivemos. E sorriam, de quando em quando, para as mesas, onde estava a rapaziada, sentada, a vê-las (deliciados uns, estranhando outras). E tanto dançavam (com movimentos "ousados") umas danças modernas mais afastadas, como outras, romanticamente enroladas uma na outra. O mais engraçado, foi quando se tocou um tango que elas, as duas, dançaram, a meu ver (mas, tenho as minhas limitações nestas avaliações, por razões várias) magnificamente (pelo menos, assim me pareceu...), mas, sobretudo, sensualmente (embora também, sensasionalmente). E não é que o pessoal desatou ás palmas? Pois! Agora: porque dançaram bem, ou porque foi sensual até dizer chega? As duas acabaram por ser um sucesso, naquela noite. E bem divertiram o pessoal. Julgo porém que elas se deverão também ter divertido bastante, com aquele registo. Uns tempos depois, vi uma delas, na Bertrand, no Chiado. Ninguém diria, ali tão neutra, tão silenciosa e calma, e elegante, que seria capaz de “tanta vivacidade”, noutras circunstâncias. Deixou-me, confesso, uma impressão forte, talvez por causa do contraste de situações.
ResponderEliminarP.Rufino
PS: O´lá Lovely! Essa de um tango á beira Sena, puxa qualquer um!
UJM, contava-me uma amiga brasileira que um dia uma colega lhe revelara que tinha arranjado um namorado óptimo, mas que era casado. Respondeu-lhe a minha amiga: "Excelente! Assim nunca vais saber a bosta que ele é!"
ResponderEliminarUJM - Acabei de chegar do meu encontro com o novo Administrador Chinês da EMPRESA THREE GORGES, que substituiu o malogrado Engenheiro CAO.
ResponderEliminarO Catroga e os outros TAXISTAS que a parelha Alforreca e o irrevogável Paulinho das Feiras em troca de luvas e mais prebendas, meteram na EDP e na REN, que se cuidem porque este Senhor não é para graças e não cai, como o pobre CAO . em sexo, mentiras e muito money. O que já está sentenciado é o Adiantado Mental Braga de Macedo. O NEGÓCIO DA CONCESSÃO DO JARDIM TROPICAL, está vetado. Este não quer mais tretas, Quer comprar terrenos e concessionar muitas terras e casas no campo, para mandar vir chineses fazer cultivo. Ainda lhe disse: mas nós temos muitos desempregados e nessas condições de salário e casa tem aqui muitos homens, mulheres e casais. Ele abespinhou-se e disse Os nossos cidadãos são muito disciplinados e na nossa politica de 1 só filho, A PRODUÇÃO SERÁ ENORME. OLHEI PARA ELE E VI A CARA DO GASPAR, com o seu ar cruele o esgar na boca, a mesma altura baixinho com um enorme CIFRÃO na testa e esgueirei-me de fininho. Ai que agora é que os lingotes de ouro depositados num Bunker, ali para os lados de Alenquer à ordem do BdP, vão mesmo ser enviados de contentor pois a China preciso agora muito de ouro, já tem Dollares e Euros em quantidades brutais e desvalorizar a moeda deles para fazer um jeitinho aos Camones e os Germanicos nem pensar disse ele com um ar feroz, como tinha o Gaspar ao principio de ser Ministro, com um Coelho pela trela.
Tentei ir jantar ao Gambrinus porque estou com saudades de ir ao Rossio e mostrar-lhe a bela Praça. Mas ele retorquiu: Não Madame não estou em Portugal para fazer turismo. A embaixada marcou o jantar num restaurante chinês.
Amanhã vou ter nova seca, pois tenho de completar a minha tarefa para o Daniel. L´argent obriga et noblesse oblige. Obrigada por ter enviado o aviso da sua belissima publicação de hoje e deseje-me muita merde para amanhã, porque a minha paciência para Gaspares é pouca.
Diga-me apenas se o seu correspondente Porfirio, ou parecido, é Alto, louro, olhos verdes e Engenheiro hidraulico, porque preciso de mandar arranjar o dossel que é de elevador hidráulico. Um grande abraço para si e toda a bela família que descreveu nas passeatas do 25 de Abril, sempre e para sempre.
A descrição de Lídia dá-nos que pensar. Cada vez temos por cá mais chineses (como já tinha visto em Angola, quando em tempos por lá passei), sem escrúpulos, sempre assim foram, e o governo não se apercebe que, aos poucos, está a deixar entrar um cavalo de Tróia que lhe irá criar muitos probblemas. O Alentejo, a Beira-Alta, o Norte, por aqui, são cada vez mais. Até já são uma fonte de rendimento de...alguns escritórios de advogados, que vão enchendo os bolsos com algumas propostas para determinados negócios, que o governo lhes permite e autoriza. A coisa é má, como Lídia diz. No Alentejo, aqui há um ano, perto de um monte de uns amigos, ali para Montemor, existem vários projectos agrícolas, praticamente só com trabalhadores chineses, como vi eem Luanda na construção civil. É uma chatice. E agora já não é só isso, mais os tais resaturantes, voam mais alto, tomando conta de emepresas que eram públicas umas, privadas portuguesas outras. No aeroporto outro dia, quando fomos buscar o filho, aterraram uma data deles. Chinos até dizer chega. Para onde íam a seguir fazer o quê? E a elite neo-liberal abjecta protegida desta trampa de governo a ser seu criado! A prestar-se ao serviço da tomada do país, paulatinamente, por esses miseráveis.
ResponderEliminarP.Rufino