quinta-feira, maio 01, 2014

January Jones, a Betty Draper, vista por Demarchelier e com um par à maneira, Daniel Jonas. Jones & Jonas. Afinal é sabido que ela, para se vingar, paga ao Don da mesma moeda. Me and Mrs Jones.


No post abaixo já tive o meu momento de crítica passista. DEO, TSU, IVA, pinókia, láparo, vice-irre-voga, cospe-sílabas e outros acrónimos, nicks ou coisas pouco recomendáveis podem ser desapreciados no post seguinte. Isto, claro, se inconseguirem resistir à tentação de irem espreitar qual foi o soft power que me deu desta vez na escabeça. Mas, agora a sério: até que era bom que fossem mesmo e se juntassem a mim numa novena a ver se aparece o boi.


Mas adiante que isso é depois. Aqui, agora, a conversa é outra.


Me and Mrs Jones, crónica dos amores interditos

Música, maestro, s'il vous plaît.







Que a senhora encalorada que agora nos espreita é Betty Draper, a esposa atormentada de um sensualão e também atormentado mad man já aqui foi aventado. Confirmo. Deveria ter ontem feito as apresentações, que isto de uma senhora se pôr à fresca sem mais-mais, de facto reflecte uma certa falta de chá, não dela, mas minha, sua anfitriã.

Digo dela que é Betty mas isto, claro, se quisermos manter-nos nos domínios da ficção. É que Betty Draper está mesmo a ver-se que é nome de brincadeirinha, nome artístico. O nome dela é outro, um nome a sério, January Jones, Janeiro Jonas, e é uma mulher com muita pinta. Tem aquele ar vagamente frágil que, vendo melhor, é essencialmente perigo, tendência para o pecado. É que isto de as mulheres parecerem umas santinhas tem muito que se lhe diga, especialmente quando têm lábios fartos e olham como quem quer morder a situação.


Na fotografia que encima agora o Um Jeito Manso, January é vista pela lente de Patrick Demarchelier e mostra a sua graça que, de resto, tem feito perder a cabeça a muitos cavalheiros.

É pois January Jones que agora me acompanha e, estando agora nesta vossa casa, acompanhar-vos-á também, pelo menos até que eu escolha melhor companhia




O que resta, janela, da limpeza
do meu olhar, pra onde irá, e admira
que eu não o veja já, o que antes vira?
É só voragem de asas, ou certeza
de lobrigar o vulto da beleza?
Pra onde, sobranceiro, o precipitam
fulgurações de luz que mal imitam?
Oh, isso é simulacro, não clareza!
À confusão convidas, vil fenestra,
ao salto triste e ansioso do lamento...
E em meio de vencidos funda fresta
de amor tu abres, festa dos perdidos.
Não vou fazer de ti o meu assento.
Não vá precipitar-me entre caídos.








Se não te amarem finge que não amas.
E se te amassem outro amariam:
e só a si, se bem que fingiriam
amar-te e dar-te a ti o que reclamas.
Pois mesmo que te amassem mentiriam.
E se amam outro a si outrossim amam
e noutrem só a si mesmo reclamam,
que amante e coisa amada se diriam...
E porque hás-de fingir que amam a ti
se não se amam em ti sequer mas noutro?
Porque hás-de amar alguém que ama nestroutro
a imagem de si mesmo, e só a si?
Esse ama quem não te ama, afinal....
E mesmo que ame, esse é o teu rival






Poderia continuar por aqui, ilustrando as falas e os pensamentos de January, a mulher perfeita, a loura sensual, a mulher que sofre por um marido que tem tanto de testosterona quanto lhe falta de sensibilidade, a belle de jour que afoga as mágoas em cigarros, bebida e outros homens. Uma de muitas. Uma de muitas Mrs Jones. Carnadura perfeita, pele de pêssego, olhos cor de ciúme, cabelo platinado e um coração quase capaz de albergar todos os refractários do mundo. 

Mas vou ficar-me por aqui. Amanhã a casa enche-se de novo, aquela santa agitação - e tanta a animação que nem vou conseguir produzir-me assim a ver se sou capaz de reproduzir as poses e a beleza luminosa de Janeiro. Que pena, que queria mesmo testar-me. Adiante.

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Mad Men e January Jones em ação


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  • Neste post, January Jones foi fotografada por Patrick Demarchelier para a Vanity Fair
  • A canção upstairs é Me and Mrs Jones na interpretação do aveludado Michael Bublé
  • Para a Mrs Jones escolhi um par à altura: Daniel Jonas, senhor que, infelizmente, eu não tinha o prazer de conhecer até há dois dias.
  • Os poemas fazem parte do seu livro da Assírio & Alvim, um livro que me traz surpreendida. Ó vida de mil faces transbordantes, cheia de convites na surpresa dos instantes... É mesmo.

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  • Relembro que sobre a pindérica actualidade e sobre parte dos seus descabelados agentes falo no post seguinte.
  • Muito gostaria ainda de vos convidar a virem comigo até ao meu Ginjal & Lisboa, o meu outro blogue. Hoje tenho por lá um poema de Raul de Carvalho lido por Mário Viegas num vídeo de Cine Povero.
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E por agora fico-me por aqui que já estou mais a dormir do que acordada. Se o texto estiver sem ponta por onde se pegue já sabem: não são copos, é mesmo sono.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, um bom Dia do Trabalhador. 

Eu, como boa trabalhadora que sou, amanhã vou descansar que bem precisada ando (se bem que descansar com a trupe toda cá em casa e depois, de tarde, praia ou coisa do género, será um descanso relativo mas não interessa, o que conta é a intenção e essa é genuína: descansar).

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