No post a seguir já falei de Manuela Ferreira Leite, Paulo Portas, Daniel Carriço e Ivan Rakitic sendo que, de dois deles, mostrei um apaixonado beijo na boca. Terá sido entre Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas...? Não desvendo para que, os que ainda não viram, desçam para espreitar.
Aqui, agora, a conversa é outra.
Há pouco a minha filha enviou-me um sms com uma fotografia. Dizia-me ela que o mais crescido, 5 anos, tinha aparecido com um postal para mim (que ela tinha fotografado), que o tinha escrito por sua iniciativa, sozinho, e que tinha demorado para aí uns 40 segundos a fazê-lo.
Em ponto pequeno mal se via, pelo que tive que ampliar e, quando ampliei, achei o máximo. Meu rico menino. Ninguém o ensinou a ler e a escrever. Com a sua curiosidade natural, foi aprendendo as letras, foi percebendo como se formam as palavras e, para nossa surpresa, apareceu ao pé de nós a escrever e a ler. E todos os dias nos surpreende. Não se atrapalha com nada. Escreve conforme lhe soa ou conforme pronuncia. Pela parte que me toca, quando ele aparece com coisas assim como a que podem ver nem me passa pela cabeça corrigi-lo não vá ele, para a próxima, sentir-se inibido e deixar de ousar.
Já quando é para ler, é que vejo a dificuldade de uma pessoa se pôr a ler sem ter aprendido antes as regras. Aparece-se-lhe um que e tem que se saltar o som do u mas se for quatro já se lê o u. Aproveito nessa altura, quando ele vacila sem perceber a palavra que está a ler mal, para lhe explicar. A língua portuguesa está cheia de rasteiras.
Mas então, o que era o postal?
Mostro-vos.
Mostro-vos.
Viu lá em casa um postal de um hotel onde estiveram recentemente e lembrou-se de escreveu para mim o que podem ver abaixo.
Traduzo: Tá, devias ir ao Porto. Há lá coisas fantásticas. |
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No outro dia foi buscar um livro que eu cá tenho e que é sobre o funcionamento das coisas, cheio de abas que se levantam e desvendam o interior das ditas coisas. Na altura, quando o comprei (à pressa, como sempre ando) pareceu-me que ele ia adorar aquilo e nem reparei que não era para a idade dele. Agora pago caro essa minha distracção. Vai buscar o livro e quer que eu leia, coisa a coisa. Eu, pensando que ele não está a perceber nada, tento traduzir para linguagem simples mas ele caça-me logo: Tá, não estás a ler. Lê mesmo o que lá se diz. Um pincel. Interminável. Eu digo, Passamos à frente para ver se descobrimos outra coisa. Mas ele não vai em conversas. Não, Tá, lê que eu estou a gostar. E eu, Mas isto é complicado, vamos ver se descobrimos outras coisas mais simples. E ele, muito atento, Não, Tá, lê que eu estou a perceber. Mentalmente dou uma rosnadela, farta daquilo, Ghrrrrr.... mas esforço-me por continuar de boa cara.
E então é o quê, por exemplo? O funcionamento de roldanas e de rodas dentadas e das gruas, das escavadoras, e há lanças, longarinas, pistões, êmbolos, e às tantas, depois de muita conversa, diz qualquer coisa do género, É a isto que se chama hidráulica - coisas assim, não sei se estão a ver, mas com todo o pormenor. Eu já bocejo, já desespero, e ele a levantar aba por aba e a obrigar-me a ler aquelas coisas horríveis... (e eu que nunca achei graça nenhuma a essas coisas).
Mas o curioso é que ele assimila tudo isto, tudo, e, quando menos esperamos, sai-se com coisas destas que aplica acertadamente.
O mais crescido, o guru que os outros seguem |
Enquanto, estamos de volta daquele livro, o mais pequeno, que fez há mês e meio 3 anos, também está com atenção mas prende-se em pormenores que o outro tenta logo ultrapassar. Por exemplo, o ex-bebé aponta e diz Este carro tem rodas, e depois, Este não tem (e aponta para aquelas máquinas que têm lagartas). O irmão diz, Pois, é, mas já vimos isso, deixa agora ouvir a Tá.
E se o outro, coitado, tem exclamações do género, A grua... uau...! e abre os braços muito (porque estamos a ver uma grua enorme para construções em altura), o irmão interrompe-o, mas com ar didáctico, Olha, faz de conta que estamos na escola e que a Tá é a professora. Temos que estar em silêncio. Percebes? E outro, coitado, lá se conforma, Sim...
O bebé, um espertalhão despachado, super-falador, aqui com os sapatos da tia e o 'pimo', o ex-bebé, um peso-pesado, a trepar pelas costas do sofá |
A lady do grupo, meiguinha e feminina, e que se farta de rir com as tropelias dos rapazes |
As fotografias foram feitas na quarta feira à noite, já todos de pijama mas, com os calores de tanto exercício, já todos sem as calças. Como podem reparar, tento conter os danos colocando cobertas sobre os sofás. Gera-se uma tal dinâmica entre eles que só param quando se cansam - e isso raramente acontece. O meu marido acha que não lhes impomos suficiente disciplina mas como ele próprio não consegue que parem os quatro ao mesmo tempo para o ouvir, sai do recinto da bagunça e vai para outro lado. Nesta quarta feira, enquanto eles estavam aqui nesta sala, ele foi pôr-se às escuras a ver televisão noutro lado (acho que para ninguém o descobrir).
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Hoje, uma vez mais, voltei ao texto que ontem tinha começado a escrever sobre o Partido Socialista e sobre os outros partidos mas chegou a mensagem da minha filha e, de novo, inflecti. Pode ser que amanhã consiga chegar a bom porto.
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Relembro: sobre um certo beijo na boca que anda a correr mundo e sobre as infantilidades de Portas que contrastam com a maturidade de Ferreira Leite, desçam, por favor, até ao post já a seguir. Sobre o beijo na boca (terá metido língua e tudo?), enfim, vejam e interpretem à vossa maneira.
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E vou-me já. Estou cansada, com sono e amanhã tenho um dia bem preenchido.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa sexta-feira!
Este seu Post é uma pequena maravilha. Só compreende quem tem netos. O meu, ou nosso, e até ao momento, único, com 2 anos e pouco mais de 4 meses(imaginava lá que um dia iria ser avô, um tipo aponta sempre para umas idades mais avançadas, mas nem sempre assim é) já é um bébé vivíssimo, embora ainda atrasado na linguagem, visto os pais terem nacionalidades diferentes, ao que nos explicou o pediatra. Mas lá vai indo. E é muito expedito. No que quer, no que tenta dizer, no que faz, etc. Pois é, cara UJM, esta criançada é um tesouro. Eu, ao contrário de minha mulher, sou menos "severo" na disciplina. Fico todo derretido com o nosso "pimentinha" sempre que ele tenta fazer-se entender. Enfim, alegrias que nos dão, esta gentinha pequena.
ResponderEliminarP.Rufino