No post abaixo já cumpri o meu quinhão de serviço cívico diário. Já falei de gente malvada, mal vestida, malcriada, que fala de saídas limpas quando não tem feito outra coisa desde que entrou senão porcaria - mas, apesar do mal que têm feito, ainda deixei alguns comentários que lhes poderão ser úteis numa próxima ocasião que se apresentem em público. Por contraste para com estes, mostrei um animal decente e bondoso, um cão.
Aqui, agora, parto para outra e dou a palavra a um sátiro bestial, alguém que não encaixa bem no género usual de escritor português, a começar logo pelo estranho penteado que usa.
Volto a avisar: quem quiser guardar de mim a ideia de uma dondoquíssima bem comportada, deve saltar o que se segue. Poderia desculpar-me, pardon my french e coiso e tal, mas seria estultícia já que a prosa seguinte não é de minha autoria. Seja como for, feito o aviso, a partir daqui, lê quem quiser.
Música, por favor
Enquanto a mulher dormia cheia de rolos na cabeça, ele, do lado direito da cama, folheava o Mundo das Aventuras à procura do sono. (...)
Olhou para o despertador. Eram quatro da manhã. A mulher ressonava agora do lado da parede. Pegou no volume dois (tinha toda a colecção encadernada até 1973, isto é, 1252 números) e pôs-se a ler ao acaso, como ele gostava de fazer. Maldito sono, que não vinha!
Lembrou-se de repente da viagem que fizera ao Norte do país dois dias antes. Uma mulher do povo, que confeccionava um prato típico (um sarrabulho) num panelão monstruoso, tinha-se roçado nele, mas o que mais lhe interessara fora a filha, que ajudava e tinha uns seios magníficos, acobreados, combustíveis. O rego dos seios - um autêntico mistério. Tinha havido na rua uma pequena manifestação de desagrado pela sua visita à cidade, mas ele não se importara. Estava habituado à hostilidade, mas não estava era habituado ao rego dos seios. A esse rego impetuoso. Como é que se chamava a senhorita? Sílvia. Bonito nome. Se não fosse a chata da mulher transitando ao lado, tinha avançado uma conversa sub-reptícia. Sempre fora sub-reptício o seu carácter...
Levantou-se e a sua grande altura dirigiu-se para a retrete. Urinou e enxaguou a boca no próprio copo onde estava a sua dentadura. Regressou à cama e adormeceu.
A Sílvia vinha com um açafate de pão e convidou-o a ver o seu forno. Gostava das padeiras de Aljubarrota. Todas heróicas. E de cu grande. Quando ela pegou na longa pá para tirar os pães, os vestidos caíram-lhe aos pés e ficou nua. Tinha um corpo forte, duro, apetecível. Aproximou-se dela e levava uma erecção monstruosa. Há anos que não tinha uma assim.
Lembrou-se de repente da mulher frígida, perdera os ovários numa operação e ele dissera definitivamente adeus ao sexo. Penetrou Sílvia, que logo começou a bambolear-se com o pau entrado até aos colhões. Ejaculou quando a comparsa tirou o último pão do forno. Acordou, estava todo molhado, e de um olho desperto viu as horas. Eram sete e quarenta e nove. Às oito os guardas acordavam-no.
- Então, senhor Presidente, dormiu bem? - perguntou-lhe um guarda gordo, que o conduziu à sala do Dr. Mariz, o director.
- Não foi mau. O povo hostilizou-me no Norte, mas isso não me impediu de comer um belo sarrabulho.
- Pensei que fosse uma padeira sem útero e com rolos na cabeça!
- Ó senhor Dias, isso foi anteontem...
"Como os dias passam rápido", pensou Aníbal, que via já no corredor as elefantes virem ao seu encontro.
Os Alpes esperavam-no.
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O conto até poderia chamar-se 'Os sonhos molhados do senhor Presidente' ou 'Aníbal e o açafate de Sílvia' mas teve razão o autor ao evitar os títulos a puxar à pornografia de 5ª categoria, escolhendo, ao invés, um título a puxar ao erudito: 'Aníbal e as elefantas'.
[Provavelmente, é o único conto do livro que, apesar de tudo, aqui consegui reproduzir. Os outros são bem mais cabeludos - e é preciso não esquecer que os meus filhos lêem isto.]
[Provavelmente, é o único conto do livro que, apesar de tudo, aqui consegui reproduzir. Os outros são bem mais cabeludos - e é preciso não esquecer que os meus filhos lêem isto.]
Faz parte do livro 'Perfumes eróticos em tempo de vacas magras' da autoria de Manuel da Silva Ramos, com ilustrações de João Pedro Lam, numa edição Parsifal.
Finalmente um livro para se oferecer a um desconhecido - pode ler-se na capa.
Finalmente um livro divertido escrito por um português - digo eu.
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O palhaço que ali em cima puderam ver não é um qualquer, não senhor: trata-se da obra de Paula Rego intitulada 'The last feed', de que já aqui falei em tempos.
A música lá em cima é Que bello na interpretação dengosa de Carla Morrison y La Sonora Santanera.
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Recordo: se quiserem saber o que penso da saída Passos Coelho, limpa, limpinha, e que espero bem ocorra muito em breve, deverão descer até ao post seguinte. Se não for por ele, que seja então pela cadela Himalaya, uma criatura muito decente.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda feira!
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livros para beber, e está , hein - https://www.youtube.com/watch?v=qYTif9F188E
ResponderEliminarenquanto houver cérebros assim...
2014
ResponderEliminarhttp://www.publico.pt/economia/noticia/taxa-tobin-europeia-avanca-para-10-paises--1568480
1999
AO QUE EU CHAMO WING, WING , VULGO FALADURA - http://www.legislacao.org/primeira-serie/resolucao-da-assembleia-da-republica-n-o-83-99-comissao-tobin-taxa-conferidas-144038
Divertido! Já quanto à hipótese de o dito Aníbal ter sonhos húmidos, ficam-me dúvidas. Nem mesmo com este calor. Quanto ao livro, vou ver se o topo, um dia destes, pelas livrarias.
ResponderEliminarP.Rufino