No post abaixo falo dos cogumelozitos que irrompem do chão das esquerdas todos os dias enquanto os direitolas esfregam as mãos de contentes.
Mas, enfim, isso é a seguir. agora, aqui, a conversa é outra. Aqui falo do que mais interessa aos portugueses.
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Mas quem será o pai da criança?
Eu sei lá, sei lá.
Num curso que estou a tirar, volta e meia somos submetidos a questionários de personalidade ou de atitude. Como respondo sinceramente, as conclusões a que chegam parecem-me sempre reflectir o que eu, de facto, sou.
O último tinha a ver com eu ser ou não influenciável. Conclusão: nada. Diziam aliás que eu faço parte da minoria que aterroriza os anunciantes pois sabem que não há propaganda que os influencie. E que penso exclusivamente pela minha cabeça apesar de me documentar e gostar de ouvir muitos contributos. E que na hora de decidir nunca sigo os outros mas sim a minha consciência. Tal e qual.
Nisto da publicidade já uma vez me tinha dado conta desta minha característica. Respondi a um inquérito em que tinha que falar de marcas, as de que me lembrava espontaneamente ou sobre campanhas de marcas que me referiam. Uma tristeza. Não me lembrava de nada. Parecia que não era de cá. Tenho ideia que espontaneamente me ocorreram a TSF e o Expresso. Ou se não foi isto foi qualquer coisa nesta base. E pouco mais. Mas isto por serem ‘produtos’ que consumo, não por ter ideia de qualquer campanha publicitária acerca delas.
No outro dia, uma pessoa perguntava-me se eu já tinha visto um conhecido nosso num anúncio que estava sempre a passar na televisão, a toda a hora. Desilusão: não tinha visto. Nunca. Nem o dito anúncio, quanto mais ele. Sem acreditarem, diziam, está em todas as paragens de autocarro, em cartazes por todo o lado, passa na televisão a toda hora… Nada. Nunca ouvi, nunca vi. Pode parecer impossível mas é verdade.
Mas vem isto a propósito de quê?
Pois bem, vem a propósito das palavras que têm mais procura no Google. Ora nem nunca as usei como matéria de pesquisa como, em alguns casos, nem sabia bem do que se tratava, pelo menos por experiência própria. Explico.
Selfie – quando li a palavra pela primeira vez tive que ir ver o que significava. Nunca tinha dado pela sua existência. Mas nem nunca tinha usado ou ouvido a palavra como nunca experimentei o conceito. Nunca tirei nenhuma fotografia a mim própria. A melhor aproximação refere-se a fotografias à minha sombra que isso já tirei uma meia dúzia mas, aí, não é por razões narcísicas mas, sim, por razões metafísicas (digamos assim; qualquer coisa como: sou mais eu a que tem carne e osso ou a que se inscreve nos lugares por onde passa?). Mais: quando vejo pessoas a alçarem a mão e a fazerem caras para o telemóvel acho de uma tremenda parvoíce. Que as pessoas ainda por cima encenem risos forçados de boca aberta, expressões palermas, ainda me parece mais ridículo. E que depois as publiquem no facebook ainda me parece mais patético. Como não tenho facebook, volta e meia mostram-me fotografias de outros e fico parva com o ridículo que é metade do que vejo. Parece-me um mundo alienado. Não sei se isto das selfies significa uma solidão desmesurarada, se é a perda da noção do ridículo ou se, afinal, é qualquer coisa boa que me está a escapar.
Mas, enfim, há casos e casos, e a célebre selfie da louraça rodeada por dois calmeirões, um clarinho e outro escurinho, talvez tenha tido mesmo razão de ser.
A Helle quis fixar o momento não fosse depois ninguém acreditar que ela tinha estado naquela ménage ali mesmo, em plenas bancadas de um estádio de futebol. E a coisa ainda teve mais frisson por estar a mulher de um deles ali mesmo ao lado, cara de quem não tinha sido chamada para a paródia. E a piada que é a bela dinamarquesa estar toda decidida e eles os dois, esquecidos de que são poderosos, ali todos babacas, coladinhos a ela, derretidinhos da vida.
Erica Fontes – quando li que era uma das palavras mais concorridas da internet, parecia-me que já tinha ouvido falar mas já não me lembrava de onde. Ao ler a notícia, associei-a a um livro que tinha ideia de ter visto nos escaparates da FNAC. Fui confirmar. A rapariga escreveu mesmo um livro. É mais uma escritora a par do Valtinho, da Fátima Lopes, e de outros.
Fui à Wikipedia e obtenho a seguinte informação que é deveras circunstanciada:
Erica Fontes
Nascimento: 14 de maio de 1991 (22 anos)
Cidade natal: Lisboa, Portugal
Nacionalidade: Portugal portuguesa
Medidas: 90-60-90
Altura: 1.70 m Massa: 50 kg
Tatuagem: 3 Piercing: 3
Olhos: Castanhos Cabelo: Loiro
Cor de pele Branca Busto natural: Não
Etnia: Latina
Ocupação: A(c)triz pornográfica Nomes artísticos: Erica Fontes
Ano de estreia: 2009 Nº de filmes: 100
A lista de filmes em que participou fala por si. Refiro alguns:
- Anally Talented
- Cuzinho... com a Máquina do sexo
- Liquid Diet
- Prince the Penetrator
E por aí fora, um palmarés de fazer inveja a qualquer oscarizada de Hollywood.
Mas julguem por vocês mesmos que eu não devo perceber mesmo nada disto. É que eu vejo a estrela pornô e o seu parceiro e até me dão pena, coitados. Mas, enfim, gostos não se discutem (ou então o aspecto não interessa para nada, sei lá)
Mas julguem por vocês mesmos que eu não devo perceber mesmo nada disto. É que eu vejo a estrela pornô e o seu parceiro e até me dão pena, coitados. Mas, enfim, gostos não se discutem (ou então o aspecto não interessa para nada, sei lá)
(Se a esta hora o outro lá de cima ainda andar às voltas sem saber quem é o pai da criança, por favor, vão lá acima tirar-lhe o pio, ok? Senão não conseguirão ouvir as palavras do pornô-couple)
Casa dos Segredos – volta e meia o zapping pára na TVI, na casa dos Segredos, especialmente nas noites de fim de semana in heaven em que só temos os 4 canais. A coisa é de uma indigência tal que se torna cómica. No outro dia pediam a um para boicotar qualquer coisa e depois confirmavam se ele sabia o que era boicotar. Picotar?, perguntava ele. Boicotar não fazia ideia o que fosse. Ou para fazer qualquer coisa relacionada com silhuetas e perguntavam se ele sabia o que era uma silhueta. Não fazia a mínima. A outros pediam para cantar A Portuguesa e todos cantavam uma cantiga pimba, presumo que de uma outra participante, a Fanny. Nestes momentos eu e o meu marido interrogamo-nos sobre se aquela gente é mesmo tão ignorante ou se aquilo será encenação. Falam um português de caserna mas um português arrevesado, básico, deturpado. A minha mãe no outro dia dizia que achava que eram escolhidos a dedo em casas de alterne, ou que é gente sem dinheiro que fará qualquer coisa por meia dúzia de euros. Não sei.
Eles, os rapazes, parece que fazem todos musculação.
E uns andam quase nus e outros de gorros de orelhas, não se percebe que temperatura será a da casa ou a deles. E tomam banho à frente dos outros, sem privacidade nenhuma e passam a vida ou a fumar ou na cama. Uma coisa do além. Para saber do que falo, estou agora a ver isto na TVI e é uma coisa que só vista, uma coisa tão deprimente que mais parece uma paródia.
Sobretudo, fico pasmada com a escolaridade daquela gente, todos tão novos e tão, mas tão, ignorantes.
Fui à procura de um filme para ilustrar a cena e para ver para que as assessorias eu havia de os recomendar e encontrei um tal Diogo de mãos postas nas mamocas de uma Érica de óculos, um cenário mesmo sexy, um striptease à vista de todos. Com aquele ar de intelectual, recomendo-a para onde? Nem sei. Para o palácio do Farrobo?
O que sei é que há uma pequenina, arrebitada, que tem um rabo que se enfia pelos olhos da gente a dentro e todas andam com as mamonas quase todas de fora. Ofendem-se uns aos outros como se não houvesse amanhã (e não admira, o stress deve ser mais que muito, ali enfiados numa casa cheia de câmaras meses a fio)
Há um que é um querido, cujo segredo é ser irmão do Cláudio Ramos, como se o Cláudio Ramos fosse alguém extraordinário, uma coisa tipo, ‘sou irmão do Miguel Relvas’ ou, melhor, ser branquinho e ter como segredo 'sou irmão do Obama'.
E uns andam quase nus e outros de gorros de orelhas, não se percebe que temperatura será a da casa ou a deles. E tomam banho à frente dos outros, sem privacidade nenhuma e passam a vida ou a fumar ou na cama. Uma coisa do além. Para saber do que falo, estou agora a ver isto na TVI e é uma coisa que só vista, uma coisa tão deprimente que mais parece uma paródia.
Sobretudo, fico pasmada com a escolaridade daquela gente, todos tão novos e tão, mas tão, ignorantes.
Na volta, saltam dali, da Casa dos Segredos, directamente para assessores ou Secretários de Estado do Passos Coelho.
Fui à procura de um filme para ilustrar a cena e para ver para que as assessorias eu havia de os recomendar e encontrei um tal Diogo de mãos postas nas mamocas de uma Érica de óculos, um cenário mesmo sexy, um striptease à vista de todos. Com aquele ar de intelectual, recomendo-a para onde? Nem sei. Para o palácio do Farrobo?
Bolo de chocolate – parece que meio mundo se pela por bolo de chocolates. Mas, enfim, dado o adiantado da hora não vou elaborar sobre este tema. Além disso, eu não sou como o outro: mais bolos... Eu sou mais guisados, assados, petiscos. Bolos de chocolate eu é mais comê-los, não fazê-los.
E tenho dito.
(Foi o meu momento de cultura geral).
A música lá em cima é O Pai da Criança pelo magnífico João Claro, uma música que acho que fica bem enquadrada aqui na temática (e do vídeo, então, nem se fala!).
Sobre o Manifesto 3D (do Carvalho da Silva, Ricardo Araújo Pereira, Daniel Oliveira e outros), sobre o Partido Livre (de Rui Tavares), sobre o MPT (relativamente ao qual o Marinho Pinto parece que está afim), e sobre esta cogumelização das esquerdinhas em volta de uma esquerda baratinada e anquilosada, falo no post abaixo.
Muito gostaria ainda que viessem comigo até ao meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, onde hoje é dia de gataria. Vou eu, o Alexandre O'Neill, um gato e as minhas palavras.
E tenho dito.
(Foi o meu momento de cultura geral).
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A música lá em cima é O Pai da Criança pelo magnífico João Claro, uma música que acho que fica bem enquadrada aqui na temática (e do vídeo, então, nem se fala!).
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Sobre o Manifesto 3D (do Carvalho da Silva, Ricardo Araújo Pereira, Daniel Oliveira e outros), sobre o Partido Livre (de Rui Tavares), sobre o MPT (relativamente ao qual o Marinho Pinto parece que está afim), e sobre esta cogumelização das esquerdinhas em volta de uma esquerda baratinada e anquilosada, falo no post abaixo.
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Muito gostaria ainda que viessem comigo até ao meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, onde hoje é dia de gataria. Vou eu, o Alexandre O'Neill, um gato e as minhas palavras.
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E, por agora, por aqui me fico.
Tenham, meus Caros Leitores, uma quarta feira mesmo boa.
Caminhamos, gradualmente, para a decadência. Para a inferioridade cultural, intelectual e sei lá que mais. Extraí da Net, de um artigo relacionado com essa tal Erica, o seguinte parágrafo, que diz muito sobre uma boa parte do que somos, ou seja, do que é o tal estereótipo: “o português-tipo é do Benfica e gosta de estar informado sobre desporto (leia-se Futebol!), vê a TVI e tem um interesse particular pela Casa dos Segredos, tem a série de televisão Game of Thrones no topo da sua lista de preferências, veste Zara, faz compras na Worten e quer um iPhone e um Mercedes, ouve a música do momento, está no Facebook, lê A Pipoca Mais Doce, gosta de blockbusters, tem um fraquinho por bolos de chocolate e de iogurte, está a ponderar uma visita a Angola e quer saber mais sobre Érica Fontes, que neste ano de 2013 recebeu um dos mais importantes prémios do cinema pornográfico”).
ResponderEliminarÉ extraordinário, mas cada vez mais me convenço de que esta nossa população é um pouco como a água e o azeite. Existe um determinado grupo de pessoas, sem distinção etária, que nada tem a ver com o outro grupo. Uns são como esta gente estereotipada que aqui exemplifica e depois há os outros. Resta saber quem está em minoria...!!! E se somos nós, gente como a UJM, os seus comentadores e tantos outros que nos julgamos normais? Se calhar estamos! Este governo, por exemplo, é muito mais condicente com a malta deste tipo, do que connosco, quer-me parecer! Este país está a ficar um circo. Ou talvez esteja a ser pessimista. Hoje voltei ao belo Chiado e ao andar por lá uma pessoa sente-se reconfortado. Há ali de tudo, é certo, mas com peso e medida. Lá entrei nas livrarias do costume, almocei num simpático restaurante, com gente amiga (até tive a oportunidade de ouvir alguém, uma das simpáticas presenças femininas ali presentes, com 65 anos a contar-nos que estava apaixonadíssima e que “parecia, por isso, que tinha 30 anos!” – encantadora personagem!), passeei-me por lá, vi uma figura pública conhecídíssima a engraixar os sapatos, enquanto observava quem passava...do género feminino, etc), encontrei um amigo, com o qual falámos de Direito Constitucional – divergindo sobre o que o TC poderá decidir, mas amizade é amizade e lá fui embora. E depois um tipo lê isto, ouve isto, observa isto e fica a pensar: que raio, se calhar somos uma minoria! E se realmente somos? !!!!
P.Rufino
Eu sou muito influenciável pela propaganda, acredite!
ResponderEliminarBasta ver um anúncio para não comprar o produto.
Vai-se a ver e ainda se descobre que o pai da criança é o Bruno Maçães ou alguém por ele...
P. rufino,
ResponderEliminarÀs vezes, quando estou a ver televisão e vejo aquelas pessoas da Casa dos Segredos ou as que enchem as praças dos programas de televisão do fim de semana em que aparecem umas figuras inenarráveis e há milhares de pessoas a aplaudir e a cantar aquilo, até penso: 'Senhores... mas em quem é que esta gente vota? Se não sabem descortinar que isto é uma porcaria, como vão ser capazes de optar entre programas eleitorais ou perceber as patranhas que aqueles barítonos de pacotilha por aí andam a impingir...?'.
Mas assim vão estes tempos. Tudo regride. A cultura, os níveis de exigência, tudo.
Uma tristeza.
jrd,
ResponderEliminarO Bruninho...? Será que a criança é polaca...? Não foi na embaixada da Polónia que ele apareceu feito macho man rodeado de mulheres?
Na Polónia? Com aquele friso?
ResponderEliminarNão creio que tenha competência, foi mesmo alguém por ele...
jrd,
ResponderEliminarLá está! Quem é, quem é... o pai da criança...?
K
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