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Ron Mueck (genro de Paula Rego) - Big Man, 2000 |
A melancolia - observava Goethe - é a incapacidade de amar a repetição que pauta a nossa existência (as estações, o dia e a noite, os afazeres e hábitos quotidianos, o suceder das gerações) e de usufruir das inumeráveis e surpreendentes variações que cada aparente repetição diária - na realidade sempre nova e aventurosa - contém.
A melancolia percepciona pelo contrário o fluir e o repetir-se como uma infinita monotonia, o destilar de segundos e minutos sempre iguais no vazio.
A melancolia percepciona pelo contrário o fluir e o repetir-se como uma infinita monotonia, o destilar de segundos e minutos sempre iguais no vazio.
Jean-Louis-François Lagrenée, dit l'Ainé (1725-1805) -'la melancolie'-huile sur toile-1785 Paris-Musée du Louvre |
A melancolia é uma tristeza que não sabe precisar o seu objecto e a sua causa; acusa intensamente a perda de algo, sem poder dizer o quê.
A melancolia não só não pode definir a falta de que se sofre, como nem quer fazê-lo, porque se compraz e se nutre dessa perda indefinível e da sua indefinição, acrisola-se no seu próprio voluptuoso tormento; o tormento não quer fazer o luto, mas postergá-lo sem limite.
Ainda que tenha raízes antigas e implicações religiosas, além de uma inseparável dimensão clínica, a melancolia é sobretudo uma categoria, um modo de ser (...)
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Escutamos aluimentos de felicidade.
A arte de quem perde
faz um eco impossível de esconjurar.
Dentro de quatro linhas,
alguém espera, o tempo dilata-se,
uma dose de melancolia impõe-se.
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O texto em itálico é parte da crónica 'Melancolia e modernidade' integrada no livro 'Alfabetos' de Claudio Magris. A música é 'Cantus In Memoriam Benjamin Britten' de Arvo Pärt sobre imagem de Tilda Swinton em 'War Requiem' de Derek Jarman.
O poema é 'Portugal, durante a derrota' de Luís Quintais in 'depois da música' e a mulher de aparência melancólica é Cléo de Mérode que afinal não levou uma vida nada melancólica.
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A melancolia é presença constante da "ausência"...
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