sexta-feira, outubro 25, 2013

Paulo Portas e o mistério do desaparecido Guião da Reforma de Estado; a birra entre os quero-posso-e-mando de Angola e os pategos e os machetes de Portugal; as apostas sobre se é um programa cautelar ou um segundo resgate que aí vem embrulhado em condicionalidades; as opiniões divididas sobre a linguagem de Sócrates e sobre se aquilo da ditadura é mero pretexto para vir chatear o Santana Lopes ou o Tozé Seguro; as interpretações sobre o convite que o mesmo Sócrates diz ter feito a Passos Coelho; o Catroga que acha que o Sócrates (sempre ele) deveria ser julgado; a Merkel que tem andado a ser escutada pelos americanos, etc, etc. Tudo coisas sem importância. Importante mesmo é tentar descobrir quem foi o casal que foi apanhado a praticar um 'acto indecente' no elevador de uma estação de comboio em Inglaterra.


Ora bem, sobre estes assuntos aqui referidos acima o que tenho a dizer é que não vou falar deles. Não me interessam, são areia atirada para os olhos do zé povo, são coisa nenhuma, balelas, tretas, irrelevâncias, inconsequências, déjà-vu, coisas que dão em nada, palha, disfarces, fogo fátuo, manobras de diversão.

Nem vou falar do nonsense pegado que é o OE especialmente quando visto em perspectiva, comparado com um novo rectificativo e com os resultados da execução orçamental do último trimestre: nada faz sentido, nada bate certo, nada tem lógica, nada tem explicação possível. Ou é tudo um barrete mal engendrado ou é incompetência em estado puro, ou é obra de malucos encartados. Venha o diabo e escolha.


Que são uns amanuenses incompetentes, disso não há dúvida, uns joguetes inofensivos, também não. Mas que sejam tão incompetentes, tão nabos, tão, tão, tão nabos, mas tão nabos, isso já me parece chocante para além da conta. Já é maluquice a mais, já é atraso mental, nem sei.

O País está a ficar cada vez mais pobre: sem empresas portuguesas, sem massa cinzenta jovem, sem uma população coesa, com pobres que nunca mais acabam, com gente insegura e com medo - e o assustador é que isto, às mãos destes sujeitos, está a tender rapidamente para a irreversabilidade.

Esta gente tem que ser corrida. Mas tem mesmo. São larvas que estão a comer a carne do país.


Mas não quero falar nisto. Estou cansada.

Vou é aqui deixar lavrada a minha perplexidade pelo que se está a passar em Inglaterra. Vejam bem isto.




These are the people British police want to speak to after cameras caught a couple “engaged in sexual activity” in a railway station lift.



Enquanto em Portugal um grupo de pessoas pode f... um país inteiro e nada lhes acontece, enquanto os americanos podem f... a paciência do mundo inteiro espiolhando conversas que dizem respeito apenas aos próprios e nada lhes acontece, enquanto outros roubam, chantageiam, põem e dispõem e nada lhes acontece, enquanto meio mundo faz toda a espécie de tropelias ao outro meio mundo e nada acontece - em Inglaterra uma senhora esteve num elevador durante 10 minutos durante os quais praticou um "acto indecente" a um senhor e já anda a polícia a divulgar as suas fotografias pelo mundo inteiro como se algum crime grave tivesse sido cometido.


Que as câmaras os apanharam, que é uma pouca vergonha, que alguém podia ter entrado no elevador e mais não sei o quê - um drama...! Só falta porem cartazes do casal a dizer que se oferecem alvíssaras a quem os entregue, vivos ou mortos.

Digam-me, por favor: isto é normal? Ou isto é o mundo de pernas para o ar?

Porque é que nos outros sítios, cá em Portugal por exemplo, não se divulgam fotografias dos presumíveis culpados de crimes a sério para que estes sejam publicamente envergonhados, punidos?  
Como é que vamos permitindo toda a espécie de abusos e desmandos? Cá e por todo o lado? 
Espionagem avulsa e gratuita, corrupção, intimidação, roubo, confisco, esbulho... tudo é permitido? 

Em que raio de gente passiva, cobarde, domesticada como infelizes cobaias, nos estamos todos a tornar, senhores?!

E que raio de país é aquele que tal relevo dá a inofensivos fait divers a ponto de divulgar as fotografias de duas pessoas nos media só porque se entretiveram durante dez minutos num elevador, esquecidas de que agora há câmaras por todo o lado?

Raios partam tanta maluquice.

E que, meus Caros Leitores, consigam perceber a moral de toda esta história: cuidado com as câmaras everywhere. Desgraçadamente, Big Brother is watching you.



*

Bem. Hoje, de resto, também não estou nos meus melhores dias. Cheguei a casa tarde, um bocado cansada, e, como poderão perceber lendo o post a seguir a este, tive notícia de que o Livreiro Velho partiu - e isso encheu-me de tristeza. 

Contudo, deixem-me ainda convidar-vos a virem até ao meu Ginjal e Lisboa, onde Joana Lapa nos deixa mais um poema e as minhas palavras ficam suspensas numa ponte que não leva a lado nenhum. E a seguir há ainda jazz.

*

Desejo-vos, meus Caros Leitores uma bela sexta feira. 
E não deixem que este breve instante que é a vida passe sem que vocês dêem por ele, está bem? 

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