domingo, outubro 20, 2013

A entrevista de José Sócrates ao Expresso: o testemunho de um homem, de um político. Clara Ferreira Alves no seu melhor em três frentes (na entrevista ao ex-Primeiro Ministro; na Pluma Caprichosa com a 'História Universal da Infâmia'; no Actual com a entrevista a Coetzee). O Expresso de parabéns. Chapeau!


Participei por duas vezes em 'cenas' profissionais nas quais Sócrates esteve presente na qualidade de Primeiro Ministro, tendo tido intervenções exemplares. A impressão que me deixou, ao vivo e a cores, foi idêntica à que tinha à distância.


Penso pela minha cabeça; não sei se por formação académica, deformação profissional ou se pela minha própria natureza tenho um raciocínio que tende a ser analítico e racional; mas, claro, tenho preferências ou embirrações pessoais que apenas deixo que interfiram na opinião que formo quando são questões de carácter. 

Por exemplo, embirro com gente aldrabona e mal formada (é gente perigosa); embirro com paus mandados (são perigosos); embirro com gente que diz uma coisa e o seu contrário com o mesmo ar sincero e o faz apenas para, sem escrúpulos, dizer aquilo que os outros querem ouvir (é gente perigosa); não tenho simpatia por quem se vitimiza, para quem bate com a mão no peito e põe ar compungido - mesmo se, no instante a seguir, vai fazer uma coisa que desgraça a vida daqueles a quem esteve a consolar (é gente perigosa).

Talvez por isso, sempre tive boa impressão sobre José Sócrates enquanto primeiro ministro (e quem aqui me costuma visitar sabe disso). 

Posso não o querer para marido da minha filha (que de resto não está casadoira e, mesmo que o estivesse, não quereria um homem com idade para ser pai dela) e posso nem sempre ter concordado com ele mas, sempre percebi as suas intenções e quase sempre me pareceu possível que eu, nas mesmas circunstâncias, poderia fazer o mesmo. Tal como ele diz na entrevista, a política anda muito à volta de escolher o melhor possível e, por isso, entre ele e as alternativas que se perfilavam, sempre foi ele que achei que melhor defendia os interesses do País. Além disso, sempre apreciei a coragem e a resistência anímica com que enfrentou calúnias, incompreensões, campanhas demolidores.

No seu primeiro governo apostou no desenvolvimento industrial e os empresários aplaudiam-no. Mesmo os que, politicamente, se situam bem mais à direita, louvavam a sua visão e a sua determinação. Apostou, e bem, na exportação e era incrível o que ele fazia para vender lá fora os produtos e os serviços portugueses. Calcorreava o mundo e trazia meio mundo cá para vender o que quer que fosse. Era disso que o país precisava: exportar e ele foi o mais activo vendedor. Apostou no ensino (embora com a incompreensão dos professores), fomentou o contacto dos miúdos com os computadores desde tenra idade, incentivou o ensino do inglês desde crianças, etc. Apostou na formação profissional e na formação académica de quem não estudou em jovem. E, em tudo o que o movia, pareceu-me ver uma determinação ímpar.


Sou testemunha de como os outros países nos viam nessa altura: como um país moderno, aberto às novas tecnologias, tudo fazendo para reforçar o ensino a todos os níveis, com grande capacidade de trabalho, um país com boas infraestruturas, um país que se estava a aproximar rapidamente dos padrões dos países europeus mais avançados.

Foram anos de crescimento e em que o défice esteve contido. Merkel era, então, sua aliada tal como o eram grande parte dos governantes europeus.

Enquanto isso, pessoas descalibradas (digamos assim) tudo fizeram para o derrubar. Mentiras, campanhas negras: valeu de tudo. Uma vergonha.

Bandalho, chama Sócrates a Santana Lopes. Pistoleiros, chama a todos quantos o quiseram assassinar politicamente. Percebo a sua revolta.


Todos os processos contra ele foram arquivados e nunca nada se apurou contra ele. No entanto, ao longo de todo o tempo em que foi perseguido, nunca o vimos fraquejar em público. Não sei como aguentou. Poucos o teriam conseguido. É preciso ser-se um homem de fibra para se manter de pé face a tudo por que passou.


A seguir, nas eleições, não teve a maioria e formou um governo que, na AR, tinha que se bater contra uma oposição assanhada. O PSD no seu pior, tomado por gente desqualificada, um partido ávido de poder; o CDS sempre a ver para que lado vai cair o poder para se encostar e ir à boleia; o PCP com um absurdo ódio histórico ao PS; e o BE à procura do seu espaço através de tiradas mediáticas.



Neste ambiente hostil aconteceu a crise financeira internacional, o Lehmans, a AIG, o sistema financeiro a baquear. Por cá, aconteceu o BPN e o BPP. 

Face a isso as orientações europeias foram claras: havia que evitar o pânico, a corrida aos depósitos, havia que estimular a economia, havia que injectar dinheiro para que a máquina não parasse. Foram anos de aflição. A crise a apertar e Sócrates desesperadamente a tentar manter os ânimos, a avançar com obras públicas, a tentar que a economia não colapsasse. Sócrates e os outros nos outros países: a orientação era geral e por todos foi seguida.

Só que, enquanto outros países tinham músculo para aguentar uma pressão destas, Portugal encontrava-se com um tecido económico enfraquecido. Em especial com Cavaco Silva no Governo, os fundos comunitários foram canalizados para destruir o tecido económico. Por isso, qualquer impulso para que a economia se mantivesse a rodar apesar da crise financeira internacional foi feita muito à custa de importações.


Entretanto veio a bronca da Grécia: as contas estavam todas engatadas, durante anos tinham sido maquilhadas para parecer que cumpriam com os ditames europeus (maquilhadas pela Goldman Sachs e com o conhecimento da Alemanha a quem isso era conveniente para continuar a exportar para lá). Face a isso e face à colossal dívida que veio a desvendar-se na Grécia, a União Europeia arrepiou caminho. Travão às quatro rodas. Onde antes era expansão, a ordem passou a ser reduzir o défice. Schäuble (esse estupor, como Sócrates o refere na entrevista) foi um dos grandes mentores desse remédio.


Sócrates viu-se a ter que travar numa altura em que os mercados andavam assanhados. Era a Grécia, já tinha sido o mesmo com a Irlanda.

Merkel, Barroso, Trichet, todos os apoiaram. Fez a agulha para medidas de austeridade e eles a garantirem o seu apoio.

Perante a opinião pública, apesar da pressão brutal, Sócrates continuava a mostrar-se confiante. Uma opinião pública sempre pronta a condenar os que se apresentam destemidos, crucificava-o, chamava-lhe mentiroso. Mas ele manteve-se corajosa e obstinadamente tentando fazer passar a ideia de que estava tudo bem, tentando manter os níveis de confiança, tentando que não se parasse de investir e consumir. Sabia que, no momento em que isso acontecesse, o País teria que capitular. Sabia que, se fossemos intervencionados, se perderia a capacidade para defender os portugueses, a prioridade passaria a ser apenas uma: safar os bancos estrangeiros, gerir em nome dos credores. Contra isso, Sócrates lutou como um leão.

Mas não contou que um grupelho de gente de quinta categoria, na ânsia de tomar o poder, lhe tirasse o tapete, tirando o tapete ao País. Não contou que, nesse momento, em torno desse grupelho se formasse uma estranha e espúria coligação não apenas composta pelos filhos da mãe da direita como Sócrates designa os da actual coligação, mas também uma esquerda oportunista e, na altura, desmiolada (PSD & CDS & PCP & BE) e todos esquecessem o interesse dos portugueses a troco da vã glória de, por uns breves instantes, agradar a clientelismos partidários. Nem contou com mais uma, a fatal, deslealdade institucional de um Presidente da República que nessa, como em tantas outras vezes, mostrou o seu lado mais egoísta e mesquinho.



O que se tem passado desde que Passos Coelho, sob chantagem de um cão com pulgas, tomou conta do País é do conhecimento de todos. O défice sem ceder, a dívida imparável, uma dívida alta como nunca esteve, centenas de milhares de desempregados, falências como nunca se viu, um número incrível de pessoas no limiar da pobreza, a educação e a saúde públicas em risco, as principais empresas vendidas ao estrangeiro, os jovens mais qualificados a emigrarem, os idosos ameaçados na sua subsistência e dignidade. Com a estupidez da política da austeridade cega, o que tem feito é sugar a riqueza para fora do país, deixando-o cada vez mais pobre, mais indefeso, mais endividado, mais frágil.


É pois mais do que natural, é compreensível, é humano que José Sócrates tenha vontade de manifestar a sua revolta.

Nunca ninguém foi objecto de tanta injustiça como ele. Talvez seja o preço a pagar por ser frontal, optimista, lutador, determinado, num país onde ainda parece preferir-se quem bata com a mão no peito, quem encha a boca com palavras pias e ocas, gente que mate um país fazendo-o com ar de sacristão ou justiceiro, a quem se apresente sempre inteiro, de pé, lutador, a olhar os imprevistos do futuro com ar desafiador. 

*

A excelente entrevista concedida por José Sócrates a Clara Ferreira Alves mostra-o tal como ele é. E ainda bem que tudo aquilo por que tem passado não o abateu. Tem fibra, tem coragem, tem convicções, tem amor a Portugal.

Clara Ferreira Alves tem nesta edição do Expresso três momentos que mostram que é das melhores jornalistas portuguesas. 


O artigo da Pluma Caprichosa onde ela fala da infâmia de que nasceu o governo de Passos Coelho é de antologia; a entrevista de Sócrates é um documento ímpar pelo abanão no banho-maria em que Portugal tanto gosta de se deixar cozer em lume brando; finalmente a entrevista (por escrito) a Coetzee é também um acontecimento. 


Está de parabéns e em boa hora o Expresso a deixa brilhar. 


Ganha o Expresso e ganha o jornalismo. E ganham, claro está, os leitores.


*

E, por falar em Expresso e em parabéns, permitam que vos convide a descerem até ao post seguinte: José Tolentino Mendonça assina mais uma brilhante crónica sobre aqueles que ostentam feridas como medalhas - e eu transcrevo um excerto e junto umas palavras de minha lavra. Abençoado Padre que assim escreve.


*

PS: Escrevi tanto que não consigo reler para ir à pesca de vírgulas que tenham voado, ou letras que se tenham trocado. Passa das 3 da manhã e estou perdida de sono. A ver se amanhã, antes de almoço, consigo arranjar uns minutos para vir aqui dar uma vista de olhos. Por isso, por favor, relevem as gralhas que encontrarem, está bem?

*

Resta-me desejar-vos, meus Caros Leitores, um belo domingo.

16 comentários:

  1. Inacreditável, o seu post. Mas, coerente consigo.

    Lia o seu blogue diariamente, há anos, quando V. começou. Fui perdendo o interesse, ao ir lendo sua doentia parcialidade relativa a este senhor, que nos ia destruindo, a qual culminou com o seu quase elogio, no dia em que, antes de anunciar que nos íamos ajoelhar perante a Europa, um câmara descontrolada, o mostrou preocupado sim, com a sua imagem: " oh Luís fico bem assim... ou assim?!!! Que pelo menos, por esta atitude leviana, em momento tão trágico, a senhora o tivesse censurado. Mas nem aí. Por isso, perdi-lhe o respeito, com pena, porque escreve muito bem e é culta, dupla de características que não abundam.

    Já há tempos que não vinha por aqui, e hoje deu-me para ser masoquista. E vi este seu post.... Pensei: é inacreditável! Todos, para si, o Passos, o Portas, o Cavaco, são uns palhaços mentirosos, corruptos, etc. Contudo, aquele homem que se destacou pela mentira pessoal e política, pela corrupção, pela falta de respeito por todo um país, para si, é um herói... Minha senhora... isso já é autismo!

    Li no blogue Aventar, este post, que gostava ficasse em paralelo ao seu. É da autoria de um tal Joshua, que também não conheço. Chama-se' A mais abjecta abolvição de si '. Leia-o, pense que as nossas feridas estão abertas e, com areia nelas e nos nossos olhos, custam ainda mais a sarar! E poupe-nos!


    "A MAIS ABJECTA ABOLVIÇÃO DE SI

    "Admito-o, com a máxima franqueza: Passos e as suas circunstâncias trouxeram-me um curral de desemprego, trouxeram-me cortes selváticos e perversões no que realmente recebo de subsídio de desemprego e é abaixo de miserável, indigno, tornando impossível ser pai, marido, gente. Mas não tenho ódio com que odeie este Governo já sobejamente odiado por ter cão e por não ter, porque sim e porque sim, para além das grilhetas herdadas. Sócrates, com a sua máquina mediática furiosa que debitava treta de entreter vinte e quatro por vinte e quatro horas, sete dias na semana, varria os pobres e a paisagem do real feio para debaixo do tapete nas inaugurações-croquete, nos anúncios repetidos, no optimismo vácuo, na mensagem charlatã e no luxo com que se rodeava e a que se não poupava. Passos atira-nos com o real para cima das costas, em bruto. Sócrates fingia que não havia pobreza nem cada vez mais desempregados. Passos quer evacuar de Portugal o máximo de activos humanos através de uma massiva emigração de corações, braços e cérebros, e porventura matar de inanição desempregados, doentes e pobres com mais doses de abaixo de penúria. Um luxava e fingia. Outro perde cabelo e procede segundo a mais estrita crueza em consonância com a situação das Contas Públicas e o que delas puder salvar.
    Há um fio condutor a ligá-los e a contrastá-los. Se muitos já não suportam o sucessor, é impossível aturar o antecessor, que destila ressabiamento entrevista após entrevista. A última escarradela aos Portugueses dada pelo ex-primeiro-ministro é a entrevista publicada hoje pelo Expresso.

    (Continua s.f.f.)

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  2. (Continuação)

    O Absoluto Lamentável vem para se defender, coisa a que se dedica ingloriamente através do pseudo-comentário político na RTP e que ninguém vê para não sofrer mais que no WC, comentário com o qual conspira, treslê e perverte facciosamente a sua vingança contra a Direita que, com o apoio do BE e do PCP, o apeou. Fala da boa vida Paris para nos atirar um camião de desprezo e insulto: «Nem sabia que existiam vidas tão boas.» Mas quis saber e viveu ou vive uma à conta de deliberado desmazelo e má governança.

    Note-se a linguagem obscena com que reconstitui o período que antecedeu o pedido de assistência financeira internacional, com que diviniza o PEC IV, «mas os filhos da mãe da direita em Portugal deram cabo de uma solução apenas para ganharem uma eleição.»; note-se o desbocadamento com que apoda de «estupor» o ministro das Finanças, Wolgang Shäuble; ou como a Pedro Passos Coelho versão 2011, «para lhe dar conta da situação e dizer que urgia salvar Portugal» como se agora não urgisse salvar Portugal. Não conheço ninguém mais danado acima e para além de tudo pelo redentor ter sido apeado do poder.

    Veja-se a baixeza com que se refere ao Presidente da República: «Fizeram-me uma malandrice. Pensada a partir de Belém. Foi o momento escolhido para dar cabo do Governo, criar uma crise política e levar-nos a assinar o memorando. Resisti o mais que pude, mas a realidade impôs-se.» Quem lhe mandou resistir à realidade e fabricar uma, aquela que bem quis?!

    Quanto à nacionalização do BPN, bastam as palavras “não” e “saber” para nos atestar a leviandade sistemática das suas decisões: «não sabia o que aquilo era, o risco sistémico era real e Teixeira dos Santos estava apavorado com esse risco e uma corrida aos bancos». Apavorado contigo, badameco Bardamérdio Sócrates. O Teixeira andava apavorado contigo, pá, com o teu cálculo político para tudo, tu que usaste a merda do BPN para marinar uma Opinião Pública contra a laranjada corrupta, biombo perfeito das porcarias que o teu Governo perpetrou. E ainda dá para filosofar: «Arrependermo-nos é errarmos duas vezes. Posso ser ingénuo, mas nunca me ocorreu que aquilo fosse o que foi», foi o que quiseste que fosse: o Estado-Contribuintes a entrar com a massa e a malta do Bloco Central de Interesses a salvar os seus milhões. Bendita a hora em que insististe num governo minoritário e apostaste na vitimização quando tudo corresse mal e o défice de 2010 explodisse na tua cara de pau como uma bomba de m..da.

    (Continua, s.f.f.)

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  3. (Continuação 2)

    "Seis anos a urdir cuidadosamente um estado de coisas putrescente, a fabricar toda a sorte de negociatas, a atirar migalhas aos pobres, cheque-bebé, complemento solidário para idosos, a ser bonzinho, sensível, social, a coleccionar comissões políticas, a assinar PPP e a disfarçar com swap, a fazer merda, a sorrir, a aparecer nos media, a financiar avençados da Opinião e do jornalismo, a colonizar as TV, as SIC de comentadores amigos, caolhos, cobardes, cediços, venais, a plantar opinadores favoráveis “espontâneos” nos fora, no fórum da TSF e em todos os outros. E depois da tempestade perfeita, o resultado natural: «Custou-me os olhos da cara pedir ajuda. A alternativa era o “default”. Assinei. O que é que podia fazer? Já ninguém lá fora dava nada por nós. Foi o que a direita quis, obrigar a pedir a ajuda e o PS assinar o memorando. Ficou como a minha pedra no sapato.» Homem, mas o que é a Direita? O PCP? O BE? Todos os cidadãos escandalizados com os abusos, as traficâncias, as promiscuidades, os berlusconianismos, o absolutismo, a ganadaria chupcialista toda prostrada em Espinho a aclamar-te, com automóveis topo de gama estacionados lá fora?! Essa Direita? Tem vergonha.
    E a cereja em cima do poio da entrevista, tinha de ser, implicitamente a questão formalista com que hoje o Governo, a Oposição e as forças vivas do País se deparam: salvar Portugal no Euro ou não o salvar por amor da Lei Fundamental ou das leituras bizantinas que o Ratton dela faça?! Submetermo-nos a tempo ao tempo imposto pelos credores ou piorar a nossa cotação mundial e a nossa face, arriscando penalizações incomparavelmente maiores?! Sua Execrância Mansa e Sorrateira doutoriza uma resposta: «A responsabilidade de um político perante a comunidade que o elegeu é o respeito pela Constituição e da lei. A partir do momento em que um traste de um político invoca a razão de Estado para pôr em causa a Constituição e a lei, ele atravessa a minha linha vermelha. Ele não está a defender o estado, está a matá-lo!».
    Pois, mas no singular caso Português, meu caro Abominável Primadonna Sr. Bancarrota, o que mata o Estado é a Corrupção de Estado, coisa com o 25 de Abril ainda larvar mas que levedou sob o chupcialismo sistémico e as lógicas clientelares que estrangularam as nossas hipóteses de crescimento, realismo nas opções, e uma vida assente na riqueza gerada efectivamente e não num financiamento a escalar anualmente. O que mata o Estado, pá, Neurótico Narrador, é o que se esteja disposto ou não a fazer para abraçar o mundo com as pernas, contentar tudo e todos, especialmente a escandalosa Húbris do BES sobre o cangote geral dos contribuintes, verdadeira OPA à nossa liberdade pelas próximas décadas. Para todos os efeitos, Charlatócrates, nesse tácito e recorrente casamento Governo Chupcialista-BES, tudo foi possível, e foi por essas e por outras que, com os teus galfarros, assassinaste a Face de Portugal, apostando alto nesse teu poker político cretino.
    E bastou isso para não teres qualquer moral para falar e muito menos para te absolveres. É uma sorte para ti e para os teus sequazes que a impunidade seja o nome do meio do Regime. E uma pena."

    Cumprimentos
    Carlos G. Janson

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  4. ahaahahahahhahhahahahahahahahahahahah
    «Sempre me filiei nas correntes do consequencialismo e do utilitarismo, o utilitarismo de Bentham e de Stuart Mill» (José Sócrates em entrevista ao Expresso)
    ahahahahahahahahahahahahahahahhahahhahahahhahhahahhahahahhahhahahahhahahhahahahhahahhahahhahhahahhahahhahahahahhahahhahahhahahhhahahhahhhahahahhahahahhah

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  5. Boa tarde,

    Não tenho por hábito navegar na blogosfera e muito menos comentar posts, mas depois de ler a entrevista do Sócrates na Revista do Expresso, sabia que iria encontrar imensas reações na net e tive curiosidade em ver qual era o sentimento atual das pessoas relativamente ao ex-primeiro ministro.
    Encontrei mais ou menos aquilo de que estava à espera em blogs como portadaloja.blogspot.pt, doportugalprofundo.blogspot.pt, maquiavelencias.blogspot.com, etc. Na verdade, acabou por me surpreender o ódio que ainda lhe tinham, tão grande era.
    Depois deparei-me com o seu blog. Deixe-me agradecer-lhe profundamente, pois ler este seu post foi como uma lugada de ar fresco. Não é só o Expresso e a Clara Ferreira Alves que estão de parabéns, é preciso ter muita coragem para escrever um texto como o seu. Um texto escrito com lucidez, bem estruturado e bons argumentos. Um texto de alguém que não destila ódio, diferentemente do que aqueles que pode encontrar em qualquer um dos blogs que indiquei. Repare que o autor anónimo dos comentários ao seu blog chamou-a de autista, depois de dizer que tinha perdido o respeito por si!...
    Depois de da era Cavaco, a era do betão e cimento, grandes PPP's, dos fundos comunitários usadas para subsidiar o fim das pescas e os "set-asides" dos campos agrícolas, num país que nunca foi autossuficiente, proclamando uma política neoliberal, enquanto se aumentava extraordinariamente a máquina do estado! Pois bem, Cavaco percebeu bem para onde isto caminhava, não se recandidatou contra Guterres, tentou a Presidência da República, mas essa viria depois de Sampaio. Com Guterres isto já estava mal, o pobre homem era bom rapaz, mas depois de um orçamento limiano, não dava para aguentar muito mais. Eis que aparece Durão Barroso! Esse sim era o salvador, não se lembra? Claro, iria haver sacrifícios, mas o futuro seria melhor!... Mas, não é que isto não tem mesmo remédio, a Manuela desvia fundos da CGA para compensar o défice - que se lixe o futuro, queremos números para apresentar à Europa agora - e mesmo assim o défice é uma desgraça! Mas a Europa faz uma proposta irrecusável: desta esse país que não vai ao sítio de maneira nenhuma e vem para a Europa, vais ganhar mais dinheiro, és mais respeitado e quando voltares é para PR. Bom, do Santana não falo.

    Continua...

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  6. Continuação...
    Aparece Sócrates. Com um Governo a sério. Teixeira dos Santos consegue o melhor défice desde que há democracia em Portugal, Maria de Lurdes Rodrigues é odiada pelos professores, porquê? Porque os quis avaliar (fingiam eles que não queriam "aquele" modelo de avaliação, queriam outro, aqule é que era mau, mas não, não queriam era avaliação). Primeiro é preciso haver um modelo de avaliação, depois vê-se o que se pode melhorar, mas tem de haver um. Mais medidas para os professores: ficam colocados por 3 anos, mesmo sem ser efetivos. Algo que sempre pediram, mais estabilidade, não andarem a mudar todos os anos para uma escola a 100km da anterior. Pois bem: isso não conta, o que importa é que estão a despedir professores (claro, a máquina não era demasiado pesada? Se calhar agora com turmas de 35 alunos está melhor.) Greves gerais como nunca vistas. As finanças foram postas a funcionar de uma vez por todas com Paulo Macedo (o único ministro que está a trabalhar bem neste governo apostando forte nos genéricos e lutando contra os grupos de pressão do setor da saúde). Mariano Gago revoluciona o ensino universitário, a aposta nas ciências dá frutos, cientistas e investigadores portugueses são reconhecido lá fora (pelo trabalho feito cá, repare-se!) como nunca. Que dizer da aposta nas energias renováveis (razão pela qual este governo vendeu a EDP ao preço que vendeu)? Que dizer da aposta nas exportações, nos magalhães vendidos ao Chavez (sempre com toda a gente a gozar, não sei ao certo com o quê)?

    Continua...

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  7. Continuação...

    Depois rebenta a crise em 2008. Era preciso medidas expansionistas estilo keynesiano, a economia não podia afundar, diz a Europa, como escreve no seu post. Foi o que foi feito, mas claro, a dívida que estava controlada aumentou. Por causa de coisas como o BPN: se calhar o Sócrates nacionalizou-o para ajudar o seu amigo Cavaco e os amigos deste seu amigo! Não, Cavaco lucrou com o BPN, comprando ações a preço de amigo, sim a preço de amigo, para as vender mais caras a preço de pessoa normal e Sócrates é o mau, salvou os amigos do PSD, para que o povo o odiasse... Com a austeridade gradual o défice em 2011 desceu 1,5% quando em 2012 e 2013 (na mais otimista das previsões) desceu e vai descer apenas 1%. Mas a oposição (toda ela), como Sócrates diz "essa sim despesista", dizia que Sócrates estava a maltratar as pessoas, era preciso acabar com o sofrimento dos portugueses, Sócrates é que era mau porque o Estado estava gordo e ele não queria cortar nas gorduras!... Lembro-me das contas do Carlos Moedas no telejornal da rtp2 ("Hoje") todas as semanas: cortamos neste e naquele Instituto, naqula PPP, aqui e acolá, ninguém sofre e o estado fica mais leve e eficiente. Pois bem, onde anda Carlos Moedas, é que nunca mais o vi. A história do PEC4 já conhecemos. Um mês depois de o PSD ganhar as eleições e Passos ter tido os seus 15 dias de férias quando ainda nem isso tinha trabalhado (como se qualquer um de nós fosse contratado, trabalhasse 15 dias, fosse vendo como é que se trabalha no sítio e fosse 15 dias descansar porque arranjar o trabalho foi muito custoso!), diz-nos o Gaspar que íamos ultrapassar as metas impostas pela troika, íamos mostrar que queremos mesmo passar a ser bem comportados, depois de tantos anos a "viver acima das possibilidades". E aqui, nunca me hei de perdoar, acreditei. Porque sou otimista, acreditei que se calhar Vitor Gaspar era um tipo competente (ninguém o conhecia, podia ser um tecnocrata que nos fosse safar), ia fazer um bom trabalho e íamos cortar nos exageros, ficar com um estado mais leve e eficiente... Claro, exageraram tanto que as medidas tiveram o efeito inverso: tal foi o desemprego que a Seg. Social que estava equilibrada quase vai abaixo, as receitas fiscais descem apesar do "aumento brutal de impostos". Como é que se pode falar em negociar com a troika quando eles tinham acordado certas medidas para se obter certo resultado, nós que somos mais espertos dizemos: "nós queremos ir mais além!", e depois falhamos, como podemos ter margem de manobra? E Sócrates continua a ser o odiado...
    Bom, fico por aqui, já me alonguei muito. Como pôde ver não tive um discurso tão tranquilo como o seu, é porque me sinto revoltada sim, mas apenas porque agora não há Sócrates e o Seguro é fraco e o país está a ficar velho com os jovens qualificados (como nunca antes na nossa História) a emigrarem e os mais velhos a serem cada vez mais. E o tecido produtivo a desaparecer e a termos um segundo resgate e a sairmos do euro (sempre gostei do euro, da Europa e agora vejo que não há União, mas continuo a desejar que a Europa se una).

    Volto a agradecer-lhe e desejo-lhe uma boa noite.

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  8. bla, bla, bla, para todos os comentários

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  9. Pôr do Soloutubro 21, 2013

    Este texto só pode ter sido escrito por algum iluminado deste desgoverno.

    Como é possivel que neste desastre Passos Coelho, ainda haja gente cega por um ódio irracional.

    Valha-nos Deus!

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  10. Quem fala assim ecoa nas minhas montanhas onde o silêncio jazz faz tempo! É assim que percebo a positividade, a humildade e o carácter que tem vindo a desaparecer e que merece justiça quanto em coragem e doação se erguem aqui e além. Os sábio Portugueses, como é típico por cá, nunca vão aceitar que alguém rase os limites da perfeição e, esse alguém para eles como sempre, com limitações de nome SIC, TVI... ...para não referir demagogia que mascarada de snobistas pouco fica a dever ao correio da manhã, o diferente, o inovador, o objectivo, é algo que em vez de lhes dar esperança, lhes causa uma tremenda urticaria, urticaria essa que enche blogs com textos enormes que se resumem a uma coisas tão simples, a raiva duma inercia crônica para a analise, um vazio de si mesmos que preenchem de forma ingenuamente credulda com manchetes de jornais, com algo que ainda acreditam incrívelmente ser credível. Este povo tem tido o que merece, e enquanto caminhar à sombra, enquanto não se levantar para perceber o jogo, vão continuar a ter aquilo que desdenham, espero que não percam o seu pais e a sua constituição nessa inercia para perceber a realidade.

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  11. É inacreditável como ainda há certas pessoas que acreditam que socrates, realmente fez alguma coisa...
    Andava tudo direitinho até o Passos chegar e estragar a festa não era?
    Ninguém se lembra dos buracos que a troika achou quando o Sócrates abandonou o governo pois não?
    Um ensino de fantochada, com uma classe de professores que faziam tudo menos ensinar. Ensino universitário em Portugal é uma tanga, basta ver televisão.
    Contas aldrabadas em freeports e auto-estradas. Mas alguém em Portugal sabe o que se passou no bpn? E ainda queria ele nacionalizá-lo. Por amor de deus, o Pec IV é uma anedota, só serve a ignorantes. Finanças a trabalhar com sócrates? essa é a piada do século, eu também posso inventar umas se quiser. A divida publica ja era 110% com Teixeira dos Santos. Tudo quanto é investigação não tinha apoio do estado, é tudo fundos privados.
    As contas não estão equilibradas há 40 anos meus senhores.
    Andou tudo a viver à grande e a pedir empréstimos para pagar casaronas e carrões.
    O vosso problema com o passos é que ele dá-a crua.
    Ides pagar agora quer queiram quer não, que o meu foi responsavelmente pago.

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  12. Parabéns pelo seu texto. Primeira vez que visito o seu blog.
    Nunca me deixei levar pelas campanhas negras contra José Sócrates. (tem um namorado que é o Diogo Infante, o caso Freeport (como diz o Marinho Pinto foi fabricado por 2 jornalistas, um deputado do cds e um polícia) correio da manhã, esse anátema do jornalismo, o que mais gosta de vender desde que Sócrates tomou posse é blasfémias não provadas contra o ex-primeiro-ministro, o jornal de sexta-feira da manuela moura guedes, outra que passou pelo psd,.. ) Isto para lhe agradecer pelo seu post. Coerência em relação a Sócrates não se vê escrito em muitos lados. Estava a ler o seu artigo e parecia que estava a ler um artigo de jornal.
    Novamente, fico-lhe muito agradecido!

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  13. É incrível como o discurso de Sócrates ainda ilude. Fiquei com a ideia que o licenciado (...) e agora Mestre se move num quadro de alguma debilidade mental, manifestada por alguns tiques que revelam distúrbios bem identificados pela psiquiatria; a minha dúvida é se a cura é possível pelo choque de realidade com o passr dos anos, ou se terá mesmo de haver internamento para debelar esses problemas. E atenção que não estou a falar de um ponto de vista político, mas tão só psiquiátrico. Que delírio, senhores!

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  14. Uma pergunta ele não responde: de onde veio o dinheiro para comprar o património, além do da mãe, etc.?

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  15. Minha cara
    Eatou para aqui a tentar decifrar quem escreve e nao atino -- sei contudo que refere o que me parece obvio e por tal agradeco. Gostaria de ler mais de si mas, entretanto, Parabens pela lucidez!

    MTrindade

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  16. HOW I WISH,PINK FLOYD,no seu melhor,que estas alminhas viessem reler se forem capacitadas,nesta data01/08/2014,TUDO,o que escreveram...Fariam como judas,"O ESCARIOTES",EU??? NUNCA QUIS DIZER ISSO...S.TOMÉ:EU?...NÃO VI NADA!!!SÃO PAULO,(PORTAS):senhor,do fundo do meu reles coraçao,vos digo :Jamais seria capaz de tais callúnias!!!Associem estas palavras ao quadro de CRISTO,na última ceia!!!VÁ LÁ SINHORES...é tão fácil...

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