quinta-feira, fevereiro 07, 2013

O verdadeiro problema de Franquelim Alves - o homem que não merecia tanta fama (e que devia pentear-se melhor) - como Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação


Quem procurar o meu consultório sentimental pode passar já à mensagem seguinte. Aqui não se fala da falta que os amores fazem ou de como resistir a amores infelizes. Não, nada disso. Aqui fala-se do Franquelim que afinal se escreve assim e não Franklim como eu pensava que era, já que tinha ouvido que era com m e não com n.

*

Tenho ouvido para aí uma guerra ao homem porque esteve na SLN e não denunciou quando devia ter denunciado e isto, aquilo e o outro. Coisa de somenos. É cauteloso, medroso? Não sei. Se calhar é. Mas isso é o que menos falta por aí. 

Foi um absurdo nomeá-lo para Secretário de Estado numa altura em que andamos a pagar com os nossos rendimentos os desmandos, as cobardias e omissões de todos quantos mexeram na coisa e, de uma ou de outra maneira, foram coniventes, em todo ou em parte com a pouca vergonha que ali se passava? Pois, se calhar foi.

Mas face a questões de carácter e em relação a pessoas e a casos que não conheço bem, pouco mais posso dizer sobre isso.

Mas há uma coisa que posso dizer: analiso o curriculum vitae do homem e não vejo ali nada, nada vezes nada, zero, bola, que o torne competente para o lugar.

O homem fez toda a vida uma carreira profissional ligada às áreas financeiras dos lugares por onde passou.

Licenciou-se em Economia e fez um MBA. A nível académico vejo que foi fazer um Advanced Management Program a uma universidade qualquer na Pensilvânea. 

(Na Pensilvânea a que propósito se não vejo que tenha estado a trabalhar por aquelas bandas? Não se percebe. Não conheço esta universidade mas, ao ler isto, faz-me lembrar um colega que tive que fez um mestrado numa universidade americana sem nunca lá ter posto os pés. Fazia uns trabalhecos que enviava por mail e, ao fim de algum tempo, de lá enviaram-lhe um diploma que era o que ele queria, um diploma passado por uma universidade americana. Explicou-me ele na altura: universidades americanas da treta a passarem diplomas da treta é o que não falta, se quiser digo-lhe como é. Claro que não quis)

Depois, pasme-se, vejo que foi auditor e consultor na Ernst com 16 anos (com 16 anos?!?!). Ou seja, mal acabou o liceu foi contratado para auditor e consultor? Não pode ser. Ou não tinha 16 anos ou não era nem auditor nem consultor. Convirá rectificar esta parte do CV.

A partir daí desempenhou cargos de director ou administrador financeiro em empresas ou instituições. Ora um director ou administrador financeiro não lida nem com empreendedorismo, nem com inovação nem com competitividade. Lida com tesouraria, contabilidade, orçamentos, coisas nessa base. 

Vejo também que teve também uma fugaz passagem por uma Secretaria de Estado, dá ideia que apenas por meses, como Secretário de estado Adjunto do Ministro da Economia do XV Governo, de Durão Barroso. Ora meses num Governo dão para perceber a quantas anda e pouco mais, nem para aquecer o lugar dão.

Vejo que depois andou por aí a saltitar como administrador não executivo - e quem conhece a realidade das empresas sabe como isso é apenas a forma de acomodar quem precisa de ser acomodado sem que a pessoa se tenha que dar ao trabalho de fazer o que quer que seja. 

E andou a fazer uns livros brancos, umas coisas dessas. 

Depois vejo que desde Fevereiro e até agora estava como Gestor do Programa Compete. Ao não referir o ano, dá ideia que é do corrente. Ou seja, foi agora nomeado para uma coisa para que isso conste do curriculum de forma a justificar o conhecimento na matéria? Não sei. Mesmo que esteja lá há 1 ano, o que é isso?

Ou seja: numa altura em que a economia do país está destroçada, em que é urgente e imperioso que se dinamize a inovação, se estimule e apoie o empreendedorismo, se promova a competitividade, porque raio de carga de água é que foram buscar um homem que nunca na vida lidou com nada disso? Só podia ser coisa da cabeça daqueles inteligentes do Álvaro e do ex-Doce.

O Franquelim nunca lidou com marketing, com vendas em ambiente de concorrência global, com investigação, com desenvolvimento de produtos ou de processos, nunca lidou com a economia em contexto de internacionalização... Então por amor de que santa é que escolheram o homem para tomar conta dessa pasta?! 

Não dá para perceber.

Pode dar para fazer livros com páginas em branco sobre empresas municipais, pode dar para a gestão de distressed assets e outras baboseiras que tais, pode dar para ser convidado pelos accionistas da SLN para seu administrador discreto... mas para Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação é que não dá e isso, meus amigos, de certezinha absoluta.

E isso é o verdadeiro problema. Para nosso mal, para mal da economia portuguesa, esse é o grande problema. 



Deve ter pensado que vinha aqui fazer uma perninha ao Governo,
e agora acontece-lhe uma destas,
todos a cairem-lhe em cima
- o pobre do Franquelim


*
Anexo
 para quem quiser conferir

(Retirado do site do Governo)


Franquelim Alves

Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação

Franquelim Alves nasceu em 16 de Novembro de 1954, é licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia (actual ISEG) e MBA em Finanças pela Universidade Católica Portuguesa. Realizou subsequentemente o Advanced Management Program da Wharton School da Pensilvânia (Filladélfia). Tem duas filhas de 28 e 24 anos.

Iniciou a sua carreira, em 1970, como auditor e consultor da empresa internacional Ernst & Young, onde atingiu a categoria de Partner in Charge da área de Consultoria de Gestão, desenvolvendo a sua atividade em vários grupos económicos de primeira dimensão nos sectores químico, farmacêutico, cimenteiro pasta e papel, incluindo projectos de reestruturação financeira e de gestão em empresas portuguesas e angolanas (navegação, aviação, cimentos e petróleos).

Subsequentemente foi Director de Corporate Finance no Grupo Banco Português do Atlântico (Conselho, SA) e Director de Research e Corporate Finance da Sociedade de Corretagem Financeira Socifa & Beta.

Foi, entre 1992 e 1996 e 2000 e 2003, Administrador Financeiro do Grupo Lusomundo e CEO dos negócios online (Internet) do Grupo, tendo sido responsável pelas principais operações de colocação de acções em bolsa e de refinanciamento das operações do Grupo, quer no sector de audiovisuais quer na área de media (Jornal de Notícias, Diário de Notícias e TSF, entre outros). Realizou vários road shows nas praças financeiras de Nova Iorque, Londres, Edimburgo e Europa Continental e era responsável pelas relações com investidores.

Entre 1996 e 2000, foi Director Financeiro da holding de topo do Grupo Jerónimo Martins, com a responsabilidade da gestão financeira e de tesouraria de todo o grupo, controlo de investimentos e planeamento financeiro, incluindo as operações de financiamento da expansão internacional para o Brasil e Polónia. Foi responsável pelas relações com investidores e dirigiu e participou em várias operações de refinanciamento e recapitalização do Grupo.

Em 2003, desempenhou o cargo de Presidente da Simab, SGPS, SA, holding do Estado para a área dos mercados abastecedores.

Foi subsequentemente, ainda no mesmo ano e até julho de 2004, Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Economia do XV Governo Constitucional, com a tutela das áreas da energia, telecomunicações, inovação e qualidade. Participou em vários Conselhos de Ministros Europeus da Competitividade, em reuniões internacionais da OCDE e participou em diversas visitas de Estado incluindo à China e à Turquia.

Entre 2004 e 2006, desempenhou o cargo de Presidente do Instituto de Gestão do Crédito Público, organismo responsável pela gestão da dívida pública portuguesa. Foi responsável pela primeira colocação de dívida pública portuguesa a 15 anos e preparou as condições para a colocação de dívida pública a 30 anos. Participou em diversas reuniões anuais do Banco Mundial e do FMI e em road shows internacionais de colocação da dívida pública portuguesa.

Em 2006 e 2007 foi CFO  da Cinveste SGPS, SA, family office da família Luís Silva (anteriormente acionista maioritário do Grupo Lusomundo), onde geriu uma carteira de investimentos de cerca de mil milhões de dólares, orientada para o investimento em acções blue chip, cotadas em bolsas internacionais nos sectores das telecomunicações, banca e seguros, infraestruturas, energia e equipamentos industriais.

Entre Janeiro e Outubro de 2008, foi, a convite dos seus accionistas, administrador para a área não financeira da SLN com o objectivo de efectuar a reestruturação dos negócios não financeiros, nomeadamente saúde, hotelaria e retalho automóvel.

Foi ainda, entre 2006 e 2009, administrador não executivo e membro da Comissão de Governo da Portugal Telecom, SGPS e, em 2003 administrador não executivo da PT Multimédia SGPS (actual Zon).

Foi membro da Comissão de Acompanhamento do Livro Branco das Empresas Municipais.

Foi até 2012, administrador da GI10, SGPS, SA e GI Capital Solutions, SA, empresas especializadas na reestruturação de activos financeiros e na gestão de distressed assets, desenvolvendo ainda várias actividades de consultoria e assessoria financeira e estratégica.

Foi, até 2012, assistente convidado da Universidade Católica Portuguesa no Mestrado de Gestão e Direito, membro do Conselho Consultivo do MBA do ISEG, membro do Conselho Fiscal da Sociedade de Titularização de Créditos Sagres e membro do Conselho de Disciplina Profissional da Ordem dos Economistas.

Desde Fevereiro e até ao presente. desempenha as funções de Gestor do Compete - Programa Operacional Factores de Competitividade (POFC), entidade do QREN responsável pela gestão do programa de incentivos e apoios, associados ao fortalecimento da competitividade da economia portuguesa.


*

Como acima referi, este é o meu segundo post. Abaixo poderão ver os meus conselhos para casos de dificuldades com amores. Sou muito versátil, como se vê. Aqui o Um Jeito Manso é um verdadeiro multi-usos onde não falta o Consultório Sentimental. Se quiser o meu aconselhamento é só escrever-me a expôr o seu caso.

*

Convido-vos ainda a visitarem o meu Ginjal e Lisboa. Hoje escrevi um texto que, tal como o de ontem,  também gostei muito de escrever, uma coisa meio barroca, meio romântica (e eu sei que estou para aqui a misturar conceitos mas, enfim, acho que dá para ficarem com uma ideia). O que me inspirou foi um belo poema de Catarina Nunes de Almeida. A música é Mozart pelas mãos do grande intérprete que é Richter.

*

E mais nada por agora. 
Apenas quero, ainda, desejar-vos uma bela quinta feira. 
E se tiverem que sugerir o nome para alguma criança, por favor que não vos passe pela cabeça chamar-lhe Franquelim. Sim?

11 comentários:

  1. O Franklin americano... o Benjamim; inventou o para-raios. Este, o português sem kapa, caiu de para-quedas.
    Somos mesmo um país de tanga!
    ;)

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  2. - De rapidíssima consulta online, concluí que, pelo contrário, talvez até seja de bom augúrio a escolha do nome em questão.
    Explicito:
    de acordo com http://www.astrologosastrologia.com.pt/F.htm
    Franquelim - Inglês - Franklin.
    Franquelin - O mesmo que Franquelin.
    e
    Franklin - Inglês - Proprietário de um alódio.
    - O dicionário Priberam da Língua Portuguesa esclarece (http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=al%C3%B3dio )
    alódio
    s. m.
    Propriedade isenta de encargos senhoriais.

    Mutatis mutandis, posso concluir que o de nome Franquelim é o que tem propriedades isentas de impostos, certo?

    ;)

    A.S.

    .

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  3. Parece que o Franquelim deve ter começado as falsificações no seu próprio Bilhete de Identidade. Ainda nos vamos lembrar do "emplastro" apesar de nem termos dado por ele.
    :)

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  4. Viva o Franklin e o Franquelim!
    E agora com o IMI e as avaliações das Finanças, há lá nome mais lindo?
    Hoje deu-me para desorganizar isto tudo...
    Bjos

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  5. O país tem que ir à bruxa, Isto só pode ser mau olhado...

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  6. Olá Bartolomeu,

    Essa teve graça...! Quando li desatei-me a rir. Boa.

    :)

    Um bom dia e haja humor!

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  7. Olá A.S.,

    E eu a dizer que isto são só erros de casting...Qual quê? Coisa esperta é o que foi. Afinal o homem já desde pequeno que traz o carimbo de quem se sai bem na vida. Propriedades isentas de impostos...? Olh'ó figurão!

    :))

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  8. Olá jrd,

    Pois é, este é o sucedâneo do emplastro, já nem me lembrava...

    Aquele lugar é malfadado é o que é... Tadinho do Alvarico, como é que a gente pode querer que ele faça alguma coisa pela economia se ele não arranja ninguém de jeito para o ajudar?

    :))

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  9. Olá Teresa-Teté,

    A A.S. já nos esclareceu que ele tem um carimbo na testa que o declara isento de pagar IMI. Por isso, nada de o relacionar com impostos que isso não é com ele...Tadinho do Frankinho. Qual será o diminutivo de Franquelim? Frankinho ou Plim-Plim? Ou Klimzinho?

    Beijinhos, Teté, e nada de fazer pouco do pequeno génio que foi auditor aos 16 anos...:))

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  10. Olá Helena,

    Eu acho que o problema não é com o país, eu acho que é mais com o governo.

    Mau olhado? Bruxedos? Pica-pica? Pé de atleta? Ataque de piolhos? Pois não sei. Qualquer coisa se passa com aqueles senhores, lá isso é. Qualquer coisa que o distrai, que lhes dá coceira e não os deixa pensar, que os leva a fazer disparates uns atrás de outros.

    O que se fará numa situação destas? Não sei.

    Mas, às tantas, aquilo não é um governo, aquilo é mas é um ensaio para o Contra-Informação que parece que está quase a começar. Só lá faz falta, para a gente se rir ainda mais, o Ganda Nóia, não é?

    Um abraço, Helena!



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  11. Sem discordar do geral, "uma universidade qualquer na Pensilvânea" (escreve-se Pensilvânia) é considerada uma das melhores do mundo (ver Wharton School). É importante acertarmos os factos para não parecer que só estamos para falar mal de tudo e de toda a gente.

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