Escrevo este texto de manhã depois de ontem à noite ter escrito um texto sobre uma inovação chinesa relacionada com namoro entre colegas de empresa e depois, ainda, de ter falado de Joaquim Benite (ver abaixo).
Mas acabei de saber de uma notícia sobre a qual não poderia deixar de falar.
Em tempos transcrevi palavras assim: De um traço nasce a arquitectura. E, quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte. [...] Na cúpula do Senado, desprezando a característica autoportante que oferece o empuxo que criaria, inclinei em rectas sua linha circular de apoio, tornando-a mais leve, como preferiria. Na Câmara, depois de invertê-la, a estendi horizontalmente como a visibilidade interna exigia, procurando uma forma que a situasse como simplesmente pousada na lage de cobertura. E tudo isso fazíamos com tal empenho que lembro Joaquim Cardozo me telefonando: 'Oscar, encontrei a tangente que vai permitir a cúpula solta como você deseja.'. [...] Um dia, Carlos Drummond de Andrade escreveu num dos seus versos:' Oscar desenha na areia seu edifício.' E tinha razão o nosso amigo. De um risco inicial nasce a arquitectura e até na areia isso pode acontecer".
Figura excepcional, Oscar Niemeyer partiu mas levou consigo uma vida vivida com imenso prazer.
Oscar Niemeyer (autor da letra), Edu Krieger e Caio Marcelo
Samba 'Tranquilo com a vida', também conhecido por Samba Niemeyer
Tranquilo com a vida, se foi. As suas obras falarão, para sempre, dele.
*
De convexidades de mulher,
Sensuais concavidades,
Silhuetas de rio,
De um braço,
Um dedo,
Um instante,
Um traço curvo de luz,
Eis de que fizeste cidades
Com chapéus,
Taças,
Afrontações,
Sei lá eu…,
Até ondulações de Alentejo
Com sorrisos dos homens a olhar
Que querias o mais iguais que se puder…
E porque a vida é assim,
Luz e sombras,
Em linha recta em plano
Eis-te a descansar…
*
De convexidades de mulher,
Sensuais concavidades,
Silhuetas de rio,
De um braço,
Um dedo,
Um instante,
Um traço curvo de luz,
Eis de que fizeste cidades
Com chapéus,
Taças,
Afrontações,
Sei lá eu…,
Até ondulações de Alentejo
Com sorrisos dos homens a olhar
Que querias o mais iguais que se puder…
E porque a vida é assim,
Luz e sombras,
Em linha recta em plano
Eis-te a descansar…
['Poeta do betão armado', um poema com as curvas de uma mulher, de José Rodrigues Dias num comentário abaixo e também no blogue Traçados de Nós]
Do "corpo" das montanhas e das mulheres ficará o sopro da vida na memória de Niemeyer.
ResponderEliminar8ou inserir o video no próximo "Sounds of Saturday".
Abraço
ResponderEliminarSopro-te
e voo
Caríssima UJM:
ResponderEliminarPermita-me que partilhe aqui um poema de hoje (o segundo) que publiquei no meu blog "Traçados sobre nós" e no Facebook.
Saudações cordiais,
J. Rodrigues Dias
-----------------
Poeta do betão armado
De convexidades de mulher,
Sensuais concavidades,
Silhuetas de rio,
De um braço,
Um dedo,
Um instante,
Um traço curvo de luz,
Eis de que fizeste cidades
Com chapéus,
Taças,
Afrontações,
Sei lá eu…,
Até ondulações de Alentejo
Com sorrisos dos homens a olhar
Que querias o mais iguais que se puder…
E porque a vida é assim,
Luz e sombras,
Em linha recta em plano
Eis-te a descansar…
José Rodrigues Dias, 2012-12-06
Olá jrd,
ResponderEliminar(O seu nome tem as mesmas iniciais que o nome do poeta José Rodrigues Dias aqui abaixo, já viu? Que engraçado)
Niemeyer teve aquilo que eu gosto de desejar: uma vida longa e feliz. Viveu muito, viveu bem, teve convicções, foi um poeta.
Vou gostar de ver o vídeo no seu espaço. Ficará lá muito bem.
Um abraço.
Olá Eufrázio Filipe,
ResponderEliminarGostei de ler. Aplica-se muito bem à memória do homem fantástico que foi Niemeyer. Obrigada.
Um abraço.
Caro José Rodrigues Dias,
ResponderEliminarGostei imenso deste poema. Tomei a liberdade de o colocar, lá em cima no corpo da mensagem com ligação ao Traçados de Nós.
Reparou como o poema tem cintura, ancas?
Um poema com curvas de mulher para homenagear Niemeyer: perfeito.
Muito obrigada.
Saudações cordiais!
Uma figura notável, sob todos os aspectos. O último dos grandes génios da Arquitectura? Muito possivelmente. Gostei que aqui o tivesse recordado. Com a ternura com que o fez.
ResponderEliminarTenha uma boa noite!
E com menos chuva, se possível (a chuva ás vezes traz-nos recordações curiosas do passado).
P.Rufino
Olá P. Rufino,
ResponderEliminarGosto muito de arquitectura e gosto muito de arquitectos que encaram o traço e a vida com poesia. E gosto de pessoas de convicções. Sempre tive enorme admiração por Niemeyer. Casou-se aos 100 anos, que maravilha.
A sua obra ficará para sempre, é uma obra ímpar.
Obrigada, P. Rufino.
O mundo ficou mais pobre com esta perda.
ResponderEliminarUm homem que teve uma vida tão longa, que deixou uma obra monumental, que viveu intensamente todos os momentos da sua vida, afirmou que a vida afinal "é um sopro"! Certamente que gostaria de ter vivido mais tempo e projectar mais obras!...imaginação inesgotável!...mas a idade nada perdoa. Paz à sua alma.
Um beijinho por esta homenagem tão merecida.
ME
Olá Maria Eduardo,
ResponderEliminarIa fazer 105 anos daqui por dias. Ouvi na televisão que pediu um pastel, um café e perguntou por um projecto. Uma vida bem vivida até ao último sopro. Um homem com uma vida grande, que deixa ao mundo uma grande obra.
Um beijinho!