quarta-feira, outubro 24, 2012

Porque é que toda a gente ali anda tão feliz...?! - À laia de explicação, mostro-vos a biblioteca municipal para que vejam um dos muitos motivos. Como não se ser feliz num sítio assim? OBA, a biblioteca de Amsterdam, uma biblioteca 'with a view'


Pois é, meus Caros, é um facto: o que é bom acaba depressa. Mas foi bom, bom mesmo. Foram quatro dias que valeram por muitos quatro. Depois de no final da semana passada, depois de dois dias de trabalho fora de casa, com viagens para cima e para baixo, eis que no dia seguinte, sábado, logo de madrugada, mas tão de madrugada senhores, sem ter tido tempo de dormir nada de jeito, estafada, parti para outra.

Se no domingo à noite, quando, por um bocadinho, deitei a mão a um computador que não o meu para vos enviar um alôzinho e vos disse que descanso era coisa que eu não estava a ter, era bem verdade. Quatro dias valem por muitos quatro quando cada minuto é aproveitado ao máximo. Ou seja, o contrário de 'não descansar' não é, neste caso, trabalhar: é apenas cansar, cansar mesmo. Agora que já aqui estou de volta ao meu computador, o cansaço quase me passou. Acontece isso quando é um cansaço apenas físico, um cansaço positivo, provocado pelo excesso de momentos bons. Apenas persiste algum incómodo nos pés e um ligeiro retrocesso da recuperação pós cirúrgica, retrocesso que espero que seja passageiro. Segundo o médico podem passar uns seis meses até que a recuperação esteja totalmente concluída e, no meu caso, vai em três meses e meio e ainda nem comecei a fisioterapia. Portanto, quatro dias de caminhada intensa não seria propriamente aquilo de que o meu organismo estaria à espera. Mas poderiam lá quatro dias valer apenas quatro dias...? Claro que não.

Mas agora já estou sentada. Depois de ter chegado a casa já desfiz as malas, já fiz e estendi uma máquina de roupa, já fiz uma panela de sopa e já assei no forno uns peitos de frango com maçã para o jantar de amanhã (que isto de se ser simultaneamente dona de casa e uma esforçada assalariada e, ainda, querer intercalar com momentos de lazer não é pêra doce). 

Já passei as fotografias para o computador, centenas, muitas centenas, e já li os comentários e mails, que muito sinceramente agradeço.

Hoje, uma vez mais, vou cometer a indelicadeza de não responder, facto pelo qual, de novo, me penitencio.

Amanhã volto à minha vida normal e, logo amanhã que me apetecia era ficar a dormir até mais tarde, tenho que me levantar ainda mais cedo do que de costume e, ao fim do dia, presumo que apenas voltarei a casa de noite. E, agora a seguir, depois de escrever isto, quero ver se consigo, nem que de raspão, passar os olhos pelas fotografias para ver quais as que vos hei-de mostrar amanhã ou depois. Ou seja, para o fazer, vou demorar ainda um bom bocado mais e, para ver se me deito um bocado, que amanhã o dia vai ser longo, não vou poder trocar umas palavrinhas com os meus Leitores que, tão, simpaticamente, me deixaram comentários ou escreveram mails. Aceitem, por favor, as minhas desculpas. Estes últimos tempos têm sido muito atípicos.

Entretanto, para vos aguçar o apetite, vou já aqui colocar umas fotografias relativas ao fim da manhã de sábado, umas que, antes de começar a escrever isto, fui já bisbilhotar.

Dizia eu, no domingo, quando vos escrevi um texto a que parece ter dado o vento, levando cedilhas e acentos, que, por aquelas bandas, não se vê gente ensimesmada, gente soturna, cinzenta. Pelo contrário, toda a gente conversa na maior boa disposição, toda a gente ri, uma alegria que dá gosto.

Durante estes quatro dias tentei perceber porque estavam todos tão felizes.

A primeira resposta chegou logo nessa manhã de sábado. 




Tinham-me falado nesta biblioteca. Moderna, materiais fantásticos, não há barulho, um luxo, uma simplicidade, uma maravilha - disseram-me. 

Fomos ver. De facto. Ampla, muito, muito espaçosa, muito, muito luminosa, arejada, desempoeirada, novos e velhos, crianças e adultos, toda a gente usufrui como se usufruísse da sua própria casa.




As pessoas procuram o que querem, pegam no que querem, instalam-se onde lhes apetece, ajeitam os seus próprios recantos.

Música, revistas, livros, objectos de design, pequenas exposições, tudo ali está para ser desfrutado.




E muitas peças em exposição, muito artesanato urbano, tapeçarias, peças diferentes de tudo o que se conhece, tudo parece ter uma vida própria, tudo e todos parecem ter pleno direito ao seu próprio espaço.




E muitos jovens na maior informalidade, mas todos muito aplicados. São recantos, salas, e ali estão eles, fazendo trabalhos, conversando, escrevendo. Os espaços têm décors variados, uns são verdadeiras salas de estudo, outros são compartimentos mais isolados, outros são secretárias aos pares, tudo muito variável, e, geralmente, no meio de arte moderna ou objectos inovadores.




E depois há umas cabines extraordinárias, uma espécie de cápsulas multiusos, parecem pequenos escritórios unipessoais, e dentro de cada um, no maior sossego, uma pessoa trabalha como se estivesse fora daquele contexto. 



E há a vista maravilhosa que se tem dali, e há sofás, cadeiras que as pessoas levam para o recanto de onde têm a melhor vista, ou onde se sentem melhor. É a liberdade total, é a descontração total, é o ambiente mais propício à aprendizagem, à leitura, ao descanso. 




E se alguém quer almoçar ou lanchar ali mesmo, porque não poderia fazê-lo? É só escolher o melhor sítio.




E, meus Caros, todas, mas todas as pessoas que por ali andam, parecem ter as feições suavizadas, um ar tranquilo, e não se vê pressa, stress, agressividade, tristeza. Não se vê.

Mas, vejam bem, olhem bem estas imagens: não vos parece natural que andem todos tão felizes?

**

Estou, neste momento, a ouvir as desgraçadas notícias sobre uma nova (e mais do que expectável) derrapagem nas receitas fiscais e sobre vários outros relatos que revelam a gestão desgraçada que este incompetente governo anda a fazer da coisa pública. Mas nada de desanimar, está bem? Temos é que lutar para que venhamos a ter gente decente à frente do País, para que o nosso País volte a ser um lugar decente para nele vivermos, nós, pessoas decentes.

E o que vos desejo, para já, meus Caros leitores, é que tenham uma bela quarta feira. 
Saúde e boa disposição!

10 comentários:

  1. Amiga:
    Isto é o Paraíso? Livros, quadros, música, sítios só para um, gente feliz e risonha, só pode ser o Paraíso.
    Desfrutou-o bem? Espero que sim. Que importa um pouquinho de cansaço? Duas noites bem dormidas, curam isso.
    Abraço grande
    Mary

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  2. Parece que regressámos ambos do outro lado do mundo, à terra da gente infeliz e com lágrimas.
    Abraço

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  3. Olá Mary,

    Terá, como tudo tem, o seu lado mau. Mas eu, talvez porque só lá estive 4 dias, não o vi. Tinha estado lá há uma meia dúzia de anos e tinha visto algumas coisas que me chocaram um pouco. Agora esses excessos foram controlados e já não vi nada disso.

    Vi sim cultura, uma multidão a usufruir dessa cultura, vi muita animação, muita alegria.

    Eu desfrutei cada pequeno minuto. E o cansaço já passou. Subsistem umas bolhas nos pés que talvez se curassem depressa se pudesse andar de chinelos. Como tenho que me calçar com sapatos adequados ao ambiente de escritório hoje passei as passas do Algarve. Também haverá de passar.

    Obrigada pelas suas palavras sempre tão presentes.

    Um abraço, Mary!

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  4. Pois é jrd,

    Por onde andei aqueles diazitos era tudo gente feliz e sem lágrimas. Chego cá e as notícias tiram logo a vontade de rir ao mais risonho do mundo. Não haverá toda a gente de andar infeliz e com lágrimas, não é?

    Um abraço, jrd.

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  5. Olá, olá.
    Bem vinda à terra. Esse paraíso de que fala e nos mostra é dentro do nosso país? Até parece que não.
    Quanto às bolhinhas, conhece aqueles pensos, tipo silicone, que se põem por cima das bolhas e têm o efeito de segunda pele? São ótimos e resultam. Melhorinhas.
    Beijinho e abraço

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  6. Olá Teresa-Teté,

    Este lugar é na Terra mas, por enquanto, vou guardar o suspense. Se alguém descobrir talvez eu confirme. Senão, vou mostrando imagens de lá até ao momento em que eu esclareça o 'mistério'.

    Quanto aos pensos, eu lá comprei uma embalagem mas, ao andar, tanto andei, que aquilo descolava e enrolava e, às tantas, ainda era pior a emenda que o soneto.

    Hoje voltei a pôr (agora ainda estou com eles postos pois aquilo é suposto ficar nos pés até cair...) mas a pressão dos sapatos ali, durante o dia, ao carregar mesmo sobre as bolhas é uma coisa dolorosa mesmo. A ver se amanhã estou melhor. Também já estive a congeminar uma toilette compatível com uns sapatos mais velhos, mais largos.

    Muito obrigada, Teresa-Teté, e um beijinho!

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  7. Pôr do Soloutubro 25, 2012

    Olá Jeitinho,
    Sua marota, para nos aguçar a curiosidade, não nos disse onde fica esse paraiso. Mas eu sei que nos vai contar tudinho.

    Tambem eu estive quatro dias longe de politicos, de debates, de conversas sobre a crise e do que aí vem.

    A convite de amigos rumámos na 6ª.feira à Beira Alta,onde mergulhei na bela e pura Natureza.

    Já não me lembrava de como é belo um castanheiro carregado de ouriços, do aroma de um pomar antes de serem apanhadas as maças, do cheiro das ruas de casas em granito aquecidas por lareiras fortes. E as pessoas? Que serenidade, que entrega e que respeito á terra ao que ela dá.

    Enfim, voltei de alma lavada e espirito fortalecido.

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  8. Olá Pôr do Sol,

    Pois é, tenho mesmo este gostinho em fazer-me de difícil, em fazer suspense. Mas acho que já vos deixei algumas pistas e as fotografias, algumas, deixam perceber.~

    Pode ser que alguém adivinhe. Mas eu gostava que não, gostava de poder ir mostrando sem dizer onde é e depois desvendar no fim.

    Ainda bem que também andou em passeio, é tão bom passear. E ainda por cima andou perto da simplicidade genuína e da natureza em estado puro. O que pode haver melhor que isso? Tudo isto, a fraca política, fica distante...

    Que a sua alma se mantenha lavada.

    Um beijinho Sol Nascente!

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  9. Uma maravilha o local!
    A liberdade que se vê e se adivinha nestas fotos, só é possivel porque as pessoas têm uma coisa fundamental, essencial: educação e cultura. Só assim sabem desfrutar das coisas respeitando os espaços e os outros.
    Estou um pouco baralhada, porque nos comentários as pessoas dizem que não se sabe onde é, mas o título do post diz "OBA, a biblioteca de Amsterdam"...

    Agora vou ter que deixar a leitura, mas logo volto, pois estou ansiosa para ler o resto.
    Um beijinho

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  10. Isabel,

    Estou cheia de pressa mas vi o seu comentário e, aqui numa corridinha, explico: eu não tinha dito onde era. Só depois de terem adivinhado, uns dias depois, é que eu voltei lá para acrescentar para que, quem entre directamente por lá, não fique 'às escuras'.

    Mas ainda bem que levantou a questão pois, senão, ficaria, de facto, estranho.

    Andei a fazer mistério durante uns dias até terem adivinhado...


    Um beijinho!

    PS: Quanto à cultura e educação, 100% de acordo!

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