quarta-feira, outubro 10, 2012

Paulo Portas conseguiu um grande feito! Pediu a Passos Coelho que aliviasse um pouco do lado dos impostos, que cortasse um pouco a despesa - e Passos Coelho e Gaspar fizeram-lhe a vontade: vão pôr 50.000 pessoas na rua (ou melhor, conforme garante o sonsinho Luís Montenegro e o estadista Relvas: talvez, para aí, mais ou menos, mais coisa, menos coisa, uns 49.999). Foi isto que Paulo Portas conseguiu. Está à espera de quê para se demitir, ministro Paulo Portas? Está à espera que o Governo corte ainda mais? Peça que eles fazem-lhe a vontade. Talvez deixem morrer os doentes, talvez fechem as portas das escolas, talvez ponham os polícias em casa, talvez vendam os Jerónimos aos chineses, a Torre de Belém aos angolanos, o Palácio da Ajuda a um colombiano, o Palácio de Queluz a um brasileiro. Faça isso, ministro Paulo Portas. Mas depois emigre, vá para muito longe, para a gente não voltar a vê-lo.



Paulo Portas, um artista, um bluff, para quem já ninguém tem paciência.


Paulo Portas, o publicamente humilhado ministro do CDS, fez no outro dia, na AR, o seu número do costume, o do beicinho, para vir cá para fora dar a entender que ia exigir que o Governo suavizasse a punhalada, cortando na despesa.

Mas pode uma punhalada ser suave, ministro Paulo Portas?

Deixe-se disso. Acha que somos todos palermas?

Acontece que Passos Coelho, mais o seu braço direito Relvas, e mais o seu mentor Gaspar, fizeram a vontade ao birrento ministro Paulo Portas: Ai queres cortes na despesa? Então está bem: toma lá 50.000 despedidos da Administração Pública e não venhas chorar mais, não digas que não te fizemos a vontade.

Ou seja, foi este o resultado da brilhante actuação de Paulo Portas.

E agora Paulo Portas ainda tem que ver o Gaspar a anunciar que vai mitigar o impacto da carga fiscal, porque vai cortar na despesa. E quanto mais lhe pedirem para mitigar do lado da carga fiscal, mais ele corta na despesa. Cortando cabeças, está bem de ver. Cortando cabeças e dando a entender que é a pedido de Paulo Portas. 



Ah grande Relvas!


E, para cúmulo da humilhação, quem é que vai ao Parlamento dar estas notícias aos partidos? Quem é que vai apresentar o Orçamento? Não o ministro das Finanças mas, pasme-se, quem vai é o impoluto, o patriota, a sumidade, o grande estadista Relvas. 

Enquanto isto, temos o FMI a reconhecer que se enganou nos cálculos sobre o efeito da austeridade, que o factor de destruição da economia é o dobro ou o triplo do que pensavam - coisa que o engenheiro civil Moedas, ou o Gaspar-não-acerta-uma, muito menos o Vai-estudar-ó-Relvas, ou o ex-doce-Coelho-da-Nini nunca tinham pensado pois não têm competência para tal. 



Gaspar-não-acerta-uma, uma só que seja.
Num ano e meio fez incalculáveis estragos nas contas públicas,
 na economia e nas vidas das pessoas - sinistro.



Aplicam cegamente tudo o que lhes mandam. E a pena que tenho é que em vez de lhes mandarem aplicar modelos econométricos errados, não lhes mandem aplicar é outras coisas mas não à população: a eles próprios. Apre!

E é o próprio FMI e a UE que recomendam que Portugal tenha em atenção a justiça social, que não se carregue tanto na austeridade. Ou seja, este fundamentalismo neurasténico a que estamos a ser sujeitos é obra deste (des)Governo.



Passos Coelho, o número três do Governo,
 a seguir a Gaspar e a Relvas


E diariamente assistimos a um desnorte tresloucado. Todos os dias aparecem medidas novas, avançam, recuam, contradizem-se, e tudo disparatado, tudo terrível, tudo ao contrário do que devia ser, coisas mal alinhavadas, costuras à mostra, bainhas por fazer, botões por pregar, um desmazelo, uma coisa sem nexo, sem rumo, ridículo de tão mau. O país a afundar-se, o desemprego a aumentar, a recessão a aumentar, a dívida a aumentar, o défice alto, toda a gente assustada e sem esperança, e estas criaturas a agirem como uns atarantados, umas baratas tontas. Uma vergonha nunca vista. 

Os empresários andam doidos com isto, os proprietários andam assustados e imensos imóveis estão a ser postos à venda, a população está em pânico, em pânico!, os parceiros sociais indignados, os antigos apoiantes perplexos, furiosos, sentindo-se enganados. Não há ninguém com dois dedos de cabeça que ainda os apoiem. Acho que já só o deputado Amorim do PSD e a deputada Teresa Caeiro do CDS (que bem a vi de pé, toda entusiasmada, a aplaudir o Passos Coelho).

Este (des)governo é uma vergonha mas, mais que isso, é um perigo. Tem que ser demitido urgentemente. Cada vez mais vozes se ouvem clamando por isso. Há pouco ouvi na SIC Notícias um interessante debate conduzido por Ana Lourenço em que se falava dos riscos da explosiva situação que atravessamos e já se falava, como dado adquirido, num governo presidencial, sancionado pelo parlamento. Acho que é incontornável. Cavaco Silva há-de perceber que para alguma coisa existe a função de Presidente da República. Se não é para agir numa situação de salvação nacional (Paulo Portas dixit), então para que será?

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Hoje vinha cheia de vontade de continuar a história de Lídia, a mulher triste. Mas não resisti a comentar a triste actualidade política; no entanto, enquanto o fazia, pensava que, quando acabasse, ainda iria escrever sobre a ida de Lídia a casa dos pais de Paulo. Mas, afinal, agora já é tarde demais, já tenho sono. A ver se amanhã não há mais peripécias políticas para ver se faço o gosto à minha imaginação.

De qualquer forma, hoje já escrevi um texto que me deu gosto escrever. Se estiverem para isso, ficaria contente de vos ter por lá, pelo meu outro blogue, o Ginjal. As minhas palavras de hoje começam desalentadas mas, inesperadamente, partem para a luta. São palavras em volta do poema Escarpas do mais recente livro de José Tolentino Mendonça. A música é ainda violoncelo, e ainda Saint-Saëns.

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Tenham, meus Caros, uma bela quarta feira.

4 comentários:

  1. Pôr do Soloutubro 10, 2012

    Querida Jeitinho,

    Nós falamos, manifestamo-nos na rua, eles são insultados de tudo,(que vergonha) apupados, ministros e presidente. Reação?: metem o rabinho entre pernas, palas nos olhos e seguem em frente, cegos e surdos e assim vão conseguindo destruir tudo.

    De Belém nem novas nem mandados...

    Que é que nos resta? Ter esperança? Que de fora lhes digam, parem?

    Tenho fé que algo de bom ainda aconteça até ao fim do ano.

    Que amanhã seja menos mau, vamos ter calma, que este estado de espirito só nos tira a pouca saude e a força que ainda temos.

    Um beijinho e até amanhã



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  2. Olá Pôr do Sol,

    Uma vergonha tudo isto que se está a passar no nosso belo País.

    E o que dói mais é pensar que nada do que se está a passar é culpa da população que agora está a viver na carne esta desgraça toda.

    O que se está a passar é da responsabilidade da forma como se fez a integração europeia e a implementação da moeda única, pois há disparidades insanáveis que levaram a que os países mais fortes (Alemanha, por exemplo) esmagassem os mais fracos; e é responsabilidade da especulação financeira internacional totalmente desregulada; e é responsabilidade da velhaquice de gente gannaciosa que, em terras lusas, muito ganharam à custa de investimentos de retorno desmedidamente grande e rápido.

    E agora pagam os pobres, os desempregados actuais e os futuros, os pensionistas. Uma vergonha.

    Temos que protestar em todo o lado. Ninguém consegue governar estando cercado.

    Tenho que sentir que tenho coragem para lutar porque me recuso a aceitar que os meus filhos e os meus netos tenham uma vida pior do que a minha. Não aceito. A vida não deve andar para trás.

    Um abraço, querida Sol Nascente! E haja saúde e alegria para que possamos lutar.

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  3. Depois do Governo ter posto o inefável “Dr” Relvas a palrar, como uma espécie de porta-voz a anunciar mais umas tantas calamidades economico-sociais – o que diz bem da qualidade desta espantosa coligação que nos vai triturando os bolsos e espatifando a nossa economia (o sorriso velaco do indivíduo, a pinta do tipo, a mediocridade da criatura, a insensibilidade do vetusto são bem a imagem do governo, de que ele faz parte e do que os outros que igualmente ali têm assento sentem por todos nós, singulares e colectivos contribuintes), temos agora as momices do Dr. Portas, a fingir-se preocupado e interessado em defender os nossos direitos, a nossa economia, as nossas Finanças, etc. Ladeado do Moedas da Goldman Sachs, engenheiro de orçamentos e outras obras. Portas que prefere o palco ao povo que o elegeu a si e ao seu CDS e neles confiaram, Portas que julga ter inventado a pólvora com a treta da “diplomacia eonómica” de que não se vêem resultados, Portas que assiste impávido ao corte das pensões, despedimentos em massa, venda de património do Estado, ao aumento da pobreza, ao desaparecimento da classe média – que constituía igualmente uma parte razoável da sua base de apoio – ao corte na segurança (que tanto defendeu), na saúde, que já não se escandaliza com a esterqueira do BPN, enfim, Portas que mesmo sabendo o desprezo a que o vota o seu parceiro de coligação prefere continuar a fazer a rábula de MNE, que pouco conta no nosso espectro político actual (e pouco se sabe o que ali se faz, ou se tem feito), Portas que, num ápice, uma vez no poleiro governamental se esqueceu rapidamente de tudo o que dizia combater – associando-se ás mentiras de PPC (o video do Blogue de Helena Oneto é exemplar), daquilo que disse e depois mandou ás urtigas com a maior desfaçatez, enfim Portas afinal igual a si mesmo, só que muitos ainda não o sabiam – sobretudo quem o elegeu – sem um pingo de consciência social. Que por isso não se choca, antes subscreve, que um ministro do seu CDS (um “patusco” que no início de funções, antes de começar a desmantelar a Segurança Social, montava uma trotineta) aprove a caritativa medida social de aumentar em 26 cêntimos por dia os mais carentes!! Portas o Popular que com este seu comportamento nos quer convencer de que o faz para salvar a Nação. Portas “o patriota” que cairá, não de pé, mas de joelhos, quando esta calamidade que se abateu sobre o país – esta coligação governamental PSD/CDS – implodir e fôr “para o maneta”, como pede o povo. E, entretanto, temos cada vez mais um governo mais papista que o FMI (que agora deixa cair umas miseráveis lágrimas de crocodilo, como se não soubessem de antemão que a receita que impuseram nunca resultaria) e do que a Troika. Vou passar ao Ginjal para acalmar esta minha raiva latente. Um dia destes ainda me começa a subir a tensão arterial! Bolas!
    P.Rufino
    PS: na semana passada, num jantar com um amigo, que tem uma posição de destaque numa grande multinacional, dizia-me ele (o que eu desconhecia) que tinha tido uns dias complicados pois teve de preparar uma apresentação para representantes de uma famosa Agência de Rating. Ao que percebi, serão contactos usuais, com vista à obtenção de informação que depois essas Agências utilizam para as suas “avaliações” sobre a “saúde” das economias dos países, entre outros aspectos. Por aqui, “felizmente” não precisamos disso, pois já temos por cá um seu representante, na figura(õ) do Eng. Moedas de cabelo cortado rente.

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  4. Olá P. Rufino,

    Está furioso e eu compreendo-o muito bem pois também eu estou assim, eu e toda a gente que conheço.

    Nem entres os meus colegas nem entre amigos e familiares consigo descobrir alguém que ainda os apoie e devo dizer que, entre o meu círculo de relacionamento, preponderavam os apoiantes de o PSD e CDS. Claro que havia e há mais à esquerda mas, se for fazer a contabilização, ganhava o PSD e o CDS. Hoje= 0 (zero, nada, népias, bola). Todos os anteriormente indefectíveis estão agora doidos, indignados, desejando que alguém trave esta gente.

    Este grupo de pessoas que se alaparam no governo para brincarem aos governantes estão sem qualquer base de apoio. O que fazem e a forma como o fazem é de gargalhada. É tudo de uma incompetência e leviandade que assusta. Destroem o país sem perceberem o que estão a fazer. Por vezes até achei que é gente mal intencionada, a defender interesses obscuros, coisas do género. Hoje acho que, tirando um ou dois maraus, nem isso. Hoje convenço-me que o que é, é tudo gente de uma incompetência e ignorância que até dói.

    Apesar de tudo, de ser um artista, de se achar mais espertos que os outros e gostar de fazer passes de mágica e encenações permanentes, eu achava que Paulo Portas era até inteligente e com capacidades políticas bem acima das de Passos Coelho, Relvas e Companhia.

    No entanto, vejo agora que está ao nível deles. Quem se deixa ficar misturado naquela caldeirada, naquele caldo de ignorância à solta, quem aceita ser cúmplice da destruição em curso, não pode ser grande coisa. No entanto, sendo líder do CDS ele vai ser também o responsável que o CDS vai levar nas eleições.

    Hoje lá estão outra vez fechados em conselho de ministros, horas e horas a fio. Faço ideia o que é aquilo, deve ser uma barafunda pegada, cada qual a opinar para seu lado. Não atinam com aquilo, é o que é. É muita areia para a camioneta deles.

    Se isto se passasse numa empresa, davam cabo da empresa em três tempos tal como estão a destruir o país. Aquilo é lá forma de fazer um orçamento?!?! Ainda aquilo está em curso e já estão a fazer conferências de imprensa para anunciar medidas. A seguir as pessoas queixam-se e eles, fazendo de conta que estão a arrepiar caminho, aparecem uns dias depois com medidas muito piores e depois as contas já não batem certo e voltam ao princípio. Não há linha de rumo, não há nexo. Estão de cabeça perdida. Isto seria de gargalhada senão fosse trágico.

    Os ex-presidentes estão a vir a terreiro para chamar a atenção para o perigo de tudo isto.

    Penso que Cavaco não vai poder deixar de intervir.

    PS: Já conheci aquele vídeo do mentiroso PPC, o meu filho tinha-me enviado. Uma pessoa vê aquilo e até se indispõe. Só aquele vídeo é razão suficiente para demonstrar que aquele sujeito não tem legitimidade para fazer o que anda a fazer pois foi eleito com base num palavreado que é o oposto.

    PS2: Espero que o Ginjal já o tenha esfriado (se bem que o texto hoje me tenha saído mais para o caliente)

    Uma boa quinta feira!

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