Ave Mundi (In Memoriam)
Rodrigo Leão
*
. |
*
A notícia não é de hoje mas evito falar de temas mórbidos pelo que, na altura, não quis falar nela. Contudo uma outra notícia, aparentemente não relacionada, fez-me ontem ter vontade de pegar no assunto. Mas ontem, ao escrever, tinha chegado de um passeio deleitoso e não estava com disposição para coisas tristes. Mas aqui estou agora, portanto.
Este ano já foram assassinadas 26 mulheres por companheiros e ex-companheiros.
Creio que a última foi a professora de Lagos que as televisões mostraram caída num jardim. Houve o pudor de não mostrar o rosto e o tronco. Apenas vi o que parecia serem umas calças largas de algodão fininho em azul escuro e branco, uns pés ainda com as sandálias de verão, as unhas pintadas, uma mulher descontraída num dia de verão. Diz quem os viu que conversavam num banco de jardim e que parecia ser uma conversa normal. A professora foi ao encontro do homem que lhe ia tirar a vida e, se calhar, para bem dela, nem se apercebeu que era isso que estava prestes a acontecer-lhe. Depois de estarem a conversar como um qualquer casal, o professor reformado, um homem ainda relativamente novo, cerca de 60 anos, ter-se-á levantado e, dizem que friamente, atirou a matar.
. |
Mas o que quer dizer friamente? Não estar aos gritos? Mas e o estado em que estava o seu coração? Talvez estivesse descompassado. E a sua cabeça? Talvez estivesse desvairada. Não sabemos.
Foi apenas mais um caso. Matou-se a ele próprio depois, mas isso apenas prova a perturbação que vai na cabeça de quem comete um acto limite destes.
Li na comunicação social que, neste caso, se teriam separado e que ele nunca teria aceitado a separação. É referida depressão, algum desleixo pessoal, desinteresse pela vida. Morrer de amor, mourir d’aimer, diz-se em casos assim. Mas isto não é amor: é perturbação, loucura, mal de vivre; ou seja, é qualquer coisa que requer tratamento clínico e não tratamento literário.
Imagino o medo, a permanente inquietação das mulheres que vivem atormentadas por companheiros (sejam eles maridos, namorados, amantes, o que for) quando este tipo de ameaças paira no ar. Assim, latejante, permanente, o medo, o medo da violência, o medo de represálias, de sustos, de vexames, o medo calado, a inquietação surda, latente.
Sabe-se que estes casos são geralmente acompanhados por ciúmes doentios, desconfianças, obsessões, uma insegurança limite.
E nem falo de outros fenómenos que costumam acompanhar esta sintomatologia tais como alcoolismo ou qualquer outro tipo de dependência e que contribuem para a desgraça do próprio e de quem sofre na carne a violência das suas manifestações.
E nem falo de outros fenómenos que costumam acompanhar esta sintomatologia tais como alcoolismo ou qualquer outro tipo de dependência e que contribuem para a desgraça do próprio e de quem sofre na carne a violência das suas manifestações.
Viver com uma pessoa assim deve ser um tormento. Ouvi no outro dia um psicólogo dizer que, num quadro destes, geralmente o risco aumenta com a separação. Aí, o homem tende a sentir-se rejeitado, envergonhado na via pública, e, a tudo o que antes sentia, junta-se o despeito, a vontade de vingança, se não és para mim, então não serás para ninguém. E a vida começa a girar em volta dessa ideia nefasta.
É, então, nesse caso, a mulher um ser indefeso? E é mais indefesa por ser mulher?
Talvez seja, não sei. Mas, se pensar um pouco no assunto, admito que sim. E não porque a sua condição feminina a torne física ou psicologicamente mais vulnerável mas porque a mulher se sente ainda, aos olhos da sociedade, um alvo mais fácil. Alvo de censura, alvo de rejeição, alvo de chacota, alvo de vergonha. A sociedade, pelo menos a população mais rural, menos aberta, nos meios mais pequenos, ainda tende, em primeiro lugar, a culpar a mulher ou a fazê-la sentir-se culpada.
Talvez a uma mulher, num meio fechado, seja mais difícil dizer: aquele homem é insuportável, estou farta de o aturar, quero partir para outra, tenho direito a viver a minha vida sem ter que carregar um fardo como aquele, tenho direito a recomeçar a vida sozinha ou com quem me apetecer. E ponto final que não tenho que dar mais satisfações.
Talvez seja mais difícil chegar ao posto local da GNR e apresentar queixa porque talvez tenha medo de retaliações por parte do acusado ou de censura por parte dos vizinhos.
Ou seja, para uma mulher que vive uma situação de risco, há ainda um caminho a percorrer mas penso que, seja qual for esse caminho, ele passa sempre, numa primeira fase, por pedir ajuda - ou ligar para um número de ajuda pedindo orientações, ou ir a um posto local da PSP ou GNR ou ao tribunal. Não sei exactamente como deve ser mas há, certamente, quem esteja preparado para ajudar.
. |
Mas o que as mulheres que atravessam problemas deste género não devem fazer é esconder a sua situação.
A vida é uma apenas e deve ser vivida com dignidade e com qualidade. Esconder o medo e encobrir o agressor ou o doente que lhes faz a vida num tormento é que não.
Apenas falando e pedindo ajuda se poderá avançar.
.|.|.
Claro que a luta pela igualdade deve ser uma luta permanente (embora eu a ache uma luta absurda e ridícula). Devia ser uma coisa natural e não uma coisa pela qual lutar.
Li que: “A Comissão Europeia quer obrigar as maiores empresas da União Europeia (UE) a ter pelo menos 40% de mulheres entre os membros não executivos dos seus conselhos de administração.
A medida consta de uma proposta de directiva que o executivo comunitário está a discutir internamente e que abrange as empresas cotadas em bolsa, que deverão atingir aquela percentagem em 2020”
E foi esta notícia que também me pôs fora de mim e me leva a estar hoje a escrever sobre isto. Repare-se no absurdo: estamos a falar em cargos não executivos ou seja cargos ocupados por gente que, de facto, não manda nem exerce funções operacionais, gente que geralmente apenas reúne quando o rei faz anos e que está lá, nas empresas, para ser informada ou, quanto muito, opinar. E estamos a falar numa meta de 40% para 2020. Podia ser 50% das mulheres em cargos executivos de gestão no prazo de 3 anos. Mas não, trata-se de 40% em 2020 e em cargos não-executivos. Ou seja, parece até uma brincadeira, é um absurdo.
Mas ainda mais brincadeira e absurdo é que isto seja apresentado como uma grande coisa. E ainda muito mais brincadeira e mais absurdo quando, se calhar, se não for assim, nem estas ridículas metas serão atingidas.
O estranho em tudo isto é que a população é maioritariamente feminina, e que, além disso, está mais que provado que, na gestão, as mulheres geralmente apresentam melhores índices de desempenho pois pelas características do cérebro feminino, as mulheres são mais multi-task, estabelecem melhores redes, estabelecem consensos com maior facilidade, são mais pragmáticas nos processos de decisão.
Então a que se deve este papel tão secundário para o qual as mulheres ainda estão relegadas?
Penso que a vários motivos. Os historiadores, antropólogo, sociólogos saberão disto mil vezes melhor que eu, mas arrisco. Julgo que se deverá, em primeiro lugar, a motivos ancestrais. As mulheres pela sua condição de dar à luz, amamentar, etc, tendem a, naturalmente, ficar mais tempo em casa com os filhos e isto é um facto e é natural e defensável que assim seja. Depois haverá os preceitos das igrejas, feitos por homens, que inculcam nas mulheres a função maternal acima de qualquer outra, desta forma protegendo os direitos deles próprios, homens. Depois, tudo isto em conjunto, ao longo dos tempos terá ido formando uma base de aculturação que amarra as mulheres a estes preconceitos, formatando-as para a culpa e para o sentimento de vergonha sempre que o seu comportamento se afasta destes cânones. Depois, uma coisa arrasta a outra: se a mulher fica em casa, não tem rendimentos próprios e, se os não tem, fica dependente; e, se fica dependente, fica submissa.
E anos e anos e anos disto terá acabado por se transformar em ortodoxias, coisas que se aceitam sem se questionarem. E, mesmo quando aos poucos algumas coisas vão mudando, a base ainda lá está.
E talvez por tudo isto, se assista, depois, a que são as próprias mulheres a contribuir bastante para este estado. Repare-se como, tantas vezes, mesmo algumas mulheres tidas por mais evoluídas, quando se manifestam publicamente, parece que se comprazem em manter-se no registo de mulherzinhas, criticando como uma ladainha os homens que são maus, infiéis, pouco sinceros, pouco atenciosos, ou falando da sua própria condiçãozinha de criaturas que gostam acima de tudo de sapatos, ou de coitadinhas que padecem de calores, afobações e outras abulias. Colocam-se frequentemente no papel de criaturas que pouco mais além olham do que o próprio umbigo ou a ponta dos pés, gostando de relatar a sua infelicidade e fraqueza, procurando a companhia de outras que padecem dos mesmos males. Autênticas comunidades de mulheres que fazem gala em auto-proclamar-se como abandonadas, preteridas, virgens ofendidas, indefesas e fúteis criaturas que se acham moderninhas trocando gracinhas sobre sapatinhos.
Ora, com uma atitude tão confessadamente condicionada por humores, por ressentimentos, por manias, por propaladas fraquezas, como podem depois querer ser levadas a sério e olhadas como seres responsáveis, competentes e com capacidade para exercer cargos de coordenação ou liderança?
Ora, com uma atitude tão confessadamente condicionada por humores, por ressentimentos, por manias, por propaladas fraquezas, como podem depois querer ser levadas a sério e olhadas como seres responsáveis, competentes e com capacidade para exercer cargos de coordenação ou liderança?
E isto é válido para as empresas, para a vida em sociedade e para a política.
Onde andam as mulheres na política? Uma infeliz minoria.
E que falta fariam - mas mulheres de pleno direito, inteiras, fortes, orgulhosas, determinadas.
Mas onde estão as mulheres que falam de peito feito sobre a sociedade, que falam sem recear a crítica social, que falam e lutam pelas suas opiniões com orgulho e cabeça erguida, ou que falam dos seus amantes em vez de se queixarem das amantes dos maridos? São raras. As mulheres, elas próprias, frequentemente relegam-se para o plano de vítimas, de coitadas.
O trabalho de afirmação começa, pois, na cabeça das próprias mulheres.
*
Todas as imagens são pinturas de Paula Rego uma mulher livre que muito admiro e que tem no Um Jeito Manso lugar cativo.
*
E, por hoje, nada mais... e já não é pouco (e perdoem-me se encontrarem gralhas mas é que, dado o adiantado da hora, já não consigo voltar atrás e reler do princípio).
Desejo-vos, Caros Leitores, um dia muito feliz!
Excelente texto e muito bem "decorado" com a arte da Paula Rego.
ResponderEliminarTBM
Amiga:
ResponderEliminarFico arrepiada com estes números. 26 mulheres assassinadas por ex-companheiros. E o que elas sofreram antes? E o medo em que se transformou o amor, que lhes tiveram? Antes de morrerem de verdade, devem ter morrido 100 vezes.
Não consigo admitir o sentimento de posse, a ideia de que a mulher continua a ser tratada como objecto, ou besta de carga.
As mulheres da Paula Rêgo, agora que as entendo, representam bem, o que a maioria das mulheres continua a ser.
Fico triste, amiga.
Abraço grande
Mary
Passou pouco mais de um século sobre o tempo em que a lei portuguesa facultava ao marido, cuja mulher saísse de casa, o direito de a procurar e de a obrigar a regressar ao lar. Perdoava ainda ao marido que fosse "vítima" de adultério praticado pela esposa, o direito à vingança de sangue.
ResponderEliminarO nosso país é na realidade, sobretudo, rural. E estes costumes enraizados numa cultura bruta, arreigada a perconceitos religiosos, sociais e familiares, não se modificam no espaço de duas ou três gerações.
Por graça, ainda à relativamente pouco tempo, dizia num grupo de amigos, entre os quais se encontravam dois advogados, que ainda estão para acontecer os casos de violência entre mulheres e entre homens casados segundo a nova lei. E rematei dizendo que em minha opinião, uma forma de acabar com a violência doméstica, seria alterar a lei portuguesa e, já que se tornou possível casar civilmente pessoas do mesmo sexo, porque não, permitir a poligamia?!
Desta forma, cessariam ou diminuiriam as situações de ciume.
Depois, pensei melhor, e precisamente pelo facto que apontas, de as mulheres serem entre si, mais críticas e muitas vezes mais vís e contundentes... achei que secalhar a "coisa" não iria resultar, talvez fosse até piorar...
Gostei imenso deste texto, com imagens e música perfeitas.
ResponderEliminarNa sequência do que Bartolomeu escreveu no primeiro parágrafo do seu comentário, gostava apenas de dizer que não é preciso recuar tanto no que à lei diz respeito. Ainda em Junho deste ano li no Público um artigo, cujo título já diz muito: "Tribunais 'culpam' vítimas de violência doméstica". Isto no séc. XXI!
UJM,ainda bem que não deixou passar em branco os dados tenebrosos que ontem muitas de nós ouvimos sobre a violência doméstica, que faz sempre mais do que uma vítima. E tanto quanto vejo à minha volta, as mulheres lutam, mas fazem-no de forma diferente dos homens.
Um abraço,
MJN
Olá TBM,
ResponderEliminarMuito obrigada. Foi um texto muito sentido porque fico muito impressionada com estes casos de violência física ou psicológica. Não sei como se lida com uma coisa destas e imagino o sofrimento das mulheres que acaba com a sua morte. Que perturbação vai na cabeça destes homens que, sabendo que vão anos e anos para a prisão ou que a seguir se matam, para, apesar disso, resolverem tirar a vida à mulher que em tempos os amou? É tão estranho, tão doloroso.
Há qualquer coisa que torna as mulheres frágeis, que as leva a encobrirem isto ou a não serem capazes de se defender ou, sequer, pedir ajuda. E acho que, embora de outra maneira, é a mesma coisa que faz com que quase não haja mulheres em funções de responsabilidade. São ainda seres humanos sem todos os direitos. E o que me agasta mais é quando penso que, em parte, muita responsabilidade das própria mulheres que não se assumem como seres com tantos direitos como os homens. Ainda receiam muito a difamação, a opinião dos outros. Isso tolhe-as. Não sei bem mas qualquer coisa é.
Este assunto é um assunto difícil para mim. Gostava de ser capaz de fazer qualquer coisa para ajudar quem precisa mas não sei como.
Obrigada pelas suas palavras, TBM!
Olá Mary,
ResponderEliminarGostei de ter cá a Mary lutadora, compreensiva, conhecedora da vida. Penso também assim. Por cada mulher que é morta nestas situações, muitas dezenas de outras sofrem caladas as ofensas, as ameaças, as chantagens dos companheiros e ex-companheiros.
No outro dia li que a modelo Luísa Beirão que vemos sempre sorridente e bem encarada sofreu durante uns cinco ou seis anos agressões físicas do marido e, também, agressões verbais e psicológicas. E durante estes anos ela silenciou isso. Percebo que a mulher se sinta humilhada, que não queira expor a sua vida, que queira proteger a sua intimidade. Mas ao esconder isso, acaba por viver o medo e a vergonha em silêncio, em solidão e, ao mesmo tempo, mostra ao agressor que pode continuar a agredir porque não será denunciado.
É também certo que, com homens violentos e vingativos, sabendo que a mulher o denunciou, pode querer vingar-se ainda mais. É um risco. Mas também acho que os homens que batem ou, de alguma forma, são violentos com mulheres, são também muito cobardes e temem, também eles, a opinião pública. Mas também há protecção para mulheres em risco e há aconselhamento pelo que me parece que o pior é ficar a sofrer em silêncio.
São casos dolorosos, custa-me muito pensar nestas mulheres que vivem apavoradas, com medo do que um homem desvairado lhes possa fazer.
Agora outra coisa: esta nossa 'coisa' com a Paula Rego vem de trás e fico contente que veja agora estas mulheres com outros olhos. Não são bonitas, cuidadas, não fazem pose para o retrato. Mas são mulheres de verdade, em momentos de verdade, em casas de verdade. Eu gosto muito, já sabe. Há mulheres que se vêem sozinhas a abortar (na altura do aborto clandestino), há mulheres assustadas, acossadas, há mulheres abandonadas, feridas, há as criadas que existem para servir os patrões, há mulheres meninas que gostam de dançar embora já não tenham corpo para isso, há mulheres brincalhonas... enfim, é um mundo de mulheres muito marcantes, o mundo da pintura de Paula Rêgo.
Um abraço Mary e acho que estamos todos muito contentes por a termos por cá, transmitindo-nos a sua opinião.
Um bom dia (ou uma noite bem dormida, consoante a hora a que leia isto)!
Olá Bartolomeu,
ResponderEliminarÉ essa lei e o rasto que deixou, desculpabilizando o adultério praticado pelo homem e condenando dramaticamente o praticado pela mulher, que deixou fundas raízes na sociedade.
Num meio mais pequeno ou mais conservador, a perspectiva de uma mulher se ver difamada deve tolher-lhe os movimentos, deve fazer com que suporte em silêncio as ameaças e as agressões (mesmo que apenas agressões verbais).
E depois há um outro aspecto: se os vizinhos se apercebem que naquela casa há frequentemente situações de violência, devem ou não chamar as autoridades? No prédio em que eu morava antes, havia um casal que frequentemente se envolvia em discussões loucas, ouvíamos coisas a serem partidas, gritaria, portas a serem atiradas, coisas a caírem, choros e gritos. Nunca a polícia lá apareceu. Eu própria ouvia estarrecida aquilo sem saber o que fazer porque invariavelmente viamo-los no dia seguinte abraçados como namorados apaixonados. Não sei se na altura deveria ter chamado a polícia. Há aquela coisa de não nos querermos meter entre marido e mulher - mas, por vezes, isso é conivência com a agressor pois, quando há um crime e as televisões perguntam aos vizinhos, geralmente sabem que havia ali uma situação de risco.
Quanto a casamentos ou uniões de facto entre pessoas do mesmo sexo, penso que as agressões não aumentam por haver legalização de casamento. Mas são conhecidas brigas também violentas entre casais do mesmo sexo.
Quanto à poligamia, se eu quiser ser mais ligeira, dir-lhe-ei que não vejo nenhum impedimento à legalização da poligamia. Se os envolvidos estiverem de acordo, não vejo porque não e, as comunidades em que faz parte da cultura natural, parecem-me felizes e tranquilas. Não sei se há alguns aspectos que me estejam a escapar e que torne a prática desaconselhável mas, em abstracto, não me parece mal.
Claro que, no meu caso pessoal, não me parece que corresse nada bem ter cá uma outra mulher em casa. Mas podia não passar por aí... (estou a brincar, tanto mais que estas coisas só funcionam bem se forem naturais). Há o 'clássico' do Otelo, tão noticiado há tempos, um bígamo que tem duas mulheres e que parece que é tudo pacífico, tanto mais que não coabitam: uns dias está com uma, nos outros dias em casa da mulher. Se estão todos bem, a mim também me parece bem. Resta saber se ele, com o feitio que se lhe conhece, aceitaria bem que a mulher estivesse com ele uns dias e, nos outros, com outro homem. Mas, enfim, não sei como é, pelo que nem devo estar para aqui a opinar sobre um caso particular que apenas conheço pela opinião pública. Mas o que quero dizer, sobre isto, é que são assuntos de ordem pessoal e cada um sabe de si desde que não se faça mal a ninguém.
Todas as pessoas têm direito à felicidade, a uma vida tranquila, vivida na plenitude dos seus direitos - e isso é o que importa.
Gostei muito do comentário. Já me deu que pensar e estou para aqui a falar como se estivesse numa tertúlia.
Um dia feliz, Bartolomeu!
Olá MJN,
ResponderEliminarMuito obrigada pela visita e pelas suas palavras.
Todos os dias se sabe de mais casos, de mais violências e, como é sabido por todos, quem apresenta queixa é apenas uma parte do que acontece.
No Expresso online de hoje lê-se que se pensa que apenas um terço das vítimas apresenta queixa (http://expresso.sapo.pt/apenas-um-terco-das-vitimas-de-violencia-domestica-apresenta-queixa=f751340).
Ou seja, por cada uma que tem coragem para se queixar, há duas que escondem, silenciam, que vivem uma vida de medo e angústia.
Tenho muita pena disto e era bom que se adquirisse uma consciência que levasse todos a não permitir isto (nem as mulheres ofendidas, agredidas o deveriam permitir, nem a sociedade deveria ser tolerante para com agressores).
Quanto às mulheres, lutam, algumas lutam, é verdade. Mas não se protegem umas às outras, como os homens o fazem. Os homens têm os lugares de poder ocupados desde há muitos anos e blindam-nos, defendendo-se uns aos outros. As mulheres não conseguem ainda ultrapassar algum atavismo, algum receio social, receiam que sejam vistas como masculinas, como 'oferecidas', como más mães, etc - ou seja, as mulheres vivem com uma grande carga de culpa em cima, receiam, receiam muito e esse receio tolhe-lhes os movimentos.
Claro que há muitas que não são assim. Mas muitas são.
Para terminar e uma vez mais: obrigada pelas suas palavras tão gentis. Palavras assim são para mim um incentivo que muito agradeço.
Um abraço, MJN, e volte sempre!
Um grande texto, escrito de dentro para fora.
ResponderEliminarEste país de marialvas vai continuar 'à usança' o seu percurso histórico-cultural atávico, marcado pelo opróbrio da violência sobre a mulher.
Um abraço
Olá jrd,
ResponderEliminarMuito obrigada. É mesmo escrito cá de dentro. Pensar nas mulheres que vivem fragilizadas, assustadas, envergonhadas, sem coragem para se queixarem, é coisa que me dá uma pena muito grande, que me revolta, que me faz falar mas até um bocado a medo pois não sei quem me lê, receio magoar alguma mulher que pense que eu estou a falar sem saber bem a dimensão do drama que são situações assim.
E ver, também, estas 'leis' pretensamente modernas que parece que são grande coisa e que, no fundo, são parte da mesma humilhação, é coisa que também me custa muito.
É uma sociedade atrasada, esta. E se Bruxelas é atrasada, burocrática, estúpida, Portugal, fora dos grandes meios, é ainda mais atávico. É este país atrasado, em muitas coisas quase medieval, que assiste atarantado e passivo ao que se passa um pouco por todo o lado, mesmo à frente dos nossos olhos.
(E esta nomeação de que fala hoje no seu 'bons tempos, hein?!' é apenas mais um exemplo)
Um abraço, jrd e desejo-lhe um bom dia!
Olá,
ResponderEliminarEste é um assunto que nos impressiona, doi, humilha e revolta.
Trabalhei em tempos com uma rapariga de vinte e poucos anos, que pouco tempo depois de casada perdeu a alegria e deixou de almoçar ou tomar café com as colegas.Passado quase um ano, só nós as mais velhas, conseguimos saber que o marido afastou-a de familiares e amigos, escolhia-lhe a roupa e opunha-se a que cortasse o cabelo. Depois de um aborto espontaneo a situação piorou.
Depois de sinais evidentes de violencia fisica, levamo-la a uma associação de apoio, cuja tentativa de exposição não lhe agradou, por vergonha e medo. A denuncia à policia não correu bem, pois um agente era amigo do marido e aconselhou-a a voltar para casa e não falar no assunto, outro disse-lhe que todos os casais têm desentendimentos etc etc.
Só depois de tentar o suicidio a familia interviu, conseguiu o divorcio mas vivia com medo, nunca mais foi a mesma.
Passaram-se sete ou oito anos, e as estatisticas mostram que não se melhorou.
Parece que à medida que o homem evolui, o sentimento de posse aumenta e hoje a violencia começa já no namoro.
As mulheres já têm que provar todos os dias que são tão capazes como o homem de desempenhar cargos de topo. Ainda são penalizadas pela maternidade e vão ter que redobrar a educação e formação das meninas de modo a não permitirem numca serem humilhadas.
Por muito que se alerte, todos os dias aparecem novos casos, será que por serem comuns parecem-lhes normais?
A propósito do caso da professora assassinada, hoje quando fui ao consultório do médico (dei um trambolhão ao passear com o cão por cima de uns rochedos, este fim-de-semana e fiquei com uma perna algo “avariada”), a funcionária que faz o atendimento desabafou sobre a desgraça da vida dela, com um homem (com quem vive há anos) que lhe bate quase todos os dias, bebe, é violento, ciumento, insulta-a e obriga-a a dormir no chão da cozinha (ele no quarto), sendo que é ela quem paga a renda de casa e sustenta ambos, visto ele estar desempregado e, alcoolizado como está, difícil irá ser encontrar trabalho. Tal, todavia, não é, nunca pode ser(!) justificação para os seus barbáricos e criminosos actos. Em tempos, apresentou queixa na GNR e dali o caso transitou para o MP, acabando, por falta de provas testemunhais, por ser arquivado. Mostrou-me o texto daquela decisão e perante isto (já em tempos me tinha mencionado de passagem) propus-lhe que rescindice o contrato de renda de casa (a opção dela é ir para casa da mãe) e, depois, se ele continuasse a optar por atitudes de agressão para com ela, seria mais fácil, através da vizinhança (testemunhal), voltar a apresentar queixa, já que aquela decisão não era resultado de uma sentença transitada em julgado. Propus-lhe eu próprio redigir-lhe a Participação, que ela assinaria e entregaria – directamento no Tribunal, sem custos de qualquer espécie (muito menos meus). Enfim, procurei, modestamente, dar o meu contributo para que uma mulher não continue a ser vítima de um bandalho que a agride. Estas situações enojam-me. Revoltam-me. Lamentavelmente, são típicas das sociedades mediterrânicas e atípicas, por exemplo, no Norte da Europa. Resquícios que ficaram no nosso ADN dos tempos da influênia nefasta da Igreja, da Ditadura? Não sei! - 2) Não me ficando muito mais tempo de escrita, resta-me dizer que gostei do que escreveu a seguir. Acrescentaria, ainda assim, uma opinião: sempre fui contra a “igualdade quer de género, quer de raça, quer do que seja, por decreto, ou decisão política”. Defendo que não é esse o caminho - mas o da “igualdade de oportunidades”! Um posto de destaque numa qualquer profissão, administração pública ou privada, direcção, etc, deve ser entregue ao/à mais competente, seja mulher, homem, negro, branco, asiático, etc. Irmos por caminhos como a da proporcionalidade de género, ou raça, por exemplo, é perigoso, absurdo e totalmente errado. Podemos acabar por permitir incompetentes nesses lugares. Interessa a qualidade e não a côr ou o sexo. Claro, haverá, nesse sentido, que providenciar que essa imparciabilidade na escolha seja séria e permita a escolha do/da melhor. A minha experiência profissional (e já tive mais do que uma) diz-me que as mulheres, muitas das vezes, são mais ponderadas nas decisões a tomar. E fica-me a impressão de que os homens são mais vulneráveis ao tráfico de influências. Convivem “melhor” (do que o género feminino) com este cancro das sociedades modernas. Por fim, os quadros que escolheu, da Paula Rego, estão adequados ao tema do sofrimento da mulher. De algum modo, acabei (momentâneamente) “rendido” à Grande Artista!
ResponderEliminarP.Rufino
Olá Pôr do Sol,
ResponderEliminarTestemunhos de casos que presenciamos ou que nos contam. Custa muito saber. Imaginemos nós próprias a levar bofetadas, a sermos agredidas, a sermos insultadas e humilhadas. Como o permitiríamos? Por medo? Por falta de força para nos revoltarmos? Para esconder dos filhos? com medo de que, separando-nos, um homem agressivo assim fique depois, sozinho, alguns dias por mês com os filhos? Há razões para temer isso. Percebo.
Mas há maneiras de obter protecção. Há que ter coragem para passar por essas fases para sair de uma situação vexante e perigosa.
Tem razão. As notícias dão-nos conta que a violência começa agora no namoro. Penso que a televisão banaliza a violência, os jogos de computador violentos banalizam a violência. É preocupante.
Acho que se deveria falar mais disto, ouvir testemunhos, aconselhar as mulheres, fazer com que saibam como agir, fazer com que percam o medo e a vergonha para se poderem defender.
Quanto ao que se passa no mundo do trabalho, se compararmos o número de mulheres em órgãos de direcção com o número de homens veremos que são uma ínfima minoria. Eu própria durante muitos anos fui uma entre muitos homens. Agora somos duas entre muitos homens.
Mas as mulheres têm que se saber afirmar. Afirmarem-se pelos seus valores e não fazerem-se de coitadinhas. Mostrar que não se querem migalhas mas aquilo a que se tem direito, mostrar que são tão aptas como os homens, mostrar que conseguem desempenhar as suas funções apesar de serem mulheres, mães.
Tem que ser com estudo e persistência e coragem. é isso mesmo, Pôr do Sol.
Muito obrigada pelas suas palavras.
Um beijinho, Sol nascente, e tenha um belo dia!
Olá P. Rufino,
ResponderEliminarO seu comentário é um precioso testemunho e um precioso contributo para que alguém que o leia e esteja a precisar de alguns conselhos tenha algumas ideias de como é possível enfrentar estas situações tão melindrosas.
Eu tento pôr-me no lugar de quem passa por um horror destes e penso que eu também não saberia como agir. Se um sujeito perigoso, ciumento, psicopata, vingativo, se recusa a separar-se e a sair de casa, como fazer? Sai a mulher? E se tem filhos vai sujeitar as crianças a sair de casa? e como evitar que o homem vá buscar as crianças à escola?
Eu não saberia o que fazer, tanto mais que, quem vive isto, anda assustado, nem pensa bem.
Por isso digo que, de facto, o melhor é falar, é pedir ajuda. Há quem possa apoiar.
Gostei muito que tivesse dado as explicações que deu pois são pistas que quem esteja numa situação desgraçada assim, vai gostar de saber. Tomara possam ser úteis para mais pessoas.
Quanto à igualdade tem razão, não se decreta. Mas a questão é que naturalmente parece que não vai lá ou vai muito devagar. Não sei, não tenho ideias. Penso que no meu trabalho também não faria sentido impor percentagens, nunca faz. Mas como a maioria é masculina, parece que temem as mulheres e acabam quase sempre por ser escolhidos homens. Outras vezes, são as mulheres que parece que agem a medo ou se perdem em quezílias absurdas e acabam por provocar sorrisinhos complacentes por parte dos homens. Um longo caminho a percorrer, sem dúvida. Mas é falando que se vai lá. Lutando. Conversando, expondo razões.
Para terminar (que já passa outra vez das 2 da manhã...), fico contente que tenha visto as mulheres pintadas por Paula Rego sob outra perspectiva. São mulheres humanas e não modelos. E os quadros parece que transportam as vivências dessas mulheres. Há é que tentar olhá-las como mulheres de verdade, não mulheres artificiais. Eu gosto muito. Acho que a Paula Rego percebe as angústias, os medos das mulheres - percebe e sabe transmitir.
Obrigada uma vez mais pelas suas preciosas palavras e tenha um belo dia, P. Rufino!
Gostei muito desta crónica. É uma homenagem póstuma feita às Mulheres vítimas dos seus companheiros ou ex-companheiros. As Mulheres de Paula Rego foram muito bem escolhidas para ilustrar o sofrimento destas mulheres vítimas de violência doméstica, que passaram por humilhações na alma e no corpo infringidas por aqueles que juraram amor e partilha no bem e no mal, na saúde e na doença até ao resto das suas vidas...e fracassaram.
ResponderEliminarDepois de viverem anos e anos como mártires, sob ameaças constantes, desconfianças, desilusões, maus tratos e abusos diversos, refugiaram-se na solidão, na esperança de que o dia seguinte fosse melhor, e não fizeram nada, por vergonha e por medo de represálias.
Pobres Mulheres que acabaram por cair numa cilada armada por eles pois não suspeitaram sequer que aqueles amantes com quem partilharam momentos bons e maus das suas vidas as pudessem trair e até roubarem-lhes a própria vida.
A estas Mulheres, que foram crianças cheias de sonhos e de projectos irrealizados, Mães dedicadas e esposas dignas mas incompreendidas, devemos de nos ajoelhar em sua memória e rezar pelas suas almas. Devemos ainda lutar para que estas situações sejam denunciadas e jamais sejam notícia de capa de revista, por causas tão desumanas ....
E uma das medidas a pôr em prática, como refere na sua crónica, está na valorização da Mulher.
Também concordo consigo quando refere que o papel secundário que a Mulher desempenha na sociedade se deve a motivos ancestrais, pois estão muito enraizados. Ela devia de contrariar estas ideias e afirmar-se como líder, pois tem dupla capacidade para o fazer. Deixar-se de lamurias e de superficialidades e conquistar o espaço na sociedade que lhe é devido. Ela é inteligente, corajosa, organizada e tem na mão todas as chaves para abrir o caminho para a sua realização pessoal e profissional. É preciso despertar as suas mentes para que lutem pelos seus direitos, exijam que a sociedade as reconheça como MULHER, MÃE e LIDER.
Resta-me pedir desculpa por esta minha exaltação e agradecer-lhe mais este belíssimo artigo em defesa dos direitos da Mulher.
Gostei muito do seu texto e gostei imenso das pinturas. Sou uma admiradora da Paula Rego.
ResponderEliminarQuem está de fora, muitas vezes dá opiniões sem saber, mas faz-me confusão como é que muitas mulheres suportam às vezes durante anos e anos tanta violência.
Vão aceitando, vão aceitando e quando às vezes querem sair da situação já não conseguem.
Este é um assunto que dá pano para mangas.
Um beijinho
P. Rufino,
ResponderEliminarVolto aqui apenas para reparar uma falha imperdoável. Respondi ao seu comentário já tarde e más horas e, focada no assunto central, passou-me o ter-lhe desejado as melhoras da sua perna.
Aqui fica agora o meu desejo de que se ponha bom e que não volte a ter acidentes, especialmente em sítios pouco macios...
Olá Maria Eduardo,
ResponderEliminarGostei muito de ler as suas palavras tão sentidas. Eu também fico revoltada e angustiada com a forma como ainda, nos dias de hoje, há tanta marginalização relativamente às mulheres. O que leva uma mulher a tolerar a agressividade, as ameaças continuadas de um homem? O amor? O medo de prejudicar os filhos? A vergonha? O receio de novas retaliações? A esperança que as coisas melhorem?
Penso que, seja o que for, é infundado pois um homem que tem essa maneira de ser dificilmente muda. Depois mal aos filhos faz viver uma situação de medo. Vergonha? Mas de quê? pior que isso é viver uma vida de mentira, escondendo as agressões e a violência.
Num caso assim o que a mulher deve fazer é pedir ajuda. É um facto que um homem desvairado, agressivo, pode mesmo vingar-se e acabar por cometer um crime. E, por isso, ela deve pedir ajuda pois há protecção para casos assim.
Acho que devo falar nisto pois diariamente o blogue é lido por trezentas e tal pessoas, em média, e entre estas pessoas pode estar alguém que esteja a passar por uma situação destas e isto pode servir de alguma ajuda.
Quanto à discriminição nas empresas e organizações, é outra face da mesma coisa. São ainda os homens a menorizarem as mulheres, a porem e disporem deixando-as em plano secundário.
Temos que bater o pé a isto mas de igual para igual, não com chiliques ou frescuras.
Por isso, concordo em absoluto consigo e gostei muito de ler o que escreveu.
Muito obrigada, Maria Eduardo!
Olá Isabel,
ResponderEliminarTem razão. Não sabemos como se chega a uma situação limite como o destas pobres mulheres que foram assassinadas. Talvez aguentem um dia, depois voltam a suportar, e vão desculpando, e vão esperando que passe, e vão-se convencendo que é por amor, e vão ganhando medo, e nem devem saber como sair do pesadelo. Eu percebo muito bem isto pois acho que eu, numa situação assim, também tinha medo de denunciar, medo de vinganças, medo que virasse os meus filhos contra mim, nem sei, medo. Acho que uma mulher que vive um pesadelo destes torna-se uma pessoa com medo e o medo tolhe os movimentos e a vida a qualquer um.
Por isso, acho que se falarmos disto, poderá ser útil não apenas á consciencialização geral como a algumas pessoas, em particular.
Obrigada, Isabel e um beijinho.
Olá!
ResponderEliminarCá vou indo, mas a pernoca ficou mal. Lá me foram receitados uns comprimidos e uma pomadeca e espero recuperar. Se não (diz o médico)...e aqui fiquei algo preocupado... Isto de "acompanhar" Wippets em alta velocidade dá mal resultado.
Obrigado,
P.Rufino
P. Rufino,
ResponderEliminarNem me fale em comprimidos e pomadas que nisso estou 'escolada'. Anti-inflamatórios (dos que são péssimos para o estômago) tomei-os com fartura no mês e picos que precedeu a cirurgia.
Mas, olhe, cuidado mesmo com as quedas, em especial se afectou os joelhos, porque se há sítio no corpo em que as coisas só tendem a agravar-se com o tempo são os joelhos. É uma parte do corpo muito irrigada, cheia de tendões, cheia de ossinhos e cartilagens. As pancadas às vezes desestabilizam o equilíbrio daquela engrenagem toda e como é um sítio sempre em utilização e sujeito a pressões, é fácil que passe a sofrer inflamações. Por isso, qualquer coiseca deve ser sempre muito bem tratada, senão...
As melhoras e veja se leva esse folião à rédea curta...