Então e para o Relvas não vai nada, nada, nada...?!
Então não...? Toca a música...!
Então não...? Toca a música...!
Pela segunda vez no UJM:
Quim Barreiros e Os Pêlos do Coelhinho (referir-se-á ele aos pêlos do cada vez mais descabelado Passos Coelhinho?)
Quim Barreiros e Os Pêlos do Coelhinho (referir-se-á ele aos pêlos do cada vez mais descabelado Passos Coelhinho?)
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Relvas virou anedota generalizada. Pelos jornais, pelos blogues, pela televisão, por todo o lado, a galhofa é geral.
Mas, mais divertido do que as anedotas (a das relações sexuais aos 13 anos obtidas por equivalência a outra actividade mais solitária, a do jantar sozinho no jantar de fim curso, a do dá licença? está licenciado, etc, etc, etc), são as imagens do próprio Relvas.
• A hilariante declaração do Relvas, numa biblioteca com uma televisão por trás, a dizer, antes de fugir, que sempre norteou a sua vida pela simplicidade da procura do conhecimento permanente (terá sido a assessora de imagem de Passos Coelho, também, surpreedentemente, nomeada para coordenar um grupo de trabalho para as TIC, uma tal Marta Sousa, a escrever-lhe aquela extraordinária sound bite?),
• ou a imagem que sempre aparece dele na televisão em que, junto a uma porta, aquele sujeito insuportável, um autêntico papagaio televisivo, o deputado Carlos Abreu Amorim, se atira solicitamente sobre ele, num gordo abraço arrebatado,
• ou, ainda, a imagem dele, dizendo as suas habituais faceirices, a rir - hélas, faltando-lhe um dentinho...,
tudo o que aparece do Relvas é digno de sitcom, é digno de rábula de revista, é digno de anedota, e de anedota para todos os gostos, desde a anedota de mais fino recorte blogueiro até a piadolas de taberna.
Passos Coelho mantém-no como número dois do Governo e faz muito bem porque assim percebe-se melhor quem é Passos Coelho e de que material é feito este Governo.
(Mas o drama português vai muito para além da mediocridade do Governo. Só que estou a escrever isto na noite de sábado para domingo e há que ter noção das coisas: numa noite de sábado para domingo não se fala de misérias tão deploráveis.)
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Assim sendo, vou falar de coisas simples, ligeiras (... enquanto, nos bastidores do País, o Coelho, o Relvas, o Borges, assessores, consultores e escritórios de advogados trabalham afanosamente para passar a patacas as maiores empresas do País - ...mas, ok, agora, faz de conta que agora não me lembro disso...).
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Se já ouviram a música dedicada ao inexpugnável Relvas, então, está na hora de mudar de registo.
Música de novo, por favor
Se já ouviram a música dedicada ao inexpugnável Relvas, então, está na hora de mudar de registo.
Música de novo, por favor
Katie Melua - If you were a sailboat
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Ora, então, o que tenho a dizer é que é uma saturação estar a maior parte do tempo restrita a um sofá, de pernas estendidas. Chega-se a um ponto em que já não há paciência.
Fotografia de Guy Bourdin |
Falta-me a paciência para ler, para ver televisão, para tudo. Não obstante, hoje esforcei-me e felizmente fui bem sucedida. Estive a ler um livro que me atenuou a moleza: 'Os amores difíceis' de Italo Calvino, um conjunto de saborosas histórias - e chamo-lhes saborosas por mero espírito estival.
Fotografia de Guy Bourdin |
Ou seja, apesar de na horizontal e com tanto calor como se tivesse um urso a dormir em cima de mim, gostei imenso daquelas histórias em que pequenos e irrelevantes acontecimentos acabam por ter um efeito enorme, senão brutal, na vida das pessoas.
De qualquer forma, acho que estou melhor (mal fora... já lá vão oito dias) e já começo a ensaiar passos mais longos, até por vezes já me sento quase normalmente (enfim, quase, pois ainda há algumas restrições).
Fotografia de Steven Klein |
Passo ante passo, com mil vagares, já me aventuro a outros poisos, já me sento à mesa (mantendo os devidos cuidados porque a mobilidade ainda não é perfeita). E amanhã já vou almoçar fora e já estou na disposição de ir passear (de carro, claro). Por isso, não tarda estou a voltar aos meus passeios pela beira do rio, contemplando os barcos, os pescadores, os peixes que nadam junto à superfície.
Fotografia de Guy Bourdin |
Até lá, contento-me em olhar os peixes através de um aquário imaginário, imaginado-me eu própria dentro de água, nadando, sentindo a água fresca, o maravilhoso cheiro da maresia.
E, então, fecho os olhos, ouço os movimentos quase silenciosos dos peixes, sinto a frescura da água em volta do meu corpo e, quando dou por mim - para que eu, ainda convalescente, não me canse - já um cavalo me leva agarrada ao seu pescoço, como se fosse um ágil sailboat.
Fotografia de Steven Klein |
O mar é azul marinho, a temperatura é baixa, tão fresca, tão retemperadora, a luz é escassa, o meu corpo branco é quase o único ponto de luz e eu ali vou, feliz e expectante, levada por um veloz cavalo marinho.
E o cavalo voa dentro de água, voa sem se cansar e depois mergulha, mergulha, vai até ao sítio mais escuro e mais fundo onde só habitam vultos, deuses, sereias, corais, tesouros, e leva-me para os braços do meu amor que me espera num castelo verde, forrado de limos macios como veludo, com algas douradas como cortinas.
Que bom é o amor nos castelos do fundo do mar.
E o cavalo voa dentro de água, voa sem se cansar e depois mergulha, mergulha, vai até ao sítio mais escuro e mais fundo onde só habitam vultos, deuses, sereias, corais, tesouros, e leva-me para os braços do meu amor que me espera num castelo verde, forrado de limos macios como veludo, com algas douradas como cortinas.
Que bom é o amor nos castelos do fundo do mar.
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E é domingo, um dia para se estar muito bem disposto. Tenham, meus Caros, muita saúde e muita alegria.
Que fotografias lindas! Gostei especialmente da primeira e da última: irónicas, femininas, oníricas. Combinam com esta sua casa.
ResponderEliminarDesejo-lhe as melhoras e bons passeios, no espaço ou no imaginário.
Para quando mais um dos seus contos, "folhetins"? Esta paragem forçada não a inspira? Tem escrito entradas, "posts", interessantes; recordo os textos sobre as suas estantes ou sobre a geometria, inspirados.
Quanto a relvas e afins, parece-me que os portugueses começam a ficar fartos e a aproximar-se de um ponto explosivo. Esperemos que a rentree não venha acender o rastilho
Um beijinho
Realmente falar da situação do país deixa-nos doentes. Todos os dias se ouvem notícias que revoltam, perante a nossa total impotência para obrigarmos a um BASTA!
ResponderEliminarEspero que melhore depressa, para poder sair e trazer as suas belas fotos.
Pode-se ansiar pelo repouso e sossego, mas quando é forçado, cansa rapidamente.
Um beijinho e bom domingo
Olá Leitora de A Matéria dos Livros,
ResponderEliminarGosto muito destes fotógrafos, têm pinta, captam a essência feminina mas sempre de um forma pouco óbvia. E as mulheres de pernas estendidas condizem bem com a minha postura usual por estes dias...se bem que já estou a fazer progressos!
Já subi e desci uns degrauzitos, fartei-me de passear (embora grande parte do tempo de carro).
Quanto a escrever... parece que não. Como já expliquei, parece que a minha cabeça se formatou para trabalhar rapidamente, sem tempo para pensar. Estando a larga, cheia de tempo, parece que não dá. E depois também parece que tenho que estar sentada ali na minha mesa ao pé da janela. Como estar com as pernas em ângulo ainda não é fácil, não escrevo na mesa mas no sofá, o que é desconfortável, parece que as ideias ficam bloqueadas com isto.
Deve ser difícil de perceber para quem lê mas é isto. Um desperdício de tempo... Mas que hei-de eu fazer?
Quanto ao relvas e afins, como muito bem diz, também acho que o ridículo assumiu proporções excessivas. A coisa não vai correr bem.
Um beijinho Leitora!
Olá Isabel,
ResponderEliminarHoje já me desforrei. Estive no meio do meu pessoalzinho. Eu sentada e eles a brincarem e os mais crescidos a tomarem conta: foi só ir tirando fotografais. Uma ternura, mesmo queridos. Estive agora a ver e é uma graça, todos sempre bem dispostos, brincalhões.
Descanso forçado é uma seca, mesmo. Tomara os dias em que não tenho tempo para nada. Agora tenho todo o tempo possível e não me apetece fazer nada. Estou no sofá e parece que, sem estar sentada na minha mesa, é impossível escrever. Devo padecer do mal do reflexo de Pavlov. Tenho que estar sentada na minha mesa, cansada, às quinhentas da noite e cheia de sono para conseguir produzir. Mudo de habitat e de ritmo e fico 'despassarada'.
Obrigada pela presença e pelas suas palavras.
Um beijinho, Isabel.
Já me ri com essa do reflexo de Pavlov!
ResponderEliminarBoas melhoras!
Isabel,
ResponderEliminarMas é que é a sério. Amanhã a ver se já me aguento sentada na minha cadeira e mesas habituais, a espreitar pela janela, para ver se já consigo produzir alguma coisa de jeito.
(Mas, na volta, molengo o dia todo e só me aparece inspiração lá para a meia noite ou depois...)