domingo, julho 15, 2012

Uma vez mais sobre o Relvas que felizmente ainda é ministro, o braço direito de Passos Coelho. E, numa de fuga (ao Relvas e ao calor), deslizo da indolência do sofá até à frescura no fundo do mar


Então e para o Relvas não vai nada, nada, nada...?!

Então não...? Toca a música...!


Pela segunda vez no UJM: 
Quim Barreiros e Os Pêlos do Coelhinho (referir-se-á ele aos pêlos do cada vez mais descabelado Passos Coelhinho?)

*

Relvas virou anedota generalizada. Pelos jornais, pelos blogues, pela televisão, por todo o lado, a galhofa é geral. 

Mas, mais divertido do que as anedotas (a das relações sexuais aos 13 anos obtidas por equivalência a outra actividade mais solitária, a do jantar sozinho no jantar de fim curso, a do dá licença? está licenciado, etc, etc, etc), são as imagens do próprio Relvas. 




A hilariante declaração do Relvas, numa biblioteca com uma televisão por trás, a dizer, antes de fugir, que sempre norteou a sua vida pela simplicidade da procura do conhecimento permanente (terá sido a assessora de imagem de Passos Coelho, também, surpreedentemente, nomeada para coordenar um grupo de trabalho para as TIC, uma tal Marta Sousa, a escrever-lhe aquela extraordinária sound bite?),

ou a imagem que sempre aparece dele na televisão em que, junto a uma porta, aquele sujeito insuportável, um autêntico papagaio televisivo, o deputado Carlos Abreu Amorim, se atira solicitamente sobre ele, num gordo abraço arrebatado,

ou, ainda, a imagem dele, dizendo as suas habituais faceirices, a rir - hélas, faltando-lhe um dentinho...,

tudo o que aparece do Relvas é digno de sitcom, é digno de rábula de revista, é digno de anedota, e de  anedota para todos os gostos, desde a anedota de mais fino recorte blogueiro até a piadolas de taberna.

Passos Coelho mantém-no como número dois do Governo e faz muito bem porque assim percebe-se melhor quem é Passos Coelho e de que material é feito este Governo. 

(Mas o drama português vai muito para além da mediocridade do Governo. Só que estou a escrever isto na noite de sábado para domingo e há que ter noção das coisas: numa noite de sábado para domingo não se fala de misérias tão deploráveis.)

*

Assim sendo, vou falar de coisas simples, ligeiras (... enquanto, nos bastidores do País, o Coelho, o Relvas, o Borges, assessores, consultores e escritórios de advogados trabalham afanosamente para passar a patacas as maiores empresas do País - ...mas, ok, agora, faz de conta que agora não me lembro disso...).

*

Se já ouviram a música dedicada ao inexpugnável Relvas, então, está na hora de mudar de registo.

Música de novo, por favor



Katie Melua - If you were a sailboat

*

Ora, então, o que tenho a dizer é que é uma saturação estar a maior parte do tempo restrita a um sofá, de pernas estendidas. Chega-se a um ponto em que já não há paciência.




Fotografia de  Guy Bourdin


Falta-me a paciência para ler, para ver televisão, para tudo. Não obstante, hoje esforcei-me e felizmente fui bem sucedida. Estive a ler um livro que me atenuou a moleza: 'Os amores difíceis' de Italo Calvino, um conjunto de saborosas histórias - e chamo-lhes saborosas por mero espírito estival. 





Fotografia de  Guy Bourdin  


Ou seja, apesar de na horizontal e com tanto calor como se tivesse um urso a dormir em cima de mim, gostei imenso daquelas histórias em que pequenos e irrelevantes acontecimentos acabam por ter um efeito enorme, senão brutal, na vida das pessoas.

De qualquer forma, acho que estou melhor (mal fora... já lá vão oito dias) e já começo a ensaiar passos mais longos, até por vezes já me sento quase normalmente (enfim, quase, pois ainda há algumas restrições).




Fotografia de Steven Klein 


Passo ante passo, com mil vagares, já me aventuro a outros poisos, já me sento à mesa (mantendo os devidos cuidados porque a mobilidade ainda não é perfeita). E amanhã já vou almoçar fora e já estou na disposição de ir passear (de carro, claro). Por isso, não tarda estou a voltar aos meus passeios pela beira do rio, contemplando os barcos, os pescadores, os peixes que nadam junto à superfície.




Fotografia de  Guy Bourdin  


Até lá, contento-me em olhar os peixes através de um aquário imaginário, imaginado-me eu própria dentro de água, nadando, sentindo a água fresca, o maravilhoso cheiro da maresia.

E, então, fecho os olhos, ouço os movimentos quase silenciosos dos peixes, sinto a frescura da água em volta do meu corpo e, quando dou por mim - para que eu, ainda convalescente, não me canse - já um cavalo me leva agarrada ao seu pescoço, como se fosse um ágil sailboat.




Fotografia de Steven Klein   


O mar é azul marinho, a temperatura é baixa, tão fresca, tão retemperadora, a luz é escassa, o meu corpo branco é quase o único ponto de luz e eu ali vou, feliz e expectante, levada por um veloz cavalo marinho.

E o cavalo voa dentro de água, voa sem se cansar e depois mergulha, mergulha, vai até ao sítio mais escuro e mais fundo onde só habitam vultos, deuses, sereias, corais, tesouros, e leva-me para os braços do meu amor que me espera num castelo verde, forrado de limos macios como veludo, com algas douradas como cortinas.

Que bom é o amor nos castelos do fundo do mar.

***

E é domingo, um dia para se estar muito bem disposto. Tenham, meus Caros, muita saúde e muita alegria.

6 comentários:

  1. Que fotografias lindas! Gostei especialmente da primeira e da última: irónicas, femininas, oníricas. Combinam com esta sua casa.

    Desejo-lhe as melhoras e bons passeios, no espaço ou no imaginário.
    Para quando mais um dos seus contos, "folhetins"? Esta paragem forçada não a inspira? Tem escrito entradas, "posts", interessantes; recordo os textos sobre as suas estantes ou sobre a geometria, inspirados.
    Quanto a relvas e afins, parece-me que os portugueses começam a ficar fartos e a aproximar-se de um ponto explosivo. Esperemos que a rentree não venha acender o rastilho

    Um beijinho

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  2. Realmente falar da situação do país deixa-nos doentes. Todos os dias se ouvem notícias que revoltam, perante a nossa total impotência para obrigarmos a um BASTA!

    Espero que melhore depressa, para poder sair e trazer as suas belas fotos.
    Pode-se ansiar pelo repouso e sossego, mas quando é forçado, cansa rapidamente.
    Um beijinho e bom domingo

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  3. Olá Leitora de A Matéria dos Livros,

    Gosto muito destes fotógrafos, têm pinta, captam a essência feminina mas sempre de um forma pouco óbvia. E as mulheres de pernas estendidas condizem bem com a minha postura usual por estes dias...se bem que já estou a fazer progressos!

    Já subi e desci uns degrauzitos, fartei-me de passear (embora grande parte do tempo de carro).

    Quanto a escrever... parece que não. Como já expliquei, parece que a minha cabeça se formatou para trabalhar rapidamente, sem tempo para pensar. Estando a larga, cheia de tempo, parece que não dá. E depois também parece que tenho que estar sentada ali na minha mesa ao pé da janela. Como estar com as pernas em ângulo ainda não é fácil, não escrevo na mesa mas no sofá, o que é desconfortável, parece que as ideias ficam bloqueadas com isto.

    Deve ser difícil de perceber para quem lê mas é isto. Um desperdício de tempo... Mas que hei-de eu fazer?

    Quanto ao relvas e afins, como muito bem diz, também acho que o ridículo assumiu proporções excessivas. A coisa não vai correr bem.

    Um beijinho Leitora!

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  4. Olá Isabel,

    Hoje já me desforrei. Estive no meio do meu pessoalzinho. Eu sentada e eles a brincarem e os mais crescidos a tomarem conta: foi só ir tirando fotografais. Uma ternura, mesmo queridos. Estive agora a ver e é uma graça, todos sempre bem dispostos, brincalhões.

    Descanso forçado é uma seca, mesmo. Tomara os dias em que não tenho tempo para nada. Agora tenho todo o tempo possível e não me apetece fazer nada. Estou no sofá e parece que, sem estar sentada na minha mesa, é impossível escrever. Devo padecer do mal do reflexo de Pavlov. Tenho que estar sentada na minha mesa, cansada, às quinhentas da noite e cheia de sono para conseguir produzir. Mudo de habitat e de ritmo e fico 'despassarada'.

    Obrigada pela presença e pelas suas palavras.

    Um beijinho, Isabel.

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  5. Já me ri com essa do reflexo de Pavlov!
    Boas melhoras!

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  6. Isabel,

    Mas é que é a sério. Amanhã a ver se já me aguento sentada na minha cadeira e mesas habituais, a espreitar pela janela, para ver se já consigo produzir alguma coisa de jeito.

    (Mas, na volta, molengo o dia todo e só me aparece inspiração lá para a meia noite ou depois...)

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