Música, por favor
Madeleine Peyroux - Things I've seen today
Cheguei a casa muito tarde. Liguei há pouco o computador e agora que comecei a escrever já passa da meia noite e meia. Estive a ler com atenção e carinho todos os vossos comentários (incluindo os do Ginjal). Fiquei particularmente sensibilizada com a ternura das palavras dedicadas à Erinha ('Era uma Vez') e com o incentivo a que se atire à publicação de um livro de poesia. A Erinha bem o merece, a poesia corre-lhe nas veias.
Mas, por uma vez, não vou responder hoje a cada um dos vossos comentários. Sabem como gosto de responder a cada um, como se estivesse a conversar, como se vos estivesse a ouvir a, até, a ver a vossa expressão. Só sei responder assim, não sou capaz de respostas apressadas e impessoais. Por isso, dado que amanhã tenho que me levantar muito cedo e dada o adiantado da hora, não o vou poder fazer. Peço, pois, desculpa, não levem a mal mas hoje estou mesmo muito cansada, é tarde e daqui a nada tenho que estar a pé para mais um dia totalmente preenchido até tarde.
Quanto à Ana não sei se acreditam que estou aqui em estado de quase 'carência' por não descrever hoje as suas andanças. Quando vou no carro vou a pensar nas coisas que aquela mulher tem feito e a forma natural como vai metendo mãos à obra. E aquilo a que está a virar costas...
E, por falar em pensar quando vou no carro, hoje de manhã tive mais que tempo para isso, estive quase duas horas no trânsito - e pelo meio apanhei um susto que não vos passa pela cabeça. Estava parada no meio de um mar de carros, carros à frente, atrás, dos lados, mesmo ao lado de um camião daqueles enormes. Ali estava parada, travão de mão metido, a ouvir a Antena 2, furiosa por não sair do mesmo sítio e a ver o tempo a passar.
De repente, um estoiro brutal ao mesmo tempo que o carro dá um salto e eu dentro dele. Salta-me o dispositivo da via verde em cima, abre-se um compartimento que tinha a porta encravada há mais de um ano, dentro do qual estavam moedas que saltaram, salta uma garrafa de água, e vejo-me envolta no meio de uma nuvem branca. Fiquei pregada, com o coração na boca e só pensei: "Rebentou-me uma bomba no carro!".
Depois ganhei consciência de mim e pensei (tal como tinha pensado quando tive o acidente do qual aqui já vos contei): "Rebentou uma bomba mas eu fiquei inteira".
A seguir vejo as pessoas a sairem dos outros carros à frente, dos lados, atrás, todos assustados a olharem para o meu carro. Saí, então. As pessoas perguntavam-me: "Mas o que é que aconteceu? O que é que rebentou?!" e eu, ainda aparvalhada, sem perceber o que tinha acontecido, fui olhar para o carro a ver se descobria algum buraco; mas o carro estava bem. E as pessoas a olharem também para o carro, toda a gente assustada e então, num lado do carro, vimos várias coisas que pareciam ser buracos cor de ferrugem, como se o carro tivesse sido bombardeado mas os buracos já estivessem enferrujados. Só pensei: "Caraças! Que diabo de coisa é esta? Querem ver que, depois de tanto tempo aqui parada, agora ainda é preciso chamar a polícia ou trapalhadas do género?"
No meio disto, que deve ter durado no máximo um minuto (mas nestas coisas parece que é muito tempo) aparece o motorista, com a mão na cabeça, "Foi o pneu que rebentou". Ou seja, um daqueles pneus que são do tamanho de um carro, o que estava mesmo ao lado do meu, rebentou. Não me perguntem como é que rebenta assim um pneu de um camião parado. Os meus colegas a quem, depois, contei, dizem-me que, como os pneus são caríssimos, os donos remendam-nos até mais não poderem e, com este calor, o pneu não deve ter resistido. Aquilo que pareciam buracos era afinal uma borracha amarelada, encarquilhada e ainda morna que, com o rebentamento, ficaram agarradas à chapa do meu carro, devia ser a borracha que usam nos remendos.
Ou seja, nada de mal, nada de bomba. Uff.
Lá tirei aquelas marcas de bombardeamento e lá me enfiei outra vez no carro para mais uma hora de fila quase parada. E só pensava: "Olha se uma porcaria daquelas rebenta com os carros em movimento numa autoestrada?". Mas felizmente não aconteceu nada pelo que não vale a pena pensar no que teria sido.
E, portanto, lá fiquei o resto do tempo a pensar no que me apetecia contar-vos o que a Ana, entretanto, já fez mais. Incrível. A ver se amanhã consigo retomar.
E, é isto, meus amigos (e já escrevi outra vez mais do que pretendia, que isto era para ser só uma explicação para não ter respondido aos comentários...).
As minhas desculpas, de novo, aos Leitores a cujos comentários não respondi e que, se calhar, com o tempo que levei a escrever isto, tinha dado tempo para responder...
Bom, meus queridos Amigos, tenham uma bela sexta feira (será que vai estar outra vez um calor de ananases? Fogo, que calor... ! Ainda agora vinha a conduzir e, farta de estar fechada estava eu, não quis vir com o ar condicionado, vim com a janela toda aberta e estava um calorão)
PS: Tenho a televisão ligada e estou a ver o Príncipe Carlos a dizer a meteorologia. O mundo acelerou durante o dia de hoje e, com a velocidade desataram a acontecer coisas imprevistas e malucas, foi?
um sustão, esperemos que os fragmentos de pneu não tenham danificado a pintura ou o seguro do camião devia cobrir o dano.
ResponderEliminarum episódio que saiu do normal mas seguimos com atenção e apreensão, que se passou? que assustou tambem o leitor. optimo que tenha sido mais barulho e susto mas sem danos.
Cara Jeito,
ResponderEliminarConfesso que à medida que ia descrevendo o sucedido, pus-me no seu lugar e senti um susto do camandro (pardon my french). É que já vi um daqueles pneus gigantes saltar do camião e colher mortalmente um transeunte numa localidade...
O Príncipe a falar de metereologia...? Capaz disso é ele :)
Quanto à sua Ana, tenho de ver os episódios (posts) abaixo (é gira a moçoila!).
Desejo-lhe uma sexta-feira mais calma
Jeitinho, deve ter sido cá um susto
ResponderEliminar(eu não gosto nada de estar parada ao pé de camiões, começo a sentir-me claustrofobica), mas achei imensa graça ao seu relato, já me ri sozinha e olhe que o dia tinha começado mal. Obrigada
Beijinho
Ana
Querida Jeitinho,
ResponderEliminarQue susto deve ter apanhado!
Com esse ritmo de trabalho, como vai o seu coração?
Por vezes tenho saudade,(necessidade) dessa actividade e correrias. No fim do dia pensava que quanto mais stress, mais trabalho desenvolvia. Defendo, ainda, que o trabalho dá saude, mas hoje qualquer coisa me esgota.
Tenha cuidado os dezoito anos já lá vão.
O nosso País anda em maré de azar.
A morte vai levando os valores que o enriqueciam.
Na cultura, cada vez mais pobre, perdemos ontem Bernardo Sassetti, por amor à sua ultima paixão, a arte da fotografia.
Um resto de bom dia e boas viagens.
Cara UJM:
ResponderEliminarTanta coisa que pode acontecer no dia de uma mulher!
Refeita do susto e mais calma e descansada? Assim espero!
Mas há coisas inexplicáveis, sem nome, sem sentido, profundamente tristes.
Mais uma perda prematura, Bernardo Sassetti, que nos entristece a todos.
E que venham dias mais felizes
Abraço da Leanor formosa e segura
Tazinha,
ResponderEliminarEspero que o dia lhe tenha corrido bem melhor do que o de ontem. Que sustão!
Desacelere e cuidado com a adrenalina em demasia porque também mata. Às vezes a idade não importa, porque como já sabemos, os mais novos estão a partir.
Bom fim de semana porque amanhã tenho os 8 aninhos do meu neto Miguel.
Abreijos
Para alem da descrição do incidente – inacreditável! E que sorte não ter apanhado o camião em andamento! – tocou-me a referência ás respostas e, neste caso, o facto de desta vez não poder responder-nos, a nós, comentadores.
ResponderEliminarDevo dizer que uma das coisas que sempre me sensibilizou neste seu Blogue e que admirei em si – é uma ternura da sua parte, se me é permitido dizê-lo – é o ter tido e continuar a ter a “paciência”, gentileza e carinho em responder aos nossos comentários.
Na verdade, quando comentamos um Post num Blogue não temos que esperar da parte do autor/a um resposta. Seria abusivo da nossa parte. É assim em boa parte dos Blogues.
Todavia, “Um Jeito Manso”, é diferente. Acarinha os seus comentadores, o que não quer dizer que concorde com eles, ou seja, com o que aqui dizem.
Mas com esta atitude, acaba por nos agarrar ao seu excelente Blogue.
Deixo-lhe um abraço virtual com grande respeito por si e pelo seu notável Blogue,
Um bom fim de semana!
P.Rufino
PS: Essa do Principe Carlos é patusca. Por cá quem poderia ser a figura? Para anunciar "mau tempo", só mesmo Mr. Massamá.
Caro Patrício Branco,
ResponderEliminarNão queira saber...! Uma pessoa está ali enfiada no carro e, nisto, tem a sensação que foi pelos ares (porque o estoiro foi simultâneo com o salto do carro). Se isto se tem passado na autoestrada... Mas há um anjo que me guarda porque apanho sustos mas, felizmente!, não passam disso.
O carro acho que não ficou estragado (embora não tenha voltado a reparar nisso já que é do lado do pendura, não do condutor). Mas aquilo era borracha que se despegava com a unha.
Mas, sabe uma coisa?, acho que não vou voltar a ficar parada ao lado daqueles camiões gigantes.
Olá Paulo,
ResponderEliminarAqueles pneus são mesmo gigantes e fico apreensiva quando penso que, pelos vistos, os donos tenham 'esticar' a validade deles até mais não poder, colocando remendos. Como é que aquilo não estaria para aquilo rebentar com o camião parado...?
Quanto ao marido da Camila, a irmã gémea do Jorge Jesus, aquilo deve ter acontecido num contexto explicável, mas eu não ouvi. Levantei os olhos do computador para olhar para a televisão e dou com o príncipe a dizer a meteorologia...
A Ana é uma mulher de fibra (que virou costas a um passado que ninguém ainda sabe qual é).
Esta sexta feira foi assim-assim quanto a calma, mas à vinda para casa ouvi uma notícia que me abalou. A morte do Bernardo Sassetti custou-me bastante.
Olá Ana,
ResponderEliminarRiu-se...?
Já me parece a minha filha no dia em que tive um acidente assustador (fiquei sem travões numa descida que ia dar a uma rotunda cheia de trânsito. Enfiei o carro para cima da rotunda para não me espetar nos carros mas fui espetar-me numa construção metálica, deitei uma oliveira abaixo e depois passei-lhe por cima, ficando o carro todo inclinado e todo espatifado, perda total). Pois quando telefonei à minha filha para lhe contar, desatou-se a rir, dizia que imaginava a cena e só se ria. Assim foi agora consigo, já viram....?
Mas sabe que nisto o que é bom é que, no instante seguinte ao estoiro e salto do carro, em que tive a sensação de que fui pelos ares, olhar para mim e ver-me inteira, viva, no mesmo sítio. É uma sensação de alívio que não imagina (embora ainda sem pingo de sangue em circulação).
Enfim...
Agora ao ler o seu comentário até eu me desatei a rir...
Um beijinho, Ana.
Olá Pôr do Sol,
ResponderEliminarPrefiro muito que fazer do que ter pouco. Ter pouco que fazer faz-me stress. No entanto, por vezes parece que as coisas se conjugam para coincidirem no tempo e para estar ocupada de manhã cedo até às tantas e, quando isso acontece, não há opção.
Nestas coisas ou se está nelas e é como tem que ser ou, então, salta-se fora porque não dá para dosear. Se há reuniões ou encontros o que que quer que seja, não dá para sair a meio, não dá mesmo. E ontem, quando saí de onde estava, depois das onze, tinha várias chamadas não atendidas e, do carro, lá tentei perceber o que se passava. Tinha sido o bebé que tinha caído e 'aberto' o queixo e mordido a língua e tiveram que ir para as urgências (felizmente a história também acabou bem pois bastou colar, não levou pontos) e as chamadas era para ver se eu já estava despachada para ficar com o mais velhinho.
Uma agitação permanente, ora são os pequeninos, ora são os séniores que ultimamente a coisa não tem estado fácil.
Mas o meu coração parece que vai bem. No outro dia parecia que estava com a tensão alta mas parece que foi algum stress maior pois agora acho que já está tudo normal. Aliás, por falar nisso, vou agora medir porque tinha ficado de fazer medições regulares e tenho-me esquecido.
Quanto ao Bernardo, já terá visto pelo post que escrevi há bocado, foi coisa que me deixou consternada, muito mesmo.
Olá Leanor,
ResponderEliminarPois, isto do Bernardo Sassetti deixou-me aflita. Estas coisas apanham-me quase sempre no carro (passo grande parte da minha vida dentro do carro). Fiquei quase em estado de choque. Como é possível?
Tanto que ele gostava de fotografia e eu, ouvindo-o falar de fotografia, sentia muita afinidade com ele. E adorava ouvi-lo ao piano e tinha composições belíssimas.
Muito triste, muito triste.
Olá Teresa-Teté,
ResponderEliminarTem razão mas, como expliquei na resposta à Pôr do Sol, não dá para trabalhar menos (e não é altura para mudar de emprego). E, para além do trabalho no emprego, há a família, a casa, e há esta empreitada dos blogues (que é um prazer e quem corre por gosto não cansa).
Mas faço as coisas com gosto pelo que não chego a cansar-me. O que me faz falta é dormir mais mas, geralmente, ao fim de semana ponho-o em dia.
Mas agora quero é desejar que tenha um dia muito bem passado, que seja um dia de festa, que o seu Miguel esteja muito feliz, que seja um dia também muito bom para ele. Não leve a mal não dar ainda os parabéns mas não se deve dar os parabéns antes da data (não é que eu seja supersticiosa mas, seja como for...)
Beijinhos para si, para ele, para o seu filho e para a sua nora.
Olá P. Rufino,
ResponderEliminarAinda bem que perpassa para quem me lê a ideia do carinho para com os meus leitores. é isso mesmo, carinho e respeito mas, também, agradecimento.
Quando estou aqui a escrever sem saber quem me lê, fico contente e agradecida pelas palavras que recebo. Podiam ler e não gostar ou não dizer nada. Mas lêem e são muito simpáticos e eu fico mesmo muito reconhecida. E, depois, pelas palavras, quase que já sinto o afecto de quem me escreve, parece que sinto se estão a sorrir, ou se estão agradados ou cansados.
Quando, como ontem, já estava tão cansada, tão sem cabeça, a saber que tinha que me levantar muito cedo, resolvi que não podia responder aos comentários, fiquei com um tal sentimento de culpa que não imagina.
Quanto ao rapaz esperto de Massamá que acha que os desempregados deviam era agarrar a oportunidade e mudar de vida, não me fale dele...! Mas olhe que tirá-lo de onde está e pô-lo a dizer a meteorologia é capaz de não ser má ideia...
Espero que a estadia do seu filho tenha servido para matar as saudades, que todos tenham aproveitado bem. Não me lembro se os 10 dias já acabaram mas tomara que não, que ainda cá esteja para estarem todos no melhor dos mundos.
Retribuo, agradecida, o abraço virtual e os votos de um bom fim de semana.
Muito obrigada pela sua gentileza e amizade que, sendo virtual, vale muito mais que algumas que conhecemos de perto e que mais tarde ou mais cedo acabam por nos dececionar.
ResponderEliminarSe puder, passe no meu cantinho depois da meia noite para o ver.
Não gosto muito de o expor, mas hoje é especial.
Grande beijinho
Não me julgue insensivel, não é isso, mas a maneira como escreveu deu-me vontade de rir, o que quer, maluqueiras.
ResponderEliminarUm beijinho e espero que esteja refeita do susto.
Ana
Ana, olá,
ResponderEliminarNão julgo nada... Estava a brincar.
Se há pessoas com quem me identifico é com pessoas com sentido de humor, que se riem de tudo. Eu própria sou assim.
No meio das maiores desgraceiras por vezes distraio-me e dou por mim a rir. A minha filha é o mesmo. A minha mãe, idem. Volta e meia choramos a rir e até pode acontecer que pessoas ao pé de nós nem percebem que risota é aquela.
Ria-se à vontade que eu faço o mesmo.
Quanto ao susto, já nem me lembro. Dá-me com força e passa-me depressa (sou muito primária...)
Um beijinho, Ana!