sexta-feira, março 02, 2012

O meu amigo, zangado comigo, explica-me tudo o que se passa. E eu, depois de o ouvir e de aqui vos contar, declaro a história encerrada.


Esta narrativa chega hoje ao fim. Neste ponto hesito até em escrever hoje algo mais sobre o assunto.  Temo desiludir os meus Leitores. Contudo também me parece deselegante ter andado aqui a relatar todos estes acontecimentos e, agora, interromper sem uma explicação. Sabendo de antemão que nos guiamos por ortodoxias e conceitos baseados na moral e nos costumes, sei bem o risco que corro ao escrever o que a seguir vos vou contar. Mas as coisas são o que são.

Música, por favor
Natalie Merchant - Nowhere Man


Era ainda muito cedo quando o meu amigo me ligou. A voz era séria, parecia zangado: ‘temos que falar porque já começo a estar farto disto’. Tentei perceber a razão da fúria mas não me deu hipótese: ‘Não tenho tempo nem paciência para brincadeiras. Podes almoçar?’ Não podia. ‘Então encontramo-nos ao fim do dia. Vê se não sais tarde que eu também vou tentar o mesmo’.  Comecei a rir-me, ‘Ó patrão, mas isso é maneira de começar o dia? Logo a dar ordens assim à bruta…? Isso já é influência dos chineses, é?’ Mas ele não achou graça nenhuma: 'Vai ter ao sítio do outro dia e liga quando saíres daí, para eu sair ao mesmo tempo, não quero ficar lá a secar’ e desligou.

Claro está que fiquei a espumar. A mulher é que tem razão: parvo.

Fossem outras as circunstâncias e pregava-lhe uma bela partida. Mas como sei que tenho andado a pisar o risco e como percebi que estava mesmo aborrecido, achei por bem deixar o justo correctivo para outra ocasião.

Como de costume, avisei que ia chegar um bocado mais tarde a casa e, ao fim da tarde, lá fui, intrigada e pronta para o pôr na ordem caso viesse armado em chefe.

Quando cheguei já lá estava. Sisudo.

‘Sim, patrão’, apresentei-me ‘já cá estou.’

Não estava para sentidos de humor, foi direito ao assunto. ‘O que tens andado a fazer é estúpido, irracional, descabido. A que propósito andas tu a chapar na internet assuntos que são pessoais e que não te dizem respeito? O que ganhas tu com isso? E achas que percebes tudo o que vês ou que podes fazer juízos de valor baseando-te apenas em metade dos factos? ’. E tinha os punhos fechados em cima da mesa, furioso. E olhava-me nos olhos, como se, com o olhar, me quisesse punir, talvez até agredir.

Nestas ocasiões fico invulgarmente calma. Disse-lhe: ‘Respira fundo. Acalma-te. Olha para fora. Quando estiveres na plena posse das tuas capacidades, recomeça. Mas devagarinho que eu não gosto de ver gente stressada à minha frente.'

Não ligou nenhuma e continuou, desorientado: 'Aí andas, a fazer conjecturas, a falar com a minha mulher, com o amiguinho, até com a advogada, e depois vais para o computador e desatas a escrever tudo, se te ligo, lá vejo no dia seguinte tudo escarrapachado na internet - e eu gostava de perceber que brincadeira é esta.'

'Oh senhores, mas eu não estou farta de dizer que é ficção? Tudo ficção. Qual daqueles protagonista és tu? Eu, ao olhar agora para ti, diria que és a bicha, uma bicha toda agitada, à beira de um chilique.', brinquei.

'Mau!', continuou ele no mesmo registo 'assim não vamos a lado nenhum!'.

'Não vamos a lado nenhum? Mas onde é que tu queres ir, que eu ainda não percebi...?', sorrindo eu.

'Achas que tenho um caso com a advogada, achas que não estou a dar a mão à minha mulher, achas que sou um neo liberal arrogante. Achas isso tudo, não é? Achas que me atirei à advogada, que ela não quis nada comigo, que eu fiquei em lágrimas. Achas isso tudo, não é?! E se fosse?', e quase espumava.

'Olha, baixa o tom de voz. Não é por mim, é por ti que não há quem não te conheça, já estão a olhar para nós.'.

Então levantou-se, pagou e, seco, disse-me, 'Vamos lá para fora'. E eu refilando: 'Logo hoje? Há tanto tempo sem chover e logo hoje, que está de chuva, é que queres ir passear...?'


Saímos. Foi buscar o chapéu de chuva ao carro.

E, então, num anoitecer chuvoso, frio, passeámos à beira rio enquanto ele falou tudo o que quis que eu soubesse.

Se a outra música lá de cima já acabou, então, por favor, ouçam esta
Leonard Cohen - In my secret life



E, com uma voz surda, sentida, disse-me: 'Há muito tempo que a vida de casal é coisa quase inexistente entre mim e a minha mulher. Passou-se com a saída dos miúdos. Vivia para eles. Eles cresceram e sentiu o vazio. E depois passou a culpar-me e diz que criou os meus filhos. Os meus filhos? Mas então os filhos também não são dela? Que tomou conta da casa, que governou a nossa vida. Mas foi porque quis, nunca lho pedi, foi opção dela. Agradeço o que fez mas não aceito que agora me acuse. E o ridículo é que nem liga a mínima à casa, a mínima. Mas até isso eu sempre aceitei. Diz que abdicou de ter vida própria. Mas eu é que sou o responsável por isso? Chego a casa cansado, estafado, e são só acusações, censuras, faz-me sentir culpado por tudo o que faço. E, em público, continua a sorrir, a dar-me o braço, uma fita, tudo uma fita. E organiza jantares, lanches, festinhas, tu sabes, e toda ela sorri, uma felicidade, mas eu já não consigo suportar tanta farsa. Quando arranjou aquele amigo lá dos encontros de poesia ou lá o que é aquilo onde eles vão, eu até desejei que ela tivesse um caso a ver se me deixava em paz, mas afinal o gajo é maricas. Agora apareceu-me com aquela ideia de fazer uma empresa. Mas então eu ia pôr a empresa que estou a gerir e que não é minha a meter dinheiro numa empresa da minha mulher? Mas está tudo doido? E a empresa é uma treta, uma fantasia de líricos, mas mesmo que fosse uma maravilha, não ia misturar as coisas. E a advogada? Uma gaja convencida, gosta de se armar em boa, mas conhece bem a legislação brasileira, viveu lá muitos anos, e nós andamos a precisar de um advogada que conheça bem aquilo. Mas não era para trabalhar comigo - era para ir para o departamento jurídico. Mas a gaja, para se armar, agora, pelo que li, diz que eu a queria a trabalhar comigo. É parva. Tentei convencê-la, sim, a gaja tem lábia, é experiente, conhece aquilo, mandei-lhe o contrato de trabalho porque ela disse que queria analisar. E naquele dia disse-me para eu ir ter à Cidade Universitária que queria dar-me uma resposta e eu pensei que ela ia aceitar e, como estava farto daquela porcaria de festa, disse-lhe que sim. Até peguei  nos Relatórios e Contas dos últimos anos, que são documentos públicos, para lhe dar, para ela se ir inteirando bem do que é a companhia, convencido eu que ela ia dizer que sim. Mas afinal a gaja ainda é mais parva do que eu pensava, é espalhafatosa, gosta de fazer fitas. Atirou-me aquilo pela janela do carro. Mas não foi só isso. Sabes o que foi mais?'


Suspirou, estava cansado de falar sem parar. Estava ainda zangado mas talvez um pouco mais calmo, faz bem falar. Nestas ocasiões o melhor é, quem ouve, falar o menos possível, ouvir apenas. 


Como não respondi, ele recuperou um pouco da intensidade inicial e retomou: 'Queres saber? Os papéis do divórcio. Do meu, sim. Tenho andado a tentar convencer a minha mulher a separarmo-nos a bem. Não quero meter-me em divórcios litigiosos. E ela, depois de muitas crises, muitos choros, muita chantagem, até parecia que, finalmente, estava a aceitar. Pediu-me foi para não dizer nada a ninguém, para parecermos até ao fim um casal feliz, e eu respeitei como sempre respeito o que ela quer. Mas esta gaita da empresa veio estragar tudo. E então, a parva daquela gaja, da advogada, quando abriu a janela do carro, atirou o contrato e também, a mando dela, os papéis do divórcio. Foi por causa disso, por ver que não ia conseguir livrar-me da minha mulher que me viste assim. E sabes porquê, não sabes?'

Eu não dizia nada. Ouvia este longo desabafo e não dizia nada. Mas, nesta altura, senti frio, estava muito frio hoje, já tinha anoitecido, chovia, e, então, dei-lhe o braço.

Com a outra mão, como se me agradecesse o gesto, agarrou a minha que pousava no seu braço, e continuou:  'Esta história toda, tu sabes, é uma história só entre mim e ti. Não há outra mulher, não há advogada, ninguém mais, só tu, há muito tempo, desde que eu e tu formávamos uma dupla imbatível, desde sempre.'

Passeávamos os dois, de braço dado, debaixo do mesmo chapéu de chuva e ele continuava o seu longo monólogo: 'Tu consegues conviver bem com esta situação, não te importas que os encontros sejam furtivos, que não possamos passar as noites juntos, que não possamos ir de férias juntos, que não possamos andar de dia de mão dada, sem nada a esconder. Tu vives bem com isso mas eu não, eu quero-te só para mim como quero ser só teu. Estou farto disto tudo e agora aquela maluca já não quer outra vez divorciar-se de mim e eu já não aguento ter que ir para casa para estar por ali, sozinho, sem os miúdos, a miúda pouco lá pára e agora vai-se também embora. E apetece-me estar contigo, porra! Como é que aceitas tão bem esta situação?'


Agora é tempo de ouvir esta música, por favor (se necessário, parem a anterior, está bem?)

Melody  Gardot - lover Undercover


Apertei-lhe o braço, encostei a cabeça no seu ombro, à noite todos os gatos são pardos e ainda por cima debaixo de um chapéu de chuva, e ri-me: 'Mas tu sabes, sempre te disse, que eu sou descendente de etruscos, sou etrusca, sou uma mulher livre' e ele beijou-me, 'pois é, já me esquecia' e beijou-me outra vez e depois disse, 'e que bem que as mulheres etruscas beijam...' e beijou-me outra vez. E eu deixei-me beijar e a seguir beijei-o eu, que as etruscas gostam muito de tomar a iniciativa. Mas, afinal, éramos apenas dois amantes que se beijavam numa noite chuvosa e fria.

Depois lembrei-me, 'Ai que maçada... E agora como é que acabo a minha história? Não posso contar uma coisa destas...'.

Ele deu uma gargalhada, e o que eu gosto das gargalhadas dele: 'Então mas afinal não é tudo ficção?'

'Está bem, mas se vou contar a verdade, os meus leitores ficam passados comigo... Depois de andarem a achar que eras o mau da fita, agora uma destas...?'.

Ele abraçou-me, riu: 'Olha, já sei. Diz que a doce e conservadora mulher conheceu um chinês da empresa do marido, que se apaixonaram perdidamente e que ela descobriu que a sua verdadeira vocação é fritar crepes chineses. Claro que, como nunca antes tinha entrado numa cozinha, deixa os crepes todos a pingar gordura mas o chinês não se queixa e ela finalmente tem alguém que a admira e isso deixa-a muito motivada. Ou então não, espera, olha, um final ainda melhor, diz que a minha mulher afinal é lésbica, se apaixonou pela advogada e que finalmente descobriu o que é verdadeira felicidade.'

'Maluco!', e beijei-o outra vez. E outra ainda. E depois pedi-lhe em segredo, junto ao ouvido, 'desculpa o que andei a fazer, a parvoíce de contar tudo lá no blogue; desculpas...?' e ele riu-se, que segredos assim, ciciados junto ao ouvido, fazem-lhe arrepios. 'Estás desculpada. Ganda maluca.'

Olhei para o relógio e então, com pena e ternura, mas sorrindo (porque é tão bom fazermos as pazes), despedimo-nos. Beijinho, beijinho. 

(....)

E assim, meus amigos, esta história (ficção! ficção!) chegou ao fim. 

Divirtam-se que não há nada melhor que a gente sentir-se bem disposta, rir-se, rir-se de gosto.

E, já sabem, se quiserem ler esta história de seguida, é ir ali ao lado, nas etiquetas, e escolher 'folhetim'.  Se, antes, estiverem numa de Brahms, poesia, palavras a voar, então, convido-vos a virem comigo até ao Ginjal e Lisboa, a love affair. A poesia hoje é de José Alexandre Caldas Ribeiro e tem que se lhe diga, podem crer.

(......)

E tenham uma bela sexta feira! 

12 comentários:

  1. Bom fim de semana!

    eu "sabia" ... e foi por isso que tenho estado calada, estava à espera do final feliz.


    abraço

    ResponderEliminar
  2. Jeitinho, amiga:
    Gostei do fim da história. Só tenho pena que a dama não fosse mesmo lésbica, ou fosse fritar crepes para a China.
    Desejo-lhes felicidades.
    Beijinhos
    Maria

    Ps: este comentário é pura ficção.
    M.

    ResponderEliminar
  3. Cara UJM:
    Afinal havia outra, a que tudo sabia e manipulava e a quem o cego Otelo obedecia. A que Leonard Cohen canta - In my secret life
    A Mulher, sempre a mulher … só ela sabe pecar sem remorsos, entender sem lógica, ela a heroína da grande tragédia da vida, Dona do mundo. Como a compreendo!

    Sim, porque a vida ensina-nos duas ou três coisas que não sabemos quando somos jovens
    – que a vida é sempre imprevisível - que a vida é um exercício solitário entre intermitências de companhia – que a vida é um plano inclinado.
    Por isso é preciso colori-la na insinuação risquée, no double entendre, na verbalização transgressora, na imaginação aventureira, na frivolidade.

    Continue cara UJM com a sua imaginação a dar colorido à vida e à ficção.

    Leanor pela verdura

    ResponderEliminar
  4. Com permisso de UJM,

    Sim, porque a vida ensina-nos duas ou três coisas que não sabemos quando somos jovens
    – que a vida é sempre imprevisível - que a vida é um exercício solitário entre intermitências de companhia

    MT BOM!

    – que a vida é um plano inclinado.

    Não! é um carrossel, umas vezes vai abaixo outras para acima.

    BfdS

    ResponderEliminar
  5. Adorei este final! Vem mesmo na linha da intimidade e afinidade entre narradora e protagonista que já se revelava.
    Conseguiu rematar a sua história muito bem, sem artifícios telenovelescos. Sóbria e verosímil. (Amores reatados, esposos e esposas imperfeitos, donas de casa exemplares que nunca entraram numa cozinha e que não ligam a mínima à casa, excelente, "espertalhonas" insuportáveis...)
    Gostei. Aguarda-se a próxima história.

    ResponderEliminar
  6. Pôr do Solmarço 03, 2012

    Em determinada altura achei que este seria o fim inevitavel, seguindo ensinamentos antigos que diziam não ser possivel uma amizade pura e simples entre um homem e uma mulher.

    Depois achei que estes alertas de avozinhas e tias já não se ajustavam ao ano 2012.

    Já nada é como antigamente, a mulher já não se completa nem é feliz no seu papel de robot/mulher perfeita, o homem já não suporta a solidão acompanhada e os filhos, esses, têm uma vida à frente para lutar pelo seu lugar ao Sol e de longe fazem um telefonema Olá Mãe tudo bem?.

    Esperamos a próxima historia, pois a fantasia alimenta a vida.

    Até breve

    ResponderEliminar
  7. Rosita,

    Não sei se o final é tão feliz assim, sabe...?

    Amores assim nunca são amores fáceis.

    Além disso, Rosita, se isto fosse verdade e não ficção, a esta hora estava com o meu marido e com a mulher dele à perna... Acho que tinha mesmo que emigrar!

    Mas, enfim, sendo ficção, a gente fica com quem quer, não é?

    Um beijinho, Rosita, e um bom domingo!

    ResponderEliminar
  8. Olá Mary,

    Eu acho que a 'mulher dele' ainda vai descobrir muitas coisas, muitas vocações, muitos amigos e amigas. Se calhar um dia destes ainda voltamos a ouvir falar dela...

    E obrigada pelas palavras que me foram ajudando a dar novos andamentos à minha história.

    Beijinhos, Mary e um bom domingo!

    ResponderEliminar
  9. Leonor pela verdura,

    O seu comentário está extraordinário. Concordo plenamente com o que diz e estou capaz de pegar nele, ou em parte dele, para o citar num texto que escreva. Posso?

    Tudo o que escrevi é ficção e, no entanto, é real. Tudo acontece assim na vida real - mas é um mundo subterrâneo, não está à vista de todos. Não se revelam os telefonemas, os sms, os mails, os encontros furtivos, as ansiedades, as exultações.

    No entanto, previu que isto ia ter este desenlace, não foi?

    Eu, dia a dia, ia sabendo o que escrever no dia, sem saber o que aconteceria no dia seguinte. Mas no último dia pareceu-me óbvio que era isto mesmo.

    A ver se um dia destes me volta a dar para isto, que achei um piadão escrever uma história assim.

    Obrigada pelo acompanhamento e pelos comentários que iam acrescentando pistas e dando 'espessura' aos personagens.

    Um abraço, Leonor e venha sempre (pela verdura).

    ResponderEliminar
  10. Rosita,

    Podia ter escrito isto logo na resposta ao 1º comentário mas passou-me.

    Tem razão. A vida é um plano inclinado, diz a Leonor-pela-verdura e eu percebo-a, vamos envelhecendo, mas também concordo consigo: há períodos em que se está mais em baixo mas, depois, as coisas melhoram, subimos, tudo volta a ter um gostinho especial.

    O que eu lhe desejo a si, Rosita, e a todos quantos me lêem é que estejam ou façam por estar no lado festivo da vida. Tudo é mais bonito e mais saboroso quando o carrocel está na parte mais alta.

    ResponderEliminar
  11. Cara Leitora Enigmática de A Matéria dos Livros,

    Sabe que quase tive que antecipar o fim da história para marcar território face a si...?

    Estava a vê-la a gostar demais do meu giraço...

    Eu, de facto, não sabia o que ia acontecer mas, é certo, havia alguma compreensão e empatia entre eu/narradora e ele, o marido da outra/meu ex colega.

    Não há pessoas perfeitas. Quanto mais perfeitas parecem algumas pessoas, mais imperfeições escondem - e isto é uma constatação que faço assiduamente.

    Por isso tenho tanto fascínio pela imperfeição - as pessoas imperfeitas aproximam-se, a meu ver, da verdadeira perfeição (que é uma súmula de diversidade, de imprevisto, de interesse, de novidade, de genuinidade, etc).

    E tenho ainda que lhe agradecer outra coisa: as suas leituras no 'A matéria dos livros' foram sempre um bom contraponto, um local de reflexão, ali eu ia lendo uma outra 'leitura' e isso enriqueceu a forma como eu vendo os meus próprios personagens.

    Obrigada! E um bom domingo (com Fernando Pessoa).

    ResponderEliminar
  12. Olá Pôr do Sol,

    É possível, sim, uma amizade 'pura e simples' entre um homem e uma mulher. Os meus melhores amigos são homens. Talvez até me tenha inspirado num ou noutro para escrever isto.

    No entanto a história tinha que 'fechar' e eu gostava muito deste homem poderoso e algo solitário (como são de facto alguns homens) e, depois de andar a lançar suspeitas sobre ele, apeteceu-me evidenciar que raramente as coisas são exactamente como parecem. Por isso mesmo 'que ninguém lance pedras sobre os outros' porque dificilmente se conhece tudo o que há a saber sobre o que nos rodeia.

    Mas eu também senti, pelos comentários, que a empatia entre a narradora e o protagonista estava tornar-se um bocadinho visível (se fosse na vida real, acho que teríamos que disfarçar, porque já estaríamos a 'dar muita bandeira'...:))

    Muito obriga, Pôr do Sol, pelos seus comentários que foram um grande incentivo.

    Um dia destes ainda tomo o gosto... e desato a escrever contos...!

    Um beijinho e um belo domingo!

    ResponderEliminar