Diz Jane Fonda (e aconselho francamente que a ouçam) que o mais condiciona a vida de uma pessoa
não é tanto o que lhe acontece mas a forma como reage ao que lhe acontece. Eu
não podia estar mais de acordo.
Há pessoas a quem surgem oportunidades fantásticas e que,
por uma série de indecisões ou más decisões, acabam por passar ao lado do que
poderia ser uma vida feliz e realizada.
Há outras a quem acontecem insignificantes contratempos e
arrelias e que se deixam enredar de tal forma em equívocos, mal entendidos, reacções
extemporâneas, que acabam submersas em coisas que poderiam e deveriam ser coisa
de nada.
Em contrapartida há pessoas que seguem em frente,
dispostas a não desgastar energias com o efémero que pulula no dia a dia, nem a
comprometer o rumo do seu caminho a troco de coisa nenhuma.
Diz Jane Fonda, com a autoridade de quem está nos 74 com
um aspecto fantástico e uma vida preenchida e realizada, que a vida é melhor, que a
longevidade pode ser usufruída com muito maior qualidade se soubermos manter o
propósito de sermos felizes.
Digo eu que a vida faz mais sentido se não nos
desviarmos dos nossos propósitos à primeira contrariedade. Tantos exemplos que
conheço de pessoas que, por dá cá aquela palha, viram as costas ao destino.
Depois, mais tarde, reconhecem que erraram, que exageraram na reacção mas já é
tarde demais, o mundo já seguiu a sua trajectória.
Discute-se agora nos meios ligados à gestão se para um
progresso (ou sucesso) sustentado, é preferível a inovação e a criatividade ou
a boa gestão.
Depois de muitos anos a divulgar-se e a incentivar-se a
criatividade como o motor de sucesso de tudo, eis que começam a levantar-se
vozes em defesa da qualidade da gestão.
E são dados exemplos de ideias de grande criatividade que
por lhes faltar as bases mínimas em termos de gestão acabam por soçobrar e, em
contrapartida, ideias que apesar de nada terem de inovador, se tornam sucessos
fantásticos.
Defende-se e demonstra-se que a criatividade será sempre
uma coisa de nichos, uma coisa de pequenos grupos, não massificada; pelo
contrário a qualidade da gestão pode advir de se pegar numa dessas ideias,
inovadora ou não e implementá-la de forma sustentada, com bons processos
internos, com uma boa ligação ao cliente.
Que cada um de nós, na nossa vida quotidiana, não se exaspere se não descobrir aquela fantástica ideia luminosa que acontece uma vez na vida de uns quantos iluminados - a vida pode ser boa na mesma se nos limitarmos a fazer aquilo de que gostamos, com a competência possível, com os meios ao nosso alcance.
.....
Prosseguindo na senda dos assuntos de interesse geral, faço agora questão de aqui dar conta de um inquérito levado a cabo junto das leitoras da revista Hola relativamente a qual o treinador que consideravam o mais sexy.
Pois
venceu Pep Guardiola (3.360 votos), seguido de longe por José Mourinho (apenas
1.226).
Tenho alguma dificuldade em perceber pois, à vista
desarmada, o nosso special one é bem mais giro, tem mais malandrice.
Mas,
talvez, no momento de votar, as leitoras tenham avaliado de outra forma.
Defensores que são do que é deles, a primeira motivação das leitoras
(espanholas na sua maioria) pode muito bem ter sido dessa ordem, ou seja, com
algum chauvinismo à mistura elegeram um espanhol.
Depois, talvez tenham pensado
que o José Mourinho tem um bocado de mau feitio, tem talvez alguma malandrice a
mais e, daí, talvez tenham preferido o Pep que tem ar de bom rapaz, malandreco
mas um malandreco inocente. Nestas
coisas, nenhuma mulher quer um santinho mas um indivíduo um bocado arrogante e quezilento
pode ser uma carga de trabalhos. Por isso, por via das dúvidas, devem ter
votado no Pep.
Uma outra razão – mas, claro, tudo isto é mera
especulação - pode ter a ver com o cabelo. Dizem que é dos carecas que elas gostam e
isto tem uma razão de ser e, como sempre, radica no lado mais animal do ser
humano em que, como qualquer animal, a fêmea procura o macho que mais garantias
dá de ser um bom procriador. Ora deve ter ficado gravado no DNA da espécie que
os carecas são melhores reprodutores. Isto deve-se a que a testosterona é uma
das principais causas de calvície. Claro que há outras causas para a calvície e
claro que o que não falta são homens que desmentem a teoria, cabeludos e viris,
mas enfim, são coisas que vêm dos primórdios, nada a fazer.
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E por treinadores. Há pouco estava a ver, na TVI 24, a Constança Cunha e Sá e, nisto, passou para o noticiário e quem é que eu vejo? De repente quase me parecia a própria Constança com uma voz mole mas, depois, vi com atenção - e, imaginem, era o magnífico treinador do Benfica ou melhor, o treinador da magnífica cabeleira.
Esta fotografia não lhe faz juz. Agora o cabelo está maior, mais escadeado, uma beleza.
Estava tal e qualzinho o cabelo da Constança. Ia para o jantar de anos do Eusébio. Quanto ao que ele disse não dá para transcrever nem é relevante - estive o tempo todo estarrecida a olhar para a extraordinária cabeleira. Só visto, mesmo.
Mas, nessa reportagem vi outra coisa igualmente perturbante.
João Malheiro, aquele cavalheiro que tem uma voz estranha, acho que era o relações públicas do Benfica (mas porque será que no Benfica os homens parece que são assim para o estranho...?), dizia que, para ele, o Eusébio era melhor que o Natal, e enfatizava 'Eu há bocado dizia: ó Maior (porque é assim que eu trato o Eusébio), ó Maior tu para mim és mais melhor que o Natal'. E eu fiquei à espera de uma explicação para metáfora tão profunda mas a explicação não veio e eu ainda aqui estou a pensar que aquele João Malheiro deve ter uma grande confusão naquela cabeça ou então sou eu que não entendo a metafísica da coisa.
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E por coisas delirantes: sobre a notícia que dá como certa que Portugal necessita de um segundo programa de resgate, Passos Coelho falou aos jornalistas. Que não, que não precisamos nem de mais dinheiro, nem de dilatação de prazo. Mas que, se por condições externas, acontecer alguma coisa, a Europa não vai deixar de nos valer.
Reacção dos mercados: juros batem record. A conversa titubeante de Passos foi entendida como o reconhecimento de que alguém vai ter que valer a Portugal. Os juros atingem valores assustadores e eu nem os vou escrever aqui para não ter pesadelos porque, saindo daqui, quero ir dormir descansada. Mas podem ver aqui.
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E agora, para isto não acabar excessivamente mal:
Yesterday is history,
tomorrow a mistery
but today is a gift.
That is why they call it
'the present'
Jirí Kylián (um dos meus coreógrafos preferidos)
Jiri Kílián, Petite Mort-Africa guzman, Joeri de Korte
NETHERLAND DANS THEATER
por Helmut Newton |
um carnaval delirante.
Simulo que poderei escapar a essa negra
matemática.
A essa deposição de flores sinistras.
Sob mantos de musgo, nada resta.
Sob líquenes e séculos
uma rupestre lua,
um pêndulo cristalino.
Uma manhã submersa.
E tenham, meus Caros, um bom dia!
Cara UJM:
ResponderEliminarGostei, não ficando preso da mesma forma nos vários tópicos.
Sobre o primeiro, penso que é importante a reflexão e que cada um de nós, todos nós, sabendo dos outros, deve seguir os seus próprios traçados, em particular se nos são muito caros e se pensamos que são muito nossos. De facto, às vezes, verificamos isso mais tarde, já tarde, e sei do que falo, há coisas pequenas que nos parecem grandes. Não são! São apenas pequenas coisas.
Sobre o “gift” e o “present”, vale a pena associá-los…
J. Rodrigues Dias
Querida Jeitinho
ResponderEliminarVou fixar-me no tema Guardiola/Mourinho.
O primeiro tem um ar simpático, politicamente correcto, e os resultados falam por si.Penso que cultiva "as diferenças"
Quanto ao "meu" Mourinho é um durão, politicamente incorrecto, provocador,aparentemente inacessível...lindo, grisalho com ar de menino difícil.
Foi meu vizinho quase sempre. Em criança passava à minha porta a caminho de casa e já nessa altura era diferente dos outros miudos.
Aprumado,concentrado, mal levantava os olhos do passeio.
A irmã, uma jovem que atraía o nosso olhar, era muito muito gira, enfermeira e morreu estupidamente cedo.
Construí entretanto uma moradia e, mesmo na minha frente, Mourinho voltou a ser meu vizinho. Trocámos algumas palavras a propósito dos paparazzis que pernoitavam à minha porta... Brincalhão com os filhos cordial,leal às amizades de sempre, charmoso duma forma natural...
Sobre a sua capacidade...está tudo dito. Se em Madrid nem tudo lhe corre bem, tem atrás de si há muito uma história de sucesso.
Orgulho em ser português,inteligente, condutor de homens,persistente...acreditando sempre que em equipa tudo se consegue...quem me dera que se candidatasse a primeiro ministro...
Já lho disse! Devia ter ouvido a sua gargalhada... Se isto não é sexy...
Caro J. Rodrigues Dias,
ResponderEliminarAgradeço o seu comentário que, num tom ponderado e sábio, diz aquilo que é uma grande verdade. Desviarmo-nos do que gostamos por insignificâncias? As arrelias são efémeras, os grandes prazeres perduram. E o caminho que queremos seguir deve nortear-nos sempre e não ser abandonado ao primeiro mal entendido.
Não se deve condicionar o futuro nem sequer desbaratar o 'presente' que é o presente.
Obrigada.
Erinha,
ResponderEliminarNunca conheci o Zé Mário mas acho que a minha mãe conhece a mãe dele.
É um giraço e está cada vez mais giro, os anos dão-lhe uma patine encantadora. E veste bem, e tem estilo, já aqui escrevi algumas vezes que é um líder e um líder com muito charme.
Peca, talvez, por alguma arroganciazita mas aquele ar de rapazola mal comportado dá-lhe imensa graça.
Mas as espanholas preferiram o rapazito bem comportado (tem razão, é isso mesmo que o Pepito parece)...
Agora que o Zé Mário deve ser um pai extremoso, um vizinho simpático e tudo isso, lá isso concordo também o mais possível.
Um beijinho e desfrute bem os belos ares puros aí para as suas bandas (com sorte ainda tem vista para o Castelo, não...?).
Para o castelo de Palmela, de que maneira...
ResponderEliminarNo verão, jantarinho a dois num deck viradinho para lá e para a encosta da serra de Palmela que desce sobre a cidade.
E depois vai anoitecendo e o castelo e a pousada vão ficando iluminados...como um farol.
Este é o nosso pequeno e delicioso mundo...conquistado com muito amor e trabalho, acredite. Muito!
Ah ah e já agora...temos no quarto dois anjos tom de marfim (lindos) do Pórtico.
E esta?
Caro UJM
ResponderEliminarOs juros que se está a referir são os juros do mercado secundário e que, portanto, não têm impacto directo no serviços da dívida, no curto prazo. Com isto, não estou a retirar importância a esta subida. No entanto os seus impactos são um pouco diferentes…
Ou seja, o mercado secundário é o mercado onde se transacciona dívida dos países, ou seja, é onde quem comprou dívida aos países (mercado primário) vende essa dívida a terceiros….
No fundo, é um indicador importantíssimo da confiança e credibilidade que os mercados dão às políticas económicas e financeiras dos países.
No entanto, se o financiamento do estado está assegurada, no curto prazo, pelo programa da Troika (pelo menos é suposto estar…..por isso é que eles, a Troika, está sempre a fazer reavaliações……, se tudo correr como planeado Portugal só volta ao mercado em 2013…), o financiamento do sector privado (leia-se banca) não está, pelo menos directamente…
No curto prazo a subida destes juros dificulta ainda mais, se é que isso é possível, a vida do sector bancário, restando a estes o BCE…..
No entanto, como os bancos têm que aumentar os rácios de capital (os famosos Tier 1 e Tier 2) o financiamento que o BCE está a fazer aos bancos portugueses nunca chega à economia real….
Ou seja, é o velho ditado da manta… “se cubro os pés, destapo a cabeça!”
Enfim, não são de facto boas notícias, e o pior é os sacrifícios que estamos a fazer parecem não estar a surtir efeito.
Temos que perceber que paralelamente a uma política de contenção de custos (recuso a tentar perceber essa da “austeridade”…. um dia explicarei porquê… ), temos que ter uma politica de desenvolvimento e crescimento económico, em que a principal função do estado não é o de investidor “puro e duro”, mas o de criar condições para o crescimento…… mas isto já é outra conversa…..
Fica para a próxima!
Mais uma vez, óptimo post!
JHMP
Erinha,
ResponderEliminarTer uma casa num sítio assim é uma riqueza, é um sítio maravilhoso e não há nada que se compare a morar num sítio com vista e essa é um privilégio.
É morar no campo, e na cidade, e ao pé da história, e num sítio abrigado. Tão bom. E quando é conquistado ainda sabe melhor, ó se sabe, sei o que isso é.
Quanto aos anjinhos, na volta são iguais aos meus, na volta também estão a tocar um instrumento musical...
Caro JHMP,
ResponderEliminarMuito lhe agradeço o comentário que elucida de forma muito clara o que está em causa, e o significado e impacto dos conceitos.
Estou certa que a sua explicação técnica enriquece a compreensão da complexa situação financeira (e económica) do País.
De resto, concordo totalmente com o que diz e tomara um dia destes a sorte do País vire e que as políticas comecem a da prioridade ao crescimento pois sem crescimento não vamos conseguir pagar nada.
Obrigada (e vou ficar à espera da explicação que prometeu sobre o conceito de austeridade).
Volte sempre que as suas explicações são úteis, didácticas.
Não...os meus anjinhos ladeiam um espelho sobre uma cómoda e têm há quarenta e um anos(imagine) a importante "missão de segurar a vela"
ResponderEliminarFazem-no com toda a dignidade e descrição!!!
Erinha,
ResponderEliminarPois os meus dão-nos música que também não faz mal nenhum... e olham, discretamente para o ar, acho que até assobiam para disfarçar...
"Violinos de Chopin"???
ResponderEliminar------------------------------------
Quanto ao assunto Mourinho, dei comigo a pensar"será que conheço a mãe de Jeitinho Manso?
Abraço.
hum, a menina é do "sporten", tá visto
ResponderEliminare nas outras coisas é do contra
:-))
Olá, Cara Anónima do Norte,
ResponderEliminarHá quanto tempo não a via por cá...! Espero que esteja tudo bem consigo.
Pois, talvez por solidariedade familiar, tendo a alinhar-me mais pelos verdes. Mas, como tenho vermelhos também muito próximos, quando faço alguma provocação benfiquista é mais na brincadeirinha.
Quanto a ser do contra, bem, sou contra tudo o que acho que não tem a qualidade mínima exigível.
E vá passando por cá!