terça-feira, novembro 15, 2011

Olh'ó fim da crise...!!! disse o Álvaro antes de dizer que não era bem assim. E o Sérgio Monteiro dos transportes a pé. E o Gaspar que abriu os olhos ao Álvaro. E Cavaco Silva que não tem mão no PPC. E, para me levarem para outro lado, a Maria Gabriela Llansol e a Imelda May


Para acompanhar a leitura do texto abaixo sobre o nosso pequeno Álvaro, peço que antes carreguem no play do vídeo abaixo. Eu não percebi do que falam mas talvez estejam a comentar aquela saída do nosso estimado ministro da (des)Economia, dos Transportes (a pé), do (des)emprego e mais não sei do quê. Há um senhor que gagueja e que é capaz de estar a imitar o Álvaro a dizer-se e a desdizer-se. Ora vejam.



É que hoje (ou melhor, ontem, que já passa da meia-noite) o menino Alvarito voltou a fazer das dele. Ao mesmo tempo que o orçamento anda a ser digerido, que as pessoas andam a deitar contas à vida com dois meses de rendimento a menos em 2012, que o desemprego aperta, que a recessão se vai cavando cada vez mais funda, eis que aparece o nosso Álvaro dizendo que em 2012 já vamos estar a sair da crise, que todos os indicadores o confirmam.

À hora de almoço, ao ir almoçar, ouço a TSF que estava ao rubro, os partidos perplexos, toda a gente de boca aberta, 'então se vamos estar a sair da crise porque raio de carga de água vão aumentar o IVA daquela maneira, porque vão cortar os susbídios, porque vão acabar com os descontos nos transportes para as crianças e reformados...?!?!'.




Uma onda de espanto percorre o país. Mas o homem endoidou?! - pergunta-se toda a gente, boquiaberta.

Agora no regresso a casa, eis que o ouço de novo, que 'não, não foi bem isso que eu quis dizer, o que eu queria dizer era que vamos começar a sair da crise, que lá para 2013, lá para 2014'.

Ó senhores, que falta de jeito, que falta de jeito que esta gente tem. Em que ficamos, ó Álvaro, em que ficamos, senhores? E, sejamos sérios, que sabe ele ou alguém do que quer que seja neste contexto de imprevisibilidade?

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A seguir ouço o secretário dos Transportes a dizer que vai acabar com os descontos para idosos e crianças para que os pobres não andem a subsidiar os velhos ricos que ganham mais de 2.000 euros ou os respectivos netos, que para aí andam a roçar o rabo nos transportes públicos.

O Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações

E a voz era de arrogância, uma coisa desagradável. E eu pensei nos pobres, nos idosos pobres que tantas vezes fotografo nas paragens. Não me lembro de alguma vez lá ter visto gente rica, meninos família. Mas tantos pobres, tantos idosos pobres. Vão perder o desconto nos transportes. Coitados. Já estou como o Jerónimo: que sabe esta gente, o Álvaro & Cia. do que é a vida?

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Gaspar: 'Não perceberam? Terei que fazer um desenho?'

Hoje ouvi dizer que o Gaspar disse ao Álvaro que não há dinheiro e, quando este deu mostras de não perceber, lhe abriu os olhos e lhe perguntou qual das três palavras não tinha compreendido. Na ausência de liderança por parte de Passos Coelho, Gaspar segura eles as rédeas e faz o que lhe dá na veneta.

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Claro que Cavaco Silva continua a defender que o BCE se assuma como banco central e Passos Coelho continua a mostra-se contra.

A propósito disto lembrei-me de um presidente de uma empresa que conheci muito bem, pessoa competente, centralizadora, e que tinha uma determinada formação académica. Quando o director da função correspondente à sua formação académica se foi embora, em vez de querer que se admitisse alguém competente para o substituir, esse administrador disse que não valia a pena, que ficaria com um técnico que havia nessa direcção, que ele próprio, apesar de administrador, assumiria o comando estratégico da direcção, tomaria as grandes decisões e que o tal técnico, sendo pessoa cordata e de confiança, serviria muito bem para executar as directrizes que recebesse.

Por acaso a coisa funcionou, dado que o tal técnico - que assim inesperadamente chegou a diector - era pessoa certinha, nada ambiciosa, a verdadeira voz do dono. O problema, neste caso, aconteceu quando o dito administrador se foi embora ao fim de alguns anos: claro que o dito técnico certinho não se aguentou como director - não tinha, de todo, competência para isso.




Cá para mim, o que aconteceu com Cavaco, quando ajudou a deitar o Sócrates abaixo, foi qualquer coisa como isto. Deve ter pensado que a seguir viria o Passos Coelho que, não sendo grande espingarda, serviria para executar as directrizes que ele próprio, Cavaco, economista e com apetência para a gestão executiva, ditaria. Acho que se convenceu que governaria através de Passos Coelho. Não se apercebeu que Passos Coelho é volátil demais, é do mais influenciável que é, vai atrás de quem o influencia. Diz uma coisa, desdiz-se a seguir se a Merkel lhe range os dentes, diz que quer renegociar o plano de resgate, diz o contrário se alguém de Bruxelas o manda voltar atrás. Agora com isto do BCE, Cavaco deve ter achado que lhe conseguia explicar que a salvação da Europa está no reforço do papel do BCE e não contou que, mal ele falasse nisto à Merkel e esta lhe dissesse que nem pensar, aí viria ele também a dizer que nem pensar.




Ou seja, penso que Cavaco Silva não percebeu que Passos Coelho se porta como uma maria-vai-com-as-outras (ou, então, sabia, mas subestimou que as marias-vão-com-os-outros são uma raça do pior que existe).

Ora isto, cá para mim enerva à brava Cavaco Silva e, a fazer muitas mais como estas, o PPC não se vai aguentar muito, tal como ontem referi. A ver vamos.


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Mas isto anda tudo muito negro e eu não tenho paciência para depressões. Vamos lá dar uma virada nisto.


"Aqui, esse fantasma ligeiro repousa no meu ombro suas frases atenuadas, seus medos coloridos de azul; é um fantasma de raparigas, criador de exílios. Fora de portas há uma grinalda que, dentro de portas, fugirá de ti sem mim.

Todo o dia escutei música, (...), o trabalho vinha-me da música.

                'un esprit si démesurement esprit qu'il se puisse tout absorber sans rien exclure"

Quando já estou deitada ocorrem-me pensamentos. Primeiro, o das estações interiores, das mutações da alma que se desenrolam num quadro interior da natureza; estas estações são ainda menos marcadas, as mudanças são infinitesimais, e requerem uma atenção minuciosa. No entanto, estes detalhes são o fundamento da mudança e revestem a enorme importância de uma espécie de agudização de significado. É verão, é inverno, é retorno, é Outono, é cendrado. Muitas vezes a paisagem mantém-se a mesma; só mudou, então, o lugar da captação da imagem."


Palavras (telúricas, lindas) de Maria Gabriela Llansol retiradas ao acaso de Finita. E, para terminarmos com calminha mas como deve ser, vamos ouvir em silêncio a Imelda May interpretando Kentish Town Waltz.



Tenham, meus Caros, uma bela terça-feira, tentem divertir-se, tenham esperança (estou agora a ouvir a repetição do programa com a Judite de Sousa com o António de Sousa e o Medina Carreira e é um susto, credo, acho que vou ouvir a música outra vez para não ter pesadelos e, a seguir, ainda volto ao clip lá de cima para me rir à gargalhada, coisa que adoro fazer). Have fun!


(PS: E não querem ir até ali à Música no Ginjal ouvir o Prelúdio Nº 5 do Rachmaninov?)

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