segunda-feira, novembro 14, 2011

Neste País que está a ficar tão pimba, não sou eu, são as Bombocas que dizem que 'Eles são todos iguais'. O maravilhoso CV e as espectaculares aptidões de Miguel Relvas e Pedro Reis. E ainda o nosso imprudente Passos Coelho a pôr-se a jeito perante Cavaco Silva. Um dia destes o bicho vai pegar.


Acho que o vou escrever deve ter banda sonora. Por isso, meus amigos queiram, por favor, fazer play. Aos que estão no trabalho recomendo que baixem o som do computador para não ficarem com a reputação na lama.


Já está? Ok. Então vamos lá.


Quem aqui me costuma ler sabe que não morro de amores pelo Miguel Relvas. Aparece-nos amiúde casa dentro a falar de tudo e de mais alguma coisa, sempre com aquele ar de velha sabichona, de quem muito sabe.


Li no Expresso que a empresa da qual era administrador executivo até à altura em que veio para ministro, a Finertec, adquiriu 20% da Fominvest, a empresa na qual Pedro Passos Coelho era administrador (segundo constava, pela mão de Ângelo Correia) até vir para primeiro ministro. A operação visará atacar mercados como Angola e Brasil.

Nada de mais.

O que me espanta não é isso. O que me espanta é como é que o Miguel Relvas tinha tempo para exercer a sua função de gestor executivo numa empresa enquanto o víamos andar num permanente vaivém enquanto político activo?

Espanta-me isso em relação a ele e espanta-me em relação a todos os outros (o Miguel Frasquilho que é director do grupo BES e deputado, etc). Eu trabalho numa empresa - e trabalho o dia inteiro sem ter tempo para me ausentar para ir ali tratar de umas coisinhas. Como é que eles conseguem?

Ou será que estão nas empresas, não para trabalhar, mas apenas para garantirem os contactos que conseguem enquanto políticos? É mais isso, não é?

Mas detenhamo-nos agora no super-ministro Miguel Relvas - como é que conseguia ser deputado, presidente da Assembleia Municipal de Tomar, gestor de uma empresa privada e ainda ter tempo para andar pelas televisões a participar em debates? E como é que, no meio disto, ainda arranja tempo para as reuniões da Maçonaria? E, ainda mais espectacular, como é que, no meio disto tudo, ainda conseguiu tempo para tirar um curso superior (acabou o curso de Ciência Política e Relações Internacionais na Lusófona, em 2007) - vejam bem. 

Numa festa na Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria no Rio
com convidadas

Mas as proezas deste homem biónico não se ficam por aqui - em 2008 tornou-se Cidadão Honorário da Cidade do Rio de Janeiro. Presença frequente nas festas de sociedade, interlocutor em negócios, facilitador, dizem.

Na mesma festa com Paulo Elísio de Souza .... Agostinho Branquinho
agora funcionário do Nuno Vasconcellos na Ongoing,
 que também terá estado na festa
  
Como é que ele consegue - perguntarão alguns cépticos? Alguma coisa ficará para trás, digo eu.

Fui ler o CV do fantástico Miguel Relvas - uma vida inteira de servicinho partidário, desde tenra juventude. E daí partiu para estas acumulações com a gestão de uma empresa com interesses em África e Brasil.



E agora é nº2 do Governo, o mais importante, omnipresente, omnisciente, omnifalante.

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Outra coisa surpreendente que li no Expresso deste sábado. Depois de muito adiar, depois da AICEP (a importantíssima Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal que depende de Paulo Portas) estar sem direcção durante mais tempo do que devia, eis que finalmente se sabe quem vai chefiá-la: Pedro Reis, uma escolha pessoal de Passos Coelho.




Pedro Reis para além de amigo é referido como conselheiro de Passos Coelho e, a pedido deste, escreveu um livro, 'Voltar a crescer', no qual reuniu testemunhos de empresários e gestores. Nada de mais, certo?

Pois, se calhar não. Se calhar sou eu que gosto de me armar em difícil. Sou exigente, penso eu. 'Arma-se em esquisita' dirão alguns.

Mas é que o curriculum dele diz-me que depois de ter estado na Altamira (que faliu) e no Grupo Tubos, passou a dedicar-se à imagem e comunicação, detendo participação numa agência de comunicação, Imago, participação que mais tarde vendeu, passando a partner da Cunha Vaz & associados (outra agência de comunicação).




E é este o CV da pessoa que vai ter por missão promover a internacionalização da economia portuguesa, atrair investimento para o País e mais um monte de coisas que, diria eu, requereria a sólida experiência de alguém com provas dadas no comércio externo, um gestor de mão cheia, alguém com visão estratégica, com conhecimentos de história, com uma cultura vasta, com dotes políticos e diplomáticos. Diria eu.

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Começa a ser consensual que a única salvação possível para a Europa, para que não se afunde de vez, para que os países não entrem numa pantanosa insolvência da qual não se vê como poderiam sair, seria o BCE assumir-se como banco, adquirindo toda a dívida pública dos países, emitindo moeda, procedento a manobras monetárias (valorização ou desvalorização consoante as circunstâncias).

Podemos ler isso um pouco por todo o lado - e é isso que Cavaco Silva defende. É isso que ele diz nas entrevistas, nos encontros diplomáticos, aos jornalistas que o apanham na rua, no jardim ou onde calhar. E aí não o posso censurar. Nesta matéria concordo com ele (tomara que o soubesse dizer num inglês mais fluente e que tivesse um ar mais cosmoplita mas, enfim, isso é outra conversa).

No entanto há quem não o queira. Quem? Angela Merkel, claro. Se isso acontecer a Alemanha perde o seu protagonismo, a sua preponderância, a sua indisfarçável tentativa hegemónica. Angela Merkel e os seus seguidores, claro. E, de entre eles, quem é que aí anda defendendo que o BCE não deve emitir moeda, que isso iria favorecer a inflação e mais não sei o quê? O Pedrocas, claro. O PPC que nos saíu na rifa. Ou melhor, a fava que nos calhou em sorte.



Pois, conhecendo nós como conhecemos o nosso Presidente, sabemos que o Pedrocas se está a pôr a jeito.

Cavaco Silva anda numa ronda diplomática em que a principal mensagem é que o problema não é apenas de Portugal, que o problema é europeu e que a maneira de isto ir ao sítio é o BCE agir como banco central e... e o ex-Doce anda a dar entrevistas a dizer que isso é um disparate....?

Já com a história dos dois subsídios foi o que foi e agora está a desafiar Cavaco Silva desta linda maneira...? Parece que está a pedi-las.
Reparem no fácies do Presidente: de uma rigidez assustadora
Parece que quer estraçalhar a mãozinha do PPC, não é...?

Isto não vai acabar bem. Cá para mim Cavaco Silva já deve estar a ver como é que se vai livrar dele e não me custa imaginar a D. Maria, à noite, quando se vão deitar, a dizer-lhe, 'Ó filho, não te enerves. Também já sabias que ele era assim uma cabecinha fraca, a Manuela bem dizia. Mas deixa lá, qualquer dia corres com ele, acaba-se com isto. Não vês o que já aconteceu na Grécia e em Itália? Se achares que ele prejudica o interesse nacional, corres com ele e nomeias tu um que aches que percebe disto. Vá, anda-te lá deitar, filho, não te enerves.'




Pois.


Olhem, meus amigos, só desejo é que apesar desta pimbalhada toda, consigam ter uma semana com muita classe.

Divirtam-se, ao menos!


10 comentários:

  1. Relvas e Pedro Reis fazem parte da boyada, nada mais a comentar. Quanto às divergências, sabendo das manhas presidenciais, resta saber se são efectivamente reais. A situação, tal como está, necessita de um fusível. Será Cavaco esse fusível? É q se não é, este inverno será quente, de muitos calores. Havendo sempre, claro, uma solução tecnocrática... aliás, é o q está a dar.

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  2. Packard,

    Tem toda a razão nas suas dúvidas. Eu também as tenho. No meio de tanta coisa de má qualidade ou incompreensível, a que esperança nos podemos nós agarrar...? Olhe, eu não sei.

    Estamos por aqui à deriva, num barco em que ninguém parece estar ao leme.

    Durão Barroso despareceu nesta voragem e é apenas um exemplo.

    Quanto à solução tecnocrática, se for muito provisória (até a umas eleições com data pré-determinada) e for de reconhecida qualidade, ainda vá que não vá - numa emergência.

    Agora, se isso acontecer por cá, será que ao menos temos tecnocratas que se aproveitem? Ou aparecer-nos-ia um do género dos que referi?

    (E, aliás, não é este governo já uma amostra do que é um grupo de 'tecnocratas' repescados por aí, sem enquadramento político capaz?)

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  3. NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA:

    ATENÇÃO AMIGA, MUITA ATENÇÃO.
    Faltam menos de dois meses para acabar a CRISE.
    D U V I D A ??????
    Quem o garante é o ÁLVARO!!!!!!!!!!!

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  4. Era uma Vez,

    O quê? Era uma vez uma crise? Era uma vez o quê? Não percebeu bem, Era uma Vez...? Então não percebeu o econo-canadês do Álvaro? Perceberam todos mal. O que ele queria dizer era que ia dizer que era uma vez uma coisa qualquer... Enfim.

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  5. Relvas e Passos Coelho são iguais na inutilidade do Curriculum Vitae. Ao segundo tirei-lhe a pinta logo após as eleições (http://outofworld.wordpress.com/2011/06/02/a-vidinha-de-pedro/ ), relativamente ao Relvas, acho uma perda lamentável de tempo debruçar-me, que sejam uns pequenos minutos, sobre aquele vazio humano.

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  6. Luísa,

    Podemos não lhes ligar patavina mas não nos podemos esquecer que são eles que estão à frente (mais ou menos...) dos destinos do nosso país e isso é que é uma grande chatice.

    PS: Gostei de saber que foi professora de matemática.

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  7. Sabe, eu até concordo que a maioria dos nossos governantes, não têm um curriculum minimamente decente. Por isso, eu nunca aceitei qualquer convite para exercer funções políticas. Por isso, quando o meu colega Fernando, respeitado e respeitável director do curso de Economia da FEP, me ligou a anunciar que estava de saída da Faculdade para liderar o Ministério das Finanças, eu lhe disse que a opção era péssima e que ele se iria arrepender, pois não seria nos ministérios que ele iria encontrar aqueles a quem se orgulhava de chamar "seus pares".
    Até aqui, parece-me que estamos de acordo: quem tem competências e curriculum, não se mete em cargos políticos, porque além de ganhar muito melhor nos privados, nunca corre o risco de precisar de se vender ou de aceitar qualquer tipo de "disciplina de voto".
    Quanto à pirosada da grande maioria dos nossos governantes, também concordo. Acho que à nossa primeira-dama, até lhe assentaria melhor "D. Mariazinha" de que "D. Maria"; que o accent do PR é péssimo e que, também, esperava que o do MNE fosse melhor, o que não achei, no pouco que ouvi.
    Mas, para que respeitasse a isenção das suas opiniões, teria que a ter "escutado", no governo anterior, a tecer as mesmas criticas naquilo que igualmente era criticável. Se bem se lembra, o nosso anterior primeiro-ministro, tinha tudo o que estes têm, mas a dobrar: uma licenciatura tardia terminada, por fax, a um domingo, em que a melhor nota dos primeiros anos do seu curso, era 11. As notas altas aparecerem nessa molhada das últimas cadeiras... todas do mesmo professor. Helas!
    E o inglês do Eng. Sócrates? Tão brilhante, e com tanta falta de vergonha, que os que o escutavam, não conseguiam disfarçar o riso, mesmo em momentos formais. E o espaniol? Se não se lembra e quer desanuviar, vá ao Youtube, que vale a pena.
    Depois, por falar em pirosada, aqueles prédios da autoria desse nosso engenheiro técnico eram um verdadeiro susto. Quem como a senhora, que tem uma casa que parece de bom-gosto, conseguiu durante tanto tempo, não ridicularizar com comentários e apelidos, este tipo de coisas?
    Olhe, e as criteriosas nomeações dos boys "crâneos", no governo anterior, a começar pelo mítico Rui Pedro Soares, jovem brilhante licenciado em marketing pelo IPAM...
    Eu também não aprecio particularmente o Miguel Relvas, mas sabe, este, no tempo que aloca às diversas funções, é igual a todos os que por lá vão andando... E já percebi que há pessoas em que as 24 horas dão para muita coisa... E não é só nos políticos. A senhora, que se afirma uma executiva muito ocupada, também consegue muito mais tempo “livre” para actividades de laser, de que eu, por exemplo:alimenta todos os dias três blogues, tira fotografias por Lisboa, faz tapetes de arraiolos, pinta, cuida das suas plantas, etc. E faz tudo - pelo menos aquilo que nos é mostrado - com bastante qualidade.
    Cada um tem diferentes capacidades de alocar o seu tempo, sem que isso possa significar competência, ou falta dela, não acha?
    Cumprimentos
    Carlos J. Costa

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  8. Olá, Carlos,

    Já cá sentia a sua falta.

    Pois, começando pelo fim. Então vem o meu Caro falar-me em tudo o que eu faço e eu sempre a queixar-me da falta de tempo e da chatice que é eu não ter o dom da ubiquidade.

    Nem tenho agora tempo para os meus Arraiolos, nem para pintar e mal tenho tempo para ler. Já pensei (e estou a falar a sério) que tenho que me reorganizar porque isto dos blogues me ocupa um tempo impossível. Chego a deitar-me às 2 para me levantar pouco depois.

    Quanto às fotografias, tiro-as aos montes sempre que me apanho ao ar livre (e de dia, que isto dos dias pequenos dá-me cabo da produtividade).

    Quanto ao Sócrates, lá vem você com as suas embirrações. Você tem as suas embirrações de estimação e eu tenho as minhas simpatias (relativas, embora) de estimação. È que, apesar de tudo, acho que o Sócrates tinha alma, tinha determinação, tinha um propósito ambicioso para o país, era um lutador - e eu gosto de gente de fibra. E acho que o meu Caro, daqui por algum tempo, verificará que atribuir tanto mal a um só homem é algo de injusto.

    Muitas vezes critiquei o Sócrates mas, apesar de tudo, acho que é uma pessoa com mais valor que o passos Coelho, que o Relvas e que tais.

    Mas isto de gostos, meu Caro, cada um tem os seus. Que quer você?

    Que lá porque acho que o homem assinou uns projectos manhosos quando ganhava a vida assim, já condescenda com o estilo do Relvas?

    Ná...

    E pronto, vou ficar por aqui que já passa da meia-noite e ainda quero escrever aqui qualquer coisinha... e mais daqui a nada já tenho que estar outra vez a pé...!

    Cumprimentos, Carlos e não esteja tanto tempo sem dar notícias.

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  9. Se querer maçá-la, duas adendas ao meu comentário de ontem. A primeira, a de Pedro Reis me trazer à memória aquela pequena cantora, a Maria Armanda. Recorda-se? A segunda, a do mau desempenho dos mercados, bolsas a cairem e a taxa de juro dos bonds a 10 anos da Itália, Espanha e França, de novo a dispararem por aí acima. Por exemplo, a Itália está nos 6.7%. O q prova serem estas alterações governantais, esta suspensão democrática da Grécia e Itália, perfeitamente inúteis. Parece-me estar o destino traçado.

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  10. Packard,

    Não maça nada. O que me fez foi já dar aqui uma boa gargalhada com a 'noss' pequena Armanda. Fui conferir e ainda aqui estou a rir.

    Quanto a isto dos mercados, já no outro dia aqui o referi: empurraram o maluco do Berlusconi e ele disse que se demitia. Resultado: a bolsa voltou a cair e, em Milão, foi a pique.

    Parece que há uma qualquer agenda escondida, de quem resolveu abater, um a um, um conjunto de governos para tomar de assalto a zona euro. Se isto é uma tal de guerra entre o euro e o dólar, se é a gente da trilateral a querer governar alguns pontos do mundo, se é um azar dos távoras, não sei, mas que isto pouco tem a ver com o que cada um em concreto faz dentro de casa, lá isso é.

    (Claro que toda a gente tem dívidas enormes e que isso aparentemente um dia rebentaria, mas isso sempre foi assim e nunca acontecia este ataque concertado desta maneira).

    Isto anda, desde há algum tempo, a deixar-me muito apreensiva porque não vejo gente capaz de enfrentar uma coisa destas, uma coisa indefinida assim.

    Olhe, sabe o que lhe digo? Vou olhar outra vez para a cara do Pedro Reis para me recordar da Maria Armanda.

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