sábado, junho 25, 2011

A actual abulia crítica da comunicação social (Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo dixit) - a opinião de um leitor do Um Jeito Manso

De um leitor de 'Um jeito manso' que costuma fazer-me chegar os seus comentários por mail, recebi o texto abaixo que aqui transcrevo depois de ter obtido o seu acordo, por merecer, de forma geral, a minha concordância. A escolha de fotografias, que obtive na net, é de minha responsabilidade.

"A abulia critica da nossa comunicação social (parafraseando José Pacheco Pereira no programa “Quadratura do Círculo” da SIC Notícias) é, seguramente, uma menos valia do nosso universo democrático. Passaram, como é costume, do 80 ao 8.

Pacheco Pereira com Lobo Xavier e António Costa com a moderação de Carlos Andrade na Quadratura do Círculo

Não há muito tempo tínhamos toda a gente da comunicação social a zurzir no Governo, no Primeiro Ministro, nos Ministros, nos Secretários de Estado, nos Assessores, quiçá até no Porteiro do Ministério das Finanças.

Hoje não há criticas a fazer, encontrámos finalmente, o Homem, talvez do leme, que quando erra (será que erra?) ultrapassa o problema de uma forma fantástica, veja-se o caso Fernando Nobre versus Assunção Esteves: o problema não é alguém ter oferecido a outrem um lugar que não depende dele, não, o Fernando é que não foi Nobre, quis 'abotoar-se' com a Presidência da AR e o 'homem do leme' ultrapassou a questão de uma forma extraordinária, manteve a palavra, deu a volta por cima - temos Homem.

Fernando Nobre e Passos Coelho na Assembleia da República no dia do duplo chumbo na eleição para Presidente da AR

Então e o Governo? Enfim, não sendo o máximo, para lá caminha. Um Ministério da Economia ingovernável? Claro que não, isso é 'são bocas' do Professor João Ferreira do Amaral. Temos na Economia um Académico que já leccionou muitas cadeiras, não é mais que suficiente para abarcar todas as áreas?

Uma Ministra da Agricultura, com um super Ministério, que não percebe patavina do assunto? Maledicência, dirá a comunicação social, a Senhora é jovem, empenhada, fará um bom lugar o que é que interessa ser-se académica. Da área de Direito... e fica com a Agricultura?...Até é muito melhor ter uma visão de fora.

À beira mar, Assunção Cristas, jovem professora de Direito, agora com um ministério que abarca muita coisa, incluindo o Mar

Incluir o Miguel Relvas no Governo. Qual é o problema? Tem algum sentido separar as águas? Então não entra pelos olhos dentro que o Partido e o Governo têm os mesmos interesses, os superiores interesses da Nação?

E que escolha mais acertada para as Finanças! Então o Sr. Ministro Vítor Gaspar conhece os meandros, foi Director do Conselho Económico(?) da UE. É um excelente curricula! Não está mais que demonstrado que os economistas aconselharam, melhor que bem, os políticos e que tivemos uma política económica na UE que permitiu a todos os Estados prosperarem? Claro que acabaram com a Indústria e com a Agricultura de alguns países, claro que isso trouxe desequilíbrios, claro que hoje pagamos, e bem caro, essas políticas macroeconómicas, mas seria possível fazer melhor? Possivelmente não, era difícil, dirá a comunicação social no seu estado actual de abulia.

E que melhor notícia do que sabermos que o nosso Primeiro viaja em económica. Assim é que é. Temos a primeira medida de controlo do défice, com estas poupanças vamos lá.

Como já chega de abulia critica, sugiro que a comunicação social faça uma reflexão sobre o papel que tem tido no nosso País. Tem sido isenta? Quando apoia este ou aquele é porquê? Que responsabilidade assume no nosso trajecto como país? Que notícias publica? Como são seleccionados os comentadores?

Mário Crespo, jornalista da SIC que divulgou no seu programa, nos tempos que precederam esta nova fase da nossa vida política, 4 dos actuais ministros

Pode ser que concluam que a comunicação social tem prestado um mau serviço ao País. No entanto, com a elevada auto-estima que caracteriza os jornalistas, iriam, com certeza, continuar a olhar para o umbigo e nunca assumiriam qualquer responsabilidade pela manipulação da opinião pública."


Nem mais.

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