segunda-feira, maio 30, 2011

Voa menino, vai com as gaivotas do Tejo



Todos os que andamos junto ao Tejo, todos os que amamos a maresia, os mares, os céus, todos os que observamos a liberdade das gaivotas quando abrem as suas grandes asas e majestosamente atravessam os ares, cruzando ou mergulhando no rio, todos nós sentimos, por vezes, a vontade de as imitar.

Que vontade de voar.

Que vontade também de mergulhar nas águas frescas do rio, que vontade de ser parte integrante desta beleza.

Há alguns meses fotografei um grupo de jovens que em Cacilhas, junto à fragata D.Fernando e Glória, mergulhava num estreito braço de rio, de cima uma velha ponte. Receei. Não sei se é fundo ali, não sei se é seguro, é tão escuro, é tão estreito. Tive vontade de os ir aconselhar. Mas eles estavam tão felizes. E estavam tão perto da fragata na qual se encontram marinheiros que admiti que, se fosse perigoso, já teriam sido proibidos.

Depois disso voltei a vê-los. Logo que vem o tempo quente, lá estão eles. Brincalhões, ruidosos. Grandes mergulhos. Parece que vão voar. E voam antes de mergulharem.

Mas esta sexta feira tive uma triste notícia. Um rapazinho, aparentando 14 anos, voou e mergulhou para não mais voltar à vida. Eram quatro meninos e um não voltou à superfície. Fiquei tão triste, tão aflita por dentro. A morte de uma criança é sempre uma coisa tão infinitamente triste. Seria um dos que ria e saltava como se fosse voar e que eu fotografei?

Tomara, menino, que andes agora a voar sobre o Tejo, tomara, menino, que agora possas sentir o ar fresco dos espaços infinitos. Voa por todos nós, menino.

Uma das fotografias que fiz no fatídico local há uns meses atrás

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