Sócrates e Passos Coelho estão bem um para o outro. O primeiro luta para defender uma posição já adquirida; o outro luta para a alcançar.
De facto, neste momento, acima de tudo, estão na política para ver quem se sai melhor na comunicação social. Tentam apanhar o outro em falso, esgrimem argumentos, trazem folhinhas, fazem trejeitos. Pessoalmente talvez preferisse que os pusessem numa piscina de lama a ver qual deles puxava mais os cabelos do outro.
Claro que acho o Passos Coelho um líder improvável. Olho para ele, ouço-o e tudo aquilo me parece um disparate pegado - como quando fazem aqueles programas maravilhosos na TVI em que mostram casos mal sucedidos (uma mama que ficou virada para cima e outra para baixo, ou a cara com uma bochecha ao pé do olho e outra ao pé da orelha). Assim está o Passos Coelho como líder do PSD, um implante mal sucedido.
Mas também acho que Sócrates, ao não sair de cena, prejudica o PS porque centra em si próprio toda a atenção, porque diga o que disser, todos vão olhar para ele e dizer que está cansado, que está desgastado, que se repete, que escamoteia, etc, e a discussão relativamente ao PS não passa disso. Não esteve mal mas é um déjà-vu e, sobretudo, a seguir, em todos os canais, os jornalistas que se travestem de comentadores, decretam que ele se repetiu, que não teve um discurso novo, que esteve assim, assado, e não descansam enquanto não levarem o outro, ao colo, para o 1º lugar. Uma tristeza. Mas, até por isso, o Sócrates deveria deixar de dar esse pretexto.
[Sobre o debate e embora até me dê pena referir, um elemento verdadeiramente confrangedor: aquele pobre Vitor Gonçalves não leva pitada de jeito para pivot de um debate político. Até dói ver o esforço sobre-humano que parece fazer para tentar interromper ou colocar uma questão. Coitado. Sofre ele e até me faz sofrer a mim de o ver naquela agonia.]
Em contrapartida, no Expresso da Meia-Noite, na SIC Notícias, tive uma agradável surpresa com um jovem Secretário de Estado, creio que da Segurança Social, o Dr. Pedro Marques.
Seguro, incisivo, straight to the point, objectivo, frontal. Sabe do que fala e não se perde com assuntos miseravelmente irrelevantes. Um político a incentivar e que oxalá tenha a promissora carreira que merece.
E qual o point ao qual Pedro Marques apontou, certeiramente? Nem mais, nem menos que o PSD prevê, no seu programa eleitoral, aumentar isenções fiscais nas tributações aos lucros das grandes empresas e favorecer a zona franca da Madeira. Numa altura em que se exige esforço fiscal e esforço de toda a ordem a toda a gente, o PSD prevê o alívio fiscal nos lucros das grandes empresas e o estímulo a que se instalem no offshore da Madeira!? Extraordinário, não...?!
Foi sobre isto que Pedro Marques se indignou, se interrogou e questionou directamente os dois representantes do PSD ali presentes. Claro que, sobre isto, balbuciaram coisa nenhuma. Pena que Ricardo Costa e Nicolau Santos, dois competentes jornalistas, desconhecessem a matéria.
Anda meio mundo à volta de questões supérfluas ou mesmo de falsas questões como a de quantos pontos desce ou não desce a TSU e ninguém se lembra de fazer o trabalhinho de casa, lendo os programas eleitorais. (Ok, eu também não... mas nem eu sou jornalista, nem me passa pela cabeça ir votar naquele projecto falhado de líder que é o africano-cantor-pasteleiro PPC)
Pegasse o PS em meia dúzia de pessoas como Pedro Marques e outro galo cantaria. Não apenas a política saíria mais escorreita como poderíamos assistir a uma mudança de paradigma.
* Mas, a par do rasgado elogio, segue também um conselho: Caro Pedro Marques, não volte a usar aquela gravata. Apenas porque estou bem disposta é que estou a dizer bem de si apesar daquela gravata. Ouça: gravatas cor de rosa, ainda por cima de um rosa reluzente, jamais. Certo?)
(Escusado será dizer que o Ministro Augusto Santos Silva, que adora uma boa cena de traulitada, e este jovem altamente promissor Pedro Marques deram cabo do careto Miguel Macedo, encarregue da missão impossível de credibilizar o chefe, e do esganiçado engenheiro civil Carlos Moedas, o guru da fiscalidade do PSD que não passa de uma réplica pouco elaborada do mano gémeo Manuel Luís )
não são só os jornalistas... são os próprios psd's q se travestem de comentadores. o caso marcelo (e marques mendes) é paradigmático.
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