sexta-feira, outubro 29, 2010

OE 2011 - Eduardo Catroga e Teixeira dos Santos acabaram a beijar-se na boca? Que bom para nós.

Não. Ou melhor, não sei, não captei o momento... não estava lá. Mas já chegaram a acordo. Depois da cegada e da encenação a que temos andado a assitir, depois da irresponsabilidade destas tristes lusas politiquices neste actual portugal de plástico (que é mais barato como dizia o O'Neill), depois de fazerem com que as taxas de juro andassem a subir (se calhar desnecessariamente), lá se entenderam. Não sei se selaram o acordo com um beijo na boca mas é provável que sim. Ou não, sei lá, se calhar deram só um aperto de mão. Ou nem isso. Às tantas o Teixeira dos Santos saíu a correr de casa do Catroga.


Enfim, trágicos tempos se aproximam mas, ao que parece menos maus do que se não houvesse aprovação o Orçamento de Estado.

(Mas as reservas de ouro estão muito valorizadas. Um aconchegozinho.)

Mas agora uma perguntinha: o rapaz da JSD, PPC de sua sigla, aguentar-se-á depois deste absurdo circo?

E o José Sócrates continuará a ter energia, força anímica e imaginação para continuar a comunicar-nos permanentes boas notícias? 

Que tempos são estes que se avizinham?
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Sócrates demite-se e prepara a passagem do poder de imediato?

Prime Minister Resigns
(in Little Britain)


Upsssss...! Desiludidos?

Pensavam que tinha a ver com o Sócrates?!

Que era ele desesperado com as imposições do eixo franco-alemão?

Que era ele envergonhado com os ralhetes do Prof. Cavaco? Que era ele com medo de o Senhor Presidente o pôr com orelhas de burro no Conselho de Estado?

Que era ele já farto do José Lello, Lacão e Cia.? Sem saber o que fazer com tanto desgoverno?

 Desorientado por agora até o António Borges ir parar ao FMI?

Claro que não: como sabemos o Sócrates não é menino para, alguma vez na vida,  apresentar demissão (e o próximo primeiro ministro que ali se vê é mais feiinho que o Pedro Passos Coelho). 

Agora uma coisa é certa: I love Sebastian! Quem é o equivalente português? Será também assim tão dedicado ao Sócrates como o lovely dear Sebastian?
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quinta-feira, outubro 28, 2010

Sócrates e PPC, Teixeira dos Santos e Catroga, Frasquilho e Lacão, Relvas e por aí fora = "soma nula" ou seja, "barafunda não é peixe"


O burrinho, o burro do costume, o burro de carga, infeliz e desgostoso - ultimamente nada de bom lhe acontece. Uma madame à espera para ver no que dá. Depois uns pequeninos com ar de espertos, um gang de pretensos negociadores, uns frasquilhos com pulseirinhas inadmissíveis, uns moedas com ar de rapazolas que se acham investidores (e cliquem aqui se quiserem ver o que vos digo), uns lacões com bochechas descaídas que o que fizeram na vida, como quase todos os outros, foi basicamente ser político - e depois anda para ali uma outra figura, com ar ladino e sapiente, creio que não faz parte daquele petit comité mas por ali paira, rasteiro, um relvas, a aconselhar, a aparecer perante os media, sem dúvida uma das mais relevantes figuras da política nacional da actualidade.

E, à frente, por ali está também o macaco, espertalhaço, com ar de quem está a comandar as hostes. Quem será?


Na entrevista que ouvi com Eduardo Catroga, ele tirava, de uma só penada, o tapete ao Pedro Passos Coelho - ao dizer que achava que, apesar desta mediática ruptura, o PSD se deveria abster na votação do OE 2011 e que este acordo que aqui se estava a tentar era apenas para facilitar as coisas no debate de especialidade... - e ao José Sócrates - ao explicar (e, se clicar aqui, verá) que as contas do Governo têm sido uma trapalhada e que a diferença de verbas que estava em jogo para o entendimento era coisa de somenos, que facilmente se resolveria.

A economia à beira da desgraça, as empresas em risco de ficarem sem crédito, o desemprego em risco de disparar, as pensões e subsídios à beira de não terem de onde vir, e o país entregue a pequenas figuras, sem sentido de estado, rapazolas, espertalhaços, politiqueiros.  

Eu estava confiante de que figuras, que tenho por sérias e responsáveis (pecadilhos à parte) como o Eduardo Catroga e o Teixeira dos Santos, conseguissem entender-se e mostrar como é quando dois homens feitos se sentam a conversar. Mas, de facto, o circo já está praticamente entregue só a figurantes e assim é difícil fazer o que quer que seja a sério.

Diz-se na minha terra que "barafunda não é peixe" e estas cenas assim o provam: daqui já pouco se aproveita.

Vamos ver no que este enredo. A pena é que, mesmo que se entendam (isto é, mesmo que o PSD se abstenha), isto está tudo tão deteriorado que já perdeu totalmente a graça.
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quarta-feira, outubro 27, 2010

Santa Teresa em Êxtase (de Bernini) nas palavras de Pedro Paixão

Pedro Paixão não é apenas um Performer... É um escritor. É isso que ele é. Compulsivamente.

E não seria justo referir-me a ele sem citar algumas das suas palavras escritas. 

Abaixo da escultura por ele referida no texto, umas quantas frases do seu livro imagens proibidas, quando refere a sua visita à Victoria's Secret (para quem não saiba e volto a citá-lo: "Se não uma das melhores, a maior cadeia de lojas dedicadas exclusivamente a roupa íntima feminina").


"Quem vê altera sempre o que vê. O célebre princípio da Incerteza de Heisenberg, só que agora aplicado fora do campo específico das partículas quânticas. Há casos - entre os quais o mais flagrante sempre me pareceu ser o mármore de Bernini, Santa Teresa em Êxtase - em que a perturbante expressão erótica e a mais pura elevação espiritual são indiscerníveis."

(in "imagens proibidas" de Pedro Paixão)

Pedro Paixão - A vida e a morte (entrevista ao Alvim no "5 Para a Meia Noite")

Andei à procura de mais entrevistas do Pedro Paixão. Esta tem uns 3 meses. Escolhi este excerto que é pequeno mas que tem muita graça. Acaba abruptamente, é uma pena. Mas dá para o ver em acção, com este look de enfant terrible.

E uma vez mais: enjoy. E longa vida ao Pedro Paixão!

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segunda-feira, outubro 25, 2010

Pedro Paixão no Lado B na RTP1 - The Great Performer

Para quem, como eu, perdeu mais esta fantástica entrevista, aqui está o Pedro Paixão, no Lado B de Bruno Nogueira (que vem crescendo como entrevistador e que aqui vai mesmo muito bem), na RTP 1, no dia 22 de Outubro.

As entrevistas do Pedro Paixão são sempre memoráveis - aliás, nesta, ele diz que adora dar entrevistas, estar na televisão. Não sei se é o seu lado lunar, se é a sinceridade (ou a encenação), se é o lado louco, se é a ambivalência, ou se é o dom, o talento a que ele se refere, mas o certo é que há um lado de performer que me fascina quando assisto às suas entrevistas.

Ele só aparece um pouco depois do início do vídeo mas o que se segue compensa aqueles segundos iniciais com o Sá Pinto (sem desprimor para o Sá Pinto que, aliás, assiste divertidíssimo à entrevista).

Enjoy.

E longa vida ao Pedro Paixão!


domingo, outubro 24, 2010

José Sócrates: este é o OE de que precisamos... mas mais de 3.000 pessoas já estão hospitalizadas!

Notícias de hoje


Ou seja, não me parece que este OE dê muita saúde....ainda nem está em vigor e já atirou com tanta gente para o hospital... não sei, não...!
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Pedro Passos Coelho, diz que que não vai melhorar o OE...e os restantes quatro já estão em prisão preventiva...

Notícias de hoje



Não é claro quem são os restantes quatro que já estão em prisão preventiva... serão quatro negociadores do PSD? É a Justiça com mão pesada. Está certo que não parece boa ideia não quererem transformar o OE num bom OE, mas ficarem logo dentro...?! As coisas não estão a correr lá muito bem ao PPC.
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sábado, outubro 23, 2010

Hugo Chávez afinal só chega a Portugal no domingo; até lá, podemos vê-lo num vídeo de um programa de Bayly (Hugo Chavez Maricón).

Tomara que compre muitos computadores e muitos navios, tomara que tenha dinheiro para pagar e que compre muitas coisas (que compre para a Venezuela, claro).

Dava muito jeito que o grande amigo do Sócrates, desse uma ajuda às nossas exportações. E por muito amigo do Sócrates', aqui deixo um pequeno apontamento em que se vê que o Amigo Chávez também tem outros bons amigos.

Neste pequeno video, o polémico Jaime Bayly, escritor peruano, jornalista, apresentador de programas de TV, (e também conhecido por Gayly, por ser assumidamente bissexual), goza com a mãozinha dada entre Hugo Chávez e Mahmoud Ahmadinejad.

Pedro Paixão, um homem que vive num mundo feito de palavras


Infelizmente quando liguei a televisão já estava o programa quase no fim e, por isso, perdi quase toda a entrevista a Pedro Paixão. Que pena, gosto de o ver, de o ouvir. Gosta de provocar, sabe o efeito que provoca. Tem a loucura peculiar dos bipolares, aquela loucura tão atraente para muitas mulheres. O que escreve está sempre a um passo da fragilidade insuportável e sabe escrever sobre as coisas pequeninas que enchem a parte indizível do dia a dia.

Por vezes parecem banalidades, clichés, déjà-vu, mas a vida é muito isso: coisas sem grandiosidade, pequenos pensamentos, sentimentos pouco nobres, vulnerabilidades, medos, nervosismos, angústias. Ou alegrias, desejos, emoções agudas, grandes decisões.

E nisto ele é exímio. E, depois, expõe-se de uma forma desconcertante. Ouvimo-lo e pensamos: "Cada vez mais maluco" mas, secretamente, identificamo-nos um pouco com algumas coisas que diz e, secretamente, sentimos alguma ternura por este homem grande, grisalho, depressivo, divertido, que vive num mundo feito de palavras.

"Só tu me fazes dizer as coisas que te digo. Estou à tua espera.

Restam as coisas simples. São as mais belas. Por exemplo o haver uma pessoa que goste de outra. Isto é o mais belo de tudo o que há no mundo por mais que se procure por todo o lado. O que é que quer dizer uma menina gostar de um menino ou um menino gostar de uma menina? Quer dizer: fazerem tudo um pelo outro."

Excerto de uma Crónica (retirada da net)

  • Ao fazer uma pesquisa no Google dei com este blogue: helena e pedro que se identifica como 'textos e cartas de Pedro Paixão a Helena Águas 1985-1986'. Vou ler.
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sexta-feira, outubro 22, 2010

Calling all angels pela extraordinária Jane Siberry (live at Veranda) - e os meus anjinhos comparecem sempre: aqui estão eles a animar-me em tempos de tristeza

Em tempos como estes que vivemos, apenas as descobertas centíficas de que vamos tendo conhecimento, parecem conter alguma mensagem de esperança (descobertos marcadores para tumores cancerosos, descobertos genes que podem causar depressões severas,...).

De resto pouca coisa há que nos anime.

Isaltino é arguido por suspeita de corrupção enquanto era ministro. So what? Qual a surpresa?

O Luís Filipe Menezes compara o José Sócrates ao Carlos Queiróz? Olha quem...

Lula da Silva diz que a agressão ao José Serra foi encenação. Mas dá para acreditar nele?

Fidel Castro alerta para riscos de guerra nuclear. What's new in that? Nor the idea, nor himself.

Catroga lidera o grupo do PSD que vai negociar o orçamento. Mas não era para ser outro? Ou é o braço do Cavaco a estender-se?

O Facebook lança ferramenta para apagar fotos de ex-namorados? Uau...! Que importante que isso é.

Tudo fait-divers.

Vou animar-me com o quê, no meio deste triste panorama?...Não há outro remédio senão voltar a chamar pelos meus anjinhos, call all angels.

E façam-me o favor: vão aqui abaixo e ouçam a interpretação desta outra extraordinária e alternativa figura, a verdadeira ganda maluca, Jane Siberry, numa interpretação fantástica de Call All Angels. Adoro. É uma companhia regular enquanto conduzo.

(Outros dos meus vários anjinhos, aqui cantando Calling all angels: Sta Maria, Sta Teresa, Sta Ana, Sta Susana, Sta Domenica, Sta...)

E esta é ela, a Jane Siberry

quinta-feira, outubro 21, 2010

Why Try To Change Me Now? I´m sentimental, I sit and daydream


Gosto imenso da Fiona Apple: um pouco alternativa, vulnerável, diferente, grandes interpretações.
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quarta-feira, outubro 20, 2010

Chéri, life is short - diz a bela Michelle Pfeiffer nestes dias de chumbo e depressão

Falo de Chéri, com Michelle Pfeiffer e Rupert Friend num filme de Stephen Frears (o realizador de Dangerous Liaisons), numa adaptação de dois romances da autoria de Colette.

Imagino que seja um filme agradável, soft, bom para uma tarde descansada. Parece que a emoção se concentra nos últimos minutos, e digo que parece porque ainda não vi o filme - espero vê-lo este fim-de-semana.

Chéri é o jovem amante de Lea, uma sedutora com mais de 50 anos. Ou seja, a bela Michelle no papel de uma cougar.

(...e isto sou eu, subconscientemente, já a antecipar o fim-de-semana...)



Nestes dias pesados, quase angustiantes, em que as notícias de chumbo se sucedem, em que nos deparamos com uma situação económica e financeira aflitiva, em que nos vemos entregues a amadores, a gente sem substância, sem visão, sem dimensão, a malabaristas de quinta categoria... acho que uns momentos de boa disposição (e até de alienação) não fazem mal nenhum. Aliás, acho que é com pensamentos positivos que enfrentaremos melhor a agonia em que começámos a entrar.

Num dia em que no Reino Unido se soube que Cameron vai imitar os manos Castro em Cuba, indo pôr fim a 500.000 empregos na função pública (uma redução de 24% ), em que a França se encontra a ferro e fogo com cerca dos 25% dos postos de abastecimento de combustível esgotados, num dia em que, no Brasil, José Serra foi agredido por apoiantes da D. Dilma Rousseff, por cá as coisas estão, como de costume, de uma mediocridade cinzenta, rasteira.

Os 'heróis do mar, nobre povo, nação valente' parece que se esgotaram nos idos da história.

Já me custa ver o Sócrates e a sua trupe que tenta sobreviver a todo o custo, o Pedro Passos Coelho e a sua trupe já desafinada e ainda a procissão vai no adro, as franjas repetitivas e antiquadas (BE, PP e PC) apenas a quererem tempo de antena, os comentadores babando com tanta notícia, tanta trica, tanta antecipação de sangue, até farejando já o fim da soberania....

Com este clima deprimido e tudo tão igual, sem uma palavra fresca, sem uma ideia nova, até achei graça à desbocada Manuela Ferreira Leite a dizer que deviam mandar prender os trapalhões que fizeram aquela porcaria de orçamento...

Tristeza.

Alienemo-nos, portanto, um bocadinho... Vejamo, então, a experiente e irresistível cougar e a sua jovem presa.
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Air Fuck One, a special love nest for Clinton

Lá por fora: notícias desta 3ª feira dão conta de que, surpreendentemente (ou talvez não), Bill Clinton produz maior efeito a favor do voto nos democratas do que... Obama!

Esta carismática e persuasiva figura continua a dar cartas. A todos os níveis...

(Gina Gershon e Bill Clinton)

A história não é de agora. Há cerca de 2 anos que os rumores circulavam e as investigações jornalísticas confirmaram-no: o grisalho Clinton, mesmo durante a campanha política da mulher, não se eximiu a frequentar o avião privado de um amigo bilionário para as suas escapadelas (das quais a Hillary já só pede que sejam discretas).

Os amigos já baptizaram o avião quase presidencial: Air Fuck One!

Os americanos adoram-no e o Partido Democrático agradece.
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terça-feira, outubro 19, 2010

Manuela Moura Guedes out of TVI

Uma boa notícia (para nós... e provavelmente para ela também, que não deve ter saído por pouco dinheiro): Manuela Moura Guedes finalmente saíu da TVI.

Não deixa saudades pois já perturbou demasiado os telespectadores.

Excepto talvez para os que gostam do estilo 'carnificina ao vivo', Manuela Moura Guedes, com o seu peculiar estilo arruaceiro, pseudo-popular radical, com aqueles olhinhos gulosos e sangue a escorrer da grande boca, impelia-nos automaticamente ao zapping.


Com o anunciado interregno político de Sócrates, deve ter achado que, de facto, também já não tinha grande motivação para lhe filar o dente e lá se convenceu a aceitar a indemnização.
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O ministro Brice Hortefeux tem um aborrecido lapsus linguae: genital em vez de digital

No domingo, durante um debate transmitido por uma rádio e por uma televisão, o ministro francês do interior, Brice Hortefeux, teve um daqueles deslizes que o vai marcar para o resto da vida.
Interrogado sobre a existência de um arquivo étnico que o Governo Francês supostamente manteve sobre indivíduos de etnia cigana, Hortefeux (que é alvo de conotações racistas), teve um lapsus linguae e disse: "Existem dois arquivos principais: um arquivo de impressões genitais e um arquivo de impressões genéticas"

Upsssssssss……!

Eram impressões digitais....

Sair do euro? Sangrar por via fiscal até ao exaurimento? Olhar para o meu anjinho? ...What...?

  • Nestes desgraçados dias em que se anunciam medidas horríveis que a todos tocarão e que empobrecerão  e entristecerão ainda mais o País,
  • mas em que não se vêm grandes alternativas imediatas face ao estado de dívida acumulada a que chegámos, 
  • em que percebemos finalmente que ao longo de anos andámos a viver à tripa forra à conta do dinheiro dos outros,
  • em que a nossa produtividade global é miserável,
  • em que a nossa capacidade de criar valor é praticamente nula,
  • nestes desgraçados dias em que vozes avisadas como a do Nicolau Santos já recomendam que se pense na hipótese de sair temporariamente do euro para arrumarmos a casa (pensamento que era quase pecado mortal há pouco tempo atrás),
  • em que olhamos com desconfiança e decepção para a turma do PS, Sócrates, Pedro Silva Pereira e Almeida Santos à cabeça,
  • em que a turma do Pedro Passos Coelho, Ângelo Correia (ex- Cabo Angel), Miguel Relvas e Miguel Frasquilho e outras  figuras que tais não parecem ser muito mais dignas de confiança,
  • (e nem vale a pena falar nos inimputáveis Portas, Louça e Jerónimo...),
 ... nestes dias de chumbo, já só me apetece olhar para o meu anjinho, tão bonito, tão bonzinho, com aquela graça que vem associada à inocência.

Olhemos, irmãos.

(My sweet angel)
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segunda-feira, outubro 18, 2010

THE WAR OF THE ROSES - a Guerra das Rosas em filme

Michael Douglas e Kathleen Turner são o par inesquecível deste filme divertido que vai num crescendo, desde os tempos de paixão romântica até à fase final da paixão enraivecida, em que tudo se destrói (a vida em conjunto, a casa).

The War of the Roses deve o título original ao nome da família. Quem não saiba disso, não perceberá que a guerra não é de rosas mas, sim, a guerra entre o Mr. e a Mrs. Rose.

A versão cantada do Camané que coloquei no  Ginjal e Lisboa, a love affair foi, certamente, inspirada neste delirante filme.

Quer o filme, quer a canção merecem que os apreciemos porque são dramáticos e divertidos... e quantos milhares de casos iguais não há...?


Se me puderes ouvir

De tarde, sob um sol ameno de outono, uma borboleta linda, com muitas cores - laranja, dourado, ocre, preto, asas aveludadas e suavemente brilhantes - pousou no meu ombro. Fui andando e a borboleta ia levantando voo ao de leve e depois voltava a pousar em mim. Eu tinha a máquina fotográfica na mão, não podia fotografar-me. Depois, levantou voo de novo, um voo maior, mas voltou para pousar na minha mão, a mão que segurava a máquina. Eu não queria acreditar. Mexi a mão devagar e ela ali estava, pousada, tranquila, andei e ela ali continuou a passear na minha mão, como se eu fosse uma flor na qual ela pousasse ou como se eu fosse borboleta como ela. Foram alguns minutos assim. Até que levantou voo e não voltou. Senti-me uma butterfly woman. Lembrei-me das vezes em que sonho que voo, tão bom, tão bom voar. Quando a borboleta de rica coloração levantou voo, gostava de ter podido também levantar voo e voar com ela voando ao meu lado.

(coisas de casa)

O poder ainda puro das tuas mãos
é mesmo agora o que mais me comove
descobrem devagar um destino que passa
e não passa por aqui

à mesa do café trocamos palavras
que trazem harmonias
tantas vezes negadas:
aquilo que nem ao vento sequer segredamos

mas se hoje me puderes ouvir
recomeça, medita numa viagem longa
ou num amor
talvez o mais belo.


(Se me puderes ouvir, in Baldios de José Tolentino Mendonça)
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sábado, outubro 16, 2010

Barnett Newman e Clarice Lispector ao pé de Coisas da Casa

Pegando na frase do Giorgio Morandi com que terminei o post anterior, "Nada é mais abstracto do que a realidade", junto hoje uma afirmação de Clarice Lispector - a quem voltarei um dia destes - escritora maior da língua portuguesa, que, imodestamente, uso para ilustrar a fotografia de objectos muitos reais que, ao isolar e descontextualizar, pretendi tornar quase abstractos.

"Criar não é imaginação, é correr o risco de se ter a realidade."

Clarice Lispector

(pormenor do gargalo da garrafa com jarra por trás que aparecem no post anterior)


Uma vez mais ocorreu-me a pintura de Barnett Newman - que já invoquei num post anterior - figura destacada do expressionismo abstracto (Nova Iorque, 1905 - 1970)
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Transcrevo do blogue da Laurinda Alves que, tal como eu, diz também amar e comover-se com o expressionismo abstracto,

"Barnett Newman dizia que as pessoas deviam ver os seus quadros de muito perto. Como se fossem entrar na tela. “Stand close enough to immerse yourselves in my paintings!”.
[...]
Há sempre riscas verticais nos seus quadros. Newman dizia que eram colunas de luz. Evocam, no seu entendimento e construção artística, uma presença sagrada minimalista que vem de um tempo muito lá atrás, descrito nos Génesis, onde as colunas de luz são sinais de divindade a incidir e a iluminar a humanidade."
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Giorgio Morandi imodestamente ao pé de Coisas de Casa



Coisas de Casa (alheia)


Giorgio Morandi (1890 – 1964) foi um pintor italiano que pintou essencialmente naturezas mortas, sobretudo, composições de objectos domésticos tais como garrafas, jarros, caixas.

Pintou os mesmos objectos vezes e vezes sem conta, com uma grande sensibilidade ao equilíbrio das formas e à harmonia das cores.

Hoje podemos ver na sua economia de meios uma aproximação ao abstraccionismo e foi, sem dúvida, um percursor do minimalismo.

Ele explicava: "O que me interessa sobretudo é a expressão do que existe na natureza, no mundo visível. Nada é mais abstracto do que a realidade" (coisa com que concordo em absoluto).
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sexta-feira, outubro 15, 2010

Thanks God: it's friday!

(Coisas de Casa)

Tanta coisinha para fazer, tanta folha para apanhar, tanta lida, tanta canseira tão boa.

quarta-feira, outubro 13, 2010

"O importante não é querer a paz, é lutar pela Paz" - Georgi Dimitrov

Fizeram-me chegar um documento com propostas para a resolução da malfadada crise orçamental,  alternativas à via fácil de cortar salários. Como sou receptiva a propostas bem intencionadas, aqui as transcrevo. Algumas parecem-me oportunas e convenientes e quase imperativas. Outras parecem-me um bocado populistas e não sei avaliar se a emenda não seria pior que o soneto (não as tingi porque o meu desconhecimento não me permite ajuizar). Outras não me agradam especialmente porque me parecem enfermar de preconceitos e não de julgamentos racionais do ponto de vista operacional e/ou económico e são inócuas do ponto de vista social. As que, objectivamente, me merecem reservas, estão com cor esbatida.

Retirando aquelas que, em meu entender, não fazem sentido e depois de avaliar se algumas das que me parecem populistas o são ou não, acho que a lista só estaria completa se fossem acrescentados outros pontos tais como: fim das progressões automáticas de carreira na função pública, fim de regalias absurdas nalgumas classes profissionais da função pública (tais como: redução injustificável de horário de trabalho, aumento de dias de férias, etc), transportes gratuitos para familiares de trabalhadores de empresas de transporte, regalias médicas tipo seguro de saúde de luxo para trabalhadores ou familiares de trabalhadores ou ex-trabalhadores do Estado, fim das assessorias boyistas, fim dos contratos milionários com agências de comunicação em orgãos de Estado ou empresas públicas e claro fim de comemorações ridículas como as que têm vindo a público nos últimos tempos. Somam-se 10 ou milhões aqui, outros tantos ali e, como as pareclas são às centenas, no final, temos sempre uma bela quantia.

Mas, democrática como sou, aqui divulgo a dita lista que me enviaram...,




E oferece-se um presentinho a quem adivinhar qual a origem destas medidas...( ...presentinho e não presentão porque não é difícil...)
  • No que respeita ao aumento da receita fiscal, 5 medidas:
1. A criação de um novo imposto, (o Imposto sobre as Transacções e Transferências Financeiras, ITTB), que taxa em 0,2% todas as transacções bolsistas realizadas no mercado regulamentado e não regulamentado e que taxa em 20% as transferências financeiras para os paraísos fiscais. (receita adicional mínima de, respectivamente 260 milhões de euros e 1500 milhões de euros;

2. A tributação extraordinária do património imobiliário de luxo, através da introdução temporária de uma taxa de 10% de IMT (Imposto Municipal sobre Transacções Onerosas), e de uma taxa de 1% de IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis), onerando a aquisição e a detenção de imóveis e propriedades de valor superior a um milhão de euros (receita não definida);

3. A tributação agravada sobre a aquisição ou posse de bens de luxo, (em sede de ISV, Imposto sobre Veículos, e de IUC, Imposto Único de Circulação), incidindo sobre aviões particulares, iates de recreio e veículos de custo superior a 100 000 euros (receita não definida);

4. A tributação das mais-valias bolsistas, alargando a sua incidência a rendimentos do património mobiliário obtidos por Sociedades Gestoras de Participações Sociais (SGPS), entidades residentes no estrangeiro e fundos de investimentos. (receita adicional mínima de 250 milhões, equivalente à que o Governo estima obter com a tributação em IRS de rendimentos individuais de mais-valias mobiliárias, não entrando naturalmente em linha de conta com a receita da tributação das mais-valias obtidas pela PT pela venda da VIVO);

5. A aplicação de uma taxa efectiva de IRC de 25% ao sector bancário e grandes grupos económicos com lucros superiores a 50 milhões de euros, eliminando os benefícios fiscais que actualmente usufruem, e alargando este regime ao sector financeiro que opera na Zona Franca da Madeira. (receita estimada 700 milhões de euros, cerca de 350 para a banca, o restante para os grupos económicos).

  • 5 medidas de redução da despesa fiscal:
1. Suspensão temporária do regime fiscal de isenção plena de IRS e IRC, ou de quase isenção em sede de IRC (taxa máxima de 5%), aplicável na Zona Franca da Madeira a empresas não financeiras, passando a ser aí aplicável pelo menos a taxa de IRC de 12,5% que incide sobre empresas localizadas no interior do País; (diminuição de despesa fiscal não inferior a 400 milhões de euros, face ao total de 1090 milhões de euros estimado no Relatório do OE de 2010);

2. Redução, de quatro para três anos, do período máximo durante o qual são permitidas deduções de prejuízos fiscais aos lucros tributáveis (diminuição de despesa não definida);

3. Eliminação dos benefícios fiscais, (por exemplo, de IMT e de imposto de selo), aplicáveis a operações de reestruturação empresarial (fusões e cisões empresariais); (diminuição de despesa não definida);

4. Revogação dos benefícios fiscais concedidos a PPR (corte na despesa fiscal de 100 milhões de euros);

5. O fim dos benefícios fiscais para os seguros de saúde – 100 milhões de euros


  • No que respeita à despesa, 5 medidas de corte na despesa:
1. A participação das Forças Armadas em todas as operações no estrangeiro - 75 milhões de euros;

2. Abonos variáveis /indemnizações por cessão de funções - cortar 20% – 16 m€;

3. Aquisição de bens e serviços correntes – 1515 m€ , dos quais 396 em estudos, pareceres e outros trabalhos especializados e outros serviços dos quais propomos cortar 50% - cerca de 200 milhões de euros;

4. O fim da transferência de verbas da ADSE para os hospitais privados, cujo montante, certamente de dezenas de milhões de euros, continua a não ser divulgado pelo Ministério das Finanças;

5. O fim definitivo do escandaloso negócio do terminal de Alcântara com a Liscont, que agora avança para um Tribunal Arbitral por proposta da APL


  •  5 medidas contra o desperdício de dinheiros públicos no futuro:
1. A redução para um máximo até cinco membros, de todos os Conselhos de Administração de Empresas Públicas e Entidades Públicas Empresariais, e para um número máximo até três membros dos Conselhos Directivos de Institutos Públicos, não podendo as suas remunerações serem superiores à do Presidente da República;

2. A redução para metade do número do pessoal dos gabinetes dos membros do Governo e de todos os altos cargos do Estado cujos titulares tenham direito a gabinetes idênticos aos de ministros e idêntica redução, para metade, do número do pessoal dos gabinetes dos Conselhos de Administração das empresas públicas;

3. O não estabelecimento de qualquer nova Parceria Público Privada, como forma de concretizar infra-estruturas ou realizar investimentos, a extinção das entidades reguladoras e a reintegração das suas funções na Administração Central, de onde foram retiradas; A não transferência de funções do Estado para empresas públicas em substituição de serviços da administração pública, como acontece com a transferência para uma empresa pública (GERAP) das contratações para o Estado assumindo que é para contratar privados para o desenvolvimento dessas funções;

4. Elaboração urgente, pelo Tribunal de Contas, de uma auditoria completa a todos os fenómenos de desorçamentação no Estado, incluindo as situações de migração para o direito privado e, ainda, para a determinação completa do nível de endividamento do Estado, incluindo o (designado) endividamento oculto;

5. O fim das injustificadas e milionárias contratações de software proprietário na Informática do Estando, cujos custos totais o próprio Governo afirma desconhecer e a efectiva opção pelo software livre.

 
PS: Para os mais desatentos, o título contém informação que ajuda a desvendar o enigma...
 
PS: Nunca aqui coloquei um post deste tamanhão. Pela dimensão parece um discurso d'El Comandante Fidel ou do grande amigo do Sócrates, o expansivo Hugo Chavez (...e aqui estão mais umas dicazinhas...)
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terça-feira, outubro 12, 2010

Um Teatro Azul para quem gosta de Cidades e umas Mãos que se abrem à Liberdade

Numa cidade com importantes tradições no domínio da encenação teatral, das associações recreativas e da resistência feita através da arte, nomeadamente através das palavras, eis que, há uns anos, surge um edifício inesperado mesmo no meio de uma zona residencial do centro de Almada.

Transcrevo da Wikipedia:

"O Teatro  Municipal de Almada, também conhecido por Teatro Azul, situa-se na freguesia de Almada, do mesmo concelho, em Portugal, inaugurado a 17 de Julho de 2005.

Edifício projectado pelos arquitectos Manuel Graça Dias, Egas José Vieira e Gonçalo Afonso Dias, consiste num edíficio na generalidade revestido a azul, que acompanha o declive do terreno e situa-se numa zona habitacional de média/alta densidade, predominantemente erguida nos anos 70.

Actualmente, depois do Centro Cultural de Belém (CCB), este teatro contém a segunda maior sala de Portugal."

O Teatro Municipal de Almada (Teatro Azul, 1998-2005) foi nomeado (pelos respectivos Júris) para o Prémio Secil 2007, para o Prémio Mies van der Rohe 2007 e para o Prémio Aga Khan (2007-2010).

Informação adicional em ARX


(Imagem de Almada em que se destaca a mancha azul do Teatro Municipal de Almada.)

Em minha opinião, este ousado edifício valorizou imenso uma zona quase desvitalizada da cidade.

Pelas suas formas inesperadas e pela mancha cromática, introduz uma nota de modernidade e imprevisibilidade no ambiente urbano. Retirou a vulgaridade a esta parte de Almada e tomara que muitas obras assim O Homem que Gosta de Cidades e os seus amigos e colegas espalhassem por todas as cidades.


Chamo agora a vossa atenção para a escultura que se vê em pormenor na fotografia acima e que abaixo reproduzo com mais pormenor.

Trata-se da obra "Liberdade" de Jorge Vieira situada no relvado da Praça da Liberdade, mesmo no centro da cidade, um lugar aprazível, com vistas amplas, frequentemente sobrevoado por gaivotas (em terra...) , com uma inclinação agradável de onde se vê o Tejo e onde, nos dias de campeonatos, se junta uma multidão, sentada neste anfiteatro natural a ver e reagir ruidosamente aos jogos projectados num écran gigante.

É desse relvado, onde apetece estar e passear devagar que, a 24 de Abril, justamente para festejar a Liberdade, se atira o melhor fogo de artifício do País .


(Ode à Liberdade, o mais precioso de todos os bens, na escultura Liberdade de Jorge Vieira)
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segunda-feira, outubro 11, 2010

Uma certeza assim

(Fim de tarde no Ginjal)


A minha menina é muito bonita, tem uma cara bonita, uns olhos grandes e bonitos, um cabelo bonito e bem cheiroso. Tem um corpo muito bem feito (e umas belas pernas..). E é muito bem disposta. Está sempre a rir, tem sentido de humor e acha-me muita graça, tudo o que eu digo a faz rir. E é muito inteligente, parece que apanha as coisas do ar. Na escola era das melhores, sempre grandes notas mas sem se armar em boa. Queria ir para arquitectura e, sem ter andado nunca na explicação, sem deixar de sair à noite, sem deixar de curtir, conseguiu uma média para cima de 18 e, claro, entrou para onde quis. Além disso, é uma pessoa com muitos interesses, lê muito, vamos a exposições, vamos muito ao cinema e não é para ver filmes da palhaçada, vamos ao teatro, vamos a espectáculos de dança. Puxa por mim, incentiva-me, questiona-me, sou outro desde que namoro com ela.

O meu rapaz é um espectáculo. É giríssimo, tem um cabelinho onde gosto de mexer, apetece-me despenteá-lo, senti-lo em contra-pelo, tem uns olhos que parece que riem (e tem um belo físico...). Faz remo no Tejo, joga futebol com os amigos, é todo virado para o desporto e eu, sempre que posso, vou assistir. Tem muitos amigos, todos muito divertidos, farto-me de rir com eles todos. É muito bom aluno e tem uma inteligência prática que me faz inveja. Entrou para engenharia física, percebe imenso disso, ainda esteve para ir para Cambridge mas, por causa de mim, abandonou a ideia e vai ficar-se pelo Técnico. E é muito meiguinho, gosta muito de mim, está sempre a mexer-me, diz que não consegue resistir, beija-me, espreita o decote, mexe-me nas pernas. E eu gosto. Faz-me sentir mulher. E gosto de andar de mão dada com ele. E gosto muito dos beijos dele. Passeamos muito, andamos sempre juntos, as coisas têm mais graça com ele ao meu lado, é a minha melhor companhia, o meu melhor amigo. E já gosta de ver filmes sem ser da treta e já gosta de pintura e de ir a exposições. Quando começámos a ‘ficar’ passei ainda a gostar mais dele. Mas há uma coisa que me aborrece. Está sempre a dizer ‘quando nos casarmos’ e isso, para mim, é ainda uma coisa muito longínqua, em que estou longe de querer pensar. Sei lá se um dia destes não conheço outro de quem passo a gostar mais? Acho que não, mas sei lá.

Ao fim da tarde, antes de irmos cada um para sua casa jantar, vamos sempre dar um passeio. O sítio de que mais gostamos é à beira Tejo, o Ginjal, mesmo em cima do rio, Lisboa do outro lado. Depois a cidade ilumina-se, o sol põe-se no Bugio, e nós os dois ali a falar, a rir, abraçados, a beijarmo-nos, agarradinhos contra tudo e contra todos. Não haverá outra mulher na minha vida. Ela não quer que eu diga isso mas eu não tenho dúvidas: um amor assim acontece uma vez na vida.
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I cried for you


Katie Melua, uma das meninas cantoras e fazedoras de canções de quem muito gosto

domingo, outubro 10, 2010

Ginjal e Lisboa, a love affair

Comecei um novo blogue, Ginjal e Lisboa, a love affair. Convido-vos a visitá-lo.

Gosto tanto de Lisboa, do Tejo, desta margem de cá de onde se vê Lisboa como de nenhum outro local, e das casas gastas e graffitadas deste sítio mágico, com janelas sem janelas de onde se vêem as nuvens, e de correntes gastas nos cais, e de pontes que não vão dar a lado nenhum e de pescadores que atiram a linha ao céu com Lisboa ao fundo, que resolvi criar um blogue para mostrar aquilo que vejo.


Passem por lá porque terei todo o gosto em vos receber.
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Miró 'A cor dos meus sonhos' - (...e eu a brincar às composiçõezinhas a la Miró)



São as formas que o guiam ou a imaginação das cores?

É a forma. O ponto capital para mim, é a forma. Se, na primeira etapa, a forma ficar bem, está salvo. As cores vêm automaticamente. Por exemplo, ali há um ângulo que vai ser vermelho, logo, para se relacionar com este ângulo vermelho, uma outra superfície da tela deve ter azul, vermelho, etc.

Uma pincelada é como se tivesse apenas um olho, falta-lhe qualquer coisa [esconde um olho com a mão], não consegue ver. Ou é como se só tivesse uma das mãos. E não gosto de uma só cor. Se me dizem “Qual é a sua cor preferida?”, a questão quase que não tem sentido para mim: gosto e procuro o contraste das cores, o contraste das cores puras.

(de novo, in "Miró – Esta é a cor dos meus sonhos", conversas com Georges Raillard, tradução de José Mário Silva, o Bibliotecário de Babel)
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Eu Mulher-Árvore here in Heaven



"É como nos sonhos. Para mim, uma árvore não é uma árvore, qualquer coisa que pertence à categoria dos vegetais, mas uma coisa humana, alguém vivo.

Uma árvore é uma personagem. Uma personagem que fala, que tem folhas.

E chega a ser inquietante. Por vezes coloco um olho ou uma orelha nas árvores. É a árvore que vê e que escuta."

(in "Miró – Esta é a cor dos meus sonhos", conversas com Georges Raillard, tradução de José Mário Silva, o incansável Bibliotecário de Babel)
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sábado, outubro 09, 2010

Palavras de Maria do Rosário Pedreira numa noite de frio, de chuva

Here in Heaven

Deita-te aqui - esta noite, dentro de mim,
está tanto frio. Se fores capaz, cobre-me de
beijos: talvez assim eu possa esquecer para
sempre quem me matou de amor, ou morrer
de uma vez sem me lembrar. Isso, abraça-me

também: onde os teus dedos tocarem há uma
ferida que o tempo não consegue transportar.
Mas fecho os olhos, se tu não te importares, e
finjo que essa dor é uma mentira. Claro, o que

quiseres está bem - tudo, ou qualquer coisa,
ou mesmo nada serve, desde que o frio fique
no laço das tuas mãos e não regresse ao corpo
que te deixo agora sepultar. Não sentes frio, tu,

dentro de mim? Nunca nevou de madrugada no
teu quarto? Que país é o teu? Que idade tens?
Não, prefiro não saber como te chamas.


(Maria do Rosário Pedreira, Nenhum Nome Depois)


PS: E abaixo o Miguel Frasquilho e o Miguel Relvas, o Bettencourt Picanço e a Ana Avoila, o Luís Filipe Menezes e o Armando Vara, a Heloísa Apolónia e a Ana Drago, o António José Seguro e o Mário Nogueira, o Vitalino Canas e Alberto João Jardim! Abaixo! Abaixo! Pim!

quinta-feira, outubro 07, 2010

Miguel Frasquilho e a pulseirinha fatal



Hoje estive a almoçar ao pé do Miguel Frasquilho no IKEA e depois voltei a cruzar-me com ele lá em baixo, nas compras, e tive ocasião de reparar num pormenor.

A criatura nunca me foi especialmente simpática: é de um ultraliberalismo incondicional e sempre muito seguro das suas razões. São tendências extremadas com as quais não me identifico (o mercado não pode comandar tudo nem é auto-regulável como os factos o têm, infelizmente, vindo a demonstrar) e, além disso, tanta certeza absoluta revela a antítese da sabedoria. Quem tem mundo e sapiência sabe que não há verdades absolutas nem certezas inabaláveis.

Mas, bem pior que isso, foi o pormenor em que só hoje, ao vê-lo assim de perto, ao vivo e a cores, pude reparar: o liberal Frasquilho usa uma pulseirinha de ouro no bracinho, caída sobre o pulso. Estava na fila muito hightech a consultar a internet num dos gadgets da moda mas, pelo amor da Santa!, de pulseirinha de ouro…uma pulseirinha a meio caminho entre o completamente kitch e o completamente menino-da-mamã.

Coisa tenebrosa.

Um ultra-liberal de pulseirinha pirosa de ouro é a contradição dos termos, perde instantaneamente qualquer réstea de credibilidade.

Será que há mais como ele? É que a gente vê-os na televisão e só os mostram do busto para cima, os bracinhos ficam para baixo e coisas importantes e redutoras como esta, não se vêem, quando, afinal, são do mais elucidativo que há, uma pulseirinha pirosa pendurada no pulso diz mais que mil discursos na Assembleia, do que mil statements na televisão.

Não haverá maneira de os sujeitar a um triagem como a que há nas urgências dos hospitais? E pôr-lhes autocolantes na lapela para a gente ver na televisão?
  • Autocolante verde para quem se sabe ao menos apresentar,
  • amarelo para quem está prestes a resvalar para a piroseira
  • e encarnado para pessoas assim, com pulseirinha de ouro tombada sobre a mão, ou anel no dedo, ou patilhas artísticas, ou gravata brilhante cor de rosa, ou com um travessão de ouro bicolor na gravata, enfim, com pérolas desse género. 
Acho que seria um serviço ao País. Já saberíamos em quem nunca votar.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Andy Warhol, Roy Lichenstein - ou os limites da criatividade, da arte

Onde começam e acabam a arte, a criatividade?



Um dos nomes mais representativos da Pop Art, Andy Warhol criou, nos anos 60, várias imagens produzidas em série a partir de fotografias de celebridades tais como Marilyn Monroe, Elvis Presley, Liz Taylor e Jackie Onassis.

O tão conhecido conjunto de Marilyn's  foi feito após a morte da actriz em 1962. São 50 imagens feitas com base numa fotografia publicitária (do filme Niagara).

A técnica que usava era pintar em cima de uma tela de seda colocada sobre uma projecção de um slide da fotografia que servia de 'modelo'.

Anteriormente as suas pinturas eram feitas a partir de cartoons e de anúncios publicitários.

É do conhecimento público o valor que recentemente um dos seus quadros atingiu: 100 milhões de dólares.

Encontra-se representado em vários museus e existem mesmo dois museus que lhe são dedicados: the Andy Warhol Museum, em Pittsburgh, Pennsylvania que é o maior museu americano dedicado a um único artista e the Andy Warhol Museum of Modern Art, em  Medzilaborce, Eslováquia.

Mais informações no Artsy
 


Lichtenstein, outro dos nomes grandes da Pop Art, começou os seus primeiros trabalhos de 'pintura pop' usando também como base cartoons, usando técnicas que emulavam a aparência comercial. Esta fase prolongou-se até 1965 usando imagens de anúncios e cartazes publicitários.

Recebeu numerosos prémios, condecorações, reconhecimento académico e público e as suas obras podem ser vistas nos grandes museus.
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terça-feira, outubro 05, 2010

Dia da Primeira Comunhão e Centenário da implantação da República



(Coisas de Casa)

Todos os anos na mesma altura, Maio segundo me recordo, começavam os preparativos para o dia da Comunhão. As mais pequenas iam de anjinhos, umas grandes asas nas costas, uma coroa de flores na cabeça, um vestido comprido.

Assim me vejo numa fotografia dessa altura, com 5 anos. O vestido branco comprido, cinto de cordão à cintura, sandálias abertas como se fosse de uma ordem mendicante; mas o cabelo comprido ondulava sobre os ombros tocado pelo vento e as flores na cabeça e as longas asas faziam-me sentir como se fosse, de facto, um ser celestial, especial – e as pessoas diziam que eu estava bonita e, de facto, assim eu me sentia.

Por isso, nessa fotografia, estou a rir, é festa, é descoberta e é alegria, tudo em estado puro.

Ensaiávamos a pequena procissão, a missa, os cânticos, e era uma responsabilidade e uma agitação, toda aquela coreografia, desfila, senta, levanta, canta, e, se não canta, está em silêncio e desfila, e leva uma cesta de flores, e sempre a sorrir, e sempre em silêncio. Ou então a cantar. Ave, ave Mariiiia, as vozes infantis enchiam a capela bonita e solene.

Por essa altura as rosinhas brancas e rosadas estavam floridas e enchiam o ar com o seu perfume. E havia uma flor com um nome extraordinário: gipsofila e era uma coisa quase mágica, aquelas florzinhas minúsculas que enchiam os arranjos florais, decoravam as jarras nos altares, davam um ar etéreo aos ramos, às coroas.

Depois, um ano, chegava o nosso Dia. Nós próprios, ex-anjinhos, éramos as estrelas do dia, éramos nós os primeiro-comungantes, sentíamo-nos bafejados pela sorte, era em nosso nome que tudo aquilo agora se organizava, avé, avé Mariiiiia, na Cova d’Iria.

E os vestidinhos brancos eram rodados e rendados, e os sapatinhos eram brancos, e tínhamos um pequeno e transparente véu e os meninos, se bem me lembro, iam de fatinho, alguns com calções e blaser e penso que tinham uma fita no braço e uma vela na mão.

À frente, novos anjinhos, meninos pequenos, ainda numa fase que nós já tínhamos ultrapassado e a quem agora dávamos conselhos, nós que já tínhamos atingido um estatuto superior.

E as famílias iam assistir e era como se colectivamente festejássemos um aniversário especial com banquete no final.

A capela perfumada, iluminada pelas velas gotejantes, os cânticos sentidos, a nossa responsabilidade reverente, a coquetterie da toilette, a cumplicidade com os nossos amigos, todos igualmente ansiosos, felizes.

Eram tempos de inocência e festa. O mundo inteiro pela frente, sem mácula. Não sabíamos de políticos, de campanhas de imagem, de desemprego, de globalização, de mercados financeiros, de crise, de impostos em cima de impostos, de crispações partidárias. Éramos felizes e não o sabíamos.

E hoje, dia da República, em que se comemora um dia de há muitos anos, um dia cheio de esperança e de crença num modelo de governação livre e democrático, apeteceu-me recordar o dia da 1ª Comunhão, em nome de todas inocências e de todas as alegrias passadas, presentes e futuras.
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domingo, outubro 03, 2010

Está a chover here in Heaven


Mas está-se sempre bem.

Crazy October has arrived mas here in Heaven it´s always a good time.

 
The best place on earth

A crise da má governação, a crise dos valores, a crise da nossa acomodação

Este País - e se calhar grande parte do Mundo - parece estar entregue a gente sem mundo, sem escola, a newcomers, a espertalhaços que, com voz sapiente, sem dúvidas e com arrogância, vão ditando sentenças e influenciando o rumo da economia e, em última análise, da vida das populações.

Há uns anos eram os yuppies, tudo sabiam, esperteza irrefutável, gestão por objectivos - e os objectivos resumiam-se a um: lucro imediato e fácil.

Depois vieram os adoradores a l’outrance do Estado Social, com reformas facilitadas, reformas antecipadas, reforma do estado estando a pessoa a trabalhar no activo no mesmo sítio, na mesma função e a receber ordenado, mais subsídios para tudo, para todos e, para os trabalhadores do estado, um regime de apoio social equivalente a um seguro de saúde Premium, cartão platina. E institutos para todos os gostos, com administrações, secretárias de administração e todo o staff inerente a uma empresa, frota da administração, motoristas da administração e carros com motorista para uma série de funções, e milhares de coisas inimagináveis para os pobres trabalhadores da economia real que não têm nenhumas destas mordomias alimentadas com o dinheiro surripiado à força através dos impostos de quem trabalha.

Depois veio a crise lá fora e a seguir a crise cá dentro.



E, com o fantasma da crise lá fora, se tem vindo a disfarçar a crise cá dentro.

Grande parte da população deste país não cria riqueza, apenas devora o que uma minoria produz.

Tal como há muito tempo atrás, quem nascia rico não precisava de trabalhar porque herdava, à nascença, condições que lhe permitiam viver acima das condições gerais, assim hoje, muitos dos que trabalham no Estado, herdaram condições e regalias que são verdadeiros atentados.

Se o horário geral de trabalho é, em média, 37.5 horas semanais, como é possível haver classes profissionais que trabalham apenas cerca de 12 horas, gerando desta forma a necessidade de mais duas pessoas 'por posto de trabalho'*? Se a duração normal de férias são 22 ou 23 dias úteis, como é possível haver classes que têm o dobro ou mais*? Se um administrador ou empresa de uma empresa privada conduz o carro que usa, como é possível em tantas funções do estado haver lugar a carro mais motorista? Quantos postos de trabalho a mais do que o necessário se geram com coisas tão simples como as que referi?

Em vez de se cortar nos ordenados, como agora o José Sócrates e Teixeira dos Santos anunciaram – coisa simples de pôr em prática e justificada talvez para quem acumula pensões com ordenados ou tem prémios injustificados – porque não se acabam com tantos lugares que apenas são ficticiamente necessários?

E alguma vez na economia real há carreiras, progressões automáticas, escalões, diutirnidades e coisas do género que garantem aumentos automáticos de ordenado? Claro que não, nem faz sentido que exista. Então porque é que há disso nas funções do estado, quando esse dinheiro vem dos impostos dos desgraçados que não têm nada disso?

Se toda essa gente que vive à sombra do estado, laborando em funções supérfluas, ou trabalhando um terço ou menos do que os outros, se todas as duplicações de funções, se todo o esbanjamento fruto de desorganização, incompetência ou amiguismo, voltasse para a economia real, talvez o País não vivesse esta crise terrível - em que somos dos piores no que se refere a produtividade efectiva, em que importamos tudo, em que somos dependentes, infelizes, relapsos.

Aceitámos subsídios para largar a agricultura, a pesca, recebemos subsídios para fazer indústrias de faz de conta, e agora aqui estamos desgraçados, descapitalizados, desencantados.


PS: Enviaram-me o link para o A caminho da destruição do euro? do Blogue Ladrão de Bicicletas bem com para o artigo Should financial markets dictate budgetary policies in the eurozone? do Forum dos Economistas do Financial Times. Aqui os deixo pois é importante o contraditório e as análises segundo diferentes pontos de vista.

PS: (*) Professores (nomeadamente que se refere a horários), juízes, etc.