sábado, setembro 17, 2016

In heaven com figos e com pinhas.
[Porque é que isto, como tantas outras coisas, me traz tanta felicidade? - Vou tentar saber.]
E é assim que às árvores e ao verde aqui se junta a música e o cérebro



Até ao último minuto estarei de férias. Embora já tenha a agenda repleta de reuniões para a semana que vem e embora, durante estas abençoadas semanas de lazer, tenha lido e escrito dezenas de mails e feito dúzias de telefonemas profissionais, é sempre com prazer que degusto cada minuto destes dias tão bons.

Agora estou no campo. Para além da normal limpeza da casa e das culinárias e de andar de volta das figueiras como um bicho guloso, comendo figos atrás de figos antes que fiquem todos secos, temos andado no desbaste das árvores e o meu marido também na limpeza de mato. É um fenómeno que mereceria um estudo. De terra pedregosa e inóspita (ingrata, chamou-lhe uma vez um senhor que vivia na aldeia e que, ao princípio, nos ajudava na vã tentativa de abrir covas para plantar árvores) onde apenas medrava um mato rasteiro, transformou-se numa terra mágica onde as árvores ganharam um tamanho assombroso e onde a vegetação espontânea cresce desabaladamente, parecendo agora um mar alto de largas, maciças e perfumadas ondas verdes.


Serei talvez uma pobre de espírito por andar sempre neste estado de rêverie que me traz feliz, independentemente de tudo o que acontece à minha volta ou mesmo no meu corpo (que, por vezes, tenta apear-me das alturas por onde me sinto bem a voar). Mas nada posso fazer contra isso: ser como sou não é um acto voluntário, é apenas a minha maneira de ser.


Por facilidade e para não ter calor, ando de fato de banho. E, qual turista, ando com a máquina fotográfica. Limpamos as ramagens baixas e desnecessárias das árvores, até para não se misturarem com o mato, o meu marido serra os ramos para termos lenha para a lareira, eu recolho as pinhas que dão sempre jeito para atear um bom fogo, e, entretanto, maravilhada, reparo na resina que brilha ao sol, reparo na beleza dos troncos, nos diferentes tons e formas das pinhas, e, nisto, ando leve e feliz como um pássaro.

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Depois de jantar, enquanto na televisão dá uma coisa qualquer (abenas temos os 4 canais abertos mais o do parlamento), entretenho-me com um livro de física e com o computador.

Como gosto de fazer testes, fiz um que anunciava que informaria sobre a sanidade da minha mente. O resultado, sem grande surpresa, é que tenho uma wondering mind. Mostro-vos o resultado e deixo-vos o link, caso queiram ver se batem bem da bola ou se são uns ganda malucos (ou malucas, claro).


Os meus resultados:
You have a "wondering" mind.
It means that your mind is always looking for the next challenge, the next thought, and the next fascinating detail that comes your way.
You are a very curious and inventive person who likes to discover new things for yourself.
You love being creative, pouring your heart and soul into something, and then moving on to the great next challenge. 
You are always looking for the next big thing, and that's the secret to your own inner happiness. You don't find happiness by buying stuff or getting approval from other people. You find your own happiness by listening to yourself, and going after the things that fascinate you.
Depois, como ali falava na minha felicidade interior, fui ver se, do ponto de vista neurológico, há alguma explicação para que eu seja assim e tantas pessoas tão diferentes. Já uma vez aqui tinha referido que os cérebros são diferentes mas não encontrei esse meu post. Atirei-me ao youtube e claro que fui remetida para inúmeras conferências Ted, algumas que não me disserem muito pois não me pareceram ter a consistência científica que eu procurava, ou para vídeos que achei mais fundamentados mas com mais de uma hora de duração e que aqui perderiam impacto.

Por isso, depois de ver muita coisa, deixo-me de coisas e limito-me a pôr um curtinho e sem frescuras, apenas boa onda. Não se assustem: chama-se The Cognitive Neuroscience of Happiness mas a happiness sobrepõe-se à Cognitive Neuroscience -- ou o principal protagonista não fosse Pharrell Williams.





Para os que não se importem de ver vídeos maiorzinhos, deixo aqui um de Morten L Kringelbach, que estuda as mentes felizes e que também é boa onda:

The joyful mind: the neuroscience of pleasure and happiness with Morten Kringelbach



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E a quem queira saber as últimas da campanha eleitoral nos EUA, permito-me convidar a descer até ao post já a seguir.

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3 comentários:

  1. Anda no meio da mata a recolher pinhas e lenha em fato de banho...vai sair cheia de arranhões.

    As figueiras fizeram lembrar-me de uma história popular em que um pastor tocava uma gaitinha feita de cana e imediatamente se ouvia uma voz, "ó preto, ó pretinho, não me cortes o cabelinho que minha mãe penteou e minha avó arrancou, por causa do figuinho da figueira que o passarinho levou" (beríssima, esta avó).

    Os vídeos tem de ser noutra hora. Não tenho grande curiosidade em saber como sou, prefiro viver com uma ilustre desconhecida:).

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  2. Olá bea, de novo,

    Tenho andado com muito cuidado para não me arranhar mas já cá tenho um ou outro. Sou uma camponesa atípica, sabe.

    Pena que a sua avó fosse mazinha mas a história é engraçada. E os meus figuinhos bem docinhos.

    Um bom sábado, bea.

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  3. A minha avó?! Era a avó da menina da história. Matava a neta, enterrava-a e depois no lugar nasceu um canavial viçoso, cujas gaitas a delataam com o que contei acima.

    Uma das minhas avós era uma desencardida pouco terna e muito dada a ódios pelos quais pagou caro e foi bem feito para ela, fora os filhos e o marido sem culpa de nada. A outra era um pão sem sal, uma dussimulada teatral, quase não se mexia excepto para lavar continuamente as mãos o que levava os vizinhos a comentar, a velhota é muito asseadinha. Nunca lhe achei préstimo por mais que lhe espreitasse as qualidades - e cansei-me de tanto espreitar. Infelizmente herdei-lhe algumas doenças crónicas e parte do rosto, digamos que a sua herança constitui o meu pior. A genética é cá uma coisa.

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