sexta-feira, fevereiro 10, 2012

O Vítor Gaspar todo curvado e marrãozinho, a pedir batatinhas ao ministro alemão das finanças Wolfgang Schäuble estava mesmo a pedir uma belinha naquela testa!

Aqui ainda o ministro não se tinha enfadado

Como é que se pode pretender que tudo o que é bicho careta alemão não ande por aí a dar palpites sobre o que os portugueses fazem ou deixam de fazer com uma atitude como aquela que hoje vimos ao Gaspar...?

  • Devo dizer que me fez impressão assistir a uma 'cena' destas obtida à socapa. Mas devo também reconhecer que é inegável o interesse político de que isto se reveste. 
  • Por uma questão de princípio, nunca li uma única notícia que diga respeito a transcrição de escutas ou a documentos obtidos via wikileaks. Mas hoje a conversa entre aqueles dois em Bruxelas entrou-me pelos olhos dentro e, portanto, vou deixar esta questão ética, que não é de somenos, para outro momento.

Assim, passo a opinar:

1º - Que é mais que óbvio que Portugal não consegue, mas não consegue mesmo, nem por milagre, voltar a obter financiamento sozinho em 2013, isso acho que já ninguém duvida. Estranha-se é que Passos Coelho continue a jurar a pés juntos que não precisa de renegociar o apoio da troika, que não precisa de mais dinheiro, que não precisa de dilatar o prazo. (Estranha-se? Não, eu não estranho nada e até acredito que ele ainda não tenha percebido isso. As suas capacidades de compreensão são o que são. Mas, enfim, parece que faz boas farófias.)

2º - Que o Gaspar, que é distraído, pantufou o orçamento todo, se esqueceu de parcelas e que na primeira semana do exercício, já estava ó tio, ó tio, que me enganei, acho que isso também já toda a gente percebeu. (Bem, toda a gente não: acho que Passos Coelho e o engenheiro civil Moedas ainda não perceberam mas percebe-se, economia não é bem o forte deles.)

3º - Que este Governo não tem noção do significado de palavras que lhes devem soar antiquadas, tais como orgulho nacional ou soberania, acho que disso também já ninguém duvida. (Bem, toda a gente talvez não. Passos Coelho ou Miguel Relvas, por exemplo, não estão nem aí, devem achar que isso é conversa de gente complexada ou piegas. São muito machos, eles.)


Mas, apesar de todas estas evidências, custa ver um ministro nosso, todo curvado, balbuciante, enquanto o alemão displicente que sim, que dava uma ajudinha, que logo que a chatice grega estivesse ultrapassada logo pensava nisso e o Vitinho, servil, muito agradecido, que merecemos e outro já enfastiado, a olhar para o lado, só faltou espreguiçar-se e o Vitinho a insistir que temos feito o trabalhinho todo e outro a ver-se mesmo que só pensava que sim, está bem, vê se despegas ó melga...


Que cena mais triste! Então todo o sangramento a que a população está a ser submetida apenas serve para isto? Para que um alemão, displicente, enfastiado, condesceda a dar o seu amén a mais uma esmolinha?

E, pergunto eu, agora Portugal já depende da Alemanha? A Alemanha é que vai autorizar um novo apoio a Portugal? Já não há instituições europeias? Portugal já se rendeu à Alemanha? Mas o que é isto?!

Há paciência para aturar uma coisa destas? 

Sinto-me maçada com isto. Para tudo tem que haver classe, até para pedir esmola, e esta gente não a tem. E a falta de classe é uma coisa confrangedora.

Neste momento estou a vê-lo na televisão, ao Gaspar, a falar soletradamente, sílaba por sílaba, a desdizer o que disse, a explicar com palavras redondas e vazias que não está em cima da mesa a flexibilização do programa de apoio, e já não tenho paciência para aturar gente inapta destas. 

E já nem falo aqui deste novo programa de apoio à Grécia. É ultrajante o que se está a passar. Só falta mesmo esganarem à mão os pobres gregos. Como é possível que se faça isto a uma nação?


Nota: Como me está a apetecer ir escrever outra coisa, não me alongo mais por aqui mas permito-me sugerir que se desloquem até aos comentários do post abaixo. O meu leitor JHMP escreveu um comentário muito elucidativo que explica muito bem como é que estas coisas funcionam.

7 comentários:

  1. Caro UJM

    Obrigado pelas suas palavras. Penitencio-me pelas gralhas e “errozitos”…. Mas foi tudo escrito ao correr de pena e não tive oportunidade de rever…. Só aqui entre nós que ninguém nos ouve, os erros de português sempre foram uma sombra sobre mim… Acho que sou um pouco disléxico, troco os “pre” e os “per”, já cheguei a separar os “mos” e com os acentos então nem se fala…. Enfim, ninguém é perfeito e pedia a vossa paciência….
    Para além disto, gostaria só de concluir o meu comentário anterior, explicando a relevância desta distinção entre financeiro e económico.
    Se nosso problema fosse financeiro, Portugal tinha que resolver o problema “sozinho”, com medidas principalmente orçamentais.
    Só que o nosso problema é essencialmente económico. Temos uma economia que não cresce. Temos sectores da nossa economia que foram completamente arrasados pelas políticas da UE. O sector das pescas e da agricultura, por exemplo, foram literalmente trucidados (a UE paga aos agricultores para não produzir, vejam bem, para não fazer nada, tendo só que manter as terras “limpas”). Alguém se dignou lembrar, ou talvez melhor, a explicar a esta cambada do impacto que o desaparecimento do sector primário tem no sector secundário, ou seja na indústria que posteriormente suporta o sector terciário dos serviços?
    A indústria base, a metalomecânica, por exemplo, foi totalmente extinguida à custa destas politicas, a industria química….
    É curioso vê-los agora a gritar em plenos pulmões que temos que produzir mais, comprar o que é português….a questão agora é que já não sabemos fazer. Esse “know-how” desapareceu com o encerramento das empresas.
    É por isto que a UE têm de ser chamada à berlinda, pois “ela” tem uma cota parte da responsabilidade nesta situação.
    Isto é anedótico….é triste…. e as figuras do nosso “Gaspar” demasiado subservientes…

    JHMP

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  2. Caro JHMP,

    O início do seu comentário deu-me imensa vontade de rir. Erros ortográficos são uma coisa que me incomoda muito (e tenho terror de, com a pressa com que escrevo e com a deficiente revisão que faço, trocar as mãos e não dar por ela).

    Mas não se preocupe. Vê-se que escreve à pressa e, de resto, já vi bem pior...

    Uma vez mais o seu comentário é super elucidativo. Estou certa que os meus leitores encontrarão as explicações muito úteis e clarificadoras.

    Concordo muito com tudo o que diz e aqui tenho dado conta disso. Destruir as várias camadas do tecido económico de um País (tudo: primário, secundário, terciário...) só podia conduzir ao desequilíbrio estrutural a que chegámos e que tem implicações de toda a ordem, nomeadamente a nível da dívida (pública e privada) e dos défices.

    Volte mais vezes que os seus comentários enriquecem bastante aqui este recanto.

    Muito obrigada.

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  3. Rosita,

    Antes havia pobreza grave, sei disso. Felizmente tive a sorte de nunca ter convivido de perto com essa realidade e espero que assim me mantenha, longe da pobreza.

    Mas o que desejo para mim, desejo em igual medida para todos os meus semelhantes.

    Não consigo aceitar que se defenda o empobrecimento, não consigo conceber que haja de novo famílias a partilhar um ovo ou sem comida para alimentar os filhos. Apesar de eu ser uma privilegiada, lutarei com quanta força tiver para que os meus semelhantes progridam e tenham uma vida digna e um futuro feliz para os seus filhos e para os seus velhos. Por isso não me canso de aqui clamar contra medidas que são erradas - e não tenho dúvidas de que são erradas.

    Quanto às mulheres que corriam quando ouviam o toque a chamá-las para a fábrica, faz-me lembrar as mulheres que trabalhavam na indústria conserveira.

    Tenha também um bom fim de semana, Rosita Amarela.

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  4. Jeitinho, eu não advogo a pobreza, eu senti muitas vezes vergonha porque me sentia uma previligiada, eu vi-A, e agora só pergunto porque deixaram chegar as coisas a este ponto?

    Parece que agora tod@s têm o pó milagroso para salvar o mundo, porque se calaram tanto tempo ?

    abraço

    BfdS

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  5. Percebo, Rosita, e do que tenho lido aqui e no seu blogue, sei que assim é.

    No meu comentário apenas quis reforçar e nem estava a falar especificamente para si mas em geral, que muitos políticos têm tomado medidas ao longo de anos e anos que agora deram nisto: pouca agricultura, poucas pescas, pouca indústria, muita dependência do exterior e, portanto, o resultado só poderia ser este.

    E corrigir isto vai ser tremendamente difícil e não é empobrecendo a população que a riqueza do país vai voltar a nascer.

    Tomara que nem a Rosita, nem eu, muito menos os nossos filhos, voltemos a ver essa pobreza que tão bem refere.

    Obrigada, uma vez mais, por o referir. É bom manter viva a lembrança para que não se repita.

    Um beijinho e um bom fds também para si.

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  6. "Quem não pede não ouve Deus", todos mas todos (os politicos) desde o 25 Abril são culpados.

    Nasci no alentejo e ouvia a minha mãe contar como o OVO era para os irmãos pq trabalhavma, as sopas (de pão)eram para as mulheres...

    Ainda me lembro na minha infância de ver correr as mulheres com os tamancos na mão, quando ouviam o toc da fábrica que as chamavam, deixando os filhos na rua e a roupa que estavam a lavar nos tanques de água gelada.

    Já li que teve um fim de semana agitado

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  7. Rosa Amarela, olá!

    O meu fim de semana foi uma maravilha. A agitação (a real e a ficcionada) dão graça à vida.

    Um beijinho!

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