quarta-feira, julho 02, 2025

Origami

 

O calor destes últimos dias tem-me desfeito. Só estou bem em casa, ao fresco. 

Mas calhou termos combinado um almoço ali para as bandas do centro, de perto do rio. Um calor de ananases. Felizmente o restaurante era relativamente perto de um grande parque pelo que o stress do estacionamento desta vez não foi tema. Claro que tive que me abstrair da memória de todas as vezes em por ali andei quando a minha mãe esteve internada, durante quase um mês, no hospital lá perto, num belo quarto com uma bela vista, vista essa a que nem ela nem eu prestámos qualquer atenção. Mas, enfim, o tempo anda e temos que andar também, transportando as memórias.

Não tentámos pôr o carro perto do restaurante pois estamos escaldados com as dificuldades em encontrar lugar. Assim, ali era garantido e, de resto, a distância não era nada por aí além. Mas subestimámos o calor que estava. Caraças. Infernal. Um daqueles calores que queimam, que custam a suportar.

Lembro-me sempre do meu espanto, há uns trinta e tal anos -- numa altura em que as viagens não eram uma banalidade absoluta --, quando um amigo chegou de umas férias algo exóticas pelos locais menos turísticos de Marrocos e me contar que, de tudo, o pior tinha sido o calor, temperaturas em torno dos 40º. Falou dos ventos, das areias, das ruas estreitas, de mil coisas, mas o calor... isso tinha-o deixado francamente marcado. E eu perguntava como suportavam, o que faziam para prosseguir os passeios dentro de tal forno. 

A experiência mais próxima que eu tinha tido tinha sido em Angola, numa viagem feita na minha adolescência. Mas a viagem foi no verão de cá, logo no tempo menos quente de lá. Estava calor e o ar era pesado, tanta a humidade, o meu cabelo chegava ao fim do dia todo empapado, mas o calor era razoável, nada de nada de fornos acima dos 40º.

E, no entanto, agora, por cá, é o que se sabe. Uma coisa impossível.

Ainda não foi desta que fui conhecer o Macam, o novo museu, às terças está fechado. Ainda tive a ideia de ir até ao CCB mas fui demovida, a ideia era peregrina demais.

Portanto, depois de termos cumprido uns afazeres, regressámos a casa onde o cãobeludo nos esperava, estendido no chão de pedra. 

Vesti o biquini e fui ler para o spot que descobri ser o mais perfeito, aquele onde poderia estar todo o santo dia, uma sombra verde, fresca e boa. 

O livro não me convence mas isso parece ser o 'novo normal', livros que não aquecem nem arrefecem mas que, espantosamente, parecem ser do agrado dos editores (e, se calhar, de muitos leitores). Mas entre uma página e outra vou olhando para a copa das árvores, para os pássaros que por ali andam, para o céu, para lado nenhum.

E estou a gostar muito das caminhadas ao cair da noite. É a hora da doçura, da intimidade. As luzes das casas estão acesas, mas as janelas ainda abertas deixam ver o tom quente e dourado do interior. As ruas estão silenciosas, o ar mais fresco, e sabe muito bem andar assim, o cão mais ligeiro, nós conversando ou não que o silêncio às vezes é muito reconfortante.

E, agora à noite, depois de ter feito umas coisas para o Instagram (tenho este lado proleta, de não me baldar, parece que tenho sempre que produzir quelque chose e então lá está, todos os dias tento fazer uma coisa para a story e outra para o feed), o Youtube traz-me de novo a matemática e a física, temas que sempre trago no coração, e, uma vez mais, envoltas em poesia. 

Desta vez o tema é o origami, tema que sempre me atraiu (numa onda contemplativa, não executiva). O que se faz com uma folha de papel só não é mágico porque tem muita técnica. Uma maravilha.

This Origami is Changing Engineering…

Twenty-five years ago, physicist Robert Lang worked at NASA, where he researched lasers. He also garnered 46 patents on optoelectronics and wrote a Ph.D. thesis called "Semiconductor Lasers: New Geometries and Spectral Properties." But in 2001, Lang left his job to pursue a passion he’d had since childhood: origami. In the origami world, Lang is now a legend—and this Great Big Story documentary tells his true story. It’s not just his eye-catching, intricate designs that have taken the craft by storm. Some of his work has helped pioneer new ways of applying origami principles to complex real-world engineering problems.


Dias felizes

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