As coisas vêm ter comigo. É aquilo de ir na rua e alguém, que não conheço, chegar ao pé de mim e começar a contar-me a sua vida. Ou estou com uma em mente, abro o youtube e, sem que antes tenha feito pesquisas (porque 'ele', o algoritmo google, poderia migrar informação do motor de busca genérico para o motor de busca do youtube), aparece-me um vídeo que tem tudo a ver com aquilo em que ando a pensar. Não sei porque é que isso acontece. Mas acontece. Coincidência ou coisa do caraças, eu não sei.
Sei que ando numa onda zen (o que V. poderão já ter testemunhado pelo que vou divagando por aqui e que os vídeos que tenho estado a publicar no instagram também demonstram) mas, quando abro o youtube, não vou à procura de nada. Limito-me a ver o que 'ele' tem para me mostrar. Gosto de ser surpreendida.
E abaixo já verão qual o vídeo que hoje estava em posição de destaque e que estive a ver até agora.
Chegámos a casa perto das dez da noite. Depois de nos instalarmos, pusemos a reportagem sobre o Sócrates. Falarei disso depois pois tenho que deixar assentar. A seguir abri, então, o Youtube.
Hoje tive mais um dia calmo, com arrumações domésticas, com caminhadas, com um passeio bom, e, pelo meio, com mais uma tentativa de prosseguir a leitura da biografia do Herberto Helder -- mas a achar aquele tijolo um repositório ora excessivamente detalhado ora desnecessariamente ficcionado --, a espreitar 'O outro lado dos livros', Memórias de um editor, Manuel Alberto Valente, e a achá-lo um bocado 'seco' (seco ou seca?), e, pelo meio, a olhar as árvores, a sentir o perfume das flores, a ouvir os passarinhos, a olhar o céu.
Fui buscar uma espreguiçadeira e levei-a para um sítio onde não costumo estar, debaixo de uma árvore onde antes nunca tinha estado a preguiçar.
E foi uma maravilha, um encantamento, uma sensação de que eu poderia ser uma folha, um fruto a ganhar forma, um dos passarinhos que passarinha por aqui, uma pétala de rosa. Por acaso, sou esta que agora aqui escreve e que dá conta da perplexidade agradecida que sente por estar viva, por poder presenciar tanta beleza, tanta harmonia entre todos os elementos.
E, com este estado de espírito, abro o youtube e dou com uma conversa entre o Bial e Marcelo Gleiser, um físico que me deixou fascinada a ouvi-lo.
Apetecia-me transcrever várias coisas que ele disse e que correspondem ipsis verbis ao que penso (ou que me deixam a pensar), coisas como estas duas aqui abaixo que podem não ser a última coca-cola do deserto mas que são grandes verdades (pelo menos a mim tocam-me bastante pois é destas evidências que parece que meio mundo anda esquecido):
- Celebrar o privilégio de estar vivo neste mundo
- Cara, acorda, você é feito de estrelas!
Somos feitos da mesma matéria que as estrelas, da mesma matéria que as árvores, há átomos de outras coisas e de outras pessoas dentro de nós. Somos magia, um acaso que, por milagre, se materializou em nós.
O vídeo é um bocadinho longo mas acreditem que é interessante do princípio ao fim. Espero que gostem.
ESTRELAS, ÁTOMOS e mais com o físico Marcelo Gleiser | Conversa Com Bial | GNT
Um bate-papo que mistura ÁTOMOS, ESTRELAS, NATUREZA e o "mundo sobrenatural": o físico e astrônomo Marcelo Gleiser chega no #ConversaComBial para uma entrevista de expandir mentes.
Em perfeita sintonia consigo. E aqui relembro "Nesse mítico lugar" em que nos 2 últimos versos é dito: e nele intuem o hino inscrito/para venerar o infinito.
ResponderEliminarLS
E continua-se a confundir educação com cultura e conhecimento. Educação é uma formatação de conduta, para otimizar relacionamento e convivencia, ou seja, são normas ou regras que nos permitem viver mais ou menos em harmonia. Cultura e conhecimento, é o que se vai adquirindo com o avanço civilizacional. Haver o ministério da educação para as escolas, e da cultura para o teatro e etc, para mim não faz sentido. Faz sim, haver o ministério da educação e cultura. Uma pessoa culta pode ser mal educada, e uma pessoa bem educada, pode ser alguém que nem sabe perceber o que leu.
ResponderEliminarViva UJM.
ResponderEliminarComigo acontece o mesmo, tenho ímen para o pessoal nas margens. A minha mulher e filhas dizem que a minha postura os aproxima de mim, não sei.Mas que me marcam para pedinchar, é verdade.
Uma vez fui comido de cebolada com grande pinta. Estava numa esplanada da Pascual de Melo a tomar o pequeno almoço com a família, e eu estava suponho a ler o jornal da manhã, e não estava particularmente bem disposto , quando me aparece um rapagão a pedir dinheiro, e eu quase sem olhar para ele despachei o fulano. Passados uns minutos uma das filhas alertou-me que o rapaz estava a chorar encostado a uma árvore para eu condescender e ver o que se passava. Muito bem, o rapaz tinha saído da prisão nessa manhã sem ter um cêntimo para comer e ir para o Alentejo litoral, suponho. Evidentemente que o mandei sentar na mesa e tomou o pequeno -almoço avantajado, e para além disso mandei fazer umas sandes para comer no autocarro a caminho de casa. Depois, fomos levá-lo ao autocarro para o Alentejo, comprei o bilhete para ele não ficar com o dinheiro, e depois viemos embora deixando- o na espera do transporte. Então não é que passados dois dias o vejo numa reportagem da TV na igreja do anjos a viver na rua?! Conclusão, o artista comeu pequeno-almoço, levou sandes para o caminho, e depois, nas minhas costas, vendeu o bilhete e ficou em Lisboa. Moral da história, fui comido de cabidela.
Para quem vive e já "frequentou" algumas sociedades, é doloroso chegar ao infinito do poema........
ResponderEliminarPergunta. Se ele tem sido sincero e pedisse só algo para comer, pagava-lhe o pequeno almoço?
ResponderEliminarUm dia no ContTE ao chegar ao carro com as compras,veio um quase da minha idade pedir.
Como não tinha trocos, pediu-me uma banana ou yogurte que por acaso não tinha comprado, pelo que lhe ofereci um pacote de bolachas. Agradeceu a chorar dizendo que estava cheio de fome. Ao ver a sofreguidão dele a abrir o pacote, dei-lhe 10 € para ir comprar algo para o almoço. Ele foi, mas não o segui ao CONTI.TE para ver se foi ou não comprar comida. Mais tarde enviei um email para a CM da minha zona a contar o episodio, e a perguntar se não havia apoio social onde alguém como ele se pudesse dirigir para ao menos poder comer. Responderam que sim que havia, e que além de comida davam algum subsidio, mas que havia pessoas que mesmo carenciadas, ou seja não sendo profissionais da pedincha, já não passavam sem aquela rotina. Outros são do mais fino requinte da pedincha. Há uns anos havia uma velhota na linha de Cascais que corria os comboios a pedir. Um dia um colega meu, assistiu a quem a conhecia a desmascarar, pois ela saia algures numa estação da linha, e perto estava a filha no carro á espera dela. Parece que tinham vários imoveis a render. Faz lembrar aquela estória do filme DEUS LHE PAGUE.
Resposta ao Anónimo.
ResponderEliminarPergunta se lhe pagava o pequeno-almoço, claro que sim, claro que pagava, e ainda quando sou abordado por alguém que me pareça sério normalmente dou alguma coisa. Agora, há uma situação em que não dou porque desconfio, que é quando a pessoa tem um cartão ao pescoço a pedir para uma criança ou instituição que eu perceba o truque para sacar dinheiro na entrada dos supermercados. Alguns dizem logo que são de uma qualquer instituição mostrando o cartão de empresa feito ao virar da esquina.Portanto para esse tipo de pedintes já paguei a minha parte.