domingo, novembro 03, 2024

O que anda Ana Paula Martins, Ministra da Saúde, a fazer com as Administrações dos Hospitais do SNS?
É tudo legal? Alguém sabe se o supremo interesse do País está a ser tido em consideração?
Pergunto. Apenas pergunto.

 

Tenho ouvido com perplexidade e apreensão que agora uma, depois outra, as administrações dos hospitais públicos estão a ser varridas, tudo corrido. 

Um dos casos foi notícia no outro dia, mas muito en passant. No verão, depois da contestação que tinha havido em Almada e no Seixal com a demissão, por parte da Ministra, da administração do Hospital Garcia de Orta, ouvi que já havia substituto. Para meu espanto, ouvi agora que o administrador indigitado afinal tinha desistido e que a anterior administração tinha recusado apresentar a demissão (não seria de saber ao certo o que está a passar-se?). E ouvi que a Ministra já tinha escolhido outro, tendo agora a sua opção recaído num outro, dizia o jornalista que 'filiado no PSD'. 

E, ao que parece e confirmado pela própria Ana Paula Martins, a onda de 'saneamentos' não se fica por aí. Se calhar, e isto já sou eu a dizer, para lá pôr mais PSDs.

E o que eu gostava de saber é se tudo isto está a obedecer a todos os critérios legais, quer nas demissões quer nas contratações.

Gerir um hospital como o Garcia de Orta mais os vários Centros de Saúde abrangidos é como gerir uma grande empresa. Li que o Hospital tem cerca de 2.900 funcionários. Se somarmos a isso os indirectos que lá estão através de prestadores de serviço, se calhar chegamos ao dobro. Uma coisa em grande. A gestão de pessoal de uma coisa desta dimensão deve ser do mais difícil que há. 

Os potenciais 'clientes', li também, são 350.000 e só isso também inspira respeito.

A ser verdade o relatório que vi, o Orçamento anual de funcionamento é da ordem dos 200 milhões de euros. 

Provavelmente, como este vários outros.

Gerir uma realidade assim requer um gestor competente e exterior. Isto já corresponde a uma grande empresa. Não é uma chafarica que possa ser gerida por curiosos, com amadorismo.

Os médicos pensam que gerir um hospital é coisa para um médico. Mas isso é muito errado pois os médicos podem e devem estar nas áreas clínicas (bloco, ambulatório, internamento, etc.). Mas não a gerir as finanças, as compras, a área jurídica, a de auditoria, a área de manutenção, etc. Isso é matéria para especialistas das áreas (financeiros, advogados, engenheiros, informáticos, etc.)

Por isso, para saberem lidar com esta realidade complexa e saberem geri-la bem -- e não deixar os doentes sem médicos e não infectar os doentes nas cirurgias e ter equipas escaladas de forma planeada e ter os investimentos programados e bem executados e ter a informática a funcionar de forma eficiente e segura, e ter os contratos bem executados e controlados e para evitar que haja roturas de tesouraria e etc, os administradores têm que ser gente criteriosamente escolhida. 

Ou seja, admito que haja regras para o preenchimento dos lugares de gestão nos Hospitais, em especial os que têm este grau de exigência: devem ter experiência, competências, etc, Mas alguém está a verificar isto? Os jornalistas, as oposições, os deputados, sei lá..., alguém está a controlar minimamente o que anda a passar-se?

Ou toda a gente já está a aceitar, na boa, que, por provável má gestão, esta gente que a ministra Ana Paula anda a escolher para gerir as unidades do SNS vá ainda enterrar ainda mais o que todos deveríamos exigir que fosse gerido profissionalmente, com rigor, com extrema qualidade? Um volume brutal dos nosso impostos (que é dinheiro nosso) vai para a Saúde e só por isso já devia haver uma observação atenta, sistemática, pormenorizada sobre o que os governantes fazem com ele. Mas sobretudo, os 'clientes' dos hospitais somos nós, nós os que talvez um dia precisemos de cuidados médicos, quem sabe para nos salvarem a vida, nós os que precisamos que lá haja médicos competentes, que talvez precisemos de exames médicos em máquinas que alguém tem que saber manusear e que têm que ser cuidadosamente mantidas, nós os que talvez precisemos de instrumentos que têm que estar devidamente esterilizados, nós que queremos que as instalações estejam limpas, desinfectadas.

E, note-se, não estou a apontar o dedo em particular a esta ou àquela das escolhas da Ministra: estou apenas a alertar em abstracto, de forma geral. Mas sentir-me-ia mais tranquila se soubesse que as oposições e a comunicação social estão atentas.

4 comentários:

  1. Vá lá, entre tantas desilusões neste país, isto vem a propósito,

    https://elpais.com/elviajero/viajes-paco-nadal/2024-11-03/nueve-razones-por-las-que-siempre-volveria-a-portugal.html

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    1. Concordo. Cada vez gosto mais do meu país. Acho mesmo que somos únicos, especiais (apesar de algumas coisitas, aqui e ali). Mas somos um bom lugar para se viver, lá isso é bem verdade.

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  2. UJM
    Dado os cogumelos se multiplicarem no seu garden, explorar com esta técnica alimenta a reforma, não?!
    https://elpais.com/gastronomia/2024-11-03/la-empresa-que-cultiva-hongos-exoticos-al-modo-japones-en-asturias.html

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    1. Seria uma boa ideia. Mas enquanto não se descobrir uma maneira segura de verificar que são inofensivos (por exemplo, espetar um pauzinho que mude de cor, por exemplo, que se ponha encarnado, se for venenoso) não me arrisco. Mesmo estes que temos aqui e que aparentemente serão dos bons não nos arriscamos. É que o risco é demasiado grande...

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