Pois é. Continuo cheia de afazeres e, em todo o lado, a ter que esperar horas para ser atendida. Chego a um sítio e está um cliente com um funcionário em cada balcão ou secretária. E assim ficam, os mesmos, por mais de meia hora, se não mesmo uma hora. Não sei se as pessoas andam carentes e vão confraternizar para os espaços de atendimento ao público. Fico possessa, apetece-me ir mandar vir, insultar, desafiar as pessoas a irem conversar para outra banda. Depois respiro fundo, interiorizo que não ganho nada em estar enervada, forço-me a ser zen. O tempo passa, ninguém se despacha, sinto-me a desesperar e eu nada, caladinha. Por vezes penso que, em situações assim, seria normal que alguém se passasse, desatasse aos berros, aos pontapés, puxasse pelos cabelos os clientes que se sentam a conversar na maior das calmas. Avalio se poderia acontecer isso comigo. Concluo que não, sou demasiado atada para dar escândalo, não tenho voz para gritar de forma que imponha respeito. Ainda me saía um gritinho de falsete que pusesse toda a malta a rir à gargalhada.
Hoje, antes de mim, entrou uma figura. Primeiro estive sem perceber se era um binário ou uma não-binária. Não estou a gozar, estou a falar a sério. O ser estava vestido de uma forma bizarra. Tudo em branco, uns calções largos abaixo do joelho, uma blusa branca, larga, de alças, com uma abertura nas costas e com um capuz. E um penteado que não dá para acreditar, empeçado, ripado, uma ponta para cima, outra para baixo, outras para o lado, cada ponta de seu tamanho, e como se contivesse carradas de laca ou, então, sujidade. Quando se virou, pareceu-me que seria um homem novo ou, então, uma mulher jovem em processo de transição. Ou vice-versa. Ou poderia não ser nada disso e estar simplesmente maquilhad@ ou, então, nem sei bem dizer. Uma figura que, vistas bem as coisas, até tinha a sua graça. E tinha uma argola no nariz e piercings variados numa das orelhas. E por todos os braços, costas, peito e pescoço, tatuagens de monstros, caras assustadoras como se a gritar, de boca aberta, algumas com sangue a escorrer dos dentes. Quando ficou, de novo, de costas para mim vi que tinha tatuada no pescoço a palavra humanoid. Tinha um ar infeliz. Fiquei intrigada. O que estava aquele ser a fazer ali? Claro que não se pode concluir nada pela aparência mas, fazer o quê?, uma pessoa, mesmo sem querer, tem preconceitos. Quando se virou de novo, fiquei com a impressão que é alguém conhecido aí do mundo artístico. Ou, quiçá, do mundo dos influencers.
Quando chegou a vez, dele temi que fosse uma alma atormentada à procura de amparo e que tão cedo não desamparasse dali. Afinal não, nem um minuto, pelos vistos tinha ido ali ao engano. Lá se foi, cabeça baixa.
Mas com isto e com aquilo, a verdade é que, nos últimos três dias, tenho saído de casa de manhã, regresso de tarde, e hoje, como havia outros compromissos, ainda foi pior. Eram para aí umas oito e tal, talvez nove da noite, enfiei-me na banheira para um duche a pensar que estava mesmo a precisar de me refrescar e de me sentar a descansar. Eis senão quando o meu marido apareceu à porta a perguntar se íamos fazer uma caminhada. A minha vontade foi dizer que nem pensar, que não conseguia. Mas depois lembrei-me que ainda não tinha andado, que se calhar até me saberia bem caminhar ao lusco-fusco.
E assim foi. Soube-me bem, sim senhores.
Conclusão: jantei às dez da noite. E, para vossa informação, o meu jantar foi:
Salada de alface, cenoura ralada, um pêssego cortado aos bocadinhos, sementes daquelas que se compram para saladas, queijo fresco de cabra, tudo temperado com orégãos e com azeite. E fiquei bem. Para sobremesa, um pequeno quadrado de chocolate preto.
Portanto, como poderão compreender, não tenho nada a dizer sobre o Montenegro, sobre o Estado da Nação, sobre a legionella que se alojou na Presidência ou sobre a covid que veio atrapalhar ainda mais o Biden. E não tenho nada a dizer simplesmente porque não tenho informação, só tenho sono.
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E como, uma vez mais, o post padece desta pobreza franciscana, para tentar que não vão daqui com vontade de reclamar o preço do bilhete, partilho uma conversa que tem bolinha no canto não porque o tema seja cabeludo mas porque aquele ali não levou pimenta na língua quando era pequeno.
Mas, agora que escrevi que o tema não é cabeludo, estou aqui a pensar que é cabeludo, sim. Aliás é, até, chifrudo.
Vade retro Satana.
Recebi um comentário, que não vou publicar, nitidamente escrito por alguém simpatizante e/ou praticante do movimento woke, alguém que se acha moral e intelectualmente superior aos outros e que se arroga o direito de aqui vir deixar censuras, acusações, catalogações. E eu, francamente, estou cada vez com menos paciência para os que se acham melhores que os outros mas que apenas revelam mesquinhez, fraqueza de espírito, estupidez entranhada.
ResponderEliminarPara além de vir para aqui destilar arrogância, mesquinhez e deselegância, a mesma pessoa revela não ter inteligência pois mais uma vez aqui veio deixar um comentário que, à partida, sabia que eu atiraria para o lixo.
ResponderEliminarA sua falta de carácter, a sua falta de urbanidade e de bom senso é notável.
Além disso esquece-se que esta é a minha casa. Só publico o que acho que é escrito por bem, por gente de bem, concorde eu ou não com o teor do comentário. Não publico insultos gratuitos.
Leu? é quanto basta
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