A propósito da parvoeira e da chico-espertice do so-called choque fiscal da AD (na verdade, meros trocos em cima do que o PS tinha feito) e sobre a qual o PS está a fazer outra parvoíce ao não deixar o PSD fazer o que quer, e a propósito também da deriva absurda da AD ao pretender dar uma escandalosa borla fiscal a quem tenha até 35 anos (ganhem o que ganharem), fiz um pedido ao ChatGPT.
Abaixo, transcrevo o que ele me devolveu. Não validei os números pelo que se alguém quiser fazer uma análise idêntica para fins concretos e de responsabilidade deverá conferi-los, recorrendo a fontes oficiais.
O que aqui tenho está em inglês pois parece-me que, ao ter que consultar fontes oficiais (OCDE, UE, etc., como vi que 'ele' consultou) há menos risco de erros de o ChatGPT se baralhar por deficiente tradução/interpretação.
Quando os saloios da AD acham que vão atrair ou reter pessoas que estão a viver fora ou que, estando cá, equacionem emigrar, seria bom que, antes, fizessem uma análise global.
Por exemplo:
- Trabalhando cá, como é que o salário médio português compara com alguns dos principais países que acolhem a nossa emigração?
- Como são os impostos cá e lá? É que uma família que se mude tem que pensar como fica quando tiver 36 anos.
- Com que salário anual se atinge a taxa máxima de IRS?
- Como é o PIB e o crescimento nesses países? (Isto é, são países ricos? Há crescimento económico?)
- Qual o imposto sobre capitais (Juros de depósitos a prazo ou de títulos de dívida pública, etc) nesses países?
- (Por mera curiosidade, como comparam os impostos sobre os resultados das empresas, vulgo IRC?)
Eis as respostas que o ChatGPT me forneceu (e que, repito, não me dei ao trabalho de validar)
Partido Socialista: PS
ResponderEliminarIniciativa Liberal: qual IL!, deveria ser PNQPI (quem descodifica o acrónimo?)
Um Jeito Manso,
Em vez do Chat (coitado), sugiro um estudo mais substancial - a saber, "Capital e Ideologia" de Thomas Piketty. Thomas, tal como os nossos amigos do PNQPI, pertence à nossa classe social (Thomas -> Tomás, check!), tem gostos próximos dos nossos, enfim é um fulano com um capital cultural "comme il faut". ;)
Mas, no que diz respeito ao livro, não estou a brincar. É essencialmente um livro de História económica e política; e lendo-o ganha-se um certo músculo que talvez obste certo tipo ofuscamentos involutários. Enfim, é um livro de leitura obrigatória para quem gosta de andar informado (pardon, não resisto a uns slogans parvos, são os "after effects" da campanha publicitária, ups!, eleitoral)
Um resto de bom dia! :)
Olá marsupilami
ResponderEliminarNão descodifiquei. Pareceu-me aquilo do LGBTQIAPN+. Se tivesse escrito PB ou percebia de caras. Assim, não sei.
Quanto ao Thomas Piketty claro que já cá canta desde há muito (bem... há muito, há muito não será pois não saiu assim há tanto tempo, quiçá uma meia dúzia de anos, por aí, acho eu. E tenho ideia que até cá tenho dois livros dele, o primeiro que deu brado mas tenho ideia que comprámos um outro. Hei de ver.)
E não há cá nenhuma questão de ofuscamento. Tenho uns óculos anti-reflexo que são uma maravilha.
De qualquer forma, obrigada pela dica.
Mas olhe, não subestime o ChatGPT. Ainda tem uns lapsos mas é uma ferramenta extraordinária. Faz o trabalho de pesquisa e compilação, apresentando os resultados de forma sistematizada e tudo em fracção de segundos.
E faz outra coisa que soube que fazia através do meu filho pois nunca me teria ocorrido. Tire uma fotografia ou digitalize uma coisa e peça para 'ele' interpretar. É na hora. Fotografei o resultados de umas análises (6 páginas). Foi instantâneo. Reproduziu tudo, teceu considerações e tudo correcto. Outro dia tentei com um gráfico. Interpretou-o que foi um miminho. Não sei como é que as escolas e a sociedade em geral vão lidar com isto pois isto substitui trabalho de análise, pesquisa, escrita, etc... Muito incrível. Ainda não é totalmente seguro pois já detectei algumas incorrecções em números que apresenta (sobretudo quando o que lhe peço envolve leitura de muitas fontes, escolha da melhor mas também cálculo. Mas há de ser aprimorado.
Já tem conta no Open AI e já experimentou questionar o Chat GPT? Se não, sugiro que experimente. Aposto que vai ficar admirado.
Um bom dia para si.
Agradeço o trabalho que nos mostrou.
ResponderEliminarA informação é sempre bem vinda.
QIAPN+?... Ando mesmo desactualizado. Partido do Não Queremos Pagar Impostos. :)
ResponderEliminarEntão, veja o gráfico 14.1 do outro livro do Piketty (Le capital au XXIème siècle). Atente especialmente na curva dos EUA (e do UK). Sabia disso? Se como eu não sabia, é surpreendente, não é? Anti-intuitivo, completamente ao contrário da "doxa". Tem aqui um pdf com todos os gráficos do livro, é na página 101 do ficheiro.
http://piketty.pse.ens.fr/files/capital21c/Piketty2013GraphiquesTableaux.pdf
O Chat? Tenho umas 'chats' com ele de quando em quando. Usado com critério, pode ser bastante útil mas é pouco fiável (falo de ciências duras). Temo que para 95% da malta, crie mais ruído que outra coisa. Não há nada como o método mais primitivo de todos - as orais - para apanhar calões.
A propósito da IA, lembrei-me de uma palestra muito interessante de um grande especialista Luc Julia "L'intelligence artificielle n'existe pas"
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=yuDBSbng_8o
Boa noite!
marsupilami
ResponderEliminarConcordo com Piketty no que se refere ao nefasto que é a concentração de enormes fortunas nas mãos de poucos. Até a nível existencial é um absurdo.
Piketty refere que a redistribuição equilibrada e justa conduz a uma sociedade mais justa, mais desenvolvida. E eu concordo.
A questão está em determinar o patamar a partir do qual se deve considerar que uma pessoa é muito rica, devendo partilhar com as pessoas que ganham menos grande parte dos seus rendimentos.
Mantendo a estrutura muito escalonada que temos hoje, poder-se-ia ir pela lógica dos percentis para definir o que são ricos para lhes atribuir a taxa máxima, mas creio que isso não tem leitura fácil por grande parte da população.
Por isso, em alternativa aos percentis, poderia ser razoável considerar que o actual escalão máximo (que me parece mais razoável que não exceda os 40%, até para que, acrescendo a TSU, as pessoas não vejam 'desaparecer' muito mais que 50% dos seus rendimentos) seria atingido por rendimentos superiores a 10 vezes o salário mínimo nacional. E parecer-me-ia razoável criar um escalão para o percentil daqueles, poucos, muito ricos. Por exemplo, não me choca ter um escalão de 60% para rendimentos superiores a 40 vezes o salário mínimo.
Mas, de qualquer forma, aquilo que a mim me parece que faria mais sentido seria fazer uma simplificação fiscal de leitura muito óbvia. Penso que as melhores soluções são sempre as mais simples. O que temos hoje é uma gatafunhada que mais parece uma brincadeira.
Não creio que a flat rate seja a solução para Portugal (no mínimo, penso que deveria sempre haver 3 patamares para se poder ter uma taxa diferenciada e agressiva para os muito ricos) mas gostaria de ver um sistema progressivo simples como este:
Rendimentos Baixos: Taxa de 10% para rendimentos até €20.000.
Rendimentos Médios: Taxa de 20% para rendimentos entre €20.001 e €50.000.
Rendimentos Altos: Taxa de 30% para rendimentos entre €50.001 e €100.000.
Rendimentos Muito Altos: Taxa de 40% para rendimentos entre €100.001 e €200.000.
Rendimentos Excepcionalmente Altos: Taxa de 50% para rendimentos acima de €200.000.
Aqui fui para números redondos apenas para exemplificar mas poderíamos ter patamares em função de multiplicadores tendo por base o salário mínimo (como acima referi).
E defendo, sobretudo que a par da simplificação do sistema fiscal, se institua, com mão de ferro, um sistema rigoroso de controlo e punição da fuga ao fisco.