sexta-feira, janeiro 12, 2024

Choninhas e baldas. E etc.

 

Volta e meia, em cima de tudo o resto há as coisas que se estragam. Ontem houve uma coisa que se partiu e que tem que ser arranjada. Onde pensávamos que resolveriam o assunto, disseram que não e deram o contacto de um homem.

Hoje, estava a chegar do hospital, atrasada pois estive lá mais tempo do que esperava e o trânsito também estava pior do que desejável, apareceu o dito. O meu marido ficou no jardim a suster a fera que ficou desaustinada e eu entrei com o expert.

Caraças. Se há coisa para a qual eu não tenho paciência é para nhonhinhas, nheco-nhecos. Mediu e remediu, apontou e tornou a apontar, pediu-me para eu segurar a lanterna, pediu para eu espreitar a ver se via não sei o quê, deu exemplos para validar as suas teorias, queria mostrar-me vídeos para justificar o que dizia. Eu já só queria que o homem se calasse. E ele não se calava. Depois estava demasiado perfumado. Não suporto homens demasiadamente perfumados. 

Às tantas o meu marido ligou-me. Não percebia o que se passava. Eu poderia ter dito as medidas por telefone mas o homem disse que um milímetro a mais ou um milímetro a menos poderiam ser a morte do artista pelo que tinha que ser mesmo ele a vir tirar as medidas. Mas, julgava eu, era coisa para uns cinco minutos no máximo. Qual quê? Não cronometrei mas mais de meia hora foi. Espreitava para dentro daquilo, oferecia-se para fazer uma limpeza às entranhas da coisa, mas tudo em slow motion, tudo com longas pausas entre palavras. Um desespero. Pessoas assim levam-me à loucura. Já só me apetecia correr com o homem de qualquer maneira. Que choninhas do caraças, senhores.

Acabei por me pôr a andar e ele, que remédio, a andar e a falar atrás de mim, depois saí porta fora e ele a querer atrasar o passo. É que, no meio disto, dizia que não ia conseguia fazer um orçamento exacto pois se alguns parafusos se partissem ao retirar, tinha que pôr parafusos novos, ou se os parafusos novos não fossem exactamente iguais, poderia ter que fazer furação nova. Por isso, não sabia. E eu, impaciente de todo: 'Faça assim. Diga o valor aproximado e diga quanto pode ser mais, no máximo, caso surjam esses imprevistos'. Ele olhou-me como se não percebesse, como se eu estivesse a dizer uma coisa impossível. E queria voltar a colocar dúvidas e entraves a um orçamento exacto. 

Eu já só pensava que nem pensar voltaria a ter um tal patarata em casa. Ah, às tantas, ao mexer, ao desmontar para ver se tirava as medidas exactas, deixou cair um pouco de pó. Ficou aflito, pediu uma vassourinha e uma pázinha. E eu que ele deixasse, que eu já limpava, que não se importasse. Mas gente assim não desiste. Viu os apetrechos da lareira e pôs-se a varrer e a limpar.

Lá fora, ao frio, às escuras, o meu marido e o cão. Claro que poderia ter ele entrado e deixado o cão na rua. Mas a perspectiva de ir aturar um empata daqueles era ainda pior do que ficar à seca na rua.

Lá vim, então, a andar, abrindo o portão, o homem ainda a querer explicar cenas, a justificar e a sustentar teorias sobre as cenas. Creio que o interrompi e lhe disse: 'Está bem. Mande o orçamento que conseguir. Obrigada.' e bye bye. Há com cada um.

Também há uma fuga de água num dos tanques da caldeira. Há uns dois meses. Veio cá um que disse o que era e que ia mandar um orçamento. Até hoje. No princípio do mês passado, estava noutro país, não sei se de férias se em trabalho. Depois no fim do ano estava a banhos, de férias, num país africano. Depois que não sei o quê. Até que finalmente era hoje. Sim, sim. É o veio. Tipo mais baldas nunca vi. Sempre altas conversas, grandes desculpas e grandes promessas. Um bocas. Caraças.

Só espero que apareçam mais uma catrefada de imigrantes que venham compensar a falta de mão de obra que há em todos os sectores. 

Tirando isso, só se for o que a funcionária do hospital que estava a ocupar-se da minha mãe conversou comigo. Uma simpatia. Não sei como já estava a falar-me da sua ansiedade, dos seus ataques de pânico, de como gostava de não ser tão magra, já estava a fazer-me confidências. Qualquer dia pergunto se me permitem que filme e publique. Depoimentos avulsos sobre a vida de pessoas desconhecidas.

De manhã também liguei para uma amiga da minha mãe que lhe tinha ligado. Não sei como, passado um bocado, já estava a falar-me das suas maleitas, do que faz, do que não faz, das doenças prevalentes na sua família, em como todas as da sua geração estão a ir desta para melhor. Isto dito sem dramas, entre sorrisos.

Também tenho mais histórias do balneário da piscina mas ficam para outro dia.

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Os fantásticos sapatos são apenas algumas das modas de gosto duvidoso que podem ser vistas em 30 Questionable Fashion Choices That Have Been Shared On This Instagram Page

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Um dia bom

Saúde. Boa sorte. Boa onda. Paz.

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